Homenagem ao jornalista José Almir Borges

Por Jorge Santana*

Ainda muito jovem, José Almir decidiu “ganhar o mundo”, entretanto, o Recife o ganhou, pela sua simpatia, comunicação alegre e facilidade de fazer amigos e conquistar espaços na imprensa e na sociedade pernambucana. Trabalhou em jornal, televisão e fez parte de seleto grupo que assessorava governadores. Com zelo e capacidade resolvia as questões da área à qual pertencia. Nasceu na cidade maranhense de Colinas no dia 6 de dezembro de 1945 e seus pais, Manoel Borges Araújo e Raimunda Alice de Araújo, deram-lhe o nome completo de José Almir Borges. Com ele conversamos no dia 17 de fevereiro de 2011.

OPÇÃO

Quando terminei o ginásio na minha cidadezinha do interior, aos 18 anos, pensei em partir para São Luís, Recife, a cidade mais importante do Nordeste, ou São Paulo, preferida pelos jovens da minha época. Optei pelo Recife, aonde cheguei em 1964, um mês depois da Revolução. Depois de um mês e quinze dias empregado num escritório de contabilidade, fui dispensado. “Por quê? Acho que não fiz nada demais.” E o chefe: “Por isso mesmo. Aqui cada um tem que fazer alguma coisa, e você não fez nada” (risos). Meu segundo emprego foi numa firma de eletrodomésticos, onde passei dois meses. Estudava no Colégio Pedro Augusto, mas tive que sair porque não podia pagar. Também não podia pagar moradia, por isso passei por todas as pensões dali e parei num quarto em cima da Padaria Santa Cruz.

JORNALISTA

O Colégio Pedro Augusto tinha um torneio de futebol de salão. Entrei no time, fiz gol, um cara do Jornal do Commercio gostou e me chamou para fazer um estágio lá, em 1966. Comecei no arquivo, de onde me comunicava constantemente com a redação, o que me levou a ser jornalista, formado na Universidade Católica de Pernambuco. Tive como colegas pessoas que se projetaram na imprensa local e nacional, como Ricardo Noblat, Antônio Lavareda, Fernando Machado, Vera Ferraz, José Lúcio Costa, Orismar Rodrigues, Ana Guimarães e Ivaldo Calheiros. Um dia, Ronildo Maia Leite, então no Diário da Noite, propôs a Gilberto Prado, do JC, que eu fizesse a cobertura dos pequenos clubes sociais (1972). Era uma coluna diária, chamada Society nos Bairros, e foi uma grande oportunidade para conhecer os encantos do mundo boêmio do Recife (risos). No mesmo ano, o produtor de TV Miguel Santos me colocou no júri do show de Jota Ferreira. Participei também de um programa de TV semanal com Alexandrino Rocha e Fernando Calheiros.

SUCESSO

A coluna cobria mais de cinquenta clubes da Região Metropolitana do Recife e já estava chegando ao interior. As escolas de samba, que faziam festa somente no fim do ano, começaram a promover sambões a partir de setembro para arrecadar dinheiro. Surgiu o concurso de garota do bairro. Também vieram as gafieiras do Atlético, um monte de promoções.

A COLUNA

Acho que uma coluna de sociedade nos bairros caberia muito bem na Folha de Pernambuco. Até já houve conversa comigo nesse sentido, mas não prosperou. Caberia também no Aqui PE, um jornal popular. É verdade que muitos clubes de bairro fecharam, entre os quais o Yolanda, no Jiquiá, o único do Estado de Pernambuco que bancou Roberto Carlos no auge da carreira na década de 70. Daqueles clubes todos, restam o das Pás, ainda no auge, das Águias, dos Cisnes, dos Oficiais da Aeronáutica, o Recreativo CTTU, a Associação Celpe, o Sítio do Pica-Pau Amarelo, o Sargento Wolf, o de Cabos e Soldados, o Treze do Vasco, o Atlético Clube de Amadores e o Clube da Polícia Militar. Acho que a prefeitura do Recife ou algum órgão estadual deveria apoiar esses clubes. Assim como existem o Marco Zero e os polos de Carnaval, deviam existir clubes para famílias da periferia, sem condições de deslocamento.

NAMORO

Namorei muito nos clubes de bairro, sem nenhuma intenção de casamento. Miguel Santos me apoiava: “Resista o quanto puder”. Aos 33 anos, idade de Cristo, me casei. Trabalhando no governo do Estado, eu viajava muito para o interior e dizia à minha mulher: “Prepare uma malinha pequena que eu vou a Petrolina”. Quando eu ia ao Rio ou a São Paulo, tinha que ser uma mala maior. E à noite eu ia aos clubes de bairro. Mas, um dia, cheguei em casa às sete e meia da manhã e ela disse: “Sua mala está pronta”. Eu falei: “Não vou viajar”. E ela: “Vai, e não volta mais”. Eu fui morar na casa dos meus sogros. O irmão dela me adorava: “Você não vai embora coisa nenhuma. Bota essa mala aqui”. Depois de seis meses lá, me casei com outra. Desses dois casamentos, tenho três filhos: Rômulo, formado em administração; José Almir Borges Filho, formado em ciências contábeis; e a menina, que é psicóloga.

PALÁCIO

Em 1971, Aldo Paes Barreto era secretário de Imprensa de Eraldo Gueiros Leite. Eu estava começando, mas fui aproveitado por Aldo. Quando Marco Maciel assumiu, a coisa se complicou. Ele não dormia, não comia, mesmo fazendo regime para engordar. Eu tinha de abastecê-lo de notícias de manhã, de tarde e de noite. Ângelo Castelo Branco era o secretário e botou mais gente para me ajudar. No governo de Moura Cavalcanti, houve um episódio engraçadíssimo. Marcos Vilaça telefonou da APL: “Manda um repórter aqui”. Chegou uma notícia de Brasília dizendo que Nelson Ferreira ganhara uma medalha. Sem conhecer ninguém, anotei tudo, fiz a notícia e no outro dia saiu na primeira página que Mauro Mota ia receber a medalha. A culpa sobrou para Marcos Vilaça, que ditou tudo errado e eu apenas copiei (risos).

QUEIXA

No governo de Moura Cavalcanti, era o repórter José Almir quem viajava para Orobó, Cabrobó e Orocó. Quando o destino era Rio de Janeiro, São Paulo, Minas ou Brasília, viajava Fernando Menezes. Queixei-me disso. Moura ficou sabendo e, bravo que só, mandou me chamar. Pensei: “Estou demitido”. E ele disse: “Quarta-feira há uma viagem a Brasília e você vai”. Mandou Fernando Menezes me escalar: “José Almir, vai você e ele”. Em pleno voo, Fernando me disse: “O valor da sua diária não dá para pagar as despesas de um hotel em Brasília, mas vou quebrar seu galho. Você dorme comigo na cama de casal” (risos). Já no quarto, lá para as tantas, ele ligou para a mulher: “Onde você colocou o remédio para enxaqueca?” Sobrou para mim. A mulher dele esqueceu o remédio da enxaqueca: “Não vou dormir, nem você. Vamos ficar conversando a noite toda” (risos). Fernando Menezes sempre foi uma pessoa muito engraçada. Houve gente que me ajudou muito profissionalmente: Magno Martins, Carlos Cavalcante, Givanildo Alves, Wilson Soares.

SONO

Terminado o expediente, Marco Maciel reunia os secretários. Numa dessas ocasiões, lá pela meia-noite, ele lembrou que pela manhã teria de ir a Brasília e só então liberou quem ia viajar com ele: “Aluízio, vá para casa dormir um pouco”. Uns vinte minutos depois, Marco disse: “Esqueci de perguntar a Aluízio uma coisa importante. Liga para a casa dele”. A mulher de Aluízio atendeu: “Ele chegou tão cansado que foi direto para a cama sem jantar, mas se o senhor quiser eu chamo”. Marco disse: “Não, deixe-o dormir”. E fez este comentário: “Gosto de Aluízio, é trabalhador e um bom rapaz, mas dorme demais” (risos).

SECRETÁRIO

Ângelo Castelo Branco continuou secretário de Imprensa no governo de Roberto Magalhães, até Marco Maciel ir para o Ministério da Educação. Então Castelinho foi para Brasília e alguém deveria substituí-lo aqui. Eu já era segundo no Palácio do Governo, mas o nome de Fernando Menezes surgiu fortíssimo, amigo de Gustavo Krause, que era o vice-governador. Aldo Paes Barreto veio também à tona, assim como outros nomes de colegas. A essa altura da disputa, resolvi assumir o lugar que, em 1982, Marco Maciel me arranjara no Bandepe. Paulo Fernando Craveiro era o assessor de imprensa de lá. Mas, no Diario de Pernambuco, o colunista político José Adalberto Ribeiro lembrou meu nome: “José Almir está dentro do palácio há quinze anos quase, conhece o Estado todo, a imprensa inteira”. O governador deve ter lido isso e mandou me chamar: “José Almir, de todos os nomes, o seu foi o que mais somou, sobretudo na base. Por coincidência, era o nome que eu também queria, mas ouvi todo mundo. Então estou perguntando: você aceita?” Eu disse que aceitava e assumiria no dia seguinte, antes que ele se arrependesse (risos). No outro dia, às nove horas da manhã, eu tomei uma lapada de cana desse tamanho (risos). Fui o único secretário até o fim do governo de Roberto Magalhães, uma figura extraordinária. Ele me deu acesso livre.

Tenho uma história interessante para contar, ocorrida nesse período. Um dia, eles estavam reunidos lá em cima, com a luz vermelha acesa para ninguém interromper, era sinal fechado. Então chegaram para mim e disseram: “Morreu o prefeito de Surubim. Quem vai lá é você, rapaz, que é o secretário de Imprensa, levar a notícia”. Eu disse: “Não botem esse negócio para mim, não”. Não teve jeito. Eu fui lá, bati, abri um pouco a porta bem devagar e ele, lá de longe, gritou: “O que é?” Me aproximei rápido e disse: “Excelência, é o seguinte: o salário melhor daqui do palácio é o meu, eu não vim pedir aumento. Eu quero dizer ao senhor que morreu o prefeito de Surubim e achei que devia saber” (risos). E ele: “Ah, então esse doido está dizendo que morreu o prefeito. Tenho que tomar uma atitude agora”. O governador imediatamente interrompeu a reunião e foi tomar as providências. Quer dizer, num caso como esse, você poderia interromper, porque o assunto era da maior importância, mas ele não aceitava você chegar lá e dizer uma besteira ou um negócio qualquer.

PEQUINÊS

Dona Jane, a primeira-dama, criava um pequinês chamado Saci, que mordia o calcanhar dos visitantes. Um dia, cheguei ao palácio calçando botas e o governador percebeu: “José Almir, você é algum vaqueiro para estar de botas aqui no palácio?” Eu disse: “Com aquele cachorrinho mordendo a gente, como vou continuar meu trabalho?” (Risos). Ele aproveitou o momento e comentou: “Essa coluna de clube de bairro não pega bem, porque você vai ser porta-voz do meu governo, vai falar por mim. De repente, preciso usá-lo e você está no Mangabeira, no Bom Sucesso, não sei onde”. Eu falei: “Mas governador, como o senhor sabe, tudo tem começo, meio e fim. Um dia terei que voltar para o jornal e fazer essa coluna. O jeito é colocar lá uma pessoa para me ajudar e a coluna sai com o pseudônimo de Jabo”. Ele perguntou: “Quem é Jabo?” E eu respondi: “Jabo é José Almir Borges”. Ele disse: “É você de novo. Por que você não bota Maquiavel?” E ficou Maquiavel. Mas Gilson Oliveira, o repórter que me ajudava, bebia mais do que eu e não entregou a coluna. Quando o procurei em casa, ele estava internado na Prontolinda. Eu tive que escrever tudo sem ter estado na festa. Difícil foi me explicar com minha mulher.

BANDEPE

Eu estava no Bandepe quando Magno Martins foi secretário de Imprensa de Joaquim Francisco e me chamou para ser seu secretário adjunto. Fiquei somente por um ano, por causa de problema de saúde. Voltei para o Bandepe porque era mais do que uma secretaria estadual, pois tinha cento e cinquenta e quatro agências no Nordeste todo, no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo.

MEDALHAS

No governo de Moura Cavalcante, recebi a medalha de cavaleiro. No de Marco Maciel, a medalha da Ordem do Mérito dos Guararapes – Grau Comendador. No de Roberto Magalhães, a medalha Grau Grande Oficial. Já nos clubes de bairro foram tantas medalhas que até se repetiam. “Essa já tenho”, eu dizia às diretorias.

ANJO

No prefácio de um livro meu, Alex me chamou de “anjo boêmio dos subúrbios”, porque eu teria “vencido esse território de almas simples, talvez ainda o velho reduto da boemia neste Recife de arranha-céus silenciosos”. Ainda fico todo emocionado quando lembro essa frase. Foi Alex que me deu a primeira oportunidade de assinar matéria numa revistinha que era encartada aos domingos no Jornal do Commercio. Depois ele me deu uma coluna sobre os clubes grandes, mas não me adaptei, porque meu negócio era clube de bairro. No Mangabeira, quando eu chegava, eles botavam uma grade de cerveja debaixo da mesa. Era muita cachaça, e o casamento acabou naquela história da mala. Minha única exigência era bom tratamento. Quando eu chegava, tinha que receber atenção. Dinheiro, nunca. Por isso eu estou pobre do mesmo jeito. Quando o DN fechou, fui para o JC. Nunca fui discriminado abertamente, mas sentia que minha coluna não foi bem-recebida no terreno das figuras ilustres do Jornal do Commercio. Achavam que o lugar dela era no Diário da Noite. Mas Ivanildo Sampaio me deu toda a cobertura: “Você vai ficar aqui pelo tempo que quiser”.

INCOMPATIBILIDADE

Trabalhei dezessete anos seguidos no JC, de onde saí para o Palácio do Governo e depois para o Bandepe. Mas não deu para conciliar as noitadas dos clubes e Ivanildo Sampaio, que me chamou de novo. Passei, então, mais oito anos e me aposentei do Bandepe, porque não tinha mais disposição.

SAUDADE

Tenho saudades do meu tempo no Jornal do Commercio. O melhor que eu achava era viajar. No banco era bom porque eu ganhava bem, mas era trabalho monótono. Do palácio eu gostava demais, porque era uma festa de bebida e comida até no governo de Marco Maciel. Uma vez acabou uma reunião da Sudene e o superintendente disse: “Vamos para o almoço”. E Marco Maciel disse: “Nós não vamos, não. No avião tem uns salgadinhos” (risos).

FIDELIDADE

Depois de aposentado, fiquei ajudando doutor Roberto Magalhães em algumas coisas, mas não quis ir para Brasília. Ficava aqui, à disposição para levá-lo aonde fosse preciso. Eu e meu amigo Gilberto Marques Paulo, que foi secretário de Roberto. Esse também tem uma história fabulosa, mas também nunca escreveu. Eu até disse a ele: “Eu, que sou matuto do interior do Maranhão, escrevi um livrinho que só eu aguento, e você, com uma história rica e bonita dessa…” Mas ele não se interessou.

RECADO

Eu fico muito honrado e muito agradecido por ter participado deste encontro. Já vinha acompanhando o seu trabalho tanto na televisão como no rádio, quando Miguel Santos me disse que você iria fazer um trabalho com relação à imprensa pernambucana e que meu nome estava selecionado, o que me deixou muito alegre e orgulhoso. Acho que isso preenche e completa minha trajetória nessa área. Eu só digo o seguinte: as pessoas simples que vêm do interior ou as daqui mesmo da capital podem chegar a qualquer lugar, mas o maior instrumento não é o QI (quem indique) em vigor, porque eu não tinha, ninguém conhecia a minha família, ninguém sabia quem era meu pai, quem era minha mãe; quem me indicou foi o meu trabalho. O que eu fiz durante os quinze anos no palácio foi conquistado com muito trabalho e dedicação. Foi isso que Roberto Magalhães me disse. Aos colegas da nova geração, digo que trabalhem com seriedade, estudem e se atualizem. Assim chegarão lá, como cheguei, apesar de matuto maranhense pobre e totalmente desconhecido.

*Jornalista. Entrevista publicada no livro “Jornais e jornalistas – Imprensa pernambucana” (2012).

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Do Blog do Ney Lopes

Ontem, 25 de junho de 2024, foi um dia que passará a história pela vitória da democracia e da liberdade de imprensa.  O australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, foi libertado da prisão, após acordo judicial com os EUAAssange se declarou culpado de uma acusação de espionagem. Ele voltará para casa, na Austrália, depois de anos lutando contra a extradição dos EUA.

O rito legal para obter a liberdade exige que Assagen se declare condenado à prisão de 62 meses. Como já cumpriu mais de 62 meses será solto. O acordo encerra a longa saga legal sobre uma das maiores liberações de materiais confidenciais da história, que se estendeu por quase uma década e meia.

Em 2006, Julian Assange criou a WikiLeaks com intenção de denunciar e expor comportamentos de políticos corruptos. Trata-se de uma organização transnacional sem fins lucrativos, sediada na Suécia, que publica, em sua página, postagens de fontes anônimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre corrupção e desmandos.

Em 2010, o site publicou um conjunto de documentos militares e secretos vazados por Chelsea Manning, o ex-analista de inteligência do exército dos EUA que, enquanto servia no Iraque, copiou centenas de milhares de registros de incidentes militares e cerca de 250 mil telegramas diplomáticos. Um dos materiais vazados era um vídeo que exibia soldados norte-americanos executando 18 civis de um helicóptero no Iraque.

Mas foi em 2016 que o site ganhou maior visibilidade com as eleições presidenciais dos Estados Unidos. A partir daí tudo vira contra Assange, o criador da WikiLeaks.  Documentos do Governo americano começam a ser vazados desagradando a administração do EUA.

Assange é acusado de vazar 700 mil documentos confidenciais americanos, desde 2010.O site começou a publicar documentos mais sérios relacionados a tortura da CIA, guerra, documentos do Afeganistão e Iraque e documentos do Departamento de Estado.

O presidente dos Estados Unidos e seu governo passaram a enxergar Julian Assagen como uma intimidação para o país. Assange recebeu os documentos e apenas os publicou, como qualquer meio de comunicação faria. Por isso, é inevitável afirmar que a prisão de Julian Assange é um ataque à liberdade de imprensa. A causa de Assange conta com o apoio da ONG Anistia Internacional e de várias outras organizações,

“Julian Assange está livre”, disse o WikiLeaks, acrescentando que ele “pagou caro” pela publicação de histórias de “corrupção governamental e abusos dos direitos humanos”.

O fundador do WikiLeaks esteve preso na Inglaterra desde 2019, após passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas.

O caso de Assange mobilizou todos aqueles que são defensores da liberdade de imprensa e expressão.

Paulista - Boa praça

Por Cláudio Soares *

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal envolve uma análise complexa de princípios constitucionais, legislação vigente e interpretação do papel do tribunal.A descriminalização pode ser vista como uma aplicação deste princípio, onde o Estado intervém o mínimo possível na esfera individual, especialmente em questões relacionadas ao uso pessoal de substâncias.

O direito à privacidade e à autonomia individual pode ser invocado, argumentando que a criminalização do porte de maconha para uso pessoal interfere indevidamente nesses direitos fundamentais. O STF pode basear sua decisão em precedentes anteriores que reconhecem a autonomia individual em questões semelhantes, como decisões sobre o direito ao aborto e à liberdade de expressão.

A análise também deve considerar o impacto da decisão na saúde pública e na segurança, buscando um equilíbrio entre a proteção da saúde coletiva e os direitos individuais.

A jurisprudência internacional e comparada pode ser relevante, especialmente em países onde o porte de maconha para uso pessoal foi descriminalizado ou legalizado, exemplo de Holanda e Uruguai.

É importante notar que a decisão do STF não implica legalização, mas sim descriminalização, o que significa que o porte para uso pessoal não será mais considerado crime, mas pode acarretar sanções administrativas, como multas. Cada ministro apresentou fundamentos jurídicos distintos para apoiar sua posição, refletindo uma diversidade de interpretações constitucionais e legais.

A questão de o STF estar ou não legislando ao descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal é objeto de intenso debate jurídico e constitucional.

Tradicionalmente, cabe ao Poder Legislativo a função de legislar, ou seja, criar, alterar e revogar leis. Isso é uma garantia fundamental da separação de poderes, onde cada ramo do governo possui funções específicas para evitar concentração excessiva de poder.

No entanto, o Poder Judiciário, especialmente o STF, tem o papel de interpretar a Constituição e as leis para resolver casos concretos. Isso inclui decidir se uma lei é constitucional ou não, e em alguns casos, como no presente tema do porte de maconha, interpretar se a criminalização é compatível com a Constituição.

Há uma linha tênue entre interpretar a lei e criar novas normas ou modificar substancialmente o significado de leis existentes. Alguns críticos argumentam que decisões como a descriminalização do porte de maconha representam ativismo judicial, enquanto outros defendem que o tribunal está simplesmente aplicando interpretações constitucionais em casos específicos.

Em alguns casos, o STF pode agir quando há um vácuo legislativo claro, ou seja, quando o Congresso Nacional não aborda determinadas questões que são consideradas urgentes ou relevantes para a sociedade.

Decisões como essa também têm implicações políticas e sociais significativas, o que pode pressionar o Congresso a legislar sobre o assunto de maneira mais abrangente. O senado federal já começou, parece-me um pouco tarde, mas determinado a manter a criminalização do porte de maconha.

Portanto, enquanto o STF pode estar interpretando a Constituição ao descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal, a percepção de se isso constitui ou não uma forma de legislação pode variar dependendo da perspectiva constitucional e política adotada. A discussão sobre os limites da atuação judicial versus legislativa continua sendo um tema central na teoria constitucional e na prática judiciária brasileira.

*Advogado e jornalista

Petrolina - Viva a nossa arte

Um acidente envolvendo caminhões e animais, causou a interdição de um trecho da BR-232, no Grande Recife. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), três pessoas ficaram feridas. As informações são preliminares e foram divulgadas no início da manhã de hoje.

O outro caminhão envolvido no acidente caiu na ribanceira. Foto: Divulgação/PRF

Segundo a PRF, o acidente ocorreu por volta das 5h, no km 29 da rodovia federal, em Moreno, no sentido interior, próximo ao Parque Aquático. A rodovia está completamente bloqueada no sentido interior neste momento, conforme comunicado da PRF às 6h50.

A PRF explicou que o motorista de um caminhão tentou desviar de três bois e acabou tombando na rodovia. Em seguida, outros dois caminhões colidiram, sendo que um deles saiu da pista e desceu uma ribanceira. Das três pessoas feridas, duas ainda estavam no caminhão que desceu a ribanceira por volta das 7h.

Trânsito bastante intenso sentido moreno.

Os dois motoristas que permaneceram na pista realizaram o teste do bafômetro, e o resultado foi normal. Um deles foi levado pelo Samu para uma unidade de saúde. Além da PRF, a Polícia Militar e o SAMU estão no local, e o Corpo de Bombeiros foi acionado.​

Ipojuca - Minha rua top

Em entrevista a um canal no youtube, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, criticou a primeira-dama, Janja da Silva, a responsabilizou como um motivos principais, que irá causar uma derrota de Lula e do PT na eleições deste ano e a de 2026, mencionando as municipais e presidenciais, respectivamente.

“Pelo movimento da economia, a população vai votar contra o governo, mas pela guerra cultural e o janjismo, o governo vai perder a eleição”, disse Ciro. Mais recentemente, o político cearense, fez críticas a esposa de Lula por conta dos comentários e postura dela em meio à tragédia que houve no Rio Grande do Sul.

Na ocasião, ele relatou o caso de uma pesquisadora que havia corrigido uma declaração do ministro extraordinário para reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta (PT). “Foi o bastante para esta poderosa máquina lulopetista trituradora – hoje aparentemente sob forte influência direta da primeira-dama Janja, como é voz corrente no ‘mercado’ digital – cair para matar na professora, a ponto de ela ter declarado que os petistas só pararão ‘quando eu me matar’”, disse Ciro no X, em 20 de maio.

Ipojuca - Minha rua top
Serra Talhada - Saúde

Presidente da Empetur age em defesa da Missa

O presidente da Empetur, Eduardo Loyo, ficou preocupado com as notícias de uma possível alteração no nome e modelo da Missa do Vaqueiro. Para ele, o Estado não pode avalizar qualquer tentativa que passe pela mudança do nome. “A Missa do Vaqueiro não é apenas um patrimônio do Estado, é do Pais”, afirmou.

Loyo disse que vai procurar o prefeito, os vereadores e a presidente da Fundação João Cânsio, Helena Câncio, para negociar um acordo. Quer entrar no jogo, em nome do Estado, como pacificador. Ao entrar na contenda cultural de Serrita, Loyo vai evitar que se cometa um crime cultural. Lá, o prefeito Aleudo Benedito (MDB) quer promover, a todo custo, um verdadeiro apagão na história da Missa do Vaqueiro, evento que se realiza há 44 anos no Parque João Câncio, de propriedade do Estado, vinculado à estrutura da Empetur.

Loyo comemorou o pedido de vista, de autoria do vereador Júnior de Bal (SD), aprovado ontem pela Câmara de Vereadores. Se a proposta do prefeito tivesse sido votada na sessão de ontem, a Missa do Vaqueiro iria virar Festa de Jacó, supostamente para propagar a imagem e história do vaqueiro assassinado covardemente.

Tudo conversa mole do prefeito e da sua equipe: a missa já foi criada para homenagear a figura de Raimundo Jacó, que era primo de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Gonzagão está inserido na história da Missa. Foi um dos seus fundadores ao lado do Padre João Câncio e do poeta-repentista Pedro Bandeira. Bal pediu vistas e a matéria saiu de discussão e votação.

Não se trata de um assunto paroquial e provinciano. Por tomar dimensões nacionais e proporcionar destaque à cultura do Estado, em 2009 a Missa do Vaqueiro teve o seu registro como Patrimônio Imaterial de Pernambuco.

No Diário Oficial foi destacado como um dos maiores espetáculos do calendário turístico de Pernambuco. Daí, a oportuna entrada no assunto pelo presidente da Empetur, entidade que administra o Parque João Câncio, local do evento. Com jeito e diálogo, Eduardo Loyo vai ter sucesso em sua missão.

Afinal, o prefeito não tem autoridade para, num toque de mágica, sob os olhares cúmplices e silenciosos de parte dos vereadores do município, transformar a Missa do Vaqueiro na Festa de Jacó. A Missa é uma grife nacional, projetou Serrita no País inteiro e até hoje a cidade só é conhecida, visitada e reverenciada por causa desta linda história envolvendo um vaqueiro valente, herói das caatingas.

VERSÃO FANTASIOSA – Toda vez que é forçado a explicar o projeto, o prefeito de Serrita, Aleudo Benedito (MDB), se enrola, assim como o secretário de Cultura, Carlos Peixoto. Na sessão da Câmara, ontem, que acompanhou fazendo pressão junto aos vereadores pela aprovação, ele disse que a tradicional Missa do Vaqueiro não mudará de nome. “Apenas as festividades que antecedem a manifestação religiosa passarão a ter outro nome, Festa do Jacó. A missa vai continuar sendo realizada, vai deixar de existir, o nome não vai deixar de existir. A Missa do Vaqueiro é sim patrimônio nosso”, afirmou.

Símbolo de luta do nordestino – Autor do livro “João Câncio, o padre vaqueiro, o jornalista Vandeck Santiago afirma que a Missa do Vaqueiro se insere no contexto de luta do nordestino.” A Missa existe há 49 anos e inspirou documentários, livros, reportagens e tem um peso grande. Na época da sua criação, o Brasil estava na ditadura, uma época de censura. Na missa, o nome de D. Helder Câmara não podia ser citado de forma alguma. Teve a Carta Pastoral dos Bispos do Nordeste afirmando que aquele desenvolvimento não contemplava os pobres. E a missa segue esse discurso, não havia esse discurso concatenado, mas essa missa voltada para os vaqueiros, que ninguém dava atenção, celebrada na caatinga, ela se insere nesse contexto de luta do povo nordestino e brasileiro”, diz ele.

Culpou Bolsonaro – Viver é também recordar: em 2020, a atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, criticou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante incêndios no Pantanal, ao afirmar que a “criminosamente desproporcional” era a “falta de medidas do governo para enfrentar o tamanho do problema da destruição dos biomas brasileiras”. “É uma atuação pífia, de puro faz de conta, onde o que vem sendo feito é muito mais em função do trabalho árduo dos servidores públicos abnegados e do esforço de voluntários comprometidos com a causa ambiental”, disse em seu perfil no X (ex-Twitter), em setembro do mesmo ano.

E mudou o discurso – Naquele ano, 26,4% de toda a extensão territorial do bioma foi queimada, a maior desde 2003. Os dados são do Programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), vinculado ao MCTI (Ministério de Ciência e Tecnologia). Já em 2023, Marina atribuiu as causas dos incêndios no Pantanal à ação humana criminosa, a pior seca dos últimos 70 anos e ao impacto das mudanças climáticas. Na última segunda-feira, ao final da reunião da sala de situação que vai elaborar ações para o bioma, a titular do órgão ambiental do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que esta é uma das piores situações já vistas pela região.

Entrou com os dois pés – O presidente estadual do PDT, Wolney Queiroz, resolveu meter a sua colher na briga interna do seu partido em Araripina, que tende a resolver o seu candidato em um bate-chapa na convenção. Wolney torce e trabalha pela vitória do atual vice-prefeito do município, Evilásio Mateus, que enfrentará o nome indicado pelo prefeito, a ex-secretária de Educação, Ana Paula Ramos. “A disputa interna é salutar, boa para o partido e é uma prova de que temos bons quadros”, afirmou.

Curtas

CASSADO – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato do vereador Marcos Alexandre Soares, o Xande da Praia, o mais votado de Goiana, na Zona da Mata, por causa de fraude à cota de gênero praticada pelo PSD. De acordo com o TRE, em Pernambuco a legenda não observou o mínimo de 30% da cota de candidaturas femininas no pleito de 2020.

CONTAS – A Câmara de Vereadores de Serra Talhada aprovou, ontem, as contas da prefeita Márcia Conrado (PT) referentes ao exercício de 2022. Em março deste ano, o Tribunal de Contas do Estado já havia aprovado por unanimidade e emitido um parecer prévio recomendando a aprovação à Câmara Municipal.

CANDIDATO – Em nota, o advogado Antônio Campos reafirmou, ontem, que é candidatíssimo a prefeito de Olinda. “Represento as forças que fizeram a real oposição à gestão Lupércio e que tem um projeto inovador para Olinda”, destacou.

Perguntar não ofende: O Congresso só volta a funcionar agora depois das eleições?

Vitória Reconstrução da Praça

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), oficializou a designação da comissão especial que irá analisar a PEC (proposta de emenda à Constituição) das Drogas. O ato foi publicado nos canais oficiais da Casa nesta terça-feira (25), após decisão do Supremo Tribunal Federal em julgamento sobre o tema. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

O STF formou maioria a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. A PEC das Drogas foi aprovada pelo Senado por ampla maioria neste ano e na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara no último dia 12.

Com a aprovação na CCJ, cabe ao presidente da Câmara designar a comissão especial para tratar do mérito da proposta —algo que ainda não havia sido feito. Há um prazo de 40 sessões para votar o texto no âmbito do colegiado, sendo que o período para emendas se esgota nas 10 primeiras sessões.

Segundo o texto, a comissão será formada por 34 membros titulares e 34 suplentes, que ainda precisam ser designados. Lira está fora do país, em Lisboa, Portugal, para participar de evento jurídico.

A PEC constitucionaliza a criminalização de porte e posse de drogas em qualquer quantidade. Ela foi apresentada por Pacheco e aprovada por ampla maioria em abril pelos senadores, também em reação ao julgamento do STF.

O consumo de álcool é responsável por 2,6 milhões de mortes todos os anos no mundo – 4,7% de todas as mortes no planeta. Já o uso de drogas psicoativas responde por 600 mil mortes anualmente. Os números foram divulgados nesta terça-feira (25) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dados do Relatório Global sobre Álcool, Saúde e Tratamento de Transtornos por Uso de Substâncias mostram ainda que 2 milhões de mortes por consumo de álcool e 400 mil mortes por uso de drogas são registradas entre homens. O estudo tem como base informações de saúde pública referentes ao ano de 2019.

A estimativa da OMS é que 400 mil pessoas viviam com desordens relacionadas ao consumo de álcool e ao uso de drogas nesse período, sendo 209 milhões classificadas como dependentes de álcool. A entidade destaca que o uso de substâncias prejudica severamente a saúde do indivíduo, aumentando o risco de doenças crônicas e resultando em milhões de mortes preveníveis.

“Coloca um fardo pesado sobre as famílias e as comunidades, aumentando a exposição a acidentes, lesões e violência”, destacou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O relatório destaca ainda a necessidade urgente de acelerar ações a nível global para alcançar a meta estabelecida por meio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de, até 2030, reduzir o consumo de álcool e drogas e ampliar o acesso a tratamento de qualidade para transtornos causados pelo uso de substâncias.

Prejuízos à saúde
De acordo com a OMS, a maioria das mortes por consumo de álcool ocorre na Europa e na África, sendo que as taxas de mortalidade por litro de álcool consumido são mais elevadas em países de baixa renda e menores em países de alta renda.

De todas as mortes atribuídas ao álcool em 2019, cerca de 1,6 milhões aconteceram por doenças crônicas não transmissíveis, sendo 474 mil por doenças cardiovasculares e 401 mil por câncer. Outras 724 mil foram decorrentes de ferimentos causados por acidentes de trânsito, automutilação e casos de violência.

Os dados mostram que a maior proporção (13%) de mortes atribuídas ao álcool, em 2019, foi registrada na faixa etária dos 20 aos 39 anos.

De acordo com o relatório, o consumo total per capita de álcool entre a população global registrou ligeira queda, passando de 5,7 litros em 2010 para 5,5 litros em 2019. Os índices mais altos foram observados em países europeus (9,2 litros per capita) e nas Américas (7,5 litros per capita).

O nível de consumo de álcool per capita entre os consumidores chega, em média, a 27 gramas de álcool puro por dia, o que equivale a aproximadamente duas taças de vinho, duas garrafas de cerveja ou duas porções de bebidas destiladas. “Este nível e frequência de consumo de álcool estão associados a riscos aumentados de inúmeras condições de saúde e associado a mortalidade e incapacidade.”

Ainda segundo os dados, em 2019, 38% das pessoas que declararam consumir álcool registraram pelo menos um episódio de consumo excessivo no mês anterior à pesquisa – o equivalente a quatro ou cinco taças de vinho, garrafas de cerveja ou porções de bebidas destiladas. O consumo excessivo de álcool foi altamente prevalente entre homens.

Por fim, o relatório aponta que, globalmente, 23,5% de todos os jovens com idade entre 15 e 19 anos afirmam consumir álcool (pelo menos uma dose de bebida alcóolica ao logo dos últimos 12 meses). Os índices são mais altos na Europa (45,9%) e nas Américas (43,9%).

Antônio Campos, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), anunciou nesta terça-feira (25) que é pré-candidato à Prefeitura de Olinda nas eleições deste ano. O irmão do ex-governador Eduardo Campos disse que se coloca como oposição ao atual prefeito Professor Lupércio.

“Sou pré-candidato a prefeito de Olinda. E nossa pré-candidatura representa as forças que fizeram a real oposição à gestão Lupércio e que tem um projeto inovador para Olinda. Debateremos os problemas da cidade e mostraremos que as outras candidaturas ou estiveram na gestão Lupércio ou são apoiadas por forças que fazem parte da mesma ou da era PCdoB”, afirmou, em suas redes sociais. “Somos a mudança de verdade que Olinda precisa e clama. O povo de Olinda é livre e não dominado por caciques eleitorais”, completou.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que não vê “clima” no Brasil para anistiar os presos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023. De acordo com o magistrado, “é natural que haja esse movimento político” pelo fato de estarmos às vésperas de eleições municipais. Na avaliação dele, pesa contra os investigados a gravidade dos fatos. As informações são do jornal O Tempo.

“É natural que haja esse tipo de diálogo retórico e político [pela anistia]. Não acredito que haja clima no Brasil para um debate sobre anistia diante da gravidade dos fatos que ocorreram”, disse durante entrevista à CNN Portugal veiculada na noite de segunda-feira (24).

Está em tramitação na Câmara dos Deputados um projeto de lei para anistiar os acusados pelos atos do dia 8 de janeiro. O STF já condenou mais de 110 pessoas pelos atos, quando os prédios da Praça dos Três Poderes foram invadidos e depredados. As penas variam de três a 17 anos.

Ainda durante a entrevista, o decano do STF também foi questionado sobre a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que sofreu duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023. Para Gilmar Mendes, uma reversão no “STF” seria “muito difícil”.

“Acho muito difícil. Vamos aguardar, obviamente, a deliberação do tribunal, mas tudo tende a manter a decisão que já foi tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Essa tem sido a rotina em casos semelhantes”, afirmou.

O ministro do STF está em Portugal para participar do 12º Fórum Jurídico de Lisboa, que é organizado pelo IDP, faculdade que Gilmar Mendes é sócio. O evento ganhou o apelido de “Gilmarpalooza” (em uma referência ao famoso festival de música) pela presença vários ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presidentes da Câmara dos Deputados e Senado, além de congressista e juristas renomados no Brasil.