Sarney e os 40 anos da democracia: “Sem Constituição, não haveria transição”

Por Ana Dubeux, Denise Rothenburg e Carlos Alexandre de Souza

Do Correio Braziliense

Aos 94 anos, o ex-presidente José Sarney tem um motivo especial, em 2025, para reafirmar sua trajetória única na política brasileira. No próximo 15 de março, completam-se 40 anos de um capítulo dramático da história nacional: a posse como presidente da República. Na véspera, o presidente eleito, Tancredo Neves, havia sido submetido a uma cirurgia de emergência no Hospital de Base de Brasília. Para Sarney, aquelas semanas foram críticas para a recém-renascida democracia brasileira. “Enfrentei problemas quase intransponíveis”, relembra o ex-chefe do Palácio nesta entrevista ao Correio.

Uma das frentes mais delicadas era com os militares. Sarney lembra-se de dois personagens importantes nessa jornada: Leônidas Pires, “o melhor ministro do Exército que já tivemos” e Ulysses Guimarães. Em relação a este último, o ex-presidente lembra da recomendação expressa de se aprovar uma nova Carta Constitucional, em meio às ameaças institucionais. “Ulysses, sem Constituição, não tem transição, porque a Constituição é que vai marcar a transição”, disse Sarney à época.

São memórias como essas que justificam, segundo Sarney, uma intensa comemoração de quatro décadas de regime democrático sem hiato. “Estamos num caminho irreversível”. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista e assista no YouTube do Correio.

Olhando toda a sua trajetória até aqui, como enxerga o Brasil de hoje?

Em primeiro lugar, eu, que sou um homem religioso, sou possuído de uma grande gratidão pela graça da vida que Deus me deu. Então, todos os dias, nas minhas orações, de manhã e de noite, a primeira coisa é agradecer. Vejo o Brasil com otimismo. Muitas vezes, todos nós temos certas dúvidas sobre o destino do país. E até começamos a duvidar daquela expressão usada por Stefan Zweig, que escreveu o livro “Brasil, o país do futuro”. Parece que é difícil a gente responder isso, quando a gente vê que ficamos muito atrasados na área de tecnologia. Tomamos uma decisão errada, de esperar sermos autossuficientes nessa matéria. O resultado é que nos atrasamos grandemente. Agora estamos verificando todo o mundo preocupado com a inteligência artificial, que é realmente o grande instrumento de mudança da civilização.

E onde estão os avanços?

Nós já resolvemos alguns dos problemas mais difíceis que os países mais desenvolvidos não resolveram. Não temos problema de raça, de fronteiras, de religião, não temos problemas que significam grandes divisões da sociedade, coisa que países como os Estados Unidos, como a Europa, de uma maneira global, ainda não resolveram. E agora eles têm os problemas da imigração em massa. E o Brasil não tem esses problemas. Por outro lado, nós somos o continente que ainda não teve os seus anos dourados. Assistimos aos anos dourados da Europa, aos anos dourados da Ásia e, sem dúvida nenhuma, nós vamos assistir aos anos dourados da América do Sul.

Estamos completando 40 anos de democracia, mas entramos em uma profunda polarização política. Como sair desse redemoinho?

Quando estive com Deng Xiaoping (o líder supremo da República Popular da China entre 1978 e 1992), perguntei: “Como o senhor vê os 50 anos futuros da humanidade?” E ele me respondeu: “Os senhores, do Ocidente, não sabem o que é o tempo. Nós aqui sabemos o que é o tempo”. Eu digo, evidentemente. Os chineses têm 6.000 anos de civilização e quase todas as conquistas. Nós tivemos algumas. Essa é uma coisa que eu aprendi com ele.

O que isso traz para o contexto brasileiro?

A gente precisa ter a perspectiva do tempo. Nós tivemos 40 anos de democracia, estamos celebrando este ano a nossa volta ao regime democrático. E criamos instituições tão fortes que elas resistiram a dois impeachments e a uma tentativa de mudança de regime, como estamos vendo na apuração que está sendo feita pelo Supremo Tribunal Federal. Estamos num caminho irreversível. Nós não teremos mais, de maneira alguma, tipos de ações que nós tivemos. Acho até que os presidentes não sofrerão essas tentativas permanentes de golpe. Mas, para isso, temos um encontro marcado com uma mudança política profunda que no Brasil ainda não ocorreu. Temos que fazer essa reforma, que é muito difícil.

Qual reforma?

Uma reforma de caráter eleitoral, de caráter do próprio regime e com as experiências que tivemos. Precisamos evitar essas constantes instabilidades políticas que nós temos. E isso é muito da Constituição de 1988, que eu acho muito boa nos capítulos dos Direitos Humanos e dos Direitos Individuais e dos Direitos Sociais. Mas há alguns pontos que precisamos ver. Por um lado, essa capacidade de alterar a Constituição de modo mais rápida do que fazer um projeto de lei. Nós já temos cento e tantas emendas constitucionais. Por outro lado, há a judicialização da política, no momento que a Constituição permite que todo mundo, a toda hora, faça uma proposta de inconstitucionalidade. E o Supremo vive abarrotado dessas propostas de inconstitucionalidade.

Qual a consequência dessa disfuncionalidade?

Essa judicialização da política nos leva à politização da Justiça. Se nós levamos aos tribunais questões políticas para eles resolverem, evidentemente eles vão se habituando, como se habituaram, a resolver questões políticas. E daí, muitas vezes, podem cometer excessos que são muitas vezes apontados. Ultimamente, nós temos visto isso. E também a política deixa de ser um processo normal, para ser um processo de apelo cotidiano ao Judiciário, para que ele possa resolver o que, em um regime normal, se lida dentro dos partidos políticos.

Mas há problemas nos partidos.

De fato. Eles não têm democracia interna. Nós não temos vivência de partidos políticos. Basta dizer que é de 1946 a Lei Agamenon Magalhães, que nós voltamos a ter partidos nacionais. Antes, nós tínhamos partidos estaduais. Isso provocou um atraso muito grande em relação a países como Chile, Argentina, Uruguai. Eles têm partidos centenários, há uma grande vivência partidária e, por consequência, a formação de lideranças. Nós, sem tradição partidária, não temos formação de lideranças. E hoje estamos sentindo essa falta.

A ditadura também contribuiu para esse cenário.

A coisa pior que a revolução fez, sob o ponto de vista político, foi a extinção dos partidos. Porque, bem ou mal, eles eram uma escola de formação de liderança. E com essa extinção, queria estabelecer dois partidos por decreto, o Arena e o MDB. Sabemos que isso não existe. Por decreto não se cria, como não se resolve por decreto a inflação, também não se resolve por decreto a formação de liderança.

O senhor diz que é preciso uma mudança política radical. O que funcionaria melhor?

Sou partidário do parlamentarismo. Eu propus, na Constituinte, que o último ano meu fosse dedicado à preparação do país para o parlamentarismo moderado.

O semipresidencialismo?

Eu digo semiparlamentarismo (Risos). Porque o presidencialismo só funcionou em países muito ricos. No resto, não tem funcionado bem. Acho que o voto uninominal é responsável por essa bagunça da fidelidade política, né? Porque, quando se sai de uma eleição, os adversários são aqueles que participam do partido, da legenda. São eles que disputam entre eles mesmos. Não é uma disputa entre partidos, é uma disputa intrapartidos. Isso é uma coisa que tem que acabar. Eu sou partidário de termos o voto distrital, quer dizer, misto. Que aquele que uma parte parlamentarista e outra parte proporcional. Pode votar na lista ou o termo de escolha também dos candidatos, pela votação que esses candidatos majoritários obtiveram que se conta como legenda.

E como se deu essa discussão sobre o parlamentarismo à época?

Durante o tempo da Constituinte, eu tive que sustentar o presidencialismo, porque não era parlamentarismo o que eles queriam. Eles queriam era um ano do meu mandato. Por quê? Porque tinham feito uma montagem da comissão de sistematização na qual só podia ser derrubado o projeto da comissão se houvesse dois terços do plenário. Esse era o golpe. Ora, isso era impossível.

E o que aconteceu?

Quando esse projeto chegou ao plenário, o Congresso ficou 30 dias sem poder votar, porque todo mundo derrubava. Então Ulysses me procurou e disse: “Sarney, você precisa me ajudar. Não vai ter Constituição”. E eu respondi: “Ulysses, sem Constituição, não tem transição, porque a Constituição é que vai marcar a transição. Nós não podemos ficar com uma transição democrática que deixa uma emenda constitucional que nos regula, cujo preâmbulo é esse: ‘O ministro do Exército, da Marinha e da Aeronáutica decretam a seguinte emenda constitucional.’ Isso é impossível. Então, vamos fazer uma coisa conjunta, para que possamos aprovar a Constituição”. E nós aprovamos a Constituição, que eu tive o orgulho de ser o primeiro a jurar defender. E fui o primeiro também a ter condições de começar a implantá-la, o que não foi fácil. Foi muito difícil.

Qual foi o momento mais difícil da transição?

Eu enfrentei alguns problemas que consideravam quase intransponíveis. Em primeiro lugar, o problema dos militares. A anistia tinha sido feita, eu tinha participado da elaboração da lei com Petrônio (Portela), com Franco Montoro, com Ulysses, com todos. Ela foi a base pela qual nós pudemos fazer o projeto de engenharia política que nos levou à transição. E, na anistia, as Forças Armadas queriam que nós fizéssemos para os dois lados. A oposição tinha uma resistência muito grande, achava que a anistia devia ser só para o lado civil. O Petrônio nesse ponto negociou bem. O (Ernesto) Geisel participou disso, eu participei também. Com isso, nós pacificamos toda a área das Forças Armadas.

Como era a relação com os militares naquele tempo?

Logo no princípio do governo, fiquei sabendo que 70% dos militares ainda tinham muita restrição a meu respeito. Eles achavam, com o (general João Baptista) Figueiredo à frente, que eu os havia abandonado. Na realidade, foi o contrário. Eu estabeleci duas diretrizes em relação às Forças Armadas. Primeiro, que sendo eu o comandante-em-chefe, eu que zelaria por elas. Não queria mais aquelas manifestações de ordem do dia com mensagens subliminares. E, ao mesmo tempo, estabeleci que a transição seria feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Quer dizer, elas deveriam colaborar no processo de transição democrática. E realmente colaboraram. Com isso, nós voltamos as Forças Armadas aos quartéis. Demos a elas a função que eu disse a Leônidas (Pires) — aliás, o melhor ministro do Exército que já tivemos: “Leônidas, você tem que dar o que eles têm que fazer”. E o Leônidas, então, resolveu modernizar o Exército. E as Forças Armadas se dedicaram a essa função e abandonaram aquela coisa de, não tendo que fazer, buscavam a política, na qual elas se metiam. E essa coisa foi tão forte que, nós vemos, nos últimos episódios, que foram as Forças Armadas que realmente repeliram qualquer mudança ou intromissão no regime.

O senhor está falando agora dos fatos de 2022?

Sim, estou falando dos últimos fatos, de 2022, e também alguns fatos durante o meu governo. Que hoje aqui eu não quero de maneira nenhuma revelar. Tem muita gente que já morreu e tem muita gente que está viva. Houve tentativas, que foram bastante…

E o senhor contou com o apoio de quem?

Contei com apoio das Forças Armadas que não participavam disso. Uma vez o ministro Leônidas — e isso é uma revelação que eu vou fazer vocês —, me chamou e me disse que alguns civis — eu não quero dizer o nome, nem vou dizer, guardo até hoje — o estavam procurando para que ele convocasse eleições gerais. De modo que eles me forçariam a renunciar ou a ser deposto. Leônidas, depois de algum tempo, me procurou e disse: “Olha, eles estão me procurando para fazer isso e eu não vou recebê-los mais lá. É uma conversa na que eles estão querendo avançar e que não me agrada”. Eu disse: “Não, Leônidas, você faz o seguinte: ouve até o fim. Não sai, porque senão eles vão procurar outro general, que vai aderir a eles e vai nos criar caso”. E aí Leônidas cortou todos eles.

Ele teve um papel importante nesse processo todo.

Sim, um papel importante nesse processo todo. Foi uma transição muito difícil. Vocês hão de recordar que eu soube que ia assumir a Presidência às 3 horas da manhã do dia 15. Não tinha participado da escolha do governo. Todos os ministros foram escolhidos pelo Tancredo Neves. Muitos eu nem conhecia. Eu não tinha participado da elaboração do programa de governo. E por iniciativa mesmo minha, eu não tinha querido participar da escolha de qualquer auxiliar do governo: ‘Eu quero ser um vice-presidente fraco de um presidente forte’.

E o que o senhor fez?

Fiz o que tinha de fazer: me legitimar. Para me legitimar, abri todas as frentes. Fiz a anistia para todos os sindicalistas todos — que atingiu o Lula, atingiu a todos aqueles daquele tempo. A partir dali, os sindicatos não precisavam mais do ministério para fazer. Resgatei os partidos que estavam na clandestinidade, permiti eleições para todos os municípios e eleição para as capitais. Já naquele ano. Até o Ulysses me procurou: “Ô, Sarney como é que vamos fazer eleição com esses problemas todos?” Eu disse: “Ulysses, Tancredo podia retardar porque ele tinha um capital político muito grande. Mas eu estou em processo de legitimação e tenho que fazer imediatamente isso. E vou fazer porque eu acho que a minha convicção é de que se deve fazer imediatamente”.

Ou seja, havia um sentido de urgência na instalação da democracia?

Havia uma urgência e uma resistência muito grande, também, dos Autênticos (Autênticos do PMDB, ala do partido que defendia uma punição mais rigorosa aos militares). Era uma pressão muito grande sobre mim. Ulysses veio falar comigo: ‘Você dá um sinal a eles’. Eu respondi: ‘Nessa coisa, Ulysses, ninguém pode dar sinal. Nós não ganhamos através das armas. Nós ganhamos por um processo de negociação, um processo de engenharia política e, portanto, nós temos é que realmente atender (às demandas dos militares). Nós não temos armas para dar sinal. Nós somos civis, e o Brasil é uma construção civil. Basta ver que, logo depois da Independência, a primeira coisa que nos preocupamos em fazer foi uma Constituição. Para ter uma monarquia constitucional.

O senhor chegou a dizer que a Constituição deixaria o país ingovernável. Como avalia hoje?

Fiz isso no processo de nós marcharmos para fazer uma Constituição. Aqueles excessos que estavam sendo feitos foram corrigidos. Eram os processos vindos da comissão de sistematização e que alguns sobreviveram dentro do texto constitucional. Nós ainda temos 200 e poucas emendas constitucionais previstas dentro da Constituição. Que absurdo, né?

O senhor foi a maior autoridade do país e presidente do Senado por três vezes. Como enxerga o desgaste entre o Executivo e o Legislativo em relação às emendas?

Isso é falta de ampliar o diálogo. E falta também de lideranças que se imponham à classe política. Essas lideranças que estão surgindo, participando do processo, de certo modo, são novas, ainda não têm uma grande experiência. Então, os velhos continuam a ser imprescindíveis. (Risos)

A nossa democracia sofreu riscos lá atrás. Ela ainda sofre? Está consolidada?

A democracia é um processo de consciência de cada um de nós. Nesse processo, o que a democracia traz, em primeiro lugar, é a liberdade. O coração da democracia é a liberdade. Quando ela traz a liberdade, ela tem um poder criativo que faz com que existam parlamentos, instituições fortes, que só podem existir num processo de liberdade. É aquela definição do Churchill de que a democracia é um regime muito ruim, mas não há outro melhor. Tem outra dele que acho mais precisa, relativa à democracia como o regime da liberdade: quando batem na sua casa às 6 horas da manhã, você tem absoluta tranquilidade de que é o leiteiro ou o padeiro. Nunca é a polícia.

O que pensa da denúncia da Procuradoria Geral da República contra acusados de promover um golpe contra a democracia?

Isso é uma demonstração da democracia. É um processo que está correndo na Justiça, naturalmente, os acusados terão o direito de defesa. Agora, eu me choco, sob o ponto de vista humano e político, dessa coisa inacreditável de assassinato do presidente, do vice-presidente e de um ministro do Supremo Tribunal Federal. É o que eu disse. Desde que as Forças Armadas voltaram aos quartéis, dedicaram-se às atribuições que tinham, elas não respaldarão jamais um processo de queda do regime democrático. Nós instituímos o regime democrático e estamos num processo de consolidação e já atravessando muitos casos difíceis, como os de impeachment.

Ou seja, a nossa democracia passou no teste.

Não no teste, ela passou na estrutura.

O 8 de janeiro foi um dos piores momentos para o Brasil?

Aquilo foi uma coisa lamentável, terrível, que chocou a todos nós. Mas eu acho que, estruturalmente, não foi o momento mais difícil que nós tivemos. Os momentos mais difíceis foram realmente os processos do Collor — o da Dilma não, que foi um processo meio forçado. O processo do Collor foi difícil porque vinha logo da saída da transição. Ele tinha me atacado muito, e os nossos índices econômicos não tinham sido bons naquele momento. Então, foi muito difícil. Outro momento difícil foi fazer as eleições presidenciais naquele tempo que o Lula ganhou a eleição. A meu ver, foi muito mais sério do que esse problema atual. Nesse episódio do 8 de janeiro, de certo modo, eles começaram por uma baderna. Os outros problemas nasciam na parte estrutural das lideranças do país.

E sobre a anistia aos neogolpistas?

Esse é um problema do Congresso. De avaliação política, vamos dizer, eu já estou na fase de garantias, né? (Risos)

Mas tem gente que diz: “Se não tiver anistia, não tem pacificação do país”. E outros dizem que, com anistia, aí é que haverá guerra. Haverá guerra mesmo?

Esse processo de enfrentamento é deformado, mas faz parte da própria democracia — que tem seus problemas. Vejam vocês agora os Estados Unidos. Que problema eles estão vivendo com o Trump, né? Problemão.

O Trump vai ajudar Bolsonaro nesses processos aqui do Brasil?

O Trump tem uma personalidade de prejudicar os personagens do mundo. Nunca ele se envolveu em ajudá-los. Nem os aliados dele, que são ocasionais.

O que vem pela frente com Donald Trump, que, em um mês, já botou o mundo meio que de cabeça para baixo?

Nunca pensei que os Estados Unidos tivessem um presidente ou chegassem a um momento em que eles também tivessem um movimento popular de invadir o Congresso para forçar o não reconhecimento pelo Senado Federal do presidente da República, conforme a Constituição americana. Era uma coisa que eu jamais podia pensar. Entretanto, fizeram. E nós estamos com um presidente da República condenado em processo judicial. E a própria sociedade americana no momento já está colocando Trump como rei.

No seu artigo publicado sexta-feira no Correio, o senhor fala de ódio. Ódio, não.

Evidentemente, porque a gente vê no país uma radicalização inaceitável. O Brasil não é para isso. O brasileiro cordial, que se falou tanto, está na raiz do Brasil. Nós não temos vocação para esse radicalismo. Ele é antiBrasil.

Mas está difícil sair desse radicalismo, hein?

Eu volto ao Deng Xiaoping. O tempo vai nos tirar do radicalismo, e esses grupos vão ver que isso não leva a nada. E terão de aparecer líderes que vão se formar no Brasil.

Mas o senhor já enxerga essas lideranças novas?

Elas podem crescer, se afirmar e se projetar em termos de futuro. Eu vivi um período áureo de lideranças. Graças a elas, eu vi, ao longo do tempo, nós atravessarmos problemas como o suicídio de Getúlio, a renúncia do Jânio, a posse do Jango. Em tudo isso, eu participei como assistente algumas vezes, outras vezes como testemunha, e outras como protagonista até.

Como avalia o terceiro mandato do Lula? Ele já esteve com o senhor?

O Lula, e eu o apoiei por isso, foi o primeiro presidente operário no Brasil. Não podemos mais nos queixar sobre os elitistas. Tivemos general, tivemos advogados, médicos, sociólogo, tivemos todo mundo. E tivemos um operário. Eu achei que isso coroava o regime e a transição que nós tivemos para a democracia. Eu fiz uma amizade com ele que, hoje, não é quase política, é pessoal. Porque velho gosta de consideração, e ele tem muita consideração comigo. Eu disse a ele: “Presidente Lula, velho gosta de agrado e gosta de ser bem tratado. O senhor não precisa mais (de mim como político), não tenho mais ingerência nenhuma”.

O senhor, inclusive, o acompanhou depois que ele passou a faixa presidencial para Dilma Rousseff.

Foi uma demonstração de amizade e de reconhecimento pelo governo que ele tinha feito. Ele pacificou o país.

Que diferença o senhor vê entre o Lula do primeiro mandato, do segundo e do atual?

Olha, Denise, você vai me desculpar, mas eu não vou fazer julgamento. Essa pergunta é mais contra mim do que contra o Lula. (Risos)

Voltando a 1985. Qual é a lembrança mais forte daqueles dias históricos?

Eu tenho uma lembrança muito forte da grande figura do Tancredo Neves. Porque foi ele que possibilitou a transição democrática. Ele foi escolhido candidato porque não se chocava com a área militar nem com os grupos políticos opositores a ele. Então ele possibilitou que se fizesse essa união.

O senhor se recorda de algum episódio particular?

Quando participamos da escolha do Tancredo para a presidência, o processo passava pelo Aureliano Chaves (então vice-presidente da República), que era seu adversário em Minas Gerais. Quando eu, o Jorge Bornhausen e o Marco Maciel fomos ao Aureliano, ele disse: Eu quero uma carta do Tancredo, se comprometendo comigo. Porque eu conheço o Tancredo de Minas Gerais, etc”. Aí eu, pelo menos, disse: a coisa está perdida, não vamos fazer porque o presidente Tancredo não vai querer fazer carta.

E o que aconteceu?

Quando chegamos no Tancredo, fomos surpreendidos. Ele disse: “Oh, mas Aureliano sabe, eu vou fazer imediatamente a carta. Aureliano deve saber que nós, em Minas, só fazemos uma carta quando recebemos a resposta antes”. (Risos) Esse era o Tancredo, né? E ele fez uma carta muito boa e que não dizia nada. (Risos). E Aureliano não nos mostrou a carta; quem nos mostrou foi o próprio Tancredo. Ele era um grande homem, um estadista. Ele não transigia em princípios, mas em mecanismos de superação, em processos, ele era muito capaz.

Por quê?

Há uma coisa que acho formidável no Tancredo, que mostra como ele era. Na morte do Getúlio, ele chorava no túmulo do presidente e fez um discurso. Mas não foi um discurso de vingança, como foram todos os outros naquele tempo. Ele disse: “Que o sangue do presidente não seja uma divisão do Brasil. Que esse gesto não divida o Brasil”. Então, ele mostra o conciliador que sempre foi.

Quando foi a última conversa com Tancredo?

A última foi com o Aureliano Chaves e Marco Maciel. Aureliano me telefonou para que nós fôssemos lá, porque ele queria indicar um nome para a Eletrobras. E o Tancredo já tinha escolhido o nome do Bhering (Mario Penna Bhering), que era diretor presidente da Companhia de Energia de Minas Gerais — aliás, um homem extraordinário. Ele pintou aquela aquarela ali (Sarney aponta para o quadro na sala de estar). Bonita, né?

E o que houve?

O Aureliano chegou e falou: “Tancredo, eu vim aqui propor…”. Aí o Tancredo respondeu, batendo na minha perna – eu estava do lado dele: “Aureliano, eu já escolhi Mario Bhering para presidente da Eletrobras”. Aí, Aureliano disse: “Surpresa nossa, né?” Porque Aureliano era também um homem de temperamento forte. Aí, ele disse: “Tancredo, você é o presidente. Se você fez essa escolha, está feita”. Saímos eu e Aureliano. Na saída, Tancredo me disse uma única coisa: “Eu estou dizendo que estou com problema de garganta, para que esses jornalistas não me persigam”. Eles estavam na porta. E assim era o Tancredo. Ele tinha muitos gestos de conciliação, mas ele não transigia das coisas que ele achava que eram de sua atribuição.

E com os militares?

Também conversei muito com ele sobre o problema de nós pacificarmos a área militar. E ele também estava de acordo. Ele tinha colocado o comandante em Minas Gerais e pedido ao Geisel para indicar o nome do SNI. Então, ele tinha tido o cuidado de cobrir essas áreas todas.

Ele também estava preocupado com os militares?

Sim. Aliás, era muito justo. Por aí era que passaria a nossa transição. Nós teríamos que ter o apoio deles para poder atravessar os problemas que eu tive que enfrentar, e não o Tancredo. Essa dificuldade caiu no meu colo.

Quando foi que o senhor caiu na real?

Quando eu tive que ser o presidente da República. Eu nunca pensei nisso. No Maranhão, quando se nasce, se pede ‘Academia”. As parteiras até já conhecem, os meninos choram ‘Academia’, e não a presidência, né? De repente, eu era o presidente da República. Isso me fazia profundamente perplexo. Quando me comunicaram a morte do Tancredo, eu saí para chorar e orar.

Como foi conviver com ministros que o senhor não tinha escolhido?

Eu encarnei o próprio Tancredo. Comecei a dialogar.

Por que se deve comemorar a redemocratização?

Nós devemos comemorar. Eu, inclusive, disse ao presidente Lula sobre os 40 anos de democracia. É o maior período de democracia que já tivemos sem nenhum hiato. Devíamos fazer uma comemoração grande, porque essa comemoração fortifica a democracia. Não é uma comemoração por comemorar. Nós devemos ficar felizes porque estamos chegando aos 40 anos. Mas, ao mesmo tempo, isso significa que nós estamos pedindo ao povo brasileiro, à história, a tudo, a continuidade do regime democrático e as excelências desse regime.

Falou com mais alguém?

Também falei com o presidente da Câmara de que devíamos ter comemorações nesse sentido. Eles me convidaram para uma comemoração muito grande no Panteão da Pátria, que vai ser feita pela Fundação Astrojildo Pereira.

Como o senhor espera ser julgado pela História?

Eu acho que o meu lugar é o daquele homem que foi surpreendido pela morte do Tancredo e conseguiu transmitir ao Brasil a consolidação do regime democrático. Acho que, nesse ponto, eu tenho uma grande participação. O meu temperamento e a minha formação intelectual ajudaram o Brasil naquele momento. Atravessei todos os instantes procurando fazer essa transição, sabendo o que ela significava para o Brasil. Eu tenho, de certo modo, algum conhecimento de História. Tinha vivido muito a experiência, participei de muitos governos, tinha enfrentado muitos problemas. Então, eu julgava que sabia o que ia enfrentar. Estava preparado para isso.

O que o senhor fez?

Aí, eu fiz o Plano Cruzado, que não era apenas um plano econômico, era também um plano político. Sem o Plano Cruzado, não teríamos levado a Câmara, o Senado e os governadores a dar suporte a uma Constituinte. Fazer uma constituinte numa transição democrática é uma coisa que não se viu em lugar nenhum do mundo. Nenhum país da América Latina fez. E nós proporcionamos isso. Eu e o Alfonsín (Raúl Alfonsín, ex-presidente da Argentina), com o Mercosul, exigimos a cláusula democrática. Além de Portugal e Grécia, foram transições democráticas muito visíveis naquele tempo.

O senhor recebeu muitas críticas em vários momentos. Essas críticas todas eram destinadas à sucessão presidencial.

Nós tínhamos muitos candidatos: Brizola, Covas, Fernando Henrique, Montoro, Ulysses. Esses candidatos todos estavam querendo que tivéssemos a eleição logo, o mais rápido possível. Eles estavam interessados em apressar a eleição, enquanto eu e Ulysses, preocupados com a transição democrática. Por isso que, de certo modo, ele julgava que no momento em que proclamasse a Constituição, o povo brasileiro iria reconhecê-lo. Tanto que o Collor uma vez chegou a ele e disse: “Dr. Ulysses, o senhor não acha que eu posso ser seu vice-presidente?” Ulysses respondeu: “Cresça e apareça”.

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Do g1 Pernambuco

Brigas generalizadas neste último domingo (23) de prévias de carnaval em Olinda acabaram com 29 pessoas na delegacia, incluindo três menores de idade. Duas pessoas feridas nos confrontos foram hospitalizadas por causa da gravidade dos ferimentos. Imagens fortes mostram a confusão no meio da rua (veja vídeo abaixo).

De acordo com a Polícia Militar (PM), cerca de 150 pessoas participaram das brigas, que aconteceram na Rua Eduardo de Morais, um dos corredores de acesso ao desfile das Virgens do Bairro Novo, tradicional bloco carnavalesco de Olinda.

Os nomes das pessoas presas e as idades dos três apreendidos não foram informados pela PM. Também não foi divulgado para qual hospital as duas vítimas foram levadas; por isso, não foi possível obter informações sobre o estado de saúde das pacientes.

Em nota divulgada sobre o caso, a PM informou que:

  • policiais militares do 1º Batalhão estavam fazendo rondas quando se depararam com o confronto generalizado;
  • a equipe policial ajudou a levar as duas vítimas para uma unidade de saúde;
  • as 29 pessoas detidas foram levadas para a Delegacia do Varadouro, em Olinda.

O g1 entrou em contato com a Polícia Civil para obter outras informações sobre essas detenções, mas a corporação informou que não localizou o boletim de ocorrência referente a esse caso.

Outras prisões em prévias

No dia 16 de fevereiro, nas prévias de carnaval em Olinda, 31 pessoas foram presas pela Polícia Militar. Os detidos, que não tiveram nome e idade divulgados, estavam marcando confrontos entre si, promovendo distúrbio e desordem, além de assustar foliões que curtiam a festa, segundo a PM.

Jaboatão - Combate Dengue

Do g1

A plataforma de vídeos Rumble e a empresa Trump Media & Technology entraram, no sábado (22), com uma nova ação na Justiça dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

As empresas questionam a decisão de Moraes que, na sexta-feira (21), mandou bloquear o Rumble no Brasil, impôs multa diária de R$ 50 mil e determinou a indicação de um representante da plataforma no país.

No documento, Rumble e Trump Media pedem a concessão de medida cautelar para não serem obrigadas a cumprir as determinações de Moraes. A ação pede uma medida de cumprimento imediato.

“Na ausência de intervenção judicial imediata e medida cautelar, os requerentes sofrerão ainda mais danos irreparáveis, incluindo a perda de liberdade [prevista na] Primeira Emenda [da Constituição americana], desafios operacionais adicionais e uma erosão permanente da confiança do usuário”, diz o documento ao qual a TV Globo e o g1 tiveram acesso.

A Rumble é uma plataforma de vídeos similar ao YouTube, do Google. Lançada em 2013, a rede social é bastante popular entre conservadores nos EUA. Ela diz que sua missão é “proteger uma internet livre e aberta” e já se envolveu em diversas controvérsias.

A plataforma tem negócios com o grupo de comunicação de Trump e também já recebeu investimentos de pessoas próximas do republicano, inclusive o atual vice-presidente dos EUA, J.D. Vance.

Na nova ação apresentada, as empresas afirmam que Moraes está ignorando canais legais e “deliberadamente contornando a supervisão do governo dos EUA”.

Processo nos Estados Unidos

Na quinta-feira (19), a plataforma já havia apresentado à Justiça dos Estados Unidos uma ação contra o ministro Alexandre de Moraes. O processo foi aberto em conjunto com o grupo de comunicação Trump Media & Technology Group, do presidente dos EUA, Donald Trump.

As empresas acusam Moraes de censura e pedem que ordens do juiz brasileiro para derrubada de contas de usuários do Rumble não tenham efeito legal nos EUA.

No texto, a acusação afirma que a base para a abertura do processo foi o bloqueio de Moraes de contas no Rumble de uma série de usuários, incluindo um “muito conhecido”.

Segundo a decisão, trata-se do blogueiro Allan dos Santos, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que vive nos Estados Unidos. Alexandre de Moraes já havia determinado anteriormente a prisão do blogueiro, que é considerado foragido pelo STF.

As exigências de Moares incluem:

  • apresentação de um representante legal no Brasil;
  • bloqueio do canal de Allan dos Santos e de novos cadastros;
  • interrupção de repasses financeiros ao influenciador.

Outras redes sociais, como YouTube, Facebook, Twitter e Instagram, já haviam sido notificadas anteriormente e cumpriram as determinações.

Conheça Petrolina

Da CNN Brasil

Pesquisa AtlasIntel exclusiva para o programa GPS CNN de sábado (21) aponta que a maioria da população vê culpa de Jair Bolsonaro (PL) na acusação de que ele tentou dar um golpe de Estado após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

A maioria acredita que o ex-presidente será preso, mas avalia também que as investigações contra ele são imparciais.

O levanto traz ainda mais dados sobre a percepção dos brasileiros.

Sobre o plano de golpe:

  • 51,7% acham que Bolsonaro participou de um plano de golpe;
  • 40,5% não acreditam no envolvimento do ex-presidente;
  • e 7,8% não souberam responder.

Prisão, anistia e julgamento

Quando questionados se Bolsonaro deveria ser preso, anistiado ou julgado em liberdade:

  • 52,5% acham que ele deveria ser preso;
  • 27,2% anistiado;
  • e 17,7% que deveria ser julgado em liberdade.

Qualificação das investigações

Já diante da pergunta sobre as investigações:

  • 53,8% acreditam que elas são completamente imparciais;
  • 29,7% acham que o inquérito foi completamente enviesado;
  • 1,6% acham que são menos imparciais do que deveriam;
  • e 14,9% não souberam responder.

“O fato de a maioria da população brasileira acreditar que Jair Bolsonaro participou de planos para um golpe de Estado em 2022 indica três pontos importantes: 1) que o ex-presidente deixou marcado no imaginário popular a imagem de alguém que eventualmente poderia, sim, se envolver em alguma trama golpista; 2) que se desfazer dessa imagem não será uma tarefa fácil, principalmente por ser uma construção que vem de décadas e não apenas dos anos em que foi presidente; 3) e que isso afeta diretamente as pretensões eleitorais de Bolsonaro no futuro”, disse ao GPS CNN Yuri Sanchez, diretor da AtlasIntel.

Para ele, “há registros, ao menos desde 1999, de Jair Bolsonaro defendendo que a Constituição garante a intervenção das Forças Armadas para a manutenção da lei e da ordem e declarando que fecharia o Congresso caso fosse presidente da República, dizendo que daria golpe no mesmo dia”.

“Isso faz com que, para uma parcela considerável da população, não haja um grande estranhamento com o que as investigações trazem a respeito do envolvimento de Bolsonaro na trama de 2022”, complementa.

Sobre a maioria entender que as investigações são imparciais contra ele, o diretor da Atlas Intel cita a confiança nas instituições.

“A pesquisa revela que continua existindo uma chancela popular ao processo legal que está sendo conduzido. Nesse sentido, há boas notícias para a confiança nas instituições.”

E complementa: “Em novembro de 2024, em pesquisa realizada também para o GPS CNN, já havíamos mostrado que 60% confiavam nas investigações da Polícia Federal que geraram o indiciamento entregue à Procuradoria Geral da República (PGR).

Na sequência, Sanchez avaliou que “agora em nova etapa, com a denúncia realizada pela PGR e entregue ao STF, há uma maioria de 54% que considera as investigações do caso imparciais, contra 30% que acreditam que são enviesadas”.

“Esse é um resultado importante, dado que o caso é de extrema relevância no debate político e na sociedade, além do ponto de vista jurídico. Embora haja espaço para melhora, a confiança no devido processo legal é crucial para superarmos a percepção de impunidade ou favorecimento de políticos ou poderosos por parte da justiça, que mina a democracia”, concluiu.

Dulino Sistema de ensino

Do jornal O Antagonista

O prefeito de Araraquara, Dr. Lapena (PL), acusa a gestão de seu antecessor, Edinho Silva (PT), de deixar dívidas que somam R$ 1,1 bilhão. 

Os números foram apresentados pelo secretário de Administração, Roberto Pereira, durante audiência na Câmara Municipal na noite de sexta-feira (21). 

A dívida, segundo a prefeitura, inclui R$ 212 milhões em obrigações de curto prazo, R$ 562 milhões em débitos de longo prazo, R$ 60 milhões em serviços contratados ainda não executados, R$ 195 milhões em processos judiciais e R$ 42 milhões em despesas não empenhadas, as chamadas “pedaladas fiscais”.

A maior parte dessas pedaladas fiscais, 75%, seria referente à área da Saúde, comandada pela então secretária Eliana Honain.

A administração de Lapena tenta buscar apoio do governo estadual para levantar recursos e aliviar as finanças municipais. A Câmara Municipal também foi solicitada a apoiar medidas para sanar as finanças.

Em resposta às acusações, Edinho Silva usou as redes sociais para se defender e afirmou ter deixado um superávit orçamentário de R$ 16,4 milhões e R$ 137 milhões em caixa.

“Fechamos 2024 com superávit orçamentário de R$ 16,4 milhões, além de R$ 137 milhões em caixa! Cada real do orçamento público foi investido para melhorar a vida da nossa gente e construir uma cidade preparada para o futuro”, escreveu no Facebook.

A Prefeitura de Araraquara refutou a versão apresentada pelo ex-prefeito petista. Segundo o governo de Lapena, a administração anterior omitiu a existência de contratos sem empenhos, o que gerou uma dívida não registrada.

O tema das “pedaladas fiscais” também foi abordado durante uma sessão da Câmara Municipal em 11 de fevereiro, quando vereadores ironizaram a situação utilizando capacetes de ciclista.

A polêmica surgiu devido à aprovação de um projeto de lei que autoriza a abertura de um crédito adicional de R$ 42 milhões, que visa cobrir despesas não empenhadas da gestão de Edinho Silva.

O crédito adicional deverá ser utilizado para quitar débitos acumulados, como contas de energia elétrica, serviços médicos e locação de veículos.

Ipojuca No Grau

Do Poder360

A malária causou nove mortes entre indígenas em território brasileiro em 2024, uma redução de 71,8% em relação às 32 mortes em 2023.

Porém, os dados do Ministério da Saúde, obtidos pelo Poder360 via LAI (Lei de Acesso à Informação), mostram que o maior número de mortes e infecções entre os povos indígenas nos últimos anos se deu durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em 2024, o painel epidemiológico do MS registrou 54.975 casos da doença entre indígenas em áreas indígenas, o maior número em 12 anos. Em 2023, foram registradas 32 mortes, o maior índice desde 2012.

Transmitida pela picada de fêmeas infectadas do mosquito Anopheles, a malária é uma doença endêmica na Amazônia Legal, que abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

A propagação da malária é influenciada por fatores climáticos (temperatura, umidade, altitude), antrópicos (desmatamento, mobilidade populacional, garimpo) e pela estrutura dos serviços de saúde. Essas condições fazem da região amazônica o principal foco da doença no Brasil, concentrando 99,98% dos casos registrados em 2023.

Segundo o Ministério da Saúde, casos de morte entre indígenas foram registrados em quatro Estados: Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, totalizando 135 mortes de 2010 a 2024.

A maior parte das mortes ocorreu em Roraima (79) e no Amazonas (54) no mesmo período.

O último boletim epidemiológico do MS sobre a malária no Brasil registrou um aumento de 41,2% nos casos da doença em áreas indígenas em 2023 em relação a 2022. Leia a íntegra.

De acordo com o ministério, esse crescimento está relacionado à “ampliação da cobertura dos serviços de saúde”, especialmente depois do decreto de Emergência em Saúde Pública, emitido no início de 2023, em resposta à crise sanitária e nutricional no Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) Yanomami. O MS destacou uma “melhora” nos processos de notificação e identificação de casos.

“Para fins de comparação, o número de exames realizados no território Yanomami aumentou cerca de 38,7% entre 2022 e 2023 e 83,1% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023”, informou o ministério.

Yanomami

A situação mais grave é observada na comunidade Yanomami. Cerca de 30.000 indígenas da etnia vivem em uma reserva de 96.000 km² demarcada nos Estados de Roraima e Amazonas.

O grupo contabiliza 102 das mortes totais pela doença registradas desde 2010. Os anos mais críticos para o grupo foram de 2020 a 2023, quando foram registrados 74 óbitos.

As ações do Ministério da Saúde na Terra Indígena Yanomami são conduzidas, principalmente, pelo COE Yanomami (Centro de Operações de Emergência em Saúde Yanomami).

Criado em 26 de janeiro de 2023, o centro é responsável por coordenar estratégias de resposta à emergência sanitária, mobilizar recursos para restabelecer os serviços de saúde e articular ações com gestores estaduais e municipais do SUS.

Mas segundo a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), mais de dois anos depois da declaração de Emergência em Saúde Pública por causa da falta de assistência à população Yanomami, a crise sanitária continua sem solução.

A entidade diz que os casos de malária no território subiram de 14.450 em 2023 para 18.310 no primeiro semestre de 2024. A alta motivou a Apib a questionar o Governo Federal em ofício ao STF (Supremo Tribunal Federal). Leia a íntegra.

O documento também menciona uma “falha” do MS em garantir transparência nas ações voltadas para os Yanomami. Além disso, ressalta a necessidade de dados atualizados e contínuos sobre a situação no território e as mortes na região.

“Uma vez que a ausência de periodicidade nas informações públicas, bem como o longo período no qual são elaboradas, denota uma ausência de compromisso com o repasse de informações adequadas para que se possa realizar um balanço das informações apresentadas”, declarou a Apib no documento.

Com base na petição, o ministro do STF Luís Roberto Barroso determinou em 6 de fevereiro que o governo federal explicasse o aumento de casos da doença no território Yanomami. Eis a íntegra.

O outro lado

O Poder360 procurou o Ministério da Saúde para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito dos casos de malária entre indígenas. Em nota, o ministério disse que o governo tem atuado para reverter “anos de negligência”. Leia a íntegra:

“O governo federal reafirma que vem promovendo, desde 2023, a maior operação já realizada pelo Estado na Terra Indígena Yanomami para reverter o abandono herdado e garantir a proteção e a recuperação das condições de vida dos povos indígenas.

Todas as informações solicitadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) serão prestadas dentro do prazo estabelecido, assegurando o compromisso com a transparência e a continuidade das ações.

Em dois anos de atuação intensiva e coordenada, envolvendo 33 órgãos federais, foram reduzidas em 95% as novas áreas de garimpo, afastando a principal causa da destruição do território e das condições de vida dos Yanomami.

No âmbito da saúde, com ações realizadas pela Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, o Estado garantiu o funcionamento 100% dos polos-base do território, ampliando em 155% o número de profissionais e reabrindo todas as unidades de saúde que estavam fechadas, o que resultou na reinclusão de mais de 5.200 indígenas que estavam desassistidos.

Como resultado, houve uma redução de 27% no número de óbitos no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior, com quedas expressivas em mortes por desnutrição (-68%), infecções respiratórias (-53%) e malária (-35%).

Com a ampliação da busca ativa e do acesso ao diagnóstico oportuno e tratamento, houve aumento de 73% no número de exames de malária realizados e, consequentemente, também aumento dos casos reportados, mas com queda de letalidade.

Além disso, foram implantados 29 sistemas de abastecimento de água no território, com outros 18 em construção ou em reforma. E a distribuição de mais de 114 mil cestas de alimentos.

O plano estratégico do governo é coordenado pela Casa de Governo, instalada em fevereiro de 2024, em Boa Vista (RR), que consolidou uma presença permanente do Governo Federal na região, coordenando a retirada de invasores e a recuperação da infraestrutura local.

O governo federal segue atuando de forma estruturada e contínua para reverter anos de negligência e garantir que os povos Yanomami tenham autonomia, dignidade, assistência e segurança em seu território, reafirmando seu compromisso com a defesa dos direitos indígenas e a soberania nacional.”

Caruaru -IPTU 2025 - 20%

O Baile Municipal do Recife chegou à sua 59ª edição no sábado (22), reunindo milhares de foliões em uma noite marcada por frevo, forró e música popular brasileira. O evento contou com a presença do prefeito João Campos, que destacou a importância da festa para a abertura do Carnaval.

“É uma alegria participar de mais um Baile Municipal da cidade. Sabemos que o baile também funciona como uma abertura do Carnaval. Foram sete horas de frevo ininterruptas, com grandes atrações e dois grandes homenageados, Elba Ramalho e Marrom Brasileiro. E a gente convida todo mundo para brincar o Carnaval. De hoje em diante é festa, é alegria”, afirmou.

A edição deste ano homenageou a cantora Elba Ramalho e o cantor Marrom Brasileiro. Um dos momentos mais marcantes da noite foi a apresentação de Luiz Caldas, que interpretou sucessos como “Fricote” e “Haja Amor”. O baile também reuniu artistas como Duda Beat, Almério, Isadora Melo e Nena Queiroga, garantindo a animação do público.

Além da celebração, o Baile Municipal tem caráter beneficente desde 2013, destinando parte da renda para instituições sociais. Ao longo dos anos, mais de 50 entidades já foram beneficiadas, somando mais de R$ 6,3 milhões arrecadados. Neste ano, a bilheteria será revertida para seis instituições, entre elas o Coque Conecta e o Instituto Fênix – Recuperando Vidas.

Camaragibe Cidade do Trabalho

Por Houldine Nascimento

Do Poder360

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), ficará no comando do ministério, conforme apurou o Poder360. Seu nome foi ventilado para assumir a SRI (Secretaria de Relações Institucionais) – responsável pela articulação do governo com o Congresso – em razão da iminente entrada de Alexandre Padilha (PT) na Saúde para substituir Nísia Trindade na reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará. O chefe do Executivo quer definir as mudanças até sexta-feira (28), antes do Carnaval.

A nova reforma ministerial abrirá mais espaço para o Centrão, em um momento de baixa popularidade de Lula. Pesquisas de avaliação demonstram uma queda na aprovação de seu governo. Líder do MDB na Câmara, o deputado alagoano Isnaldo Bulhões é o nome mais forte neste momento para assumir as Relações Institucionais.

Conta a seu favor a proximidade com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Lula busca definir a situação de aliados, como o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cotado para assumir o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) no lugar de Geraldo Alckmin (PSB), que ficaria só como vice-presidente.

O presidente também vem dando sinais de que está insatisfeito com alguns de seus auxiliares. No sábado (22), disse que nem ministros sabem quais são as ações do governo.

A declaração foi dada durante a celebração do aniversário de 45 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores, no Rio de Janeiro.

“Fiz uma reunião ministerial mais ou menos há 20 dias. E eu descobri na reunião, Gleisi, que o ministério do meu governo não sabe o que está fazendo. Não sabe. Se o ministério não sabe, o povo muito menos”, declarou.

A última reunião de Lula com os 38 ministros do governo se deu em 20 de janeiro de 2025.

Toritama - Prefeitura que faz

Após oito anos sem apoio municipal, a Prefeitura de São José do Egito voltou a patrocinar o Galo da Travessa, um dos eventos pré-carnavalescos mais tradicionais da cidade. A festa, realizada no sábado (22), reuniu mais de 10 mil pessoas nas ruas e se consolidou como um dos maiores eventos do calendário local.

Com o investimento da gestão municipal, o evento contou com um grande trio elétrico e a apresentação do cantor Japãozin, atração principal da noite. O show aconteceu na Rua da Baixa, marcando a chegada do bloco e animando o público presente.

O prefeito Fredson celebrou o retorno do apoio ao Galo da Travessa e destacou a importância da festa para a cidade. “São José do Egito tem uma forte tradição carnavalesca, e eventos como este movimentam nossa economia, aquecem o comércio e trazem alegria para o nosso povo. Depois de oito anos sem apoio, era fundamental retomar esse investimento e garantir que o Galo da Travessa voltasse ainda maior e mais bonito”, afirmou.

Belo Jarfim - Cidade Limpa

Da Gazeta do Povo

Internado desde 14 de fevereiro devido a uma pneumonia bilateral, o Papa Francisco segue em estado crítico. De acordo com novo boletim médico divulgado na tarde deste domingo (23), o pontífice não apresentou mais crises respiratórias, mas exames de sangue dão conta de que Francisco sofre agora de uma insuficiência renal leve, mas o quadro está sob controle da equipe médica da Policlínica Gemelli, em Roma.

Ontem, o comunicado do Vaticano informava que o Papa, de 88 anos, passou o dia “sentado na poltrona” e apresentava sinais de trombocitopenia (número de plaquetas no sangue abaixo do normal), associada à anemia. De acordo com o registro de hoje, o quadro segue estável.

A grande preocupação da equipe médica italiana da clínica Gemelli, no momento, é um possível risco de que a infecção no trato respiratório do paciente possa ser transmitida para a corrente sanguínea. “A complexidade do quadro clínico e a espera necessária para que as terapias farmacológicas deem alguma resposta fazem com que o prognóstico permaneça reservado”, completou o boletim.

Durante a manhã de hoje, no apartamento do 10º andar do centro de saúde, Francisco participou da missa com todos os que estão cuidando dele nestes dias de internação. “Nos últimos dias recebi muitas mensagens de carinho e fiquei particularmente comovido com as cartas e desenhos das crianças. Obrigado por esta proximidade e pelas orações de conforto que recebi do mundo inteiro. Confio a todos à intercessão de Maria e peço que rezem por mim”, comentou Francisco.

A Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes realizou ontem um grande mutirão de serviços no Curado IV. A iniciativa reuniu as Secretarias Municipais de Saúde e Infraestrutura no combate às arboviroses, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya. A ação contou com 80 Agentes de Combate às Endemias (ACEs) e 150 profissionais da Secretaria Executiva de Conservação Urbana e Patrimonial.

Além das visitas aos imóveis e da ação educativa, durante o mutirão foram realizados serviços de capinação, limpeza de linha d’água, remoção de entulhos, pintura de meio-fio, dentre outros. A população foi orientada sobre o descarte correto do lixo e a evitar o acúmulo de materiais como pneus, vasos e outros recipientes que possam reter água e se tornar criadouros do mosquito Aedes aegypti. 

Assim como a ação realizada no bairro de Cajueiro Seco, no início de fevereiro, a escolha do Curado IV foi baseada no resultado do 1º LIRAa, o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti, que apontou o bairro como situação de alerta. “Atuar na prevenção e eliminar os focos do mosquito é assegurar o bem-estar dos jaboatonenses. Estamos atuando com a integração das diversas Secretarias Municipais, mas é muito importante o trabalho de conscientização, com a população fazendo também a sua parte neste combate”, destacou o prefeito Mano Medeiros. 

“Manter as caixas d’água e os reservatórios fechados, limpar as calhas e eliminar recipientes que podem acumular água são ações que todos podem fazer, em suas casas, para prevenir o surgimento das arboviroses”, reforçou a secretária municipal de Saúde, Zelma Pessôa.

Da BBC News Brasil

O partido de centro-direita União Democrata-Cristã (CDU) deve vencer as eleições parlamentares da Alemanha neste domingo (23), com 30% dos votos, indicam pesquisas de boca de urna.

As pesquisas também confirmam o avanço da legenda de direita radical Alternativa para Alemanha (AfD) que deve se tornar a segunda maior força política no país, com um recorde de 20% dos votos, de acordo com a boca de urna.

Líder da CDU, Friedrich Merz terá a missão de formar um novo governo alemão, no lugar do chanceler Olaf Scholz, da coalizão de centro-esquerda do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). O partido de Scholz terminou em terceiro lugar, segundo a boca de urna.

Merz falou a apoiadores na sede do seu partido neste domingo. Ele elogiou uma “campanha eleitoral fantástica”, mas falou sobre seu “respeito por nossos oponentes políticos”. “Agora vamos conversar juntos e é importante formar um governo o mais rápido possível… O mundo lá fora não está esperando por nós”, disse o líder dos democratas cristãos.

“Todo mundo no mundo vê que a Alemanha tem um governo confiável e digno de confiança”, acrescentou ele. “Esta noite estaremos comemorando e a partir de amanhã retomaremos nosso trabalho.”

Aos 69 anos e com 1,98 m de altura, Merz é um conservador social, pró-negócios e de discurso direto, que passou anos aguardando sua chance.

Ele faz parte do partido da ex-chanceler Angela Merkel, com quem travou disputas no passado sobre a liderança da CDU. Ofuscado por Merkel desde 2002, ele acabou deixando a política, atuou nos conselhos de bancos de investimento e passou a pilotar aviões como um hobby.

Ele disputou a liderança do partido, mas perdeu para Merkel em 2018 e depois para Armin Laschet, que acabou sendo derrotado na eleição alemã de 2021. Merz então assumiu o comando da CDU e concorreu sob o slogan “Uma Alemanha da qual possamos nos orgulhar novamente”.

Ele prometeu controles permanentes nas fronteiras e regras de asilo mais rígidas para restringir a imigração, além de reduzir impostos e cortar 50 bilhões de euros em gastos com assistência social para reaquecer a economia alemã. Também se comprometeu a reforçar a ajuda à Ucrânia.

No entanto, ele provocou forte reação antes das eleições ao tentar endurecer as regras de imigração para contar com votos do partido de extrema-direita Alternativa Para a Alemanha (AfD), o que acabou não dando certo.

Embora Merz tenha descartado qualquer aliança com o AfD, a ex-chanceler Angela Merkel disse que ele estava “errado” ao aceitar os votos do partido, e ele enfrentou grandes protestos. Merz também prometeu uma liderança mais firme da Alemanha na Europa e maior apoio à Ucrânia, sem descartar uma futura adesão do país à Otan.

Votação histórica da AfD

As pesquisas boca de urna mostram que a AfD será a segunda força na política do país — conquistando uma votação histórica para o Parlamento alemão.

O copresidente do partido, Tino Chrupalla, diz que está “muito orgulhoso do partido”, após as pesquisas de boca de urna deste domingo (23). “Estávamos unidos, nossa campanha foi direcionada e fomos disciplinados”, disse ele, ao lado da copresidente Alice Weidel. “Podemos realmente provocar uma mudança histórica”, afirmou, acrescentando que o partido “está sempre abertos a negociações”.

Outros partidos têm sido inflexíveis em não formar uma coalizão com a AfD. Mas Chrupalla diz que seu partido recebeu “um mandato para provocar mudanças políticas”.

Ao longo da última década, a AfD tem sido um dos partidos que mais cresceu junto ao eleitorado alemão. O partido é liderado por Weidel, uma mulher lésbica e conservadora que se tornou popular entre os eleitores jovens no TikTok, principalmente homens.

A AfD propõe medidas como a saída da União Europeia, a volta do marco alemão no lugar do euro como moeda nacional, o reestabelecimento de relações com a Rússia, a desativação de usinas eólicas e uma política de “remigração” — com deportação de cidadãos alemães baseado nas suas etnias.

Novo governo

Nas eleições desde domingo, estavam sendo disputados 630 assentos no Parlamento alemão. As eleições para o chamado Bundestag normalmente ocorrem a cada quatro anos. A próxima estava prevista para 28 de setembro de 2025, mas foi antecipada devido ao colapso do governo Scholz.

A coalizão governante será formada pelos partidos que conseguirem juntos mais de 50% dos assentos. Isso quer dizer que os conservadores CDU e CSU precisam se somar a outras legendas.

No entanto, Friedrich Merz descartou formar uma coalizão com o partido de extrema-direita AfD, o que limita suas opções de parceiros de governo.

Isso torna mais provável um acordo com os Sociais-Democratas (SPD), de Scholz, embora haja resistência dentro do partido devido a disputas recentes sobre migração. Scholz disse neste domingo que os resultados das eleições são “amargos” para seu partido, chamando-os de “derrota”.

Falando com apoiadores em Berlim, o chanceler alemão disse que é um momento “em que temos que reconhecer que perdemos a eleição”. Na eleição anterior, ele disse, o partido teve um resultado “melhor” pelo qual ele foi “responsável”, acrescentando que esse resultado “é pior, e eu sou responsável por isso também”.

Da BBC News Brasil

Em uma coletiva de imprensa neste domingo (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que estaria disposto a “abrir mão” da presidência do país em troca da paz.

“Se for necessário que eu deixe este cargo, estou pronto para isso, e também posso trocá-lo pela adesão da Ucrânia à Otan”, disse Zelensky, referindo-se à aliança militar dos países da Europa e América do Norte.

A Rússia se opõe consistentemente à ideia de que a Ucrânia se torne membro da Otan, temendo que isso traga forças da aliança militar para mais perto de suas fronteiras.

Zelensky enfatizou ainda que seu foco está na segurança da Ucrânia agora, e não daqui a 20 anos, deixando claro que não é seu “sonho” permanecer presidente por uma década.

O mandato presidencial de Zelensky expirou em maio do ano passado. No entanto, a Ucrânia está sob lei marcial desde a invasão russa em fevereiro de 2022, o que suspendeu as eleições presidenciais.

Em novembro, todos os partidos do parlamento ucraniano apoiaram o adiamento das eleições até o fim da guerra, e Zelensky prometeu realizar uma nova eleição assim que o conflito terminar.

As declarações do ucraniano aconteceram após a Rússia lançar o seu maior ataque único de drones em três anos de guerra.

Na segunda-feira (24), líderes mundiais irão à Ucrânia para discutir garantias de segurança para o fim da guerra – Zelensky disse que espera que seja um “ponto de inflexão”.

Minerais para os EUA?

O presidente ucraniano também se pronunciou sobre as exigências dos Estados Unidos por uma participação nos minerais de terras raras da Ucrânia — um “acordo” que o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou refletir a quantidade de ajuda que os americanos forneceram ao país durante a guerra.

Inicialmente, Zelensky rejeitou essas exigências, mas agora afirma: “Estamos prontos para conversar sobre minerais” com os americanos. “Estamos prontos para compartilhar”, mas ressalta que os EUA precisam fazer Putin “acabar com esta guerra”.

Ele reitera que a Ucrânia precisa de garantias de segurança, e que os acordos preliminares oferecidos até agora não são o que o país deseja. Ainda assim, Zelensky afirma que as negociações estão avançando.

O presidente também foi perguntado sobres as recentes declarações de Trump, que classificou o ucraniano como “ditador”. Zelensky disse: “Eu não chamaria as palavras de Donald Trump de um elogio”. “Eu não fiquei ofendido, mas um ditador ficaria”, acrescentou ele com um sorriso.

Ucrânia e Otan

Zelensky tem defendido há muito tempo que a Ucrânia se torne um membro da Otan.

A aliança militar foi formada em 1949 por 12 países ocidentais, com o acordo de que, se um membro fosse atacado, os outros ajudariam a defendê-lo. O objetivo era conter o avanço da então União Soviética.

A Segunda Guerra Mundial acabara quatro anos antes, e os soviéticos que haviam ajudado a derrotar a Alemanha nazista emergiam, principalmente por questões ideológicas, como o maior adversário da Europa Ocidental e dos Estados Unidos.

Ou seja, a aliança militar nasceu de uma rivalidade com a Rússia, o principal país-membro da URSS, numa oposição entre dois campos: o capitalista e o comunista.

Hoje, a Otan conta com 32 membros, espalhados pela Europa e América do Norte. O mais recente membro foi a Finlândia, que quebrou uma longa política de neutralidade para ingressar na aliança após o início da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, com a qual compartilha uma fronteira terrestre.

A Rússia se opôs consistentemente à ideia de a Ucrânia se tornar membro, citando preocupações de que isso colocaria forças da Otan muito perto de suas fronteiras.

Para Vladimir Putin, a Otan serve como instrumento da política externa americana e exemplo da forte influência que o país exerce sobre seus aliados.

Recentemente, o Kremlin disse a Zelensky que “enxergasse a realidade”, quando o ucraniano sugeriu que a adesão à Otan fazia parte de seu “plano de vitória”.

A Otan anunciou que a Ucrânia poderia se tornar um membro em 2008, mas o chefe da aliança, Jens Stoltenberg, negou essa possibilidade, afirmando que a Ucrânia poderia ingressar “a longo prazo”, mas não até que a guerra termine.