Por J. Fidelis
O que marcou e ainda carimba a gestão Raquel Lyra (PSDB) é a lentidão na transversalidade com os líderes municipais, além da nomeação do secretariado ter ocorrido quase que por difusão, de forma completamente atabalhoada. E que, por efeito cascata, reverberou na defasagem de tempo para escolha da equipe de transição, que tomaria para si os rumos da Adepe, a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.
Com esse hiato temporal, transparece que a atual gestão tem uma escala de tempo própria, de modo que, hoje, a agência ainda não apresenta um organograma institucional consolidado.
Leia maisA Adepe é uma empresa ociosa em nove meses do governo tucano. A visão, numa escala macro, do atual governo é desanimadora, mas chega a ser devastadora quando, com uma lupa, se tem noção nos bastidores dos principais órgãos às rédeas do executivo, como o exemplo da Adepe, sediada numa charmosa casa, no bairros das Graças, zona norte do Recife.
Marcada a ferro e fogo, por uma alta densidade de exonerações, antes mesmo da chegada da equipe caruaruense de transição, a Adepe segue num cenário cinzento. Como se não bastassem a lentidão na montagem do seu corpo técnico, e da consolidação de uma estrutura organizacional harmônica com o escopo da empresa, chefiada pelo atual presidente, o jovem, braço direito e primo de Raquel Lyra, André Teixeira Filho, marcada pela mínima empatia com os colaboradores e a máxima lentidão em atender os pleitos do empresariado.
A passos lentos, DNA do atual governo, os amigos de infância das ruas de Caruaru, sentiram-se aclimatados e colocaram em prática, na Adepe, a construção de mais um pilar marcante; a centralização, fomentada por um blend de arrogância, insegurança e complexo de inferioridade.
Paralelamente à má regência parcial dos seus recursos humanos, a Adepe, conhecida como a “prima rica”, reflexo da sua autonomia e privilégio financeiro, quando comparada aos demais órgãos, atravessa um período de racionalização de despesas que beira a mesquinharia. De fato, se não por pressões que atingem a Adepe, algumas parcerias que gerariam produtos importantes para o Estado, concebidas no Governo do PSB, seriam irresponsavelmente suspensas.
Sem contar as significativas perdas dos melhores quadros da agência, que de forma estratégica e calculada foram paulatinamente exonerados ou obrigados, por motivos óbvios, a abrirem mão de seus cargos. Cenário totalmente inverso para o grupo caruaruense, com alguns diretores priorizando suas demandas no âmbito privado, raramente são vistos pelos corredores da agência.
Sob o controle de gestores rigorosamente doutrinados, condensados e que apresentam o mesmo protocolo interpessoal, a equipe de Raquel Lyra faz da Adepe sua trincheira, mesmo que de forma atrapalhada. Reuniões entre os súditos da governadora tucana se assemelham a tramas sempre às escuras, transparecendo uma imensa imaturidade técnica e de gestão.
Ficamos na esperança de que aquela charmosa e imponente casa, às margens da avenida conselheiro Rosa e Silva, volte a sorrir, mesmo soando como um devaneio, espelho da insegurança que a amordaça.
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