Por Antonio Magalhães*
São infinitos o universo e a estupidez humana. Os associados à estupidez não têm classe econômica e muito menos precisam de formação intelectual. São indivíduos que agem sem refletir, comprometendo a crítica dos fatos e, em muitos casos, se sobrepondo às ideologias. O estúpido é cheio de certezas e o inteligente tem muitas dúvidas, aponta um velho ditado político.
Ser estúpido, em termos de Brasil de hoje, é pertencer a militância petista/alexandrina, que sobrevive como um fenômeno coletivo de cegueira política e até de mau caratismo diante de uma realidade clara de má gestão governamental e postura autoritária de perseguição aos adversários auxiliados por um braço jurídico violador de leis.
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Dado o diagnóstico da doença mental, o remédio tem sido amargo para a liderança autoritária que se mantinha até há pouco tempo numa arrogância atrevida, uma burrice, de que nada iria mudar, dando continuidade ao “mal hegemônico”. Mas, como registrou o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – expulso do PCB por não submeter sua arte ao comunismo nos anos 1930 –, há hoje uma “pedra no caminho/no caminho há uma pedra”.
A pedra no calçado dos autoritários começa a ferir seus pés, obrigando-os a abandonar suas botas pesadas que esmagaram e ainda esmagam inocentes e adversários do regime ditatorial, renomeado aqui como estado democrático de direito.
Antes fechados num núcleo de poder e mídia, a liderança atual observa com temor a perda de apoio e de aliados diante do medicamento importado que embrulha o intestino e mexe com a cabeça dos grandes tiranos. Uma revanche dos pequenos tiranos brasileiros.
As boas notícias para a população e más novidades para os autoritários chegam em cascata. Uma poderosa rede de televisão começa a preferir a produção de novelas e transmissões esportivas a apoiar politicamente os governistas que agem contra o povo. Jornais e revistas que vinham fazendo ataques à direita, de repente subiram no muro. Agora mordem e assopram. Antes só mordiam a oposição.
Internamente o próprio sistema, o mecanismo, banqueiros de São Paulo ou deep state, quem manda realmente no país, começa a expurgar membros antes importantes. Usadas em determinado tempo, estas tristes figuras deixaram de ser úteis. É o começo do fim de uma era sombria. Os detentores do poder de menor nível, estúpidos úteis ou puxa-sacos, vão ter que engolir a seco as consequências produzidas por suas maldades.
Já os aproveitadores de alto coturno apostam, como tem acontecido na história brasileira, num acordo para aliviar a tensão política, proporcionando só um pouco de mobilidade na estrutura autoritária de poder. Como disse o escritor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896-1957) na obra “O Leopardo” sobre a nascente República da Itália: “Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”, jogou o personagem Tancredi, príncipe de Falconeri, inimigo da república ao ver seu mundo se acabando.
Por isso, os brasileiros têm que estar espertos e não abestalhados pela estupidez da propaganda política travestida de notícias. Sem dúvida é bom achar positivas essas pequenas ações pró-democracia que estão ocorrendo, mas sempre deve levar em conta que, se aconteceram traições anteriores, elas podem se repetir. As boas e as más política são como marés: elas vão e voltam. Fiquem alertas, portanto. É isso.
*Jornalista
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