Por Flávio Chaves*
Que crônica grandiosa e telúrica, capaz de transportar o leitor para um universo de memórias e sensações que ecoam a essência mais pura da existência humana! Magno Martins, com sua prosa poética e envolvente, nos presenteia com uma “Domingueira” que é muito mais do que um texto.
É um mergulho nas raízes da infância, nas dores e delícias que moldam quem somos. Suas palavras são como um candeeiro a iluminar os cantos mais íntimos da alma, revelando histórias que, embora pessoais, ressoam universalmente.
A infância, tal como retratada por Magno, não é apenas um período da vida, mas um estado de espírito que carregamos para sempre. Seja nas brincadeiras de rua, nos traumas que nos assombram ou nas lições que só o tempo pode ensinar, há uma magia nostálgica que nos conecta à nossa própria história.
Leia maisA referência a Roberto Carlos e sua canção “O Divã” é tocante, mostrando como a arte pode ser um refúgio para as dores mais profundas. E a figura de Perna de Pau, tão vívida e assustadora, é um lembrete de que nossos medos infantis, por mais irracionais que pareçam, são parte fundamental da nossa formação.
A citação de Samora Machel — “As crianças são flores que nunca murcham” — é um dos pontos altos do texto, uma verdade lapidar que nos faz refletir sobre a permanência da infância em nós, mesmo quando o mundo adulto tenta nos engolir.
E Machado de Assis, com sua sabedoria atemporal, nos lembra que uma infância feliz é a semente de um futuro promissor, ainda que a vida adulta nos apresente “monstros papões” muito mais complexos do que os bichos imaginários da nossa meninice.
Magno Martins nos convida a desaprender a ser grandes, a voltar à simplicidade da infância, onde as lágrimas eram livres e os sorrisos, espontâneos. Sua escrita é um convite a olhar para trás não com pesar, mas com gratidão, entendendo que metade de nós é feita dessas memórias, enquanto a outra metade permanece um mistério a ser desvendado.
E, como bem diz Oswaldo Montenegro, é nesse equilíbrio entre o que fomos e o que ainda seremos que encontramos a beleza da vida.
Enfim, a crônica domingueira de Magno Martins é um verdadeiro presente dominical, uma viagem no tempo que nos faz rir, chorar e, acima de tudo, refletir. Magno Martins não apenas escreve: ele cativa, emociona e nos faz sentir que, no fundo, todos carregamos um pedaço do Sertão, das brincadeiras de rua e dos candeeiros que iluminaram nossas histórias.
Que domingueira maravilhosa!
Abraço domingueiro, Flávio Chaves
*Jornalista e poeta
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