Lula diz que vai pressionar ministra da Saúde por redução de filas de cirurgias de quadril no SUS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, durante mensagem de Páscoa, que irá pressionar a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para reduzir a fila de espera por cirurgias de quadril no SUS (Sistema Único de Saúde). Lula destacou que mais de 40 mil pessoas aguardam pelo mesmo procedimento e ressaltou a importância de agilizar o atendimento. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o presidente expressou sua preocupação com a situação e afirmou que é inaceitável que as pessoas sofram com dores enquanto aguardam na fila. 

Além da questão das cirurgias de quadril, o petista aproveitou a oportunidade para abordar outros desafios enfrentados pelo Ministério da Saúde. A ministra Nísia Trindade tem sido alvo de críticas devido a falhas no combate à dengue e na gestão da crise dos Yanomami. A pressão sobre a titular da pasta aumentou após a divulgação de imagens que mostram a precariedade de alguns hospitais federais no Rio de Janeiro, onde pacientes chegam a esperar até uma década por cirurgias. As informações são da Jovem Pan.

Diante da situação crítica nos hospitais federais, Lula demonstrou preocupação publicamente — o que chegou a chatear a ministra — e anunciou medidas para tentar solucionar o problema. Após a exibição de uma reportagem no “Fantástico”, que mostrou a situação de abandono das unidades de saúde no Rio, Nísia realizou mudanças na equipe responsável pela Atenção Especializada à Saúde. O presidente cogita decretar estado de emergência nos hospitais fluminenses para garantir uma resposta rápida e eficaz à crise.

No vídeo, Lula compartilhou sua experiência pessoal com a cirurgia de quadril que realizou no ano passado e encorajou outras pessoas que enfrentam problemas semelhantes a buscar tratamento. O presidente destacou a importância de não adiar procedimentos médicos necessários e ressaltou que, em média, 20 mil cirurgias de quadril são realizadas pelo SUS anualmente. A expectativa é de que a pressão do presidente resulte em melhorias significativas no atendimento e na redução das filas de espera por cirurgias.

A 367ª Festa de Nossa Senhora dos Prazeres, popularmente conhecida como Festa da Pitomba, começa neste domingo (31), e se estenderá até o dia 8 de abril, com uma extensa programação religiosa e mais de 30 atrações musicais no Monte dos Guararapes, em Jaboatão.

A abertura oficial será marcada pela Procissão da Bandeira, a partir das 16h, saindo da Igreja Matriz de Santo Antônio dos Guararapes, em Prazeres, e seguindo pela Rua Almirante Dias Fernandes, Avenida Emiliano Ribeiro, Estrada da Batalha, Rua Maria do Carmo Cruz até chegar ao Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres, onde será realizada a Missa Campal, celebrada por Dom Paulo Jackson.

Logo após a Missa Campal, terá o show do Padre Joãozinho. Na próxima sexta-feira (5), Joanna se apresentará; no sábado (6), será a vez do Padre Damião Silva; e no domingo (7), o público poderá assistir à apresentação do Padre João Carlos.

O prefeito Mano Medeiros ressaltou a importância da Procissão da Bandeira como um momento de fé e tradição que marca o início da tão esperada Festa da Pitomba. “Essa celebração não só reforça os laços religiosos da comunidade, mas também fortalece a identidade cultural da região, reunindo pessoas de diversas origens em um momento de devoção e celebração.”

Por Inácio França e Giovanna Carneiro*

As fotografias produzidas por satélites são fundamentais para que os cientistas coletem dados precisos de qualquer ponto do planeta, para reduzir os danos de tragédias naturais e são fundamentais para entender os impactos globais das mudanças climáticas. O que não aparece nas imagens feitas do espaço, contudo, é o cotidiano das pessoas e comunidades que vivem nas regiões mais atingidas pelo clima extremo.

Distantes 71 quilômetros uma da outra, uma ponte que se tornou inútil no sertão de Pernambuco e uma lagoa seca transformada em descampado de terra vermelha no norte da Bahia passam batido nas fotos dos satélites. Esses dois locais ilustram como a vida das famílias de agricultores está ficando difícil em uma das regiões mais ameaçadas pela desertificação e pelo avanço da aridez no semiárido brasileiro.

Não que a vida no distrito de Brejo do Burgo, zona rural do município baiano de Glória, tenha sido fácil um dia. No entanto, até meados da década de 2010, a Lagoa do Brejo era um manancial praticamente perene, com água suficiente para o gado. Hoje, as carcaças dos bois e vacas que morrem de sede e fome nas redondezas estão espalhadas no terreno plano, de solo rachado.

Em alguns pontos do terreno plano da lagoa desaparecida, cresce uma erva de folhas de um verde intenso, evidência de que ainda há umidade e que existe água no subsolo. A planta rasteira que nasce ali é chamada pelos moradores como “fumo bravo”. E a presença dela indica que a Lagoa do Brejo é imprestável para a agricultura.

“Esse fumo dá em solo com muita salinidade. Fora isso, não nasce mais nada aí”. Quem dá a explicação é Jorge de Melo, de 65 anos, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Glória, que mora há algumas centenas de metros da lagoa, numa das agrovilas do projeto Jusante, um reassentamento de famílias que tiveram suas terras alagadas pelo lago artificial da Usina Hidroelétrica de Itaparica. Foi ele quem acompanhou a nossa equipe no norte da Bahia.

Melo aponta que as manchas brancas pontuam o solo vermelho, quase marrom, denunciando a grande concentração de sal, e conta que, durante o inverno, a Lagoa do Brejo recebia água de dois riachos, também completamente secos há anos. “Antes, tinha os meses de chuva, hoje quando chove é pouca coisa, quase nada. Só quem produz são os agricultores que receberam da Chesf lotes irrigados ou quem tem água dos poços”, explica o sindicalista. Ele conta que, depois de ser removido da terra que seria inundada em 1988, ficou 31 anos a espera do seu lote. Só em 2019 recebeu 20 hectares, mas o projeto de irrigação nunca saiu do papel, então teve de abrir um poço para poder produzir

O distrito de Brejo do Burgo está na borda da faixa de 5,7 mil Km² que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) identificam como a primeira porção do território brasileiro com clima árido. O meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), explica que “os estudos mais recentes constataram que áreas degradadas como essas em torno dos projetos de irrigação já contribuem para reduzir as nuvens de chuva na região”.

A ponte da BR-110

Na sala da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolândia, o entra e sai de associados é constante. Essa é a rotina na sede da entidade que representa 7 mil agricultores e agricultoras, a maioria reassentados. Enquanto o presidente Natanael Caetano da Silva, de 43 anos, atende o público, seu antecessor José Maurício Filho, de 73, vai explicando o que mudou na região desde 1999, quando Pernambuco sediou a COP-3 da Desertificação. “Só piorou”, resume Maurício.

Quando a Organização das Nações Unidas (ONU) ocupou os auditórios do Centro de Convenções de Olinda por mais de uma semana, a paisagem do riacho Barreiras, onde a Chesf implantara um projeto de irrigação, já tinha sido transformada pela erosão, com voçorocas e crateras ferindo a terra nua, sem vegetação, de cor alaranjada. Era um cenário parecido com Gilbués, no Piauí, só que em menor escala.

As voçorocas desapareceram. E, ao contrário do que parece, esse é um indicador de que o processo de desertificação se tornou mais intenso.

“Como o desmatamento aumentou, a terra ficou exposta, sem proteção. Aí, como de uns tempos pra cá só chove forte, temporal, a enxurrada vai arrastando a terra e acabou cobrindo os buracos que a erosão abriu no início. O leito do riacho quase não existe mais”, detalhou Maurício, um dos raros agricultores que continuam produzindo em meio a vários outros lotes abandonados pelos reassentados ao longo do século XXI.

É aqui que entra a ponte da BR-110, rodovia que, em Petrolândia, não é asfaltada e é mais conhecida como “Retão”, pois tem o traçado em linha reta que só acaba em Ibimirim, distante 77 quilômetros na direção nordeste.

Logo no início, o “Retão” passa sobre o riacho Barreiras. Quando ele estava cheio, era comum ver crianças e adultos dando mergulhos para tomar banho na água que corria cinco metros abaixo do vão da ponte. De tão assoreado que o riacho está, isso não existe mais. Hoje, a distância do solo para o vão é de, no máximo, 80 centímetros, mas em alguns pontos não passa de um palmo. Fomos até lá para entender melhor.

“A areia está solta, não tem raízes para segurar, então quando chove rio acima, a água das chuvas sai arrastando tudo. O riacho foi assoreando até chegar a essa situação que não tem mais leito, sem o caminho natural para a água passar. Então a água se espalha pelo solo raso, inundando e aterrando”, explica o agricultor. Os poucos agricultores do Riacho Barreiras sabem que há o risco da própria ponte e a estrada serem soterradas em poucos anos.

E isso tudo, a exemplo do que está acontecendo no reassentamento de Icó-Mandantes, no mesmo município, começou em razão do desmatamento e das técnicas inadequadas estabelecidas pela Chesf nos anos 1990.

*Jornalistas do Marco Zero

O Papa Francisco pediu um cessar-fogo imediato em Gaza e a libertação de todos os reféns israelenses em um discurso no domingo de Páscoa que marcou o dia mais importante do calendário cristão, lamentando o sofrimento causado pelas guerras.

O pontífice presidiu a missa em uma Praça de São Pedro lotada e enfeitada com flores e, em seguida, proferiu a bênção e a mensagem “Urbi et Orbi” (para a cidade e para o mundo) do balcão central da Basílica de São Pedro. As informações são da agência Reuters

Francisco, de 87 anos, tem estado com a saúde debilitada nas últimas semanas, o que o obrigou a limitar suas falas em público em várias ocasiões e a cancelar compromissos, como fez na Sexta-Feira Santa, faltando em cima da hora a uma procissão no Coliseu de Roma.

No entanto, ele participou de outros eventos da Semana Santa que antecederam a Páscoa e apareceu relativamente bem disposto neste domingo. A Páscoa celebra o dia em que os fiéis acreditam que Jesus ressuscitou dos mortos.

Após a missa, Francisco subiu em seu papamóvel aberto para saudar a multidão na praça e na avenida que liga a Basílica de São Pedro ao Rio Tibre. O Vaticano disse que cerca de 60.000 pessoas compareceram.

“Por que toda essa morte?”

Francisco tem lamentado repetidamente a morte e a destruição na guerra de Gaza e renovou seu apelo por um cessar-fogo no domingo.

“Apelo mais uma vez para que o acesso à ajuda humanitária seja assegurado em Gaza, e peço mais uma vez a pronta libertação dos reféns capturados no último dia 7 de outubro e um cessar-fogo imediato na Faixa”, disse ele em seu discurso Urbi et Orbi.

“Quanto sofrimento vemos nos olhos das crianças, as crianças se esqueceram de sorrir nessas zonas de guerra. Com seus olhos, as crianças nos perguntam: Por quê? Por que toda essa morte? Por que toda essa destruição? A guerra é sempre um absurdo e uma derrota”, acrescentou.

A mensagem de Páscoa do papa tradicionalmente se concentra em assuntos mundiais, e ele mencionou outros pontos de conflito, incluindo Ucrânia, Síria, Líbano, Armênia e Azerbaijão, Haiti, Mianmar, Sudão, as regiões do Sahel e do Chifre da África, Congo e Moçambique.

Um caminhão tombou no quilômetro 6, da BR-232, no Curado, Zona Oeste do Recife, às 22h deste sábado (30). Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), até o início da tarde deste domingo (31), uma faixa estava fechada e a equipe policial seguia acompanhando o destombamento do caminhão. 

A PRF aponta que o motorista que conduzia o caminhão estava sentindo dores no peito e precisou ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros para uma unidade de Saúde.

Por conta do acidente, um engarrafamento quilométrico está sendo registrado na BR-232.

Em um grande ato político, sob a coordenação da deputada estadual Débora Almeida, o ex-prefeito de Sanharó, Heraldo Oliveira, se filiou ao PSDB. O evento aconteceu neste sábado (30), em São Bento do Una, e contou com as presenças do presidente estadual da legenda, Fred Loyo, e de diversas lideranças políticas do Agreste, que também foram prestar apoio ao pré-candidato a prefeito de São Bento do Una, Zé de Almeida, pai de Débora. 

Heraldo Oliveira destacou que o PSDB se apresenta como a melhor opção para os municípios, para Pernambuco e para o Brasil. “Tenho recebido vários pedidos, como o da governadora Raquel Lyra, e o apoio desse grupo que aqui está para ser candidato a prefeito de Sanharó, mas essa decisão depende do povo de Sanharó e será tomada em um momento oportuno”, acrescentou Heraldo Oliveira, que deixou o PSB.

Os moradores da Rua Ouro Verde, no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife, não aguentam mais o descaso vivido na localidade. Sem pavimentação, a realidade enfrentada por eles, todos os dias, é de buracos na rua, mato alto, amontoado de lixo e encanações quebradas.

Em dia de chuva, a situação piora ainda mais, já que a água fica sem ter para onde escoar. Silvio Romero, 64 anos, procurou o blog para denunciar a situação. Segundo o morador, faz tempo que os populares procuram a Prefeitura do Recife e a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) para sanar os problemas.

No entanto, Silvio destaca que os moradores ficaram sabendo que a Rua do Ouro consta no sistema da PCR como calçada. “Eu moro aqui há dois anos, mas os moradores mais antigos, que solicitaram o calçamento da rua, afirmam que não foi possível porque na Prefeitura consta como calçada”, diz.

Além da falta de calçamento, Silvio Romero aponta que há vários canos da Compesa quebrados, ocasionando vazamentos de água na rua. 

O blog está buscando os posicionamentos da Prefeitura do Recife e da Compesa. A matéria será atualizada assim que tivermos as respostas.

O índice de eleitores que não veem chance da volta da ditadura ao Brasil é de 53%, o maior da série histórica iniciada há dez anos pelo Datafolha. Acreditam nessa possibilidade 20%, enquanto 22% acham que há um pouco de risco de retrocesso democrático.

Os achados estão na mais recente pesquisa do instituto, que ouviu 2.022 pessoas, em 147 cidades brasileiras, entre 19 e 20 de março. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. As informações são da Folha de São Paulo.

O golpe militar que ensejou pouco mais de duas décadas da mais recente ditadura brasileira completa 60 anos neste domingo (31).

O Datafolha fez a questão em sete pesquisas até aqui. Na anterior à atual, de agosto de 2022, 49% acreditavam na impossibilidade de uma nova ditadura, com 25% vendo pouco risco e os mesmos 20%, risco definitivo.

Naquele momento, ocorria a campanha eleitoral entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL), um capitão reformado do Exército apologista do regime militar de 1964, e Lula (PT), que acabou vencendo no segundo turno. A eleição foi marcada pelos ataques bolsonaristas ao sistema eleitoral.

Agora, investigações da Polícia Federal apontam para a existência de uma trama para manter Bolsonaro no poder após a derrota, que seria consumada durante os atos golpistas do 8 de janeiro de 2023. O cerco sobre o ex-presidente vem se fechando a cada revelação, no que ele afirma ser uma perseguição política.

O momento na série em que os brasileiros foram mais assertivos acerca do risco da volta da ditadura foi em outubro de 2018, quando Bolsonaro foi eleito presidente. Naquele momento, 31% disseram sim à questão, enquanto 42% descartavam a possibilidade e 19% viam pouco risco.

Questionados agora, aqueles 30% dos entrevistados que se dizem muito ou um pouco bolsonaristas acreditam mais numa volta da ditadura. Para 32%, o risco existe, enquanto 45% dizem que não. Outros 22% acham que há poucas chances.

Já os 41% de autodeclarados petistas ou simpatizantes são mais céticos: 59% não acreditam na volta do totalitarismo, 24% veem alguma chance e 13%, totais condições para tal.

Aqueles 21% de neutros da amostra vão na mesma linha, com 55% de descrentes no risco, 24% vendo alguma chance e 15%, nenhuma possibilidade.

Por Sérgio Fausto*

A nota em que o PT felicita Vladimir Putin pela sua vitoriosa reeleição à presidência da Rússia é uma das mais infames da história do partido. O texto é efusivo. Mostra contentamento com o “feito histórico”, ressalta o “expressivo resultado” e termina com “calorosas saudações”. Desconheceriam os dirigentes do PT as condições de coerção em que se realizaram as eleições russas, a brutalidade repressiva sobre a oposição, os assassinatos e prisões de opositores e jornalistas independentes? Esqueceram-se de que o partido nasceu na luta contra a ditadura militar no Brasil, quando muitos dos que viriam a criá-lo sofreram arbitrariedades semelhantes?

Infame do ponto de vista moral, a nota é politicamente inepta. O PT colhe simpatia e votos entre setores da sociedade civil engajados em causas que a Rússia criminaliza. A lei russa prevê pena de prisão para quem exibir símbolos do movimento LGBTQIA+. Para Putin, a igualdade de gêneros destrói os valores da família tradicional. A aliança entre o Kremlin e a Igreja Ortodoxa russa lembra os tempos do czarismo.

Além de afrontar parte significativa do eleitorado simpático ao partido, a infame nota afasta eleitores de centro que votaram em Lula nas eleições presidenciais passadas. Desconheceriam os dirigentes do PT que esses eleitores foram decisivos para que o atual presidente derrotasse Bolsonaro numa eleição decidida por margem ínfima de votos? Suporiam que o conjunto da obra do partido no apoio a ditaduras amigas não terá peso em eleições futuras? Não se dariam conta de que o apoio a Putin reforça a paranoia, fomentada pela extrema direita, de que o PT na verdade quer implantar o comunismo no País? Não importa que Putin seja hoje um ídolo da direita reacionária. No mundo da pós-verdade e das fake news, a Rússia continua a ser vermelha como a União Soviética.

A nota infame é mais um sintoma de um partido com a bússola moral e política avariada, incapaz de autocrítica, intelectualmente esterilizado, pronto a seguir e ecoar o que seu líder máximo disser. Vista dessa perspectiva, a nota não discrepa da linha dominante da política externa do atual governo, em especial quando o presidente Lula a manifesta de forma espontânea, à margem do cuidado profissional do Itamaraty.

Nem sempre foi assim. Para comprová-lo, basta visitar o site da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, que guarda uma longa série da revista Teoria e Debate. Entre os anos finais da década de 1980 e o início da década seguinte, intelectuais e dirigentes partidários discutiram as causas e possíveis consequências do fim do socialismo real com honestidade intelectual, sem medo do dissenso. Nas páginas da revista, não faltam críticas à “experiência socialista” na União Soviética e na China.

Ao nascer, em 1980, o PT introduziu uma nota dissonante e promissora no campo da esquerda brasileira. Tomou distância das pátrias-mães do socialismo real e ganhou maior autonomia de pensamento. Partiu em busca de um socialismo novo, que incorporasse a democracia e desse lugar a cooperativas e pequenas e médias propriedades privadas. A procura pelo novo tropeçou em muitos obstáculos. O partido não queria abdicar do socialismo e rejeitava assumir uma identidade social-democrata, por não aceitar reformas liberais que a social-democracia europeia passava a incorporar em sua agenda. Dilema difícil para um partido de esquerda, ainda em construção: como atualizar-se sem perder a identidade? O PT o resolveu apenas parcialmente. De todo modo, apesar do inconcluso debate sobre o socialismo, o partido abraçou a democracia representativa e ajudou a reerguê-la no Brasil em bases sociais e políticas mais inclusivas.

O dilema mal resolvido, porém, não desapareceu. Ressurgiu com uma visível atração pelo capitalismo de Estado na China e simpática ambivalência pela Rússia de Putin, países onde a democracia e os direitos humanos não têm vez. Detalhe menor diante do que realmente importaria: a contraposição ao imperialismo americano, a mesma justificativa para apoiar ditaduras amigas na América Latina.

Salta aos olhos a esquizofrenia entre o que o partido prega e pratica no Brasil e as posições que defende no âmbito internacional. Aqui, a força das instituições democráticas, em geral, e a lógica eleitoral, em particular, levaram o PT a moderar sua agenda. O partido abandonou na prática qualquer aspiração socialista, como ocorreu com todos os partidos social-democratas europeus, mas sem levar às últimas consequências a incorporação da democracia como valor universal. Interrompido o debate interno, velhas ideias autoritárias encontraram seu lugar na face externa do partido.

Fosse o PT irrelevante, a esquizofrenia seria um assunto interno do partido. Não sendo, o tema é de interesse nacional, sobretudo quando o partido tem a Presidência da República e influência na política externa do País. Esta deve ser realista, mas não pode ser antagônica aos princípios e valores que defendemos como nação democrática.

*Diretor-geral da Fundação FHC e membro do Gacint-USP

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) está prestes a julgar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por abuso de poder econômico, uso de caixa dois e utilização indevida de meios de comunicação social durante a pré-campanha eleitoral de 2022. A decisão pode resultar na cassação do mandato do senador, que enfrenta duas ações que questionam sua conduta durante a campanha. 

As ações em questão pedem não apenas a cassação do mandato de Moro, mas também a sua inelegibilidade por oito anos. Caso seja condenado, o senador ainda terá a possibilidade de recorrer da decisão ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O julgamento começa nesta segunda-feira (1º). As informações são da Jovem Pan.

A Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná emitiu um parecer favorável à cassação do senador em dezembro do ano passado, alegando que o uso excessivo de recursos financeiros comprometeu a lisura e a legitimidade do pleito eleitoral. O julgamento, que sofreu adiamentos, foi remarcado após a escolha de um novo jurista para a vaga deixada por Thiago Paiva. 

A defesa de Sergio Moro refuta as alegações, argumentando que não houve gastos excessivos e que as despesas realizadas em determinado período não deveriam ser consideradas, uma vez que o pré-candidato tinha aspirações políticas diferentes na época. A expectativa é de que o resultado do julgamento seja conhecido até o dia 8 de abril.