Municípios ampliam parcelamento de dívidas
Os prefeitos estão em festa: o Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram, na noite passada e na terça-feira, respectivamente, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2023, sugestão da Confederação Nacional dos Municípios ao Congresso, que vai representar uma economia de R$ 500 bilhões aos municípios.A aprovação se deu após forte articulação do presidente da entidade, Paulo Ziulkoski.
A matéria foi para discussão e votação ontem mesmo no Senado, antes que o Congresso entre em recesso, o que deve ocorrer a partir de hoje pelos próximos 15 dias. A PEC trata do parcelamento especial das dívidas dos municípios com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e com o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), do novo modelo de pagamento de precatórios.
Leia maisInclui ainda os municípios no programa de regularidade previdenciária e desvinculação de receitas. Essas sugestões da CNM foram apresentadas e protocoladas pelos deputados federais Hildo Rocha (MDB-MA) e Valdir Cobalchini (MDB-SC). Na prática, os municípios terão condições de ampliar o número de parcelas do montante das dívidas previdenciárias, resultando numa folga expressiva nos caixas das prefeituras.
“Os municípios vão poder parcelar a dívida previdenciária em mais de 300 parcelas, que ficarão baixas, reduzindo o impacto mensal nas contas referentes às obrigações com a Previdência”, diz o advogado e ex-prefeito de Triunfo, João Batista Rodrigues, que comenta a pauta municipalista no dia a dia para o programa Frente a Frente, ancorado por mim na Rede Nordeste de Rádio.
“Essa é uma das propostas mais importantes da história do movimento municipalista, pois é uma medida estruturante. Então, vivenciamos hoje um avanço significativo e histórico, resultado do compromisso de todos os prefeitos e prefeitas que estão em Brasília e atenderam ao nosso pedido. Agora, falta aprovar no Senado para que as prefeituras tenham mais recursos no atendimento à população com essa PEC construída por nós”, enfatiza o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
A questão da desoneração gradual da folha de pagamento dos municípios foi um dos pontos retirados na proposta aprovada. Na XXV Marcha, em maio de 2024, a CNM debateu as medidas em um painel sobre o tema. Em junho, tratou o assunto com o então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Em 14 de agosto, Ziulkoski voltou a se reunir com o governo federal e o Senado em busca de um acordo.
No mesmo dia, o Senado aprovou, em Plenário, a PEC 66/2023, acatando boa parte da emenda sugerida pela entidade. Em fevereiro de 2025, o presidente da CNM aproveitou o Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas promovido pela presidência da República para pedir novamente o apoio do governo federal à medida.
DESAPROVAÇÃO REDUZIDA – Pesquisa Genial/Quaest divulgada, ontem, mostra que a desaprovação do presidente Lula (PT) recuou de 57% para 53%, enquanto a aprovação variou de 40% para 43%. Segundo o instituto, o confronto com o presidente americano Donald Trump por conta do tarifaço fez com que o petista recuperasse terreno fora das bases de apoio tradicionais. O levantamento aponta melhora de Lula entre os brasileiros que vivem na região Sudeste, a mais populosa do País (reprovação caiu de 64% para 56% e aprovação subiu de 32% para 40%); os que ganham na faixa de dois a cinco salários mínimos (rejeição varia de 58% a 52% e apoio vai de 39% a 43%), no recorte dos que têm ensino superior completo (reprovação cai de 64% a 53% e aprovação sobe de 33% a 45%) e os que não são beneficiários do programa Bolsa Família (desaprovação caiu de 61% para 55% a aprovação foi de 37% para 41%).

Efeito Trump beneficia Lula – De acordo com o cientista político e CEO da Quaest, Felipe Nunes, a recuperação do presidente aconteceu entre os mais escolarizados, de classe média e que vivem no Sudeste. “São os segmentos mais informados da população, que se percebem mais prejudicados pelas tarifas de Trump, e que consideram que Lula está agindo de forma correta até aqui, por isso passam a apoiar o governo”, explicou. pesquisa Quaest ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro do instituto é de dois pontos porcentuais e o nível de confiança é de 95%.
Melhora em vários segmentos – A avaliação geral do governo federal – que vinha piorando continuamente desde dezembro de 2024 – apresentou uma inversão. Os que avaliam Lula negativamente são 40%, ante os 43% e 41% de maio e março deste ano. Já os que veem o Planalto positivamente são 28%, o melhor resultado numérico desde dezembro, quando o levantamento mostrou 31%. E os que consideram o governo regular se mantiveram em 28%. O presidente também registrou melhora nos índices entre os católicos, cuja aprovação voltou a superar a desaprovação (51% a 45%), entre as mulheres (variação de 54% a 49% na desaprovação e de 42% para 46% na aprovação) e os que se encontram na faixa etária dos 35 aos 59 anos (reprovação cai de 59% para 52% e aprovação vai de 38% a 44%).
Suspensão do mandato – A bancada do PT voltou a pedir, ontem, a suspensão do mandato do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em um ofício enviado ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ), alega prática reiterada de “condutas atentatórias à soberania nacional”. No documento, Farias argumenta também que o parlamentar licenciado, que está nos Estados Unidos desde o fim de março, tem atentado contra o Estado Democrático de Direito e as prerrogativas do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Ele citou a postura de Eduardo depois que o governo de Donald Trump anunciou taxas de 50% aos produtos brasileiros por motivos ideológicos.

TCE investiga prefeito de Garanhuns – O Tribunal de Contas do Estado instaurou uma auditoria especial para investigar possível violação do princípio da impessoalidade administrativa pelo prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), durante o Festival de Inverno. Segundo o procurador Cristiano Pimentel, autor da petição, o prefeito teria descumprido um alerta emitido pela própria corte ao utilizar o palco principal do festival para anunciar, em meio a um show, a contratação antecipada de um artista para a edição do evento em 2026. O fato ocorreu em 11 de julho, no polo Mestre Dominguinhos, durante apresentação do cantor MC Anderson Neiff.
CURTAS
PROMOÇÃO – “Tal conduta do gestor de Garanhuns pode configurar, em tese, promoção pessoal indevida mediante a utilização de evento público, em clara violação ao princípio da impessoalidade consagrado na Constituição Federal”, destacou o procurador Cristiano Pimentel, do TCE, no seu pedido de investigação do prefeito Sivaldo Albino (PSB).
CRÍTICAS – O cantor e compositor Zeca Baleiro, por sua vez, criticou a estrutura montada à frente do palco principal do Festival de Inverno de Garanhuns durante show na noite do sábado passado. Segundo o artista, a passarela instalada no Polo Mestre Dominguinhos dificulta a conexão entre músicos e plateia, por afastar o público do palco.
SENTIMENTO – O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, disse, ontem, que o presidente Lula levará em conta a opinião popular ao decidir se veta ou não o projeto que aumenta o número de deputados. Ele evitou antecipar a posição de Lula, mas ressaltou que o petista tem “muita preocupação com o sentimento do povo”, naturalmente resistente ao aumento de 513 para 531 deputados federais.
Perguntar não ofende: Foi Alckmin que convenceu Lula a não retaliar na mesma moeda o presidente Trump?
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