Governo Lula e PDT ainda podem se acertar, defende Humberto Costa
Por Larissa Rodrigues – repórter do Blog
Presidente nacional do PT de forma interina, o senador Humberto Costa acredita que a saída do PDT da base do Governo Lula (PT) poderá ser revertida. Para ele, não deverá haver uma postura de oposição da sigla ao Poder Executivo. Humberto Costa foi o entrevistado de ontem (6) do podcast Direto de Brasília, comandado pelo titular deste blog.
A bancada do PDT na Câmara dos Deputados decidiu romper com o governo em reunião realizada ontem. O motivo é a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência, por causa das investigações de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O encontro foi na casa do líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG), em Brasília. O próprio Lupi participou. A bancada é formada por 17 deputados, que decidiram iniciar uma postura independente na Casa.
Leia maisHumberto lembrou que o PDT sempre se associou às ideias progressistas, motivo pelo qual não será oposição a Lula. “Eu acredito que há todas as condições para que isso venha a ser revertido. Acho que o governo, inclusive, não deixou de ser solidário com Lupi ou com o PDT. Tanto é que aceitou a indicação do nome do nosso companheiro Wolney Queiroz, uma pessoa da confiança de Lupi”, comentou Costa.
Mesmo com as informações de bastidores de que o presidente Lula já queria Wolney no cargo e que teria sido dele a escolha, Humberto reforçou que nada foi feito à revelia do próprio PDT. Para Costa, a saída do PDT da base é um ato quase que intempestivo. “Eu acho que essa é uma manifestação muito em cima do calor dos fatos, e eu acredito que é possível se buscar uma reconstituição dessa relação”, declarou.
Ainda sobre o tema INSS, o senador disse que o governo não teme uma CPI, porque não haveria nada de novo para acrescentar além da investigação da Polícia Federal. Para Costa, a instalação de uma CPI é eficaz sobretudo quando há uma negativa da parte do governo e dos órgãos de fiscalização e de controle de investigar as questões, como no caso da CPI da Covid.
“Hoje o que está acontecendo é diferente. O governo não está negando o que está acontecendo e reafirma que há esse esquema já há algum tempo. O governo investigou, operou para que fossem desvendados os crimes que existem e vai garantir a devolução para os aposentados que foram os grandes prejudicados com esses descontos”, destacou o senador. Ainda segundo Humberto Costa, o Poder Executivo vai até as últimas instâncias para obter esse dinheiro de volta das entidades que ilegalmente fizeram os descontos.
Relação com outros partidos – O senador Humberto Costa também falou sobre a relação do Governo Lula (PT) com outros partidos. União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos estão no governo. Ocupam 11 ministérios, mas não têm compromisso político com o PT e com a reeleição de Lula, em 2026. Em 2024, a maior parte dessas siglas fez mais coligações com o PL, de Jair Bolsonaro. No tema da anistia, são desses partidos de quem se espera votos e assinaturas para o projeto avançar. Humberto resumiu que a convivência com essa base aliada de ocasião e sem perspectiva de reciprocidade eleitoral é o resultado da eleição passada, na qual o PT não conseguiu construir a maioria nas casas legislativas.

Algo constante – Humberto exemplificou que, no Brasil, esse processo tem sido uma coisa constante. “Às vezes o presidente da República é eleito com mais de 50% dos votos e o seu partido às vezes tem 20% da quantidade de deputados, tem uma quantidade pequena de senadores também. daí porque se busca essa chamada coalizão, o presidencialismo de coalizão, aonde se vai atrás de partidos ou de partes de partidos para construir uma maioria. E assim acontece, neste momento, também com o nosso governo”, frisou.
Governo errou na formação dos ministérios – Para o senador, houve também alguns erros iniciais no processo de formação do governo. Muitos ministérios foram entregues a partidos sem que houvesse uma clareza e uma garantia de que eles dariam os votos necessários para que o governo pudesse aprovar as suas principais propostas. No entanto, disse Costa, “é importante dizer também que em vários temas o Congresso não tem faltado com o governo. O próprio centrão não tem faltado. Se você for analisar o arcabouço fiscal, a PEC da Transição, a reforma tributária, em muitas das questões mais importantes no campo da economia, nós tivemos apoio do Congresso”.
Suspensão de deputado bolsonarista – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, ontem, a suspensão imediata do mandato do deputado Gilvan da Federal (PL-ES). O parlamentar foi denunciado pela própria direção da Casa. Ele é acusado de quebrar o decoro ao proferir ofensas contra a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), em uma audiência pública da Comissão de Segurança da Câmara. O afastamento, aprovado por 15 votos a 4, terá duração de três meses, prazo menor do que o proposto pela cúpula da Câmara. Antes de a suspensão do mandato ser efetivada, Gilvan da Federal ainda poderá recorrer ao plenário contra a deliberação do Conselho de Ética.

Nem Lula nem Bolsonaro – O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas, descartou o apoio da federação “União Progressista” para a reeleição do presidente Lula (PT) e para o retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Palácio do Planalto. “Estamos encerrando o ciclo do PT e vai começar o ciclo dos partidos de centro, que estarão unidos na próxima eleição e, se estiverem unidos, vamos ganhar as eleições”, disse. A declaração foi dita durante uma palestra-almoço do Lide Brasília, ontem, no Lago Sul, para empresários e gestores públicos.
CURTAS
FÓRUM DE TRABALHADORES DA AVIAÇÃO CIVIL – O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (RP), participou, ontem, da reunião inaugural do Fórum Permanente para Discussão de Políticas Públicas para os Trabalhadores da Aviação Civil, o primeiro do país. O encontro, realizado em meio às comemorações do mês do trabalhador, marcou o início das atividades do colegiado, criado pela Portaria nº 359, de 14 de novembro de 2024, com a missão de fortalecer o setor aéreo por meio da valorização de seus profissionais.
O QUE DISSE SILVINHO – “O fórum é um marco importante para a aviação brasileira. Os temas discutidos aqui ampliam o diálogo com sindicatos, empresas e trabalhadores e apontam para a construção de um setor mais justo, democrático e eficiente”, afirmou o ministro.
TARCÍSIO DE FREITAS CIDADÃO DE PERNAMBUCO – A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou, ontem, um projeto de resolução que concede o Título Honorífico de Cidadão Pernambucano ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O deputado Joel da Harpa (PL) é o autor e justificou que Freitas merece o título por “significativa contribuição para o desenvolvimento de Pernambuco, especialmente no setor de infraestrutura e transportes, além de sua marcante passagem pelo estado durante sua trajetória militar e administrativa”.
Perguntar não ofende – O PL-PE já está tirando Bolsonaro do jogo e colocando Tarcísio no lugar do capitão?
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