Direita se reorganiza com Trump, e Washington vira palco de disputa política do Brasil

A posse de Donald Trump nos últimos dias como presidente dos Estados Unidos levou a um encontro de nomes da direita mundial no país, que passará a ser usado ainda mais por bolsonaristas na disputa política do Brasil.

A volta de Trump ao poder é vista como um fortalecimento da direita radical no mundo e uma oportunidade de reorganização do campo. Ainda que isso não signifique vitórias práticas, como a reversão da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), a chegada do republicano à Casa Branca serve, na opinião de parlamentares, para ecoar a narrativa conservadora e pressionar o Brasil.

A direita tem ocupado espaços que no passado eram mais explorados no Brasil por políticos à esquerda, como comissões de direitos humanos do Congresso americano e da OEA (Organização dos Estados Americanos). Alguns deputados brasileiros defendem que a esquerda também volte a atuar junto a parlamentares americanos e a outros órgãos para não deixar a narrativa dos adversários ganhar corpo sozinha.

Na última semana, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro frequentaram alguns eventos que marcam o retorno de Trump à Casa Branca. Uma caravana de congressistas bolsonaristas também esteve nos Estados Unidos.

Eduardo mal voltou ao Brasil e já tem nova previsão de viagem aos EUA, para um evento do Cpac (Conferência de Ação Político Conservadora), em Washington, em fevereiro.

Ele também pretende abrir um escritório internacional do PL em Miami ou então fechar parcerias com americanos para ter um local fixo de despacho nos EUA.

Eduardo participou de eventos durante a semana com nomes do alto escalão do Partido Republicano e outros nomes da direita, como o presidente da Argentina, Javier Milei, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, Sebastian Abascal, líder do partido populista de direita da Espanha Vox.

O filho de Bolsonaro conversou com aliados de Trump a respeito da situação do pai. A tese entre líderes da direita é que o ex-presidente e aliados sofrem perseguição. O ex-mandatário foi convidado para ir à posse de Trump, mas não teve o passaporte liberado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro foi indiciado em três inquéritos: sobre um esquema de fraude no seu cartão de vacina, em outro sob a acusação de ter tentado vender no exterior joias recebidas de presente e ainda por supostamente ter participado de uma trama para impedir a posse de Lula (PT).

À Folha Eduardo aponta que a maioria republicana na Câmara e no Senado são ativos para tentar aprovar projetos de interesse do Brasil e ecoar a narrativa. “A gente estava com uma abertura muito boa na Câmara dos Deputados, que era de maioria republicana. Agora a gente também tem o Senado e tem a administração Trump”, disse.

“Eu pretendo retornar para continuar algumas tratativas. Alguns pontos [importantes para a agenda bolsonarista] devem caminhar naturalmente. Um deles seria o caso do Filipe Martins, porque é um caso ali de segurança nacional.”

Martins ficou preso por seis meses por determinação de Moraes no ano passado. O ministro citou que o ex-assessor de Bolsonaro teria viajado aos EUA no fim de 2022 com o ex-presidente. Martins, porém, nega que tenha viajado.

O nome de Martins, porém, teve a entrada no país registrada pelo serviço de imigração americano. Eduardo já disse considerar que houve fraude no caso e espera consiga esclarecer os registros.

Aliados de Bolsonaro acreditam que Trump poderia tomar uma medida drástica, como cassar o visto americano de Moraes, ou mesmo agir de alguma forma para facilitar a reversão da inelegibilidade do ex-presidente. Ambas as medidas, porém, são custosas e difíceis de serem concretizadas.

Trump disse após a posse que o “Brasil precisa mais dos EUA” do que o contrário. Suspender o visto de um ministro da Suprema Corte, no entanto, geraria um desgaste diplomático entendido como desnecessário por analistas.

Além disso, o presidente dos EUA também não tem meios para interferir nas investigações que o ex-presidente enfrenta na Justiça brasileira. Ele pode, avaliam bolsonaristas, pressionar com ameaças de tarifas e sanções ao Brasil, mas, para políticos brasileiros, isso não seria suficiente para alterar o rumo da ação.

“Os Estados Unidos, certamente, se seguir adiante as promessas de campanha do Trump de combate à censura e de fortalecimento da democracia, que nada mais é do que o retorno à tradição dos Estados Unidos de exportar a democracia e liberdade para o mundo inteiro, isso já nos beneficia”, avalia Eduardo.

Ele aposta na troca do embaixador dos EUA no Brasil para fortalecer o grupo. Eduardo também diz que usará ainda mais o espaço da OEA, onde parlamentares têm reclamado das penas aplicadas aos acusados pela invasão e ataque às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

“Se a OEA realmente não atentar para essas causas de direitos humanos, essas violações que estão ocorrendo no Brasil, ele é capaz de sair da OEA, tal qual também saiu da OMS [Organização Mundial da Saúde]”, diz.

No final do ano passado, deputados brasileiros de esquerda estiveram em Washington para agendas em órgãos internacionais e com parlamentares e defenderam um reforço na articulação nos EUA.

“Depois que a direita descobriu os caminhos para se fazer ouvir aqui, eles estão explorando, então, mais importante do que nunca a esquerda se fazer presente. Os democratas, os progressistas, devemos, eu diria, intensificar os contatos”, avalia o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

“Eles que são, digamos, antiglobalistas, como eles se definem, então eles começam agora a se organizar como uma internacional de extrema direita, buscam seus pares no mundo inteiro”, avalia.

Da Folha de São Paulo.

O ex-coach Pablo Marçal (PRTB) afirmou na sexta-feira (24) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “só considera candidato quem é parente dele” para disputar a eleição presidencial em 2026. Em entrevista à CNN, o empresário também comentou sobre uma declaração dada pelo ex-mandatário à emissora, que dizia que ele seria” uma carta fora do baralho”. As críticas feitas por Marçal surgem após Bolsonaro cogitar publicamente a indicação da sua mulher, Michelle, e dos filhos Eduardo e Flávio para a sua sucessão.

“Carta fora do baralho de Bolsonaro, que está fora do jogo. Por que ele faria comentários de uma carta fora do baralho? O Bolsonaro só considera candidato quem é parente dele“, disse Marçal à CNN. O ex-coach, que chegou a disputar o apoio do ex-presidente na corrida pela prefeitura de São Paulo no ano passado, tem se colocado como pré-candidato à presidência em 2026.

O ex-mandatário, no entanto, indica ter outros planos. Diante da possibilidade de permanecer inelegível, ele levantou a hipótese, pela primeira vez nesta semana, de indicar sua mulher, Michelle Bolsonaro, para disputar o Palácio do Planalto em 2026, desde que ela o indicasse para assumir a Casa Civil. Horas depois, ao ser entrevistado pelo portal Metrópoles, ele recuou ao afirmar que não há nada encaminhado para lançar a ex-primeira dama ao Executivo e disse ainda que os filhos seriam as possíveis apostas para a Presidência.

— Não tem nada negociado, nada conversado (sobre Michelle na Presidência). Ela vem candidata ao Senado aqui em Brasília. Se tivesse que botar alguém da família, seria o Flávio (Bolsonaro), o Eduardo (Bolsonaro).

O ex-presidente, no entanto, costuma defender com mais frequência que ele próprio será o candidato ao Planalto em 2026, não admitindo discutir um nome para substituí-lo na direita. Ainda no mês passado, ele afirmou que é o “o plano A, B e C” do partido e disse que só pensaria em alternativas depois da “morte física ou política em definitivo”.

Do jornal O Globo.

Depois de 54 anos, um dos mais conhecidos crimes da ditadura militar ainda não tem definição sobre a possibilidade de punir os acusados, hoje protegidos pela Lei da Anistia.

Um dos recursos relacionados à morte do ex-deputado Rubens Paiva foi encerrado no último dia 9 no STF (Supremo Tribunal Federal). O outro, apresentado em 2021, ainda não teve decisão.

Os dois processos tratam do mesmo tema e são relatados pelo ministro Alexandre de Moraes. Por meio do caso, o STF pode ainda rever a abrangência da Lei de Anistia. O Ministério Público Federal provocou a corte em uma das ações para argumentar que determinados crimes cometidos pela ditadura não podem ser anistiados.

Em 21 de novembro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou pelo encerramento de um dos processos, aberto pelos advogados dos réus, sob o entendimento de que parte dos envolvidos já morreu. O pedido foi acatado pelo relator. Por outro lado, o PGR afirmou que a discussão deve seguir na outra ação, que questiona a anistia dos militares.

O assassinato de Rubens Paiva e a resposta do Estado ao crime vêm gerando debates nos últimos meses na esteira do sucesso do filme “Ainda Estou Aqui”, que foi indicado ao Oscar de melhor filme nesta semana e que retrata a trajetória da viúva Eunice Paiva na busca por justiça.

Os acusados de matar o ex-deputado foram ao STF para tentar barrar a ação que corria na Justiça Federal no Rio de Janeiro, sob a justificativa de que o processo afrontaria a Lei da Anistia.

Desde o pedido da defesa dos réus, em 2014, três dos cinco autores morreram: Rubens Paim Sampaio, em 2017; Jurandyr Ochsendorf e Souza, em 2019; e Raymundo Ronaldo Campos, em 2020.

Jacy Ochsendorf e Souza e José Antônio Nogueira Belham estão vivos, mas a ação penal contra eles está trancada por uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). O MPF recorreu do trancamento ao Supremo em 2021.

O procurador-geral defende a continuidade da discussão do caso nesse recurso. De acordo com o pedido, decisões da CIDH (Corte Interamericana de Direitos Humanos) distinguem crimes políticos dos de lesa humanidade, que não poderiam ser protegidos pela Lei da Anistia.

Na prática, o órgão reforça uma tese apresentada à corte outras duas vezes, mas sem julgamento há mais de uma década. Essa diferenciação permitiria o julgamento de militares e civis que fizeram parte da repressão.

O MPF entende que o período histórico não foi devidamente passado a limpo. Ainda, argumenta que o Supremo pode avaliar que não deu um recado claro o suficiente no julgamento que validou a Lei da Anistia, em 2010, e considera importante reforçar que militares devem ser mantidos distantes da política.

“A matéria questionada envolve, na verdade, a própria incompatibilidade da Lei de Anistia com o ordenamento constitucional brasileiro e com as normas internacionais de proteção aos direitos humanos, já reconhecida pelas condenações sofridas pelo Estado brasileiro perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos”, diz Gonet, numa das manifestações.

Assessores da corte e integrantes do Ministério Público ouvidos pela Folha avaliam que a ação seria uma oportunidade para dar mais clareza às consequências de atentados contra a democracia. O processo de Rubens Paiva teria o potencial de provocar a revisão dos termos da anistia pela ideia do crime continuado.

No caso concreto do ex-deputado, trata-se do crime de ocultação de cadáver: o Estado brasileiro ainda deve a informação do local do corpo de Rubens Paiva. Por isso, segundo a Procuradoria, o crime não poderia ser anistiado.

A anistia não voltou a ser debatida pelo STF desde a decisão de validar os termos definidos em 1979, pelo último presidente da ditadura, o general João Figueiredo. A decisão de 2010 protegeu agentes que reprimiram a resistência e opositores que tenham cometido crimes no período de exceção. Parte do debate, no entanto, ficou pendente.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) questionou trechos da decisão em que o Supremo validou a anistia a torturadores da ditadura e o PSOL entrou com pedido semelhante em 2014: querem a não aplicação da anistia a crimes praticados por agentes públicos do regime.

Na ação do PSOL, relatada pelo ministro Dias Toffoli, os despachos do relator nos últimos seis anos são somente sobre questões secundárias. Nunca houve decisão no processo. O recurso da OAB está parado no tribunal há 12 anos.

Da Folha de São Paulo.

Na última segunda-feira, dia 20 de janeiro, Donald Trump tomou posse como o 47º presidente dos Estados Unidos. Desde o primeiro dia de seu mandato, ele emitiu várias ordens, incluindo para encerrar o CBP One (aplicativo voltado para imigrantes) e deportar todas as pessoas encontradas em situação de ilegalidade no país. Desde então, são muitos os latinos que vivem na incerteza de não saber o que acontecerá. Eles temem ser presos em uma das muitas ações policiais.

Muitos criadores de conteúdo estão mostrando a situação atual no TikTok. Existem inúmeros locais, como canteiros de obras, que estão vazios por falta de pessoal, pois muitos trabalhadores não foram trabalhar por medo de serem deportados.

Um homem, que não se identifica em suas publicações (@migrantesmillonarios no Tiktok), mostra em suas redes sociais, em uma de suas publicações, um restaurante que está vazio, afirmando que as pessoas não foram trabalhar pois não estão com a documentação em dia.

“Quero que você veja isso. O restaurante está vazio, não há garçons, não vieram trabalhar. É a primeira vez que se veem estas coisas nos Estados Unidos, e é porque as pessoas têm medo”, comentou ele, sem dizer o local exato da gravação — mas já fez outras postagens em sua conta no Tiktok na cidade de San Diego, no estado americano da Califórnia.

O homem, que faz seus vídeos em espanhol, ficou bastante surpreso ao ver que o restaurante não tinha trabalhadores e que a única pessoa presente era o proprietário. Esse local, que normalmente exibia programas em espanhol em suas televisões, segundo ele, passou a ter suas telas sintonizadas nos esportes americanos.

“Quero que você veja como a sala está vazia. A verdade é que esta situação é difícil. Eles não querem vir trabalhar, não sei se é por greve ou por outro motivo, mas está tudo vazio”, acrescentou o jovem.

Embora tenha tentado falar com o dono do local, não teve uma resposta clara, pois há muitos trabalhadores que não querem falar. Em outra publicação, ele mostrou como estava a situação nas ruas, principalmente nos canteiros de obras. Para ele, foi muito triste ver como, desde 20 de janeiro, houve abandono desses locais.

“É muito triste quando a construção é interrompida, e isso se deve à falta de pessoal. Nós, migrantes, vamos deixar saudades, acredite, eles vão sentir”, disse.

Segundo o jovem, muitos norte-americanos querem que os latinos em situação irregular saiam do país, mas, segundo ele, muitos deles trabalham honestamente e não se dedicam ao crime.

“Hoje ninguém veio trabalhar, está tudo vazio, não há trabalhadores e eles são necessários. O que vai acontecer quando isso chegar a um mês, e não houver ninguém para operar essas máquinas?”, indagou.

Para ele, a situação que essas pessoas vivem não é justa, e não se sabe como será o seu futuro, já que muitos terão que deixar o país, uma vez que Trump pode endurecer regras até mesmo para migrantes com com vistos legais.

Do jornal O Globo.

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou, em decisão deste sábado (25), o repasse de emendas parlamentares para três das 13 organizações não governamentais (ONGs) e entidades sem fins lucrativos que, de acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), não apresentavam transparência adequada sobre o destino dos recursos nos últimos anos.

A liberação por parte do ministro do Supremo ocorre após a CGU informar que as entidades promoveram ajustes e agora cumprem as exigências para receber os recursos. A decisão de Dino atinge a Fundação Euclides da Cunha de Apoio Institucional à Universidade Federal Fluminense (FEC), o Instituto Besouro de Fomento Social e Pesquisa do Cadastro de Entidades Privadas Sem Fins Lucrativos Impedidas (CEPIM) e a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba.

O ministro, no entanto, manteve a determinação para que a CGU monitore a aplicação dos recursos por essas 13 entidades que não cumpriam os critérios de transparência, “ainda que passem a cumpri-los”, segundo Dino.

“Tal determinação cumpre dois objetivos: a) reforçar a dimensão preventiva da sequência de decisões nos processos estruturais relativos à execução das emendas parlamentares e b) afastar definitivamente (ou não) qualquer dúvida remanescente sobre as entidades em que, anteriormente, houve a identificação de falta de transparência por parte da CGU”, afirma.

O relatório da CGU mencionado por Dino analisou 33 entidades, entre 676 organizações sem fins lucrativos beneficiadas com emendas parlamentares em dezembro de 2024. A amostra foi feita com as 30 organizações que mais tiveram recursos empenhados e as seis que mais receberam pagamentos no período — três delas aparecem nas duas listas.

De acordo com o relatório, apenas 15% tiveram a transparência sobre a aplicação dos recursos. Metade das entidades não tiveram a transparência adequada, e 35% apresentaram informações de forma incompleta.

O relatório avaliou se a “organização divulga na internet, de forma acessível, clara, detalhada e completa, o recebimento e a execução dos recursos”. Na ocasião, o critério só foi plenamente atendido em quatro dos casos.

Do jornal O Globo.

Você sabia que Zé Dantas, um dos maiores parceiros musicais de Luiz Gonzaga, foi um atrevido? Driblou a segurança do Grande Hotel, no Recife, bateu no apartamento que o Rei do Baião estava hospedado e se apresentou cantando um aboio para oferecer seu primeiro baião a Gonzagão?

E mais: quando o cantor aceitou e gravou, Zé Dantas pediu para ficar no anonimato como autor, temendo levar um puxão de orelha do seu pai, o Coronel Zeca? Estas e outras curiosidades sobre este grande personagem brasileiro você vai ficar sabendo em detalhes na minha crônica domingueira de amanhã, postada cedinho, exatamente às 7 horas.

Uma leitura imperdível!

Mais do que um convite à folia, o frevo traduz a identidade do Recife em cada ritmo, movimento e nos rostos que o eternizaram. É com esse espírito que, em 9 de fevereiro (data que marca o primeiro registro da palavra ‘frêvo’, grafada com acento no Jornal Pequeno, em 1907), o Teatro do Parque receberá o 1º Recife Frevo Festival, a partir das 17h. Com o objetivo de furar a bolha carnavalesca, o evento reunirá frevistas clássicos e artistas de diversas referências. Entre os destaques, Jota Michiles, autor de muitos dos frevos que estão na ponta da língua de qualquer folião, será o grande homenageado desta edição.

O reconhecimento a Michiles vem de sua trajetória desde os anos 1980, quando foi um dos responsáveis por consolidar o ritmo como uma força dentro do cenário musical. Atualmente, porém, o gênero busca reconquistar seu espaço na agenda cultural da capital pernambucana, onde tem sido predominantemente relegado à temporada de carnaval. O Recife Frevo Festival vem para preencher essa lacuna, promovendo encontros inéditos entre músicos, intérpretes e dançarinos, acompanhados pela Transversal Frevo Orquestra, sob a regência de César Michiles, filho de Jota.

Veteranos do gênero, como Maestro Formiga e Maestro Forró, se unem a nomes que, embora não sejam exclusivamente do frevo, têm uma trajetória diversa e dialogam com a linguagem, como Silvério Pessoa, Geraldo Maia, Juba Valença e Romero Ferro.

A realização do festival está nas mãos de Michelle de Assumpção, também filha de Jota Michiles. Criada em um ambiente efervescente de música, desde pequena acompanhou os bastidores de eventos musicais e absorveu a energia desse universo. “Para mim, o frevo e Recife são duas marcas muito fortes da minha formação cultural”, destaca Michelle em conversa exclusiva com o Viver. Por esse legado, ela idealiza, na edição de estreia, um festival que adota o formato de mostra, com foco na apresentação e valorização do trabalho artístico. “A gente mexeu num ponto que estava escondido, sabe? Cutucamos esse formigueiro”.

A jornalista e produtora explica que a proposta é desvincular a manifestação cultural da temporada carnavalesca e transferir o Recife Frevo Festival para setembro, mas, por ora, foi preciso viabilizar os patrocínios. “A escuta e execução do frevo acontecem predominantemente no carnaval, mas quem vive do gênero está sempre trabalhando. A nossa ideia é transformar esse festival num evento fixo no calendário da cidade, algo que cresça e se amplie nas próximas edições”. A iniciativa é financiada pelo Sistema de Incentivo à Cultura do Recife (SIC), por meio da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura e Prefeitura do Recife. Além disso, também conta com apoio do museu Paço do Frevo.

Além da programação artística, o festival terá desdobramentos com atividades pedagógicas e a produção de um minidocumentário audiovisual sobre esta primeira edição, com o objetivo de difundir e salvaguardar o frevo. “Vamos realizar registros fonográficos e audiovisuais, sempre com a perspectiva de que o frevo não é apenas uma música de carnaval, mas uma música sofisticada, feita com esmero e dedicação por centenas de pessoas que vivem dele e por outros artistas que o incorporam em suas trajetórias”, afirma ela. Todas as atividades serão gratuitas e acessíveis em Libras.

Depois do festival, a etapa pedagógica será realizada no Paço do Frevo, no dia 19 de fevereiro, com uma aula-espetáculo de Jota Michiles. Na Sala Capiba, das 14h às 16h, ele compartilhará o processo criativo de suas composições, acompanhado por seu filho, César. Em seguida, ocorrerá a roda de diálogo “O Frevo na Ponta: Orquestras de Rua e a Dança no Meio do Povo”. Esse momento reunirá maestros de orquestras de rua e pesquisadores para discutir o trabalho contínuo dessas orquestras, que vão muito além do carnaval. “Elas são verdadeiras escolas, que permanecem abertas o ano todo, formando músicos e ensaiando seus instrumentistas”, ressalta Michelle.

Como culminância da etapa formativa, também no dia 19, às 18h, acontecerá a ação “Batalha de Orquestras”, com a presença das tradicionais agremiações. A proposta é simular, em formato de cortejos, os tradicionais encontros de orquestras nas ruas de Olinda durante o carnaval, onde o ritmo é tocado com sua máxima expressão e intensidade. Que essa energia contagiante possa se perpetuar por todos os dias do ano.

Do Diário de Pernambuco.

O ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) determinou às autoridades e representantes do governo americano a imediata retirada das algemas de migrantes brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegaram em Manaus na sexta-feira (24).

De acordo com nota divulgada neste sábado (25) pela pasta, Lewandowski informou ao presidente Lula (PT) “sobre uma tentativa de autoridades dos Estados Unidos de manter cidadãos brasileiros algemados durante o voo de deportação” até Belo Horizonte, destino final. Segundo nota da Polícia Federal, os brasileiros chegaram algemados em Manaus.

A situação foi comunicada ao ministro pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues. Lewandowski disse ao presidente que houve “flagrante desrespeito” aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros.

“Ao tomar conhecimento da situação, o presidente Lula determinou que uma aeronave da FAB fosse mobilizada para transportar os brasileiros até o destino final, de modo a garantir que possam completar a viagem com dignidade e segurança”, diz a nota. O avião americano parou em Manaus para reabastecer, mas uma falha técnica impediu a continuidade do voo até Belo Horizonte.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou ainda que a dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis.

Já a PF afirmou que os brasileiros que chegaram algemados foram recebidos e imediatamente liberados das algemas, na garantia da soberania brasileira em território nacional e dos protocolos de segurança no país. O órgão também proibiu que os brasileiros fossem novamente detidos pelas autoridades americanas.

Procurada pela Folha, a embaixada dos EUA em Brasília limitou-se a dizer que “os cidadãos brasileiros do voo de repatriação estão sob custódia das autoridades brasileiras” e que a representação diplomática está em contato com as autoridades do país.

Segundo a polícia, os passageiros foram acolhidos e acomodados na área restrita do aeroporto. No local, receberam bebida, comida, colchões e foram disponibilizados banheiros com chuveiros. “Os brasileiros serão acompanhados e protegidos pelos militares da FAB e policiais federais brasileiros”, disse.

O grupo de 158 migrantes deportados desembarcou em Manaus após o avião americano que os levaria até Belo Horizonte apresentar um problema técnico. O voo com o deportados, dos quais 88 são brasileiros, decolou na sexta-feira (24) da cidade de Alexandria, no estado da Virgínia, e pousou em Manaus para reabastecer.

A FAB (Força Aérea Brasileira) informou que fará o transporte dos migrantes deportados. Segundo a Força, o avião saiu de Brasília às 13 horas e tinha chegada prevista em Manaus às 15h30 (14h30 no horário local). Profissionais de saúde acompanharão os deportados durante o trajeto até Belo Horizonte.

Da Folha de São Paulo.

A Prefeitura do Recife promoveu, neste sábado (25), o embarque dos seis estudantes com melhor desempenho na Olimpíada de Matemática do Recife (OMR) 2024, além de dois professores e uma gestora escolar premiados, para uma viagem aos Estados Unidos. O grupo terá a oportunidade de vivenciar uma experiência educativa conhecendo a sede da NASA, onde entrarão em contato com inovações tecnológicas e pesquisas sobre o espaço, além de visitar os parques da Disney, em Orlando.

“Para nós, hoje, é um dia completamente emocionante, a finalização de um ciclo, de um ano que é uma preparação importante para as Olimpíadas de Matemática do Recife. Sabemos que muito mais do que a viagem, é um ano de preparação e que premia aqueles que mais se esforçaram. Isso mostra para todo mundo que o conhecimento leva você a qualquer lugar no mundo”, comemorou o prefeito em exercício Victor Marques, que esteve presente na manhã deste sábado no Aeroporto Internacional do Recife para realizar o embarque do grupo. 

Estudante da Escola Municipal Antônio Heráclio do Rego, localizada no bairro de Água Fria, a aluna Joana Nicoly, 14 anos, contou como acredita que a experiência vai ser benéfica para a sua vida profissional. “Por incrível que pareça, eu toda vez mudo o que quero ser quando crescer. Mas ultimamente, estou querendo muito ser cientista e eu acho que a OMR pode me ajudar no raciocínio lógico também, me auxiliar tanto nas ciências quanto em outras matérias”, disse. “Quando eu estiver aprendendo inglês nos Estados Unidos, além de eu estar aprendendo fora, vou poder botar isso dentro do meu currículo, e assim vai ser mais fácil pra eu conseguir uma vaga de emprego. É um sonho já sendo realizado”, acrescentou.

Olimpíadas de Matemática do Recife – A OMR 2024 envolveu mais de 14 mil alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental, em 43 escolas da Rede Municipal de Ensino do Recife. A iniciativa tem como objetivo despertar o interesse dos estudantes pela Matemática e valorizar talentos, incluindo docentes e gestão escolar que se destacaram no certame.

Sofia Alencar, jovem do interior de Pernambuco, natural da cidade de Trindade, alcançou uma conquista extraordinária e raríssima: foi admitida na University of Southern California (USC), uma das universidades mais prestigiadas do mundo, com uma bolsa de estudos no valor total de mais de R$ 2 milhões.

Filha da imigrante brasileira Elisângela Alencar, Sofia agora faz parte de uma instituição de renome mundial, que também foi lar de importantes personalidades. A USC, localizada em Los Angeles, ocupa a 62ª posição no ranking mundial de universidades, se destacando pela excelência acadêmica e inovação. Em sua história, cinco egressos já foram laureados com o Prêmio Nobel, reafirmando sua relevância global. Para efeito de comparação, a USP, que é considerada a melhor universidade do Brasil, ocupa a 251ª posição no mesmo ranking, o que mostra a importância da conquista da brasileira.

A universidade também carrega uma trajetória marcada por invenções e contribuições icônicas para o mundo. Foi na USC que um aluno desenvolveu o Adobe Photoshop, e na lista de criações feitas por ex-alunos ou pesquisadores estão também o MySpace e a famosa marca de óculos Oakley. Além disso, figuras de destaque global, como Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, que fez mestrado na instituição, e personalidades como George Lucas, Will Ferrell e Forest Whitaker, também têm suas histórias ligadas à USC.

Com muito esforço e determinação, Sofia superou diversos desafios e agora se prepara para cursar Engenharia Biomédica com ênfase em Pré-Medicina. Ela fará parte de um ambiente acadêmico que reúne os maiores talentos globais e contará com uma formação de excelência.