Coluna da terça-feira

Os primeiros passos de Wolney

A primeira semana na missão desafiadora para o pernambucano Wolney Queiroz à frente do Ministério da Previdência Social não será nada fácil. Uma das missões será garantir a proteção de aposentados e pensionistas contra fraudes. O INSS estima que 4,1 milhões deles tenham sido alvo dos descontos irregulares, somando mais de R$ 6 bilhões.

Uma proposta de ressarcimento das vítimas deve ser apresentada nesta semana a Lula. “Sei que a tarefa é árdua, mas vou honrar a confiança do presidente Lula, do PDT e, principalmente, dos aposentados — afirmou o novo ministro. Desde que tomou posse, de sexta-feira para cá, Wolney já esteve com Lula, com o novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e com a ministra em exercício da Casa Civil, Miriam Belchior.

“Fizemos um alinhamento geral, passei um pouco do que o presidente da República me pediu e ouvi dela as orientações da Casa Civil. Fiz questão de dizer que eu tenho um estilo de trabalho compartilhado, eu escuto, consulto, pondero, mas também delego”, disse Wolney. Ele também se encontrou com o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias.

A AGU determinou a instauração de procedimento para averiguar a conduta dos agentes públicos e pessoas jurídicas alvos da operação da PF e da CGU. “Chegamos ao consenso de que, neste momento, é crucial, a partir do diagnóstico inicial das irregularidades, avançar na responsabilização dos infratores e na finalização da proposta do Plano de Ressarcimento Excepcional destinado aos aposentados e pensionistas”, afirmou o ministro Messias, nas redes sociais.

Sobre a conversa com o presidente do INSS, comentou: “Recebi Gilberto Waller. Foi uma conversa de cerca de duas horas com a minha equipe, com intensa troca de informações. O cargo de presidente do INSS é novo para ele, o cargo de ministro de Estado também é novo para mim. Estamos conscientes de que temos um enorme desafio em comum. E só vamos sair bem dele, se eu e ele estivermos alinhados e colaborativos. Essa é a nossa disposição”, afirmou.

CONVOCAÇÃO – Parlamentares de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendem convocar o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, para prestar esclarecimentos sobre a operação da Polícia Federal deflagrada contra fraudes no INSS. Ontem, o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Luciano Zucco (PL-RS), e a bancada do partido Novo na Casa protocolaram dois requerimentos de convocação ao ministro na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Zucco ressalta que Queiroz também teve ciência das irregularidades, na mesma reunião em que o ex-ministro Lupi tomou conhecimento do escândalo, mas que “nada foi feito para conter”.

Tiro no escuro – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o presidente estadual do União Brasil, Miguel Coelho, agora integrante da federação com o PP, de Eduardo da Fonte, disse que 2026 é, hoje, um cenário de incertezas no Brasil e no Estado e que qualquer aposta pode ser um tiro no escuro. “A federação está nascendo agora. Não sabemos sequer se essa federação estará alinhada a um candidato ao Planalto em coligação ou disputa com candidatura própria”, disse, adiantando que se a federação tiver candidato em faixa própria à Presidência da República isso pode levar a uma candidatura da federação a governador de Pernambuco. “Mas tudo isso são apenas elucubrações”, ressaltou.

Olho no Senado – Sobre seu novo “casamento político” com Eduardo da Fonte, presidente da federação em Pernambuco, Miguel fez rasgados elogios ao novo aliado e disse que seu único entendimento com ele, hoje, é trabalhar arduamente pelo crescimento e fortalecimento da federação no Estado. “Eleições 2026 só vamos discutir no tempo certo. Hoje estamos num mesmo lado e queremos trabalhar assim”, ressaltou. Miguel não nega que, dentro na nova federação, seu projeto majoritário passa pela disputa a uma das vagas de senador. “É um projeto, não uma imposição”, disse.

O STF e a anistia – Na sua passagem pelo Recife, ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, deixou claro que o Judiciário não pode estar envolvido nesse debate ideológico que há no Brasil. Sobre a proposta que tramita no Congresso Nacional para anistiar as pessoas que participaram da trama de golpe de estado, Dino disse que o Supremo só entrará nessa questão, caso alguma lei neste sentido seja aprovada e alguém entre com uma ação para derrubá-la. “O debate sobre leis é feito no Congresso. Se houver uma ideia de anistia, não é algo que o Supremo decida”, afirmou.

DESPESAS DAS ELEIÇÕES NA CONTA DO UB O Tribunal Regional Eleitoral gastou cerca de R$ 500 mil para bancar a eleição suplementar de prefeito de Goiana, mas, segundo a Lei das Eleições 9.504, essa conta pode sobrar para o ex-partido do ex-prefeito Eduardo Honório, que disputou pelo União Brasil sabendo que não seria diplomado nem empossado. Nestes casos, segundo o TRE, a responsabilidade das despesas recai sobre o partido dele. Segundo Orson Lemos, do TRE, isso já ocorreu em outros Estados. A decisão, entretanto, cabe à Advocacia Geral da União (AGU) em consonância com o TSE.  

CURTAS

AUMENTO 1 – A Câmara dos Deputados colocou na pauta desta semana o projeto que amplia o número de deputados federais. O texto é uma resposta da Casa à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Congresso atualize a distribuição de cadeiras com base nos dados do último Censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022.

AUMENTO 2 – A decisão do Supremo, no entanto, determina que seja mantida a quantidade de vagas na Câmara (513). Na prática, significa que o Congresso teria de ampliar bancadas em estados que tiveram aumento de população e, na mesma medida, reduzir as cadeiras dos que perderam população. Segundo projeções, sete estados sofreriam reduções.

PODCAST – Logo mais, das 18 às 19 horas, entrevisto o senador Humberto Costa no meu podcast “Direto de Brasília”, em parceria com a Folha de Pernambuco. A temática será as eleições internas do PT e suas implicações nos Estados.

Perguntar não ofende: O que João Campos deseja ao fazer rasgados elogios a Dudu da Fonte?