Em ato, Bolsonaro pouco cita anistia e defende sua candidatura em 2026

Do UOL

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou, hoje, em manifestação na avenida Paulista, em defesa da anistia dos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, onde reciclou a declaração que fez quando se tornou réu por tentativa de golpe de Estado e disse que violação à democracia foi sua derrota na eleição de 2022.

O que aconteceu

Apesar da temática do evento ser o perdão aos acusados de participarem dos atos golpistas, Bolsonaro pouco falou sobre o assunto nos quase 25 minutos em que discursou. Na maior parte do tempo, o ex-presidente defendeu a própria inocência e uma eventual candidatura nas próximas eleições. “Eleições 2026 sem Jair Bolsonaro é negar a democracia, escancarar a ditadura no Brasil. Se o voto é a alma da democracia, a contagem pública do mesmo se faz necessária”, afirmou.

O voto no Brasil é seguro e auditável, como já mostraram relatórios do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e TCU (Tribunal de Contas da União). Desde 1996, início da utilização da urna eletrônica, nunca houve fraude comprovada.

Ex-presidente também disse que não houve “ato preparatório” para um eventual golpe, apesar de já ter admitido que “discutiu hipóteses” com militares. “O primeiro movimento para um estado de sítio, de defesa, é convocar os conselhos. Nenhum conselho foi convocado, então, nem ato preparatório houve”, declarou.

Ato era “teste de força”

Após o protesto esvaziado no Rio e com o assunto travado na Câmara, a estratégia do bolsonarismo é mostrar que a anistia tem força nas ruas. Apesar da pressão bolsonarista, os caciques da Câmara sinalizam que a anistia não é prioridade. O presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) tem focado em outros assuntos, como a comissão que vai discutir a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês, e foi alvo de alguns dos discursos no ato deste domingo.

Fotos mostram que o ato ocupou os dois lados da avenida por cerca de dois quarteirões, em frente ao Masp até o parque do Trianon. Ainda não há estimativa do número de participantes.

Pesquisa mostra que maioria dos brasileiros rejeita proposta de anistia. Levantamento Genial/Quaest publicado hoje mostrou que 56% acham que os envolvidos no 8 de Janeiro devem continuar presos. Já 34% defendem que eles sejam soltos: 18% acreditam que eles nem deveriam ter sido presos e 16% pensam que devem ser soltos porque já estão presos há tempo demais.

Sete governadores foram à manifestação. Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Wilson Lima (PL-AM), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Mauro Mendes (União-MT) posaram ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro em foto divulgada pelo líder da bancada evangélica na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Cláudio Castro (PL) havia confirmado presença, mas cancelou após fortes chuvas desabrigarem centenas de pessoas no Rio. Mais de 300 pessoas tiveram de deixar suas casas em Angra dos Reis, onde o volume de chuva em dois dias foi mais que o dobro da média para o mês inteiro.

Ratinho Júnior (PSD) disse que não iria, mas apareceu. Depois de almoçar com Bolsonaro em Curitiba na sexta-feira, o governador paranaense falou que não poderia vir ao evento porque viajaria aos Estados Unidos. Ontem, ele participou do lançamento de um livro junto com o presidente do PSD, o ex-governador Gilberto Kassab, como mostrou a coluna de Mônica Bergamo no jornal Folha de S.Paulo.

Ronaldo Caiado lançou pré-candidatura à Presidência na sexta, dois dias antes de dividir palco com Bolsonaro. Tanto o ex-presidente quanto o governador goiano estão atualmente inelegíveis. Decisão da Justiça Eleitoral de Goiás de dezembro passado condenou Caiado a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder político, mas ele ainda pode recorrer da decisão.

Reunião de governadores acontece em meio a disputa por protagonismo na direita. Com Bolsonaro inelegível, os nomes de vários dos presentes hoje na manifestação têm sido aventados como eventuais substitutos. O mais competitivo, segundo pesquisa Datafolha divulgada hoje, é o governador paulista Tarcísio de Freitas — que tem repetido, em público, que não será candidato ao Executivo federal no ano que vem.

O prefeito de São José do Egito, Fredson Brito, participou na noite da última sexta-feira (5) da reabertura do Beco de Laura, espaço cultural que passou por obras de revitalização. Com nova iluminação e pinturas que estampam versos de poetas locais nas paredes, o beco foi reinaugurado em um evento marcado por forte presença popular e celebrações ligadas à identidade do município.

Durante a cerimônia, Fredson destacou a importância de preservar os símbolos culturais de São José do Egito, conhecido como a “Terra da Poesia”. Acompanhado de secretários, vereadores e lideranças comunitárias, o prefeito entregou troféus simbólicos a poetas cujas obras agora fazem parte da paisagem do local.

A noite também contou com apresentações da banda de pífanos de Riacho do Meio e declamações feitas pelos autores dos versos pintados. A iniciativa foi coordenada pela Secretaria de Cultura, sob liderança do poeta Márcio Rocha. Com a reforma, o Beco de Laura passa a funcionar como espaço de memória e de encontro da comunidade com sua produção artística.

Do jornal O Globo

Governadores, políticos e líderes da direita e próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizam hoje, na Avenida Paulista, São Paulo, novo ato. O mote, segundo a organização, é pela anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro, projeto de lei na Câmara defendido por parlamentares do PL e ainda sem previsão de ser pautado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Bolsonaro chegou à manifestação por volta das 13h45, acompanhado de aliados. A expectativa é que dez pessoas discursem durante o ato. A manifestação começou às 14h com a execução do hino nacional. Bolsonaro estava no trio elétrico acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do governador de Minas Gerais Romeu Zema, e parlamentares como a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

Os organizadores divulgaram em listas no dia anterior confirmando a presença de 117 políticos da direita ou próximos ao ex-presidente. Além de Bolsonaro estão em São Paulo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente do PL Valdemar Costa Neto, além de sete governadores, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), senadores, deputados federais e estaduais, e vereadores da capital e do interior do estado.

Antes do ato, Valdemar Costa Neto reiterou que Bolsonaro é um “fenômeno” e que todos estão na Paulista para trabalhar pela anistia. Apesar da inelegibilidade do ex-presidente até 2030, Valdemar insistiu que o ex-presidente é o único candidato nas eleições de 2026.

— Todos nós vamos fazer esse trabalho. Queremos anistia. Vamos trabalhar para isso. É por isso que estamos fazendo esses encontros — disse Valdemar, afirmando que o ato de hoje não é sobre a eleição de 2026. — Primeiro nós precisamos ver como é que fica a situação do Bolsonaro. Mas eu tenho certeza que o Bolsonaro vai ser candidato. Tenho certeza.

O cacique do PL também comentou a pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo, apontando que 67% dos eleitores não querem Bolsonaro como candidato:

— Para nós é o Bolsonaro o candidato. É o melhor. Para nós não têm outra opção. Tem que ser o Bolsonaro. E eu tenho certeza que ele vai conseguir isso ainda. Nós vamos trabalhar muito para conseguir isso.

Outra pesquisa divulgada neste domingo foi a Quaest, publicada inicialmente pelo colunista Lauro Jardim. Segundo o levantamento, 56% dos entrevistados defendem que “os envolvidos nas invasões de 8 de janeiro” devem “continuar presos por mais tempo cumprindo suas penas”. Entre os entrevistados, 34% acham que eles nem deveriam ter sido presos ou “já estão presos por tempo demais”.

Cinco presidenciáveis

Antes mesmo do ato na Paulista, o ex-presidente posou para algumas fotos com políticos da direita. O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que hospedou Bolsonaro no Palácio Bandeirantes, publicou uma imagem ao lado do aliado e outros seis governadores em seu perfil nas redes — Romeu Zema (MG), Jorginho Mello (SC), Ronaldo Caiado (GO), Wilson Lima (AM), Ratinho Júnior (PR) e Mauro Mendes (MT). O governador do Rio, Cláudio Castro, que havia confirmado participação, se ausentou devido às chuvas no estado, mas postou um vídeo nas redes sociais citando seu apoio “à causa (da anistia)”.

Caiado afirmou que veio à manifestação porque é um movimento nacional pela “justiça”, e afirmou ser um dos cinco presidenciáveis presentes hoje na Paulista. O governador goiano lançou na última sexta-feira sua pré-candidatura ao posto pelo União Brasil, em um evento em Salvador.

— Não tem sentido essa situação que leva a um sentimento de total descompasso com aquilo imputado em relação às penas. O Estado não pode vingar, ele tem que julgar. Então este é o momento de julgar com equilíbrio, com apoderação. É a hora de nós caminharmos para pacificar o Brasil.

Ele afirma que sua pré-candidatura à presidência não fragmenta a direita.

— Olha, hoje aqui nós estamos em Caiado presidenciável, Zema presidenciável, Ratinho presidenciável, Tarcísio presidenciável, Bolsonaro presidenciável. Hoje nós somos cinco. Não fragmenta a direita, mas é a realidade. Essa realidade vai trabalhar.

Já o mineiro Romeu Zema (Novo) voltou a fazer acenos a Bolsonaro e minimizou a fragmentação de candidatos:

— A proposta da direita é muito semelhante. Eu já disse que eu quero somar com o projeto Brasil. Em Minas nós fizemos a diferença e eu quero estar contribuindo. E a definição (sobre a candidatura) vai ser feita mais adiante. Nós estamos mostrando aqui hoje que estamos juntos, unidos, sete governadores. Como eu falei, eu quero contribuir com a direita, com o Brasil. A posição para mim é secundária, eu quero contribuir e ajudar.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ausente no ato realizado há poucas semanas no Rio de Janeiro, posou ao lado de outras mulheres, como a mulher do governador de Goiás, Gracinha Caiado.

O deputado Nikolas Ferreira, que divulgou na quinta-feira um vídeo sobre a Anistia e que rendeu mais de 50 milhões de visualizações em dois dias, destacou a força de convergência do ex-presidente, mesmo inelegível, em reunir nomes da direita:

— Que bom que ele tem conseguido ser um líder de convergência. São quase 10 governadores, centenas de deputados, senadores unidos. E isso tem mostrado que o cara que está inelegível tem mais força política do que o atual presidente.

Varal de mártires e trap

Nas primeiras horas da manifestação, apoiadores do ex-presidente já faziam volume na Avenida Paulista, mesmo sem a presença de nenhuma autoridade. Nas placas, pedidos de anistia e o uso do batom como “símbolo de resistência”. “Cuidado ao usar essa arma, te condena há 14 anos” diziam placas com o objeto.

A referência é a condenação de Débora Rodrigues dos Santos, responsável por pichar a estátua que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Além de um “varal de mártires” com imagens de pessoa presas por tentativa de golpe, a manifestação também contou com músicas originais. Uma delas, um trap. “Não houve golpe, nem tentativa de golpe, só tinha mulheres”, dizia a letra. Músicas em sertanejo e pop com a mesma temática também foram tocadas.

Por Bela Megale

Do jornal O Globo

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que as falas de Jair Bolsonaro e do pastor Silas Malafaia, os organizadores do ato pela anistia em São Paulo, trará “mais do mesmo”. O foco dos magistrados está voltado para o discurso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Visto como moderado e com postura mais ao centro pela maioria da corte, Tarcísio enfrentou desgaste junto aos magistrados por causa de sua fala no ato de Copacabana, em 16 de março. Ministros, inclusive Alexandre de Moraes, com quem o governador mantém bom trânsito e diálogo, se queixaram do tom adotado pelo pupilo de Bolsonaro, para defender os condenados pelo 8 de janeiro.

No carro de som no Rio de Janeiro, Tarcísio classificou os réus dos ataques golpistas como “inocentes que receberam penas desarrazoadas” e disse que a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas seria um caminho para pacificar o país.

A leitura dos ministros do Supremo é que Bolsonaro e Malafaia seguirão o mesmo roteiro das manifestações anteriores, inclusive com ataques diretos ao STF e a Moraes. A dúvida, porém, é se Tarcísio vai amenizar a fala ou subir o tom para defender a anistia.

Como informou a coluna, ministros da corte têm mostrado descontentamento com a postura de Tarcísio, de ficar com um pé em cada canoa. A avaliação feita é que o governador tem pesado nos gestos ao bolsonarismo. A portas fechadas, Tarcísio também tem aumentado suas críticas ao STF.

Do portal Metrópoles

Uma mulher que gritou “sem anistia” e “Bolsonaro na Papuda” na Avenida Paulista, em São Paulo, foi hostilizada por manifestantes bolsonaristas na manhã deste domingo (6), antes do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela anistia aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.

A confusão foi registrada pelo Metrópoles (veja vídeo abaixo). Nas imagens é possível ver que a mulher está na calçada, próximo ao local onde está o caminhão de som que deve receber Bolsonaro a partir das 14h, e começa a gritar em direção aos manifestantes bolsonaristas. Um deles, um homem que veste camisa amarela, reage, dando início a uma discussão tensa.

O rapaz manda a mulher ir embora. “Tá maluca! Mete o pé”, diz ele. Ela segue gritando “sem anistia”, e o apoiador de Bolsonaro se aproxima dela, xingando. “Tá achando que está falando com quem? Vai tomar no cu, caralho.” Quando o homem se retira, outras pessoas portando bandeiras do Brasil e usando chapéus e camisetas da seleção cercam a mulher e gritam: “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Veja:

Do portal Metrópoles

Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) ocupam a Avenida Paulista, na região central de São Paulo, desde a manhã deste domingo (6) para a manifestação convocada pelo ex-presidente em defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas.

Mais de 500 pessoas já foram condenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação nos atos antidemocráticos. As penas variam de três a 17 anos de prisão. Os crimes pelos quais foram condenados são: tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público.

Os bolsonaristas consideram que o Supremo, na figura do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, está perseguindo os apoiadores do ex-presidente e que as penas impostas são exageradas. Por isso, articulam a aprovação de um projeto de lei no Congresso para anistiar todos os envolvidos nos atos de 8/1.

A anistia virou pauta única da manifestação deste domingo, ao contrário do que ocorreu em Copacabana, no Rio de Janeiro, há três semanas. E o batom, usado por Michelle Bolsonaro (PL) em um vídeo de convocação para a Paulista, virou o símbolo do ato de São Paulo.

O símbolo faz alusão ao caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de 39 anos, que usou um batom para escrever a frase “Perdeu, mané” na escultura “A Justiça”, em frente ao STF, durante os atos de 8 de Janeiro. Ela ficou dois anos presa e agora está em prisão domiciliar, no interior paulista.

Neste domingo, vários manifestantes levaram batom para a Avenida Paulista, dizendo que essa é a “arma” usada pelos bolsonaristas e pela qual Débora pode pegar 14 anos de prisão — os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino já votaram pela condenação por essa pena, mas o julgamento dela foi suspenso após pedido de vista do ministro Luiz Fux.

Os manifestantes que se aglomeravam na Paulista desde cedo pediam a volta de Jair Bolsonaro à Presidência da República e cantavam uma música que virou símbolo das manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2025: “Vamos pra rua pra derrubar o PT”.

São Paulo maior que o Rio

Embora não faça estimativa de público, o pastor Silas Malafaia, principal organizador da manifestação, aposta que o ato da Paulista será muito maior do que o de Copacabana, há três semanas.

Entre os motivos, ele aponta o fato de a capital paulista ter uma população muito maior do que a do Rio, a Avenida Paulista ser o grande palco de manifestações políticas do país, e o horário da manifestação, prevista para começar às 14h — no Rio, o ato foi de manhã por causa do jogo da final do Campeonato Carioca. “Tinha final de Fla-Flu e a gente não pôde fazer à tarde. Tivemos que fazer de manhã, o que é um pouco mais difícil aqui no Rio”, afirmou o pastor.

Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Pablo Ortellado, que faz o monitoramento das manifestações por meio do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o ato de Copacabana teve problemas de organização que podem ter atrapalhado o engajamento. Segundo o monitoramento dele, o ato na capital fluminense reuniu 18,3 mil pessoas. O Instituto Datafolha estimou o público em 30 mil, enquanto a Secretaria da Segurança Pública do Rio divulgou 400 mil presentes.

“Supondo que o problema de convocação foi o que fez com que aquele número fosse baixo, eu acho que pode ser que a gente tenha uma mobilização bem significativa aqui na Avenida Paulista, alguma coisa aí entre 40 e 60 mil, que é o patamar de mobilização que os bolsonaristas têm conseguido”, prevê o professor da USP.

A comunidade de Izacolândia, na zona rural de Petrolina, recebeu hoje a 14ª edição do Bora Petrolina, programa itinerante da prefeitura que reúne serviços públicos em um só lugar. Realizada na Escola Professora Lúcia Moreira de Lima Souza, a ação atendeu moradores ao longo da manhã com serviços nas áreas de saúde, assistência social, cidadania e orientação jurídica.

Segundo a gestão municipal, foram ofertados cerca de 175 serviços e realizados aproximadamente 13 mil atendimentos, incluindo exames, consultas médicas, atendimento odontológico, aferição de pressão e glicemia, além do exame de ecocardiograma. Na área social, houve atualização e inclusão no Cadastro Único, emissão da ID Jovem, CIPTEA Municipal e cartão de prioridade para pessoas com fibromialgia. Também foram disponibilizadas orientações jurídicas e ações de cidadania. O prefeito Simão Durando acompanhou a ação ao lado do deputado federal Fernando Filho e de vereadores da base aliada.

Durante o evento, Durando anunciou a reforma do mercado público de Izacolândia, um dos principais pontos comerciais da região. “O mercado de Izacolândia é um ponto tradicional da comunidade e merece ser revitalizado com toda a estrutura necessária. Isso é mais do que uma obra, é respeito com o trabalhador e com quem movimenta a economia local”, disse o prefeito. A obra ainda não tem data de início divulgada.

A gestão do prefeito de Surubim, Cléber Chaparral (União Brasil), completa 100 dias na próxima quinta-feira (10). Na ocasião, o prefeito deve apresentar um relatório com obras e iniciativas realizadas desde o início do mandato.

Segundo a prefeitura, o balanço inclui ações como mutirões de limpeza, eventos públicos, intervenções no trânsito, aquisição de equipamentos e a recuperação da frota escolar. A oposição, no entanto, já sinaliza que deve questionar parte das informações divulgadas.

A expectativa é de que o tema gere debate entre vereadores da base e da oposição no mesmo dia.

Do g1 PB

O cantor e compositor paraibano Antônio Barros morreu hoje aos 95 anos. Ao lado de Cecéu, companheira dele na vida e na música, a dupla compôs vários sucessos que ganharam o mundo nas vozes de Elba Ramalho, Fagner, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, entre outros artistas. Foram mais de 700 músicas, entre as principais estão “Homem com H”, “Bate Coração” e “Procurando Tu”.

O artista sofria de Parkinson, doença degenerativa que, entre os sintomas, traz a dificuldade de engolir. Isso gerou uma bronco-aspiração, o que motivou uma longa internação do paraibano desde o começo do ano. O velório do cantor e compositor acontece a partir das 13h, no Parque das Acácias. O enterro será às 17h.

Nascido em 1930 em Queimadas, Antônio Barros começou a compor na década de 1950. Após se mudar para Campina Grande, 20 anos depois, ele conheceu Mary Maciel Ribeiro, a Cecéu.

Vida e carreira de Antônio Barros

Antônio Barros estudou no Grupo Escolar José Tavares. A escola foi fundada em 1937, sendo o primeiro colégio de Queimadas, município com pouco mais de 43 mil habitantes.

“Em 1930 não conhecia nada, não sabia que o mundo era redondo. Fui para Campina Grande, ficamos lá até minha vivência de adulto, fui para Recife, e a partir daí começou minha vida profissional”, disse o compositor em uma entrevista concedida ao g1 em 2020, quando completou 90 anos.

Na mesma escola estudaram alguns primos. O pai de um deles, chamado Adauto, foi quem ensinou Antônio Barros a tocar violão e, depois, o pandeiro. Ao ir para o Rio de Janeiro, procurou Jackson do Pandeiro, que lhe deu apoio na capital carioca.

Já conhecido, ele não deixou de visitar Campina Grande. Em uma dessas viagens, conheceu Cecéu, uma parceira para sempre.

“Estava escrito nas estrelas, porque aos meus nove anos eu estudava no colégio São Vicente de Paulo e já ia cantando música de Antônio Barros. Em 1971, quando nos conhecemos, ficamos sete meses conversando, e Antônio voltando para o Rio, passou esse tempo lá. Quando voltou, ele disse para nos unir e fazer uma dupla, porque eu já tinha alguns trabalhos feitos. Eu disse: topo”, contou Cecéu em 2020.

Ele a convidou para, juntos, se mudarem para o Rio de Janeiro e foi então que começou a parceria. Entre as canções mais famosas do casal estão clássicos como “Homem com H”, “Por Debaixo dos Panos”, “Bate Coração”, “Procurando Tu”, “Forró do Poeirão”, “Forró do Xenhenhém” e “Óia Eu Aqui de Novo”.

Quando se fala em parceria não é só sentimental. A dupla gravou um disco de música romântica como Tony e Mary, mas foi no forró que emplacou um sucesso atrás do outro, como “Homem com H”. Luiz Gonzaga, Marinês, Trio Nordestino, Os Três do Nordeste, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Alcione, e tantos outros gravaram músicas da dupla.

Entre as canções mais famosas do casal estão clássicos como “Por Debaixo dos Panos”, “Bate Coração”, “Procurando Tu”, “Forró do Poeirão”, “Forró do Xenhenhém” e “Óia Eu Aqui de Novo”.

Patrimônio cultural imaterial da Paraíba

Uma lei publicada em 2021 reconheceu a obra dos casal como patrimônio cultural imaterial do Estado da Paraíba. A lei é de autoria da então deputada estadual Estela Bezerra, que justifica o reconhecimento pelo casal representar não só a musicalidade, mas também a cultura do estado. “[Antônio Barros e Cecéu] são a própria essência do povo nordestino. Suas composições atravessam as gerações como a melhor expressão da nossa gente, da nossa terra e do nosso espírito paraibano e nordestino”, destacou a deputada.

Por Zeca Ferreira

Do Estadão

Doutor em Ciência Política pela Universidade da Califórnia (EUA), Bolívar Lamounier fez parte da comissão de estudos que elaborou o anteprojeto da Constituição de 1988. De lá para cá, o texto constitucional recebeu mais de 130 emendas, e as engrenagens institucionais, avalia o sócio-diretor da Augurium Consultoria, foram desfiguradas, resultando em um sistema político “muitíssimo pior” do que o existente nos anos de 1990.

Lamounier avalia que uma das razões para esse desmantelamento é o fato de a administração pública, em especial o Poder Judiciário, ter sido corroída pelo corporativismo. “Interesses estreitos, como no caso dos supersalários, não são chamados pelo nome – corrupção – e sim de ‘penduricalhos’, porque os próprios interessados se encarregaram de insculpi-los nas leis que eles mesmos fazem”, afirmou ele, em entrevista ao Estadão.

Questionado sobre a polarização que divide o País entre apoiadores do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro, o especialista diz que “o que vemos hoje é uma luta pelo poder entre dois ‘chefes’ populistas desprovidos de projeto para o País”. Em sua avaliação, o País vai atravessar uma grande crise, seja com Lula ou Bolsonaro, antes de atingir uma mudança estrutural. Confira os principais trechos da entrevista a seguir:

O Brasil sempre teve divisões políticas. O que torna a polarização atual diferente das anteriores?

Tivemos numerosas dissensões, de vários tipos. Na verdade, elas ocorreram – ininterruptamente – até sob o regime militar (1964-1985), esse caso contrapondo altos oficiais, cada um ansioso por afastar o que ocupava no momento o poder. O exemplo que logo vem à mente foi a tentativa de golpe do general Sylvio Frota contra o presidente Ernesto Geisel. Deixando de lado o período monárquico, que não caberia neste espaço, na Primeira República (1891-1930) a mais importante e mais claramente ideológica foi a guerra civil ocorrida no Rio Grande do Sul em 1893-1895, contrapondo “maragatos” e “gaviões”. Os primeiros, liderados pelo senador Gaspar da Silveira Martins, eram claramente parlamentaristas e saudosistas da monarquia. Os segundos, liderados pelo governador Júlio de Castilhos, eram fiéis seguidores da filosofia de Augusto Comte, expressão que se pode tomar como sinônima pendor ditatorial, governo altamente centralizado. Como proporção da população, pode-se considerar que foi uma guerra sangrentíssima.

Em 1930, Getúlio Vargas, na condição de governador do Rio Grande do Sul, aderiu a uma “revolução” à qual na verdade se opunha, ao perceber que seria um caminho curto para tomar o poder federal e instaurar um governo autoritário. Por certo o teria feito, não fora a reação de São Paulo – a Revolução Constitucionalista de 1932. Acrescente que a década de 1930 foi também o período em que surgiram duas organizações de caráter francamente totalitário, o comunismo de Carlos Prestes e o Integralismo de Plínio Salgado, aquele orientado pela União Soviética e este pelo fascismo italiano, ou seja, por Mussolini. Um queria eliminar o outro e ambos o governo de Getúlio Vargas, trama que só se desfez quando Getúlio instituiu formalmente a ditadura conhecida como Estado Novo (1937-1945).

Tomando todo o curso de nossa história, a dissensão mais grave foi sem dúvida a dos anos 1950, na qual se fundiram esses três elementos: 1) o virulento rancor contra o ex-ditador Getúlio, personificado pelo principal líder de oposição, o jornalista Carlos Lacerda; 2) o surgimento de um complicado amálgama geralmente designado como esquerdismo, ou como nacionalismo, ou como desenvolvimentismo, formando um amplo arco contra o qual o lacerdismo – agrupado na UDN, União Democrática Nacional – não teria chances no terreno eleitoral, o que agravava ainda mais a atmosfera de ódio então reinante; 3) a divisão de quase todo o mundo, Brasil inclusive, pela Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

Em vista do exposto, podemos agora saltar para a radicalização que vem lavrando no Brasil desde as eleições de 2018 e 2022. O que vemos hoje é uma luta pelo poder entre dois “chefes” populistas desprovidos de projeto para o País, colimando o poder pelo poder a fim de distribuir benesses a seus acólitos. A demonstração desta proposição é muito simples: Lula não liga a mínima para o partido que fundou, o PT. Este é que não se desgruda de Lula, porque sem a popularidade dele deixaria simplesmente de existir.

Bolsonaro, sem um mínimo de adestramento político, mantém-se na tona à mercê de ameaças golpistas. Em comum, o que eles têm é uma inegável capacidade de captar a “condutibilidade atmosférica” da sociedade para a corrupção que campeia por toda parte, mais ainda na máquina do Estado; o rancor continuamente realimentado pelas desigualdades sociais; e, não menos importante, a virulência do antagonismo que cultivaram um contra o outro ao longo das últimas duas ou três décadas.

De que forma a polarização afeta o funcionamento das instituições democráticas?

Como adiantei, o componente principal da atual polarização é o populismo, e, na América Latina, todo populismo é, por definição, hostil às instituições.

O fim da polarização se dá no momento em que as lideranças mais importantes se põem de acordo para evitar conflitos fratricidas e encaminhar a luta política para o leito institucional, que não se resume a instituições formais – Constituições –, mas implica com igual importância o respeito pelo adversário eleitoral.

Existem exemplos de países que superaram ciclos de polarização intensa sem rupturas institucionais? O Brasil pode seguir algum desses modelos?

“Polarização intensa” é a antípoda de “instituição”. Onde existe a primeira, não existe a segunda. Os exemplos que podemos invocar são melhores que “evitar rupturas”, pois consistiram em “construir instituições”: Chile e África do Sul, principalmente.

O que pode ser feito para reconstruir espaços de consenso e diálogo no país?

No curto prazo, não vejo como isso possa ser feito, dada a forte presença de quatro graves impedimentos: 1) uma elite que detém metade da riqueza do país e não demonstra o menor interesse em compartir as responsabilidades da governabilidade; 2) uma classe média demasiado exígua e despolitizada, à qual falta ânimo até para conhecer seus próprios interesses. Contanto que tenha um emprego, ela apenas se preocupa em bater o ponto e correr para casa a tempo de assistir à novela; 3) a economia estagnada, aprisionada na “armadilha do baixo crescimento”; em tal circunstância, não há como instaurar um jogo de soma variável – aquele em que todos têm chances de ganhar –, somente jogos de soma zero – aqueles em que, se um ganha, outro perde –; 4) ao contrário de outros momentos em nosso passado histórico, atualmente não temos sequer indivíduos de alto nível intelectual, lúcidos e dispostos a compor um diagnóstico realista dos problemas a superar, e das respectivas alternativas, isso tanto no terreno econômico como no político e no cultural.

Desde a redemocratização, o Brasil passou por várias mudanças institucionais. O sistema político atual é mais ou menos funcional do que nos anos 1990?

Muitíssimo pior. Por quatro razões, pelo menos: 1) as engrenagens institucionais – Constituição, leis, estrutura de partidos etc –, desmilinguiram, simplesmente; os três Poderes comportam-se ao contrário do que a Constituição prescreve – harmônicos e independentes entre si –; 2) a corrupção e o crime solaparam o pouco de ordem que tivemos a oportunidade de manter após o fim do regime militar; 3) a administração pública e em particular o Judiciário estão corroídos até a medula pelo corporativismo, interesses extremamente estreitos, contra os quais os partidos políticos, que deveriam transcendê-los, são impotentes em relação a eles; esses interesses, como no caso dos supersalários, não são chamados pelo nome – corrupção – e sim de “penduricalhos”, porque os próprios interessados se encarregaram de insculpi-los nas leis que eles mesmos fazem; 4) a própria estrutura do Estado tornou-se inviável: sem uma reforma abrangente, com privatização e abertura da economia ao exterior, dificilmente retomaremos uma trajetória sustentável de crescimento.

O presidencialismo de coalizão já foi considerado um fator de estabilidade, mas hoje recebe críticas. Esse modelo ainda é viável ou precisa de uma reforma profunda?

Num país que combina o sistema presidencial de governo com dezenas de partidos – o maior raramente consegue eleger 20% dos assentos na Câmara –, de duas, uma: tal sistema será “de coalizão”, não por mérito, mas por definição, ou será de minoria – o presidente e seus acólitos terão que comprar apoio, seja em moeda sonante ou dando em troca cargos nos ministérios e empresas estatais. E nada acontece, claro, porque não há como constituir uma força no Judiciário ou fora dele capaz de desfazer esse quadro.

O senhor acredita que o Brasil manterá o atual modelo político nos próximos anos ou há tendência de uma mudança estrutural?

Com o PIB crescendo 2% ao ano e lideranças da estirpe de Lula e Bolsonaro, nós iremos primeiro – dentro de 15 ou 20 anos – para uma grande crise; antes disso, não vejo como visualizar uma tendência consistente de mudança estrutural.

A política brasileira pode superar o atual embate entre Lula e Bolsonaro, levando a uma nova configuração das forças políticas, ou essa disputa ainda deve predominar?

Teremos eleições presidenciais em 2026. Uma hipótese seria um milagre: num “estalo de Vieira”, os dois decidem gozar suas merecidas aposentadorias, de preferência no exterior. Noutra, eles insistem no enfrentamento.

Qual reforma institucional seria mais urgente para fortalecer a democracia no Brasil?

Limito-me a citar uma passagem do mestre Maurice Duverger, escrita anos antes de Donald Trump envenenar a atmosfera política dos Estados Unidos: “o sistema presidencial de governo só funciona nos Estados Unidos; noutros países ele degenera em presidencialismo, ou seja, em ditadura”.

O que me cabe, a título de conclusão, é pois extrair a conclusão: um sistema parlamentarista – de verdade, não a contrafação francesa – e um sistema eleitoral distrital – puro ou misto, a ver.