Acionados pela governadora Raquel Lyra (PSDB), os deputados governistas Antônio Moraes (PP), Débora Almeida (PSDB) e Joaquim Lira (PV) recorreram, ontem, ao Tribunal de Justiça do Estado, já tarde da noite, como última tentativa desesperadora para anular o ato do presidente interino da Assembleia Legislativa, Rodrigo Farias (PSB), de antecipar a eleição das comissões temáticas do Legislativo. O processo será relatado pelo desembargador Carlos Moraes.
A cidade de Olinda contará com um reforço tecnológico na segurança durante o Carnaval 2025. Um convênio entre a Prefeitura e o Grupo Preserve Liserve permitirá a instalação de 35 Totens de Vigilância Inteligente no sítio histórico e em outros pontos estratégicos. O sistema contará com mais de 100 câmeras de alta definição e visão noturna, operando em integração com as forças de segurança municipal e estadual.
Os equipamentos ficarão ativos 24 horas por dia durante os dias de folia. As imagens captadas serão armazenadas em nuvem e disponibilizadas para as autoridades responsáveis pelo monitoramento. O Grupo Preserve Liserve será responsável pela manutenção e operação do sistema.
Após o Carnaval, parte da estrutura permanecerá na cidade. 15 totens continuarão em funcionamento para reforçar a vigilância no sítio histórico. A iniciativa busca ampliar o monitoramento por meio de tecnologia e aumentar a segurança na região, que recebe grande fluxo de turistas e moradores durante o ano.
As pesquisas Datafolha são presenciais por ponto fluxo, com cerca de 2 mil entrevistas em um campo muito curto, dois dias no caso do levantamento sobre avaliação de governo divulgado nesta sexta-feira (14). É, portanto, uma pesquisa que capta bem a fotografia do momento. A crise do Pix, maior dano reputacional do governo em 2025, já tem mais de um mês. Como então atribuir a esse evento o fato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva somar apenas 24% de bom e ótimo, ante 41% de ruim e péssimo?
A explicação está na natureza da perda que o presidente teve. É uma perda ancorada na decepção. No episódio da crise do Pix, Lula recuou com mais força entre seus eleitorados cativos, no Nordeste, na baixa renda, entre mulheres. Decepções são feridas de cicatrização muito mais difícil porque o desafio que se coloca é retomar a confiança perdida. A decepção, de certa forma, equivale a uma traição. Em casos assim, os efeitos subsistem mesmo depois de cessada a causa.
Este é um processo inédito no governo Lula III, mas não no Brasil. O cientista político do Ipespe Antonio Lavareda, com décadas de experiência em pesquisas de opinião, lembra que o ex-presidente Jair Bolsonaro também viveu a defecção de parte de seus eleitores, perdendo espaço de maneira generalizada em seus redutos do Sul e do Sudeste, até mesmo em Estados como Santa Catarina, entre a eleição de 2018 e 2022. “Fundamentalmente ele perdeu a eleição por isso. É o mesmo risco que Lula corre agora”, comentou.
A defecção é mais difícil de reverter porque depende de uma sequência de fatos positivos para a anulação de um fato negativo. O presidente pode chamar o marqueteiro para assumir um ministério, mas não há narrativa que sobreviva à falta de marca. Há um problema, comentado de forma generalizada por analistas políticos e pelos próprios políticos, de falta de assunto ao governo. Não há uma compreensão sobre qual é o significado básico da volta de Lula ao poder, terminado o consenso momentâneo que seus adversários proporcionaram a ele com os atos de 8 de janeiro. Assim sendo, o governo fica vulnerável a qualquer vento de proa, de acordo com o diagnóstico de Lavareda.
Este é um momento delicado para o presidente porque deve crescer dentro da base petista a pressão por um cavalo de pau na economia, cortando os elos que ainda existem entre o governo e o mercado financeiro, assentados na manutenção de um enquadramento fiscal mínimo. Já é esta a tônica dentro de grupos de apoiadores do governo nas redes sociais.
Como diria Chacrinha: “Quem não se comunica, se estrumbica”. Essa máxima ficou clara, na manhã de ontem por parte do Palácio do Campo das Princesas, durante a tentativa frustrada de impedir que a oposição liderasse as três principais Comissões da Assembleia Legislativa.
A falta de diálogo do executivo com o legislativo não é novidade, mas desta vez a tentativa de interferência nos ditames internos da Casa Legislativa foi ostensiva, desastrosa e inaceitável.
O documento que protocolou o blocão foi entregue, pasmem, pelo Chefe de Gabinete da Secretaria da Casa Civil, Popó Vaz, ou seja, nem sequer teve o trabalho de propor a um deputado governista essa tarefa. Ainda: João Victor, uma das pessoas mais ligadas à vice governadora Priscila Krause, participou de forma ostensiva, descabida e inoportuna das reuniões das comissões.
Além disso, teve a presença dos assessores do secretário da Casa Civil, Iuri e Igor Cadena, dois cães de guarda do secretário Túlio Vilaça que, abertamente, tentaram interferir em assuntos da Casa Legislativa, o que causou desconforto e um sentimento de coação entre todos os parlamentares.
O incrível é que o sentimento entre os deputados governistas não é de perplexidade com o desrespeito e a falta de diálogo do governo Raquel Lyra, que busca prevalecer a sua vontade através da truculência. Isso deixa claro para todos a singular inabilidade política em sua relação com o Poder Legislativo.
Este comportamento, que tem sido recorrente por parte da governadora, certamente levará o Governo a sofrer mais uma derrota política no enfrentamento com o parlamento.
Os bastidores da política pernambucana estão pegando fogo, desde ontem (14), com mais um episódio da difícil relação entre o Governo Raquel Lyra (PSDB) e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Em uma manobra bem articulada, a oposição na Casa poderá impor à tucana a derrota na eleição das presidências das principais comissões temáticas para o biênio 2025/2026, o que, na prática, significa que a gestora poderá ter a governabilidade abalada nos dois anos que faltam para a disputa estadual.
Presidente em exercício na Alepe, o deputado Rodrigo Farias (PSB) publicou uma edição extra do Diário Oficial convocando as instalações das comissões e eleições de presidentes e vices, deixando a bancada governista sem tempo para negociar mais e trocar membros nos grupos, o que poderia reverter a desvantagem no número de aliados do Palácio integrando os colegiados.
A tarde e a noite de ontem foram de muita negociação e a nova líder da bancada governista, Socorro Pimentel (União Brasil), protocolou um recurso na Casa contrário ao ato de Rodrigo Farias. “Manter a confiança e o respeito às instituições é a base fundamental da nossa democracia. A convocação foi feita às pressas, ao apagar das luzes, surpreendendo a todos os deputados e deputadas. Claramente, os atos descumprem o Regimento Interno da Casa de Joaquim Nabuco. Não há justificativa para a urgência e observamos desrespeito à normatividade interna da Assembleia”, afirmou a parlamentar.
O documento também foi assinado pelos deputados Joãozinho Tenório (PRD), Kaio Maniçoba (PP), Romero Sales Filho (UB), Débora Almeida (PSDB), Antônio Moraes (PP), Wanderson Florêncio (SD), Henrique Queiroz Filho (PP), Fabrizio Ferraz (SD), Luciano Duque (SD), João Paulo (PT), William Brigido (RP) e Joaquim Lira (PV).
Independentemente de o Governo vencer ou não mais essa queda de braço com parte da Casa, esse é mais um desgaste que poderia ter sido evitado se lá atrás a governadora tivesse tido um pouco mais de humildade, ao assumir o Poder Executivo. O que se assiste nesse caso, que pode se transformar em mais uma derrota acachapante da gestão Raquel Lyra, é tão somente o resultado de um processo que começou junto com o governo dela, que chegou olhando de cima para baixo para o Poder Legislativo.
A POLÍTICA NÃO PERDOA – Qualquer governo que tenha a intenção de dar certo precisa ter uma boa relação com o Legislativo. Raquel Lyra teve essa oportunidade. O hoje presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), era seu aliado. Poderia ter sido o “presidente de Raquel” na Assembleia. Mas não foi assim que as coisas foram feitas e a gestão tucana acumula, em dois anos, mais desgastes e dores de cabeça nessa relação do que qualquer outra na história recente da política de Pernambuco. Esse foi o primeiro erro: não segurar Álvaro do seu lado. O segundo foi peitar a Alepe com os vetos dos trechos da LDO, fazendo com que os deputados derrubassem em seguida esses vetos e deixassem o Poder Executivo desmoralizado.
Era tarde demais – Depois das inabilidades citadas, Raquel ficou sem ambiente na Casa e enfrenta até hoje dificuldades para reverter. Por exemplo, a Primeira Secretaria e a maioria da Mesa Diretora estão nas mãos de opositores, justamente porque a gestora ficou sem condições de articular muita coisa dentro da Alepe. Em um momento como o de agora, que precisa eleger líderes nas comissões, todos os erros do passado pesam e levam Raquel a seguinte situação: estar na iminência de ter Alberto Feitosa (PL), um ferrenho opositor, como presidente da comissão mais importante, a de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ).
Governabilidade em xeque – Ter um opositor à frente da CCLJ é péssimo para qualquer governo, porque é o grupo por onde começam a tramitar todos os projetos, sendo de autoria do Poder Executivo ou dos próprios deputados. Quem está sentado nessa cadeira tem o poder de dar agilidade às propostas do Executivo ou travar esse processo. Pode ainda pautar matérias que não são do interesse do governo. Essa articulação política cheia de falhas pode custar a governabilidade da gestão, em dois anos estratégicos, os dois últimos. Caso se confirme essa derrota, é coisa para derrubar secretário. Apesar do esforço dos deputados governistas, como Antônio Moraes (PP) e Débora Almeida (PSDB), não há como os aliados fazerem milagres na Casa sem a cooperação do Palácio.
PSOL 1 – O PSOL do Recife enviou nota repercutindo a possível eleição de Alberto Feitosa para a CCLJ. “O referido deputado, que é do PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, homem responsável pela morte de mais de 700 mil pessoas na pior pandemia dos últimos tempos enquanto ocupava a presidência do Brasil, é o mesmo parlamentar que persegue e criminaliza movimentos e outros parlamentares de esquerda, como foi o caso da atual vereadora do PSOL na Câmara do Recife”, diz um trecho do texto.
PSOL 2 – “O PL está frontalmente contra todos os princípios do Partido Socialismo e Liberdade, por isso que enquanto presidente do Diretório Municipal do PSOL não podemos admitir que qualquer pessoa que esteja nas nossas fileiras aprove manobras de figuras como o citado deputado parlamentar”, enfatizou Cristiano Silva, presidente do PSOL-Recife.
CURTAS
Renildo Calheiros – O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE) é o novo líder do PCdoB na Câmara dos Deputados e reforça seu papel como uma das principais vozes do partido no Congresso Nacional em 2025. “Assumo a liderança do PCdoB na Câmara com o compromisso de fortalecer a democracia, defender os direitos do povo brasileiro e ampliar o diálogo para avançarmos em políticas públicas que promovam justiça social e desenvolvimento para o país”, afirmou.
João Campos no PSB nacional 1 – O prefeito João Campos (PSB) disse que ser o possível presidente nacional do PSB não o fará trabalhar menos pelo Recife. Ele foi lançado como candidato pelo atual presidente da sigla, Carlos Siqueira, durante reunião do diretório nacional. Campos garantiu que conseguirá conciliar as duas funções sem comprometer a administração da capital pernambucana.
João Campos no PSB nacional 2 – “A gente vai seguir trabalhando, como eu sempre faço, eu me dedico muito a cuidar do Recife. Eu hoje sou vice-presidente nacional do partido e tenho uma dedicação plena à cidade. Então, aos finais de semana, à noite, de madrugada, de manhã bem cedo, a gente pode conciliar com outras atividades. Então isso é bom. Fazer gestão passa por também fazer política”, afirmou o prefeito.
Perguntar não ofende: a governadora Raquel Lyra vai conseguir colocar aliados à frente das comissões na Alepe?