Os Estados Unidos atacaram três grandes instalações nucleares no Irã nas primeiras horas deste domingo (22). Isso coloca o país diretamente no conflito entre Israel e Irã.
O presidente dos EUA Donald Trump afirmou que os ataques “obliteraram totalmente” as instalações de enriquecimento nuclear do Irã. Ele também pediu que o governo iraniano “faça a paz” ou enfrente ataques “muito maiores” no futuro. O presidente de Israel disse à BBC que o programa nuclear iraniano foi atingido “substancialmente”, mas os detalhes completos da ação militar ainda não foram divulgados. As informações são da BBC.
Leia maisEm resposta, o ministro das Relações Exteriores do Irã alertou para “consequências duradouras” dos ataques, que ele classificou “ultrajantes”.
O órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) assegurou que nenhum aumento nos níveis de radiação foi detectado nas últimas horas.
O que sabemos sobre os ataques dos EUA
Ainda na noite de ontem, no horário de Brasília, Trump fez o anúncio oficial de que os EUA realizaram ataques a três instalações nucleares no Irã. Os locais atingidos foram Fordow, Natanz e Isfahan (veja a localização das instalações no mapa abaixo).
Poucas horas depois, o Irã confirmou que as três instalações nucleares foram de fato atacadas. Na sequência, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, emitou um comunicado afirmando que “o presidente Trump e os Estados Unidos agiram com muita força”.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, chamou a ação dos EUA de uma “escalada perigosa”.
Por volta das 23h, no horário de Brasília, Trump fez um pronunciamento à nação, em que alertou que o Irã “deve agora fazer a paz” ou enfrentará ataques “muito maiores”. Nas primeiras horas do domingo (22) Israel afirmou que o Irã lançou uma nova onda de ataques contra o seu território.
Informações preliminares divulgadas pela Agência Internacional de Energia Atômica asseguraram que não há “aumento” nos níveis de radiação em instalações nucleares iranianas após os ataques.
Por volta das 2h40 da madrugada (no horário de Brasília), o exército israelense iniciou uma nova operação contra “alvos militares” no oeste do Irã.

Campanha de Israel coloca o Irã em modo de sobrevivência
Hugo Bachega, correspondente da BBC News no Oriente Médio, lembra a trajetória do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Desde seu livro lançado em 1995, Combatendo o Terrorismo, até seu famoso discurso no Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2012, quando exibiu a ilustração de uma bomba para explicar o quão perto, em sua opinião, o Irã estava de obter uma arma nuclear, Netanyahu há muito tempo diz ao mundo que o Irã precisa ser detido.
Mas será que Israel vai parar de atacar o Irã agora?
Bachega destaca que oficiais militares israelenses têm alertado repetidamente que esta pode ser uma campanha militar prolongada — e comemorado o que consideram uma operação extremamente bem-sucedida até o momento. E eles podem ver poucos motivos para parar agora, antes de infligir ainda mais danos ao governo iraniano.
Cada vez mais autoridades israelenses, incluindo Netanyahu, têm insinuado uma mudança de regime no Irã, lembra o correspondente da BBC News. A esperança parece ser que a campanha de bombardeios leve a um movimento contra o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, que derrube a República Islâmica, no poder desde a revolução de 1979.
Isso coloca o Irã em modo de sobrevivência, avalia Bachega. O país rejeitou repetidamente qualquer acordo que o obrigasse a abrir mão do enriquecimento de urânio em seu território, uma exigência fundamental dos EUA.
Em sua posição mais frágil em quase cinco décadas, os líderes iranianos estarão sob pressão internacional para aceitar um acordo que, inevitavelmente, tentará impedir qualquer retomada das atividades nucleares. A alternativa é mais conflito, o que poderia levar ao fim do governo de Khamenei e a um futuro incerto para o paísl escreve o correspondente da BBC News.
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