O União Brasil e o PP anunciaram nesta terça-feira o lançamento de uma federação entre os dois partidos. O grupo já nasce como o maior do Congresso e com o maior número de governadores e prefeitos, mas ainda enfrenta divergências internas entre as duas legendas e, em alguns casos, dentro até do mesmo partido. Nove estados ainda precisarão ter as presidências definidas.
Entre os estados indefinidos estão São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que, por serem os principais colégios eleitorais, farão parte de uma negociação envolvendo diretamente as cúpulas nacionais dos dois partidos.
Já há acordo para a divisão do comando de 18 das 27 unidades da federação. Por acordo entre as duas siglas, o União Brasil vai ter o comando do Ceará, Goiás, Amazonas, Bahia, Amapá, Mato Grosso, Pará e Rio Grande do Norte. Por sua vez, o PP indicará as presidências de Acre, Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina. As informações são do Jornal O Globo.
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A divisão obedeceu diversos critérios. Um deles estabelece que onde o partido tiver o governador do estado haverá prioridade, outro diz que o número de deputados federais influenciam na decisão.
No caso da Câmara, a federação União-PP terá a maior bancada, superando o PL, de Jair Bolsonaro, que tem 92 deputados. Já no Senado o grupo empata com o PSD e com o PL pelo posto de maior bancada. Juntos, os partidos teriam ainda um fundo partidário quase bilionário, de R$ 954 milhões, além de seis governadores e 1.343 prefeitos, a maior quantidade entre as legendas.
Líderes nacionais das duas legendas conseguiram emplacar os comandos de suas bases. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), fez seu partido conseguir o comando do Amapá, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), garantiu o de seu estado, assim com o vice-presidente do União, ACM Neto, emplacou a sigla no comando da Bahia, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) o de Alagoas e o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), o do Piauí.
Mesmo nos comandos já definidos há divergências. O deputado Mendonça Filho (União-PE) não concorda que seu estado fique com o PP. Assim como deputados do PP da Bahia, que são governistas resistem a serem comandados pelo União Brasil, que é oposição ao governo estadual comandado pelo PT. No Amazonas, mesmo com o comando sob o União Brasil, o deputado Pauderney Avelino (União-AM) possui uma desavença com o governador do Amazonas, Wilson Lima (União), que irá influenciar na federação. Todos esses parlamentares insatisfeitos ameaçam sair no ano que vem, no período da janela partidária.
Por outro lado, integrantes da cúpula dos partidos dizem que, mesmo após as debandadas, a expectativa é que a federação saia maior depois da janela partidária, com 150 deputados e 20 senadores.
A federação também tem sinalizado que vai se afastar do governo. Hoje o União tem os ministérios do Turismo, Integração Nacional e Comunicações, e o PP possui o Ministérios dos Esportes e o comando da Caixa. Segundo ACM Neto, a ideia é que no final deste ano, a federação se reúna para decidir se retira ou não as participações nos cargos do governo.
O vice-presidente do partido também disse que o grupo precisará dialogar com o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre um acordo para a candidatura presidencial de 2026.
– Bolsonaro é um personagem político com um tamanho e densidade eleitoral inegável no campo da direita. Ninguém pode querer construir um projeto de enfrentamento ao PT sério, competitivo e vitorioso sem considerar isso. Tem que considerar o peso e o tamanho de Bolsonaro, é preciso dialogar.
Haverá um regime inicial de co-presidentes, com participação do dirigente e o atual presidente do PP, Ciro Nogueira, no comando da federação, sem um superior hierárquico. Essa dinâmica deve ocorrer até dezembro e, para 2026, outra escolha será feita.
O PP tentou negociar para que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) fosse o primeiro a presidir a federação, mas não houve acordo. Já o União queria o comando de Rueda. Por fim, foi anunciada essa solução. Lira demonstrou a interlocutores que não havia ficado satisfeito com o arranjo anterior.
Em conversas com aliados, ele reclamou que Nogueira havia garantido que a federação seria comandada inicialmente por ele. Além dos conflitos regionais, a insatisfação do ex-presidente da Câmara será uma das questões a contornar.
Apesar disso, integrantes do União minimizam as rusgas e dizem que, se Lira quisesse, ele poderia ter vetado a federação, mas não fez isso. O ex-presidente da Câmara participou do evento de lançamento hoje. A ideia de empurrar para 2026 o comando definitivo da federação serviu para que as legendas tivessem mais tempo para chegarem a um acordo.
Há ainda um conflito na Paraíba entre o senador Efraim Filho (União-PB) e o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) que envolve disputas por vagas de candidaturas nas eleições estaduais de 2026.
Apesar disso, os parlamentares ainda vão tentar um acordo quando estiver mais próximo da eleição. Outro atrito que a cúpula da federação vai ter que administrar é a intenção do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de ser candidato a presidente.
Outro que precisará convencer a cúpula dos dois partidos para manter suas pretensões eleitorais é o senador Sergio Moro (União-PR), que deseja concorrer ao governo do Paraná. O deputado Ricardo Barros (PP-PR) e o presidente do PP, Ciro Nogueira, são rivais de Moro desde quando ele era o juiz responsável pela operação Lava-Jato.
Veja a divisão dos comandos por estado:
União Brasil
- Ceará
- Goiás
- Amazonas
- Bahia
- Amapá
- Mato Grosso
- Pará
- Rio Grande do Norte
- Rondônia
PP
- Acre
- Alagoas
- Espírito Santo
- Mato Grosso do Sul
- Pernambuco
- Piauí
- Rio Grande do Sul
- Roraima
- Santa Catarina
Direção nacional vai decidir
- Distrito Federal
- Maranhão
- Minas Gerais
- Paraíba
- Paraná
- Rio de Janeiro
- São Paulo
- Sergipe
- Tocantins
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