“Eles querem me matar”, afirma Bolsonaro em podcast Direto de Brasília
Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog
A segunda edição do podcast Direto de Brasília, comandado pelo titular deste blog, ontem (9), recebeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em uma hora de programa, Bolsonaro falou sobre diversos assuntos da sua trajetória política, dos processos que enfrenta na Justiça, do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, das eleições de 2026 e até do ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP). Quando a entrevista se encaminhava para o final, Jair Bolsonaro revelou que acredita em um plano para matá-lo.
“Na verdade, eles querem me matar”, respondeu Bolsonaro ao ser questionado por Magno Martins se o objetivo dos processos era prendê-lo. “Botam na cadeia e é fácil eliminar o cara sem deixar provas de nada. Eu sou um paralelepípedo no sapato deles”, acrescentou Bolsonaro. Questionado se teme ser preso, o ex-presidente enfatizou que não teme e que não interessa qual seria a acusação, porque o objetivo é colocá-lo na prisão.
Leia maisJair Bolsonaro desferiu diversas críticas contra o ministro Alexandre de Moraes e a condução da investigação dos atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. “Ele é vítima nesse processo, é relator, investigador, toma depoimento de relator, ele é tudo. Ele falou que eu posso escapar. Estão condenando pobres coitados a 17 anos de cadeia. A Débora está sendo condenada a 14 anos de cadeia, como golpista. Foram condenados um sorveteiro e um pipoqueiro. Esse processo meu sobre golpe não tinha que existir. Como me vinculam ao 8 de janeiro se eu nem estava aqui?”, declarou o ex-presidente.
Uma das maiores bandeiras bolsonaristas para descredibilizar o processo de investigação do 8 de janeiro e as condenações é justamente o caso da cabeleireira Débora Rodrigues, que pichou com um batom a estátua da Justiça. Mas, ao contrário do que disse Bolsonaro, Débora não foi condenada. O julgamento dela foi suspenso no STF, em 25 de março deste ano, devido a um pedido de vista do ministro Luiz Fux. Logo, ela não foi condenada a 14 anos de prisão e nem recebeu uma multa de R$ 30 milhões, como dizem os bolsonaristas nas redes sociais.
Sobre 2026, o ex-presidente reforçou que continua na disputa, apesar de inelegível, e não quis declarar para quem iria seu apoio, caso não pudesse concorrer. “Qual foi o meu crime? Me reunir com embaixadores? Continuo candidato até os 48 do segundo tempo. Não tem plano B, isso está acertado com o partido”, cravou.
Ainda durante o podcast, ao comentar sobre o cenário político em Alagoas, Bolsonaro disse “gostar muito” de Arthur Lira. “Graças ao Arthur Lira, nós conseguimos, via Parlamento, reduzir os impostos federais dos combustíveis, negociar os precatórios e pagar o Bolsa Família de R$ 600 para o povo pobre do Brasil. Lira foi um grande aliado meu”, enfatizou. A entrevista completa do segundo episódio do podcast Direto de Brasília está disponível nos canais do YouTube deste blog e da Folha de Pernambuco.
Eleições em Pernambuco – Bolsonaro acredita que o PL não tem um nome com chances reais de vencer a disputa pelo cargo de governador de Pernambuco, em 2026. “Eu converso com Gilson (Machado – ex-Turismo), que é o meu ‘xis-tudo’ em Pernambuco. O Gilson sabe que nós temos muito mais interesse no Senado. Acho que não temos nome para ganhar um governo do Estado lá (em PE). É uma realidade. Se pudermos compor com um partido de centro, no meu entender, será bem-vindo”, destacou.

Acordo sobre anistia – Líderes do Senado alinhados a Jair Bolsonaro e ao governo Lula (PT) fizeram uma espécie de pacto sobre o tema da anistia aos réus do 8 de janeiro. Decidiram que o assunto hoje compete à Câmara dos Deputados e que não será discutido até chegar na Casa. A decisão foi costurada com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que não mostra disposição em pautar o tema. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem evitado se comprometer a levar o tema ao plenário. Motta defende penas menores aos envolvidos nos atos golpistas, mas pontua que o projeto de anistia pode piorar a crise institucional com o Judiciário. As informações são de Bela Megale, do jornal O Globo.
Galerias em chamas na Alepe 1 – A maneira como são realizadas as votações em plenário na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), com rapidez, em uma velocidade que não dá chance clara de entendimento a quem não é acostumado com a rotina da Casa, foi fortemente criticada, na tarde de ontem (9), pelas pessoas que estavam nas galerias acompanhando a reunião plenária. Ocorre que o projeto de lei que acabava com as cláusulas de barreira nos editais de concursos públicos da área de segurança em Pernambuco estava pautado. O texto é do deputado Izaías Régis (PSDB). No dia anterior, não houve quórum para analisar a proposta porque os deputados da base governista não compareceram à sessão, alinhados com a governadora Raquel Lyra (PSD). Ontem, num piscar de olhos, o projeto foi rejeitado em segunda discussão e as galerias “pegaram fogo”.
Galerias em chamas na Alepe 2 – Quem presidiu a reunião na tarde de ontem, durante a votação do projeto, foi o deputado Diogo Moraes (PSB). Em segundos, como de costume na Casa, ele conduziu a votação, sem que nem a imprensa nem as galerias conseguissem entender com exatidão o que tinha havido. Ao se darem conta de que o projeto das cláusulas de barreira havia sido rejeitado, os presentes nas galerias começaram a protestar. A maioria era de membros das forças de segurança. Gritaram que faltou transparência. Os deputados favoráveis à proposta, de oposição, se manifestaram no microfone, enquanto os demais ficaram sentados. João Paulo (PT), Doriel Barros (PT), Jarbinhas (MDB) e Luciano Duque (SD) foram bastante cobrados e acusados de irem contra os interesses dos trabalhadores.

Júnior Matuto se desculpa – O deputado Júnior Matuto (PSB) foi à tribuna da Alepe, na tarde de ontem, se desculpar pelas palavras de baixo calão que falou no dia anterior na tentativa de exaltar o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB). “Com muita humildade, venho me desculpar. Tenho uma criação de homem do interior e magoei algumas pessoas, por isso me desculpo”, afirmou.
CURTAS
Rui Falcão – Ex-presidente do PT, o deputado federal Rui Falcão (SP) anunciou, ontem, sua candidatura ao comando do partido, em oposição ao ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, que é o preferido do presidente Lula para o cargo. Falcão conta com apoio de deputados federais para a eleição interna do partido.
Porte de arma – A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou, ontem, o Projeto de Lei 3.272, de 2024, que permite o porte de arma para mulheres com mais de 18 anos sob medida protetiva de urgência. O projeto segue agora para a Comissão de Segurança Pública, em decisão terminativa. As medidas protetivas de urgência, previstas na Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, são mecanismos legais destinados a proteger a integridade e a vida de meninas, adolescentes ou mulheres em situação de risco.
Denúncia de Humberto – O senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou, ontem, uma notícia-crime à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES), por incitação ao crime. A iniciativa ocorre após declarações feitas pelo parlamentar durante sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, na terça-feira (8), em que defendeu a morte do presidente Lula (PT).
Perguntar não ofende: até quando Bolsonaro vai insistir que será o candidato da direita em 2026?
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