Por Andryele Saraiva*
Preocupo-me, como orgulhoso nordestino que sou, com a dimensão do problema do desequilíbrio regional. Sempre protesto e chamo a atenção para essa questão, pois o artigo pode ser novo, mas o grito é antigo.
Nesse sentido, certa vez disse Franco Montoro: “Ninguém vive na União ou no Estado; as pessoas vivem no Município.” Aristóteles, em sua obra “Política”, afirma que a cidade é a forma mais elevada de comunidade e tem como objetivo o bem supremo: o bem comum.
Leia maisA respeito do tema, poderia empregar inúmeros adjetivos, mas deixo apenas um exemplo: não é admissível que uma pessoa tenha acesso à água e seu vizinho não.
Em vez de corrigir as distorções, alegam que os problemas do Nordeste são regionais, quando, na verdade, são nacionais. Nunca se pensa que se tratam de problemas que afetam o país como um todo.
Assim, em outro tempo, poderia buscar exemplos mais distantes, como Israel e a Califórnia, regiões áridas que se transformaram em referências mundiais de riqueza e desenvolvimento. A Califórnia, por exemplo, tornou-se o maior estado americano, um modelo de prosperidade para o mundo inteiro.
Mas hoje vou bem mais perto, ao coração do sertão nordestino, onde uma história de transformação e resiliência se desenrola. O Vale do São Francisco, outrora conhecido por sua aridez, hoje se destaca como um verdadeiro oásis de prosperidade agrícola. A irrigação revolucionou a região, tornando Petrolina o epicentro do agronegócio sustentável no Nordeste brasileiro.
Devo lembrar, ainda, o vizinho Estado do Ceará, que é destaque e referência nacional na educação. A liderança em alfabetização e o desempenho nos exames do Ideb são exemplos claros: o estado possui a maior proporção de crianças alfabetizadas na idade certa, superando a média nacional, com 85,3% dos alunos do 2º ano já lendo e escrevendo de forma autônoma.
Vamos verificando que é preciso lutar e continuar sonhando. O Nordeste mudou e tem uma nova face, com obras como a Transnordestina — incluindo o trecho de Salgueiro ao Porto de Suape — e a conclusão da Transposição do Rio São Francisco, cujas águas, pelo Ramal do Entremontes, semeiam esperança e escoam desenvolvimento.
A história do Nordeste é feita de coragem, luta, tenacidade, determinação, sonho e construção. É nesse sentido que sigo acreditando: é possível construir uma realidade diferente em cada cidade deste país, garantindo pelo menos o mínimo de direitos a que todos têm acesso.
“Se ser político é reclamar das injustiças, então, eu sou político.”
— Patativa do Assaré
*Vereador de Parnamirim, Vice-Presidente da Câmara de Parnamirim-PE e Bacharel em Direito
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