Morre Pedro Felipe, ex-vereador de Petrolina

Morreu neste sábado (30) o ex-vereador de Petrolina, Pedro Felipe. Segundo informações, o ex-parlamentar sofreu um infarto fulminante na saída da academia, chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

Pedro era advogado, foi eleito vereador em 2012 e, durante o mandato, se licenciou do cargo para cursar medicina, profissão que exercia. As informações são do Blog Edenevaldo Alves.

Por Maurício Pedrosa*

No último dia 8 de março, quando celebramos o Dia Internacional da Mulher, em uma noite insone, me veio à mente as muitas mulheres virtuosas que conheci ao longo da minha vida laboral. Assim, resgatei na memória profissionais do Direito, professoras, médicas, enfermeiras, secretárias, servidoras públicas, operárias, dentre outras. 

Tais lembranças, coincidentemente, afloraram em um ano de eleições municipais, quando mulheres, certamente, concorrerão, também, a cargos eletivos em disputa. 

A conquista do voto feminino no Brasil remonta ao ano de 1932, por força do Decreto nº 21.0756/1932, do então Presidente Getúlio Vargas. Portanto, mulheres ocupando cargos eletivos no Brasil há muito não é novidade. Mesmo assim, o contingente ainda é inferior ao número de cadeiras ocupadas por homens, tanto no Executivo como no Legislativo. 

Pois bem! No contexto das celebrações do Dia da Mulher e das eleições municipais que se aproximam, naquela noite lembrei alegremente da professora Giza Simões, ex-prefeita do Município de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú. O meu contato com a professora ocorreu em uma tarde ensolarada, em meados do ano de 1999, quando eu era assessor jurídico da Fidem. 

Recordo claramente quando aquela senhora muito distinta adentrou em minha sala, acompanhada do seu marido, o Dr. Orisvaldo Inácio, e de um funcionário da Fidem responsável pelo financeiro da repartição, todos querendo uma solução para o intento da prefeita. Ouvi atentamente cada um deles e logo percebi que a prefeita ‘tinha luzes’, falava um português escorreito, ágil no raciocínio e guardava elegância no trato pessoal, assim como o seu esposo. 

Em suma, a prefeita desejava devolver dinheiro público, saldo financeiro de um certo convênio havido entre a sua prefeitura e a Fidem, mediante a apresentação de um cheque. Lembro que a importância em questão não era vultosa, como também recordo das palavras da prefeita: “esse dinheiro é pouco, mas não me pertence e nem ao Município que governo, preciso devolver a quem de direito”. 

O colega do financeiro disse-me, em particular, que nunca tinha vivenciado tal situação e que não sabia como proceder, desconhecia até como justificar o crédito em rubrica orçamentária. A prefeita já estava inquieta com a demora, tinha vindo de longe só para cumprir o seu dever funcional, queria honrar a cláusula do convênio que assinara anos antes, obrigando-a a prestar contas ao final da avença e devolver o saldo financeiro da verba repassada que houvesse. 

Indubitavelmente, aquela foi uma conduta elogiável sob todos os títulos! Para mim, aquela situação também era inusitada porque, em um país de tantos desmandos administrativos, não é raro os cofres públicos serem saqueados por gestores públicos irresponsáveis, enriquecendo ilicitamente, mesmo sabendo do risco de serem denunciados criminalmente. 

Esfriando a cabeça naquele momento, após uma rodada de café e água para os presentes, encontramos uma solução, o cheque foi recebido, mediante protocolo, a prefeita agradeceu a atenção, retornou ao seu rincão de origem satisfeita e nunca mais tive o prazer de reencontrá-la. 

Nos dias seguintes àquela reunião, o financeiro providenciou a burocracia pertinente e apresentou o cheque na casa bancária própria, o qual compensou sem problemas. Volvidos os anos, soube do seu falecimento em setembro de 2013, deixando uma grande lacuna na vida política de Pernambuco. 

Aquele foi um exemplo vivo de probidade administrativa, respeito com a coisa pública, respeito às Instituições e, sobretudo, respeito com o dinheiro do povo que vem dos tributos recolhidos. Nesse ano de eleições municipais, espero que os eleitores façam escolhas certas, que procurem candidatos com o perfil da professora Giza Simões.

P.S: Registro que não sou filiado a nenhum partido político, não almejo cargo eletivo, também não sou eleitor de Afogados da Ingazeira e nem guardo laços de parentesco com a saudosa professora Giza Simões. 

*Advogado, sócio do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambucano e vice-presidente do Instituto Histórico de Olinda

Morreu neste sábado (30), em Fortaleza, Ceará, o cantor Magno, aos 69 anos. Ele estava internado no Hospital Geral da cidade desde que, em janeiro deste ano, sofreu um AVC hemorrágico. A família ainda não divulgou detalhes sobre o velório e enterro.

Cantor e compositor potiguar, Magno ficou conhecido no cenário musical com o hit “amor amor”, que marcou os anos 80. Ele residia em Fortaleza há mais de 15 anos, realizava poucos shows, mas não deixava de circular por pontos da cidade, sempre apoiando amigos músicos. As informações são do Blog do Eliomar.

Por Bernardo Estillac*

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou a realização de atos oficiais do governo recordando os 60 anos do golpe militar no Brasil. Em aceno às Forças Armadas, o presidente perde a oportunidade de fortalecer a defesa pela democracia em momento em que o verde-oliva das fardas que rondam a república está desbotado como “nunca antes na história deste país”.

O Partido dos Trabalhadores, no entanto, não deve seguir a linha determinada por seu líder aos órgãos do Executivo. Orientou filiados a participar e apoiar atos que recordam as seis décadas da abolição da democracia. Em Minas Gerais, de onde saíram os primeiros tanques que destituíram João Goulart, quadros importantes da legenda estarão presentes em eventos que rememoram as vítimas do regime militar que se instalou no poder em 1964 e só se encerrou 21 anos depois.

Em Belo Horizonte, o partido é um dos que convocam para o ato “Sem anistia! Ditadura nunca mais!”, marcado para a segunda-feira (1º), às 16h, em frente ao prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na Avenida Afonso Pena. No prédio atualmente funciona o Memorial dos Direitos Humanos da capital, após lei sancionada em 2000 e de autoria do atual deputado federal Rogério Correia (PT). O parlamentar é um dos nomes confirmados no evento. À coluna, ele destaca que participa do ato em todos os anos e ressalta as recentes investidas antidemocráticas no país: “Como membro da CPMI do 8 de janeiro, sei que outro golpe passou muito perto”.

Na Zona da Mata, manifestantes farão uma “marcha reversa”, saindo do Rio de Janeiro com destino a Juiz de Fora na segunda-feira. O ato recria, no sentido oposto, o movimento feito pelo general Olympio Mourão, primeiro a enviar tanques e blindados saindo de Minas com direção à então capital federal na calada da noite de 31 de março de 1964. O ato será recebido pela prefeita Margarida Salomão (PT) e terá a presença de Nilmário Miranda, outro quadro histórico do partido e atual assessor especial do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

A pasta onde Miranda está lotado preparava atos oficiais para os 60 anos do golpe, mas foi orientada por Lula a cancelar os eventos. O petista mineiro contemporiza a medida presidencial afirmando que os militares, por sua vez, não farão uma ordem do dia celebrando o golpe e o tratando por “revolução”. Ele destaca ainda que os integrantes do governo federal não foram recomendados a não participar de outras manifestações em recordação do golpe. A agenda do assessor especial do MDHC, que foi preso e torturado durante a ditadura militar, está repleta de ações até a metade de abril.

Confirmando que o PT operará à parte da ordem dada por Lula aos integrantes do Executivo, o deputado federal mineiro e líder do partido na Câmara, Odair Cunha, emitiu a seguinte nota: “O Congresso Nacional foi fechado quatro vezes — em 1965, 1966, 1968 e 1977 —, com a cassação de mandatos e perseguição a parlamentares, numa onda de truculência que varreu o país sob a égide de atos institucionais. Ao longo de 21 anos, o país foi jogado nas trevas, com violência, repressão a movimentos sociais, censura e perseguição política, tortura e desaparecimento de inúmeras pessoas que lutavam por um Brasil democrático, mais justo e igualitário”. 

A ditadura militar no Brasil foi responsável pela morte e desaparecimento de 434 perseguidos políticos, segundo a Comissão Nacional da Verdade. O regime também estruturou uma máquina de repressão que matou e mata dezenas de milhares de brasileiros socialmente vulneráveis.

*Colunista do Estado de Minas

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (29) pelas críticas feitas por ele ao processo eleitoral na Venezuela.

Na quinta-feira (28), o petista afirmou ser “grave” o país vizinho ter impedido que Corina Yoris, candidata da oposição, realizasse o registro de sua candidatura para as eleições presidenciais de 28 de julho. As informações são do Poder360.

“Eu fiquei surpreso com a decisão. Primeiro a decisão boa da candidata proibida de ser candidata pela justiça de indicar uma sucessora, achei um passo importante. Agora, é grave que a candidata não tenha sido registrada”, disse Lula na ocasião.

Corina Machado também comemorou declarações de Emmanuel Macron, presidente da França, que criticou junto a Lula o andamento do processo eleitoral no país.

“À medida que vemos como aumenta a preocupação internacional, apelo aos líderes democráticos do mundo para que unam os esforços dos presidentes e governos para exigir que o regime de Maduro permita o registo de Corina Yoris como candidata nas próximas eleições presidenciais”, escreveu María Corina Machado em seu perfil no X (ex-Twitter).

As críticas de líderes internacionais se deram depois de Corina Yoris ter sido impedida de realizar as inscrições para concorrer às eleições de julho. Na segunda-feira (25), a candidata publicou um vídeo em suas redes sociais afirmando ter tentado inserir os dados de registro no sistema do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), mas que estava sem acesso ao site.

Mesmo depois dos problemas no registro, Maduro decidiu não prorrogar o prazo de inscrição, que se encerrou à 1h da manhã (horário de Brasília) da terça-feira (26).

A principal coalizão de oposição da Venezuela, a PUD (Plataforma Unitária Democrática), conseguiu registrar um candidato para disputar as eleições presidenciais. A sigla afirmou que precisou fazer um registro provisório, depois que Corina Yoris foi impedida de se inscrever para participar do pleito.

No entanto, María Corina afirmou que a candidatura de Edmundo González Urrutia não terá seu apoio. Ele poderá ser substituído por outro candidato a partir de 1º de abril.

Corina Yoris

A candidata foi indicada pela oposição depois que María Corina Machado foi impedida de concorrer ao pleito. A ex-deputada está proibida pela Justiça venezuelana de ocupar cargos públicos pelos próximos 15 anos, o que, na prática, inviabiliza sua candidatura à Presidência.

Para o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela – que é alinhado ao chavismo, movimento político de Maduro–, ela teria participado de uma “trama de corrupção”.

Nicolás Maduro

O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, 61 anos, comanda um regime autocrático e sem garantias de liberdades fundamentais. Mantém, por exemplo, pessoas presas pelo que considera “crimes políticos”.

Ele confirmou sua candidatura em 16 de março. No poder desde 2013, o candidato busca seu 3º mandato consecutivo. Caso vença, ocupará o cargo por mais 6 anos, até 2030.

Há também restrições descritas em relatórios da OEA (sobre a “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral por uma Assembleia Nacional ilegítima) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (de outubro de 2022, de novembro de 2022 e de março de 2023).

Soube, há pouco, pela amiga Ana Maria, de Afogados da Ingazeira, da morte da minha prima segunda, Kátia Celine. Ela era filha de Gorete Fonseca, prima de primeiro grau, filha de Tio Coió, irmão do meu pai Gastão Cerquinha. 

Cacá, como ficou conhecida, era irmã da pentatleta Yane Marques. Com apenas 45 anos, ela foi vítima de um infarto fulminante ontem, em Bezerros, onde morava. Yane estava em sua companhia. Segundo Yane, Cacá amanheceu enjoada, começou a reclamar de mal-estar e foi levada ao hospital, onde chegou ainda com vida, mas acabou tendo um infarto e morrendo em seguida.

Seu corpo está sendo levado para Afogados da Ingazeira neste momento, para ser velado e sepultado. Psicóloga, Cacá era separada e deixa um filho de 14 anos. O pai de Yane e Cacá é o radialista Wanderlei Galdino, ex-rádio Pajeú, hoje na Afogados FM.

Por uma dessas coincidências da vida, Deus levou nesta Semana Santa dois jornalistas da geração de ouro do Diario de Pernambuco: na terça, Gladstone Vieira Belo, que começou como repórter policial e chegou à superintendência do jornal, numa primeira fase, e depois condômino. 

Hoje, quem fez a última viagem foi Zenaide Barbosa, editora-geral do DP por muitos anos, ambos na mesma faixa etária, próximos dos 80. Os conheci no início dos anos 80, quando comecei no Diario de Pernambuco como correspondente do jornal em Afogados da Ingazeira, minha terra natal. 

Que Deus os tenha!

Por Ricardo Andrade*

O Clube Militar realizará, neste domingo (31), um almoço de comemoração aos 60 anos do golpe de Estado, que depôs o então presidente João Goulart e instaurou um regime militar de 21 anos no país. A confraternização ocorrerá na sede da associação, no Rio de Janeiro.

Na ocasião, o general Maynard Marques de Santa Rosa fará um discurso em alusão ao ato, classificado no convite para o evento como “Movimento Democrático”. O Clube Militar é uma associação de caráter representativo, fundado em 1887, que abriga integrantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.

A orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é para que não haja, por parte do governo, manifestações ou eventos oficiais relacionados ao aniversário do golpe. Lula afirmou que “não quer remoer o passado”. Seria uma forma de ajudar no distensionamento das relações com Exército, Marinha e Aeronáutica.

Em contrapartida, o Planalto também espera o silêncio das Forças Armadas em relação à data – sem leitura da ordem do dia com referências ao dia 31 de março de 1964.

A atitude do governo foi questionada pelo Pacto pela Democracia – coalizão que reúne mais de 200 organizações da sociedade civil -, que cobrou a organização de atividades para relembrar o rompimento da democracia. Na verdade, como historiador e cidadão brasileiro, considero vergonhoso e profundamente lamentável a posição do Presidente Lula, que na prática, segue apostando na bipolaridade dos extremos (Lulismo x Bolsonarismo) enquanto continua pagando publicidade governamental, falando em União. 

Suas afirmações acerca da política e relações internacionais tem sido um verdadeiro fiasco, onde, finalmente, acertou numa, se reportando agora ao problemático caso das eleições venezuelanas, onde o ditador Maduro tentará mais uma reeleição. Mas como pode agora querer calar a voz daqueles que foram direta ou indiretamente vítimas do regime de exceção, da tortura, da Ditadura de 1964? 

Por acaso Lula pedirá também que se reescrevam os livros de História? Reabilitando os torturadores, os militares de alta patente, atores e coadjuvantes, cúmplices do regime de terror, do período mais sombrio de nosso século XX? Ou esquecerá que ele mesmo foi preso pelo regime, no período das greves do ABC Paulista? 

Fruto do próprio processo de redemocratização, Lula poderia até ficar calado, mas nunca proibir que algo tão marcante em nossa contemporaneidade fosse rememorado para que as antigas, sobretudo as novas gerações aprendam o valor da Democracia, que é universal e não relativa, como ele afirmou meses atrás. 

Uma vez golpista, sempre golpista. Parte dos militares e, sobretudo, os seus clubes não irão voltar atrás de suas convicções por essa atitude de Lula, José Múcio e cia. Pelo visto, Lula deve ter faltado a algumas aulas de História e, para ele, eu remeto uma pergunta: “o que é isso, companheiro?”

*Historiador, cientista político e presidente do Instituto Histórico, Geográfico, Arqueológico, Antropológico do Paulista (IHGAAP)

Por Maciel Melo* 

Meu prezado e querido Magno, 

A sexta-feira santa sempre, ou quase sempre, me leva a uma saudosa lembrança feliz. A uma infância onde rezar um terço inteiro ao redor de um santuário e cantar uma ladainha fechando os olhos, era vermos o interior de cada um de nós.

Já a sexta-feira santa de ontem foi a crucificação de uma humanidade que sangra, alastrando suas chagas pelas praças de guerra, onde a tirania e o ódio reinam em nome de uma religião qualquer.

Rogo a Deus misericórdia e faço uma cantilena para sonorizar o silêncio amargo daqueles que estão na míngua, soterrados nos escombros da mais valia. 

Toda maldade tem uma miserável fome de poder. Toda ganância tem o dom de sacrificar os inocentes e toda singeleza tem a força da divina onipotência. 

A sexta-feira santa é um dia para se refletir, se repensar, renascer e guardar as cinzas para quando um dia precisar nascer de novo.

Uma boa Semana Santa pra você, meu velho e querido amigo. Me perdoe a ausência física e receba meu abraço como sendo uma bela algazarra numa mesa redonda, ou quadrada, dependendo do bar, com uma roda de amigos boêmios, bons de papo e, principalmente: apreciadores de uma boa cachacinha!

Isso vale um abraço.

*Cantor e compositor

A Semana Santa celebra os últimos dias do filho de Deus até a ressurreição. Seu sangue derramado na cruz simboliza a vida. Ele morreu para nos salvar e nos dar a vida eterna. Fui criado em Afogados da Ingazeira sob a admoestação dessa fé passada pelos meus pais. Nos meus tempos de menino, a Semana Santa era um silêncio sepulcral em memória de Cristo. O Sertão virava uma Jerusalém em Domingo de Ramos.

Beata, mamãe baixava seus decretos invioláveis: nada de bebida, com exceção de um vinho moderado. Carne, nem pensar! Reza de joelhos, todos os dias, do Domingo de Ramos ao domingo da Páscoa. De tudo isso, entretanto, o que nunca esqueci foi o sacrifício da Quarta-feira de Trevas.

Ela e papai, este mais vigilante, decretavam a proibição do banho. Herdaram a crença dos seus avós sertanejos de que tomar banho na quarta de trevas era o passaporte para o corpo entrevar. Papai Gastão e mamãe Margarida formaram uma prole grande, nove filhos. Obedientes, a gente não lavava nem o sovaco, com medo de entrevar. 

Mas certa quarta-feira de trevas, atrevidos, sem que nossos pais soubessem, eu e Marcelo, meu irmão encangado, tomamos banho no Poço de Benedito, pertencente ao meu tio de mesmo nome, irmão do meu pai. 

Não é que o diabo atentou e quase morro num afogamento? Deus escreve certo por linhas tortas, repetia mamãe, que nunca tomou conhecimento desse fato. O poço de Benedito, no leito do Rio Pajeú, era fundo, rodeado de pedras. Desafiar as suas profundezas, só os bons nadadores, como o meu primo Marcos Porroia, que Deus já chamou, nossos amigos Beto e Luciano, de Miguel Jacó, hoje morando no Rio. 

A Semana Santa já não é mais a mesma. Virou referência comercial devido o alto consumo de peixe, vinho e ovos de chocolate, sem a consciência da necessidade de uma aproximação do Deus vivo em nossas vidas nos 365 dias do ano. Infelizmente, a maioria das pessoas encara a Semana Santa apenas como um feriadão e não como um tempo de paz e de reconciliação entre os irmãos, para juntos então comemorarmos, amanhã, domingo, a Páscoa da Ressurreição!