Eduardo Paes quebra silêncio e diz que errou ao indicar Chiquinho Brazão como secretário

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmou ter sido “um erro” escolher o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) para comandar a Secretaria Especial de Ação Comunitária, em outubro passado. O parlamentar foi preso no último domingo (24), sob suspeita de ter mandado matar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

“Foi um erro da minha parte colocar no governo uma pessoa que tinha suspeita no caso”, resumiu Paes, durante evento neste sábado (30). “Posso aqui ter todas as desculpas do mundo, foram seis anos [de investigação] e todo mundo já tinha sido acusado de tudo, mas errei. O mais importante quando se erra é consertar o erro.” As informações são da Carta Capital.

Esta é a primeira vez que o prefeito se manifesta publicamente sobre a prisão de Brazão. O deputado, seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão, e o ex-chefe da Polícia Civil fluminense Rivaldo Barbosa são acusados de encomendar a morte de Marielle ao ex-policial militar Ronnie Lessa.

A indicação de Chiquinho aconteceu em meio às negociações de Paes com o Republicanos por apoio nas eleições deste ano. “A gente entende que os quadros que tínhamos do Republicanos aqui não eram adequados. Queremos alianças, mas as alianças têm que ter um limite”, disse o prefeito.

Dois dias depois da prisão dos irmãos Brazão, Paes exonerou ao menos seis aliados do parlamentar que continuavam na gestão municipal. Entre os alvos da canetada está o ex-deputado Ricardo Abrãao, sobrinho do bicheiro Anísio Abrão David – ele havia substituído Chiquinho no comando da pasta.

A pesquisa Datafolha, publicada neste sábado (30), mostra que a maioria dos brasileiros desconsidera a data que marcou o início de 21 anos de ditadura militar no país, em 31 de março de 1964. De acordo com o instituto, 63% dos entrevistados desprezam a efeméride, enquanto 28% não veem motivo para comemoração. Outros 9% não souberam responder. A enquete foi feita entre os dias 19 e 20 de março.

Nesta pesquisa, o Datafolha aponta para uma mudança na opinião dos eleitores brasileiros em relação à questão feita em abril de 2019, quando registrou 36% dos entrevistados afirmando que a data deveria ser celebrada, ante 57% que sugeriam o desprezo e 7% que não sabiam opinar. As informações são do O GLOBO.

Quando analisado o ponto de vista de adesão política, a pesquisa mostra que 58% dos bolsonaristas autodeclarados dizem que a data deve ser desprezada, enquanto para 33% é preciso celebrar. Já no partido do ex-presidente, o PL, os índices caem para 51% e 39%, respectivamente.

Entre os petistas, 68% querem o desprezo à data do golpe e 26% o elogio ao 31 de março. Entre os que se declaram neutros na polarização, 60% defendem desprezar e 26%, celebrar.

Quando analisados os estratos socioeconômicos, a pesquisa destaca uma exceção entre os índices homogêneos: os 2% mais ricos da amostra, que ganham 10 salários mínimos ou mais por mês, são os que mais defendem o desprezo (80%) ante a celebração (20%).

O Datafolha entrevistou, em 147 cidades, 2.002 pessoas com 16 anos ou mais. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Jovens surdos que estudam na Escola Padre Maurílo Sampaio, no município de Santa Maria da Boa Vista, no Sertão pernambucano, estão com dificuldade para aprender as disciplinas, tudo porque não há intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) na unidade de ensino que é de responsabilidade do Governo de Pernambuco.

Em vídeo, usando a língua de sinais, os alunos apontam que, sem um intérprete, não conseguem aprender nada, de nenhuma disciplina. “Tento ter paciência, mas estou sofrendo com a falta de comunicação. Os professores falam, falam, mas sou surdo”, disse um dos estudantes.

Em áudio encaminhado ao blog, um munícipe reclama que a governadora Raquel Lyra não tem dado atenção aos pequenos municípios pernambucanos, como Santa Maria da Boa Vista. “A governadora só vai nas cidades grandes como Petrolina, Araripina, Serra Talhada, mas não vem olhar as situações precárias das cidades pequenas e de médio porte. Estamos sem um intérprete para os nossos jovens”, aponta.

Por Zé da Coruja 

É uma cena inimaginável, um gestor público devolvendo recursos ao erário estadual. Espantoso! Mas de onde vem essa gestora “sem noção”, ela vai desmontar a máquina administrativa do Estado brasileiro, não há rubrica que reconheça esse gesto tresloucado dessa senhora. Isso é uma atitude kafkaniana, vamos todos virar baratas?

Assim foi, assim contou o Sr. Maurício Pedrosa. A professora Gisa Simões foi prefeita duas vezes em Afogados da Ingazeira, a metrópole administrativa de minha terra, eu que sou do distrito de Irajai/Coruja, hoje subordinado a Iguaracy/Macaco, a terra do notável poeta Maciel Melo.

Gisa faleceu em setembro de 2013, deixando saudade e legado.

Em memória da professora Gisa Simões, que ocupou extraordinário espaço na vida pública do Pajeú, celebre-se a vitória das mulheres no seu exemplo de vida pública, em um Sertão ainda com traços patriarcais muito fortes.

O mundo jamais avançará sem quebras de  paradigmas: Elvys incendiou o mundo com um passo de dança, maravilhosa mistura do negro e do branco; os Beatles mudaram os cabelos, as roupas e o modo de ser de toda humanidade, até Moscou rendeu-se aos geniais meninos de Liverpool; o Dr. Fleming e a sua penicilina contribuiu imensamente para a qualidade de vida humana. 

A professora e prefeita Gisa Simões contribuiu com a humanidade no que ela tem de mais faltoso, de mais ausente, sobretudo na vida pública: A HONESTIDADE!!!

Cenas lamentáveis voltaram a fazer parte de um jogo de futebol em Pernambuco. Aos 29 minutos do segundo tempo da final entre Náutico e Sport, disputada nos Aflitos, torcedores do alvirrubro entraram em confronto com policiais militares.

A confusão ocorreu no setor onde estava a principal torcida organizada do Timbu e paralisou a partida por cinco minutos. O Náutico perdeu a partida por 2 a 0. As informações são do Globo Esporte.

Com a confusão, muitos torcedores se machucaram e precisaram ser atendidos dentro dos gramados. Alguns, com sangramentos. 

Vale destacar que, por medida de segurança, apenas torcedores do Náutico compareceram ao jogo de ida da decisão. Ao todo 13.603 pessoas estiveram presentes nos Aflitos.

Após a briga entre torcedores e policiais militares, uma pessoa ainda conseguiu invadir o gramado dos Aflitos, sendo retirada em seguida pelos seguranças. Porém, minutos depois, esse mesmo torcedor voltou a entrar em campo e paralisar a partida.

Por Fernando Castilho*

Zenaide Barbosa era Editora Geral do Diário de Pernambuco quando eu fazia meu penúltimo período de estágio, quando na noite do dia 12 de maio de 1978, a Polícia Federal estourou o Partido Comunista Revolucionário, liderado pelo estudante de Sociologia, Edival Nunes da Silva, o Cajá.

Selênio Homem de Siqueira, então editor de Vida Urbana, me pautou para ver a movimentação no campus da UFPE, onde ele também estava fazendo seu penúltimo período.

Eu tinha estudado com Cajá no Ginásio Pernambucano, onde chegamos a fazer um jornal do grêmio, já com textos que a direção do GP fazia questão de ler.

Na manhã do dia seguinte, as universidades estavam em polvorosa e a ideia de Selênio era dar um panorama da repercussão do estouro da célula comunista segundo a Polícia Federal.

Eu passei a tarde no Campus e, depois de ouvir uma tempestade de discursos, estava indo pegar a Kombi do DP, quando vi que um aluno estava fixando um cartaz com a frase: Cajá está sendo torturado e você ainda vai à aula? 

Junto com o fotógrafo ajustamos o cartaz numa das paredes do prédio dos Institutos Básicos. Na redação, o editor da primeira página, Jodeval Duarte, deu um pulo da cadeira quando viu a foto. “Vai para a capa”, disse exultante. No dia seguinte, todos os campus das universidades pararam com a capa do DP. A frase virou tema de vários estudos sobre os últimos dias da ditadura com as mais diversas abordagens.

O então superintendente da PF, Antônio Hann, quase teve um infarto ao ler o jornal, então líder absoluto no Nordeste. 

No começo da tarde, cheguei na Redação me achando o estagiário mais importante do jornalismo brasileiro, até ouvir o contínuo aviso: “Dona Zenaide quer falar com você”.

Ela não deixou eu entrar na sala e disse: “Vamos ali na Polícia Federal que o Antônio Hann quer falar comigo e com você”. Sem entender nada e sem ter coragem de perguntar, fui.

O policial, que era gaúcho, nos recebeu com cortesia, mas foi duro na cobrança e, mais ainda, em relação a foto. Iniciou-se uma discussão semântica sobre alguns trechos da matéria com Hann, dizendo que uma das coisas que havia feito foi dizer expressamente que ninguém encostasse um dedo em Cajá. 

Cajá fazia parte do grupo de auxiliares de Dom Helder Câmara, que não gostou nenhum pouco de saber que parte da biblioteca do PCB estava nas dependências do prédio que hoje abriga um dos acessos ao Shopping Boa Vista.

Zenaide não admitiu nenhum erro de apuração sobre a matéria. E depois de quase uma hora, Hann despediu-se dizendo de sua preocupação, mas reconhecendo que não havia conseguido fazer prevalecer seu ponto de vista sobre a cobertura do DP. Saí do prédio da PF, no bairro do Recife, sem entender nada e sem ter dado uma palavra na discussão dos dois.

De volta ao DP, ela fechou a porta com a chave e desabafou: “Seu merda. Como é que você faz uma matéria bosta dessa, cheia de erros de apuração e ainda produzindo a foto e me obriga a desenvolver uma tese para justificar seus erros?”

Sem entender nada, eu vi naquela hora a ficha cair sobre a importância de uma apuração nesse tipo de matéria. E já na porta de sua sala, perguntei se continuava na empresa.

Ela disse: “O que? Volte para a cobertura e diga a Selênio Homem para assinar suas matérias. E vê se não faz outra merda, seu bosta”. Ninguém na redação soube desse esporro e eu terminei toda a cobertura admirando a coragem de Zenaide num período tão sério como naqueles anos.

Anos mais tarde, perguntei a ela por que tinha tido aquele comportamento.

Ela me olhou e disse: “Fernando, se eu tivesse aberto, o Hann iria ficar pautando a cobertura. E ele entendeu isso.”

Foi quando eu tive a chance de agradecer a coragem daquela mulher, num tempo que dezenas de editores homens amarelaram. E eu só estou contando essa história porque pedi a ela para revelar o fato anos depois.

A vida colocou Zenaide Barbosa no início de minha carreira e hoje, quando ela já não está mais entre nós, eu me sinto à vontade para revelar seus gestos de coragem cívica e profissional.  

Descanse em paz, Zena. Foi muito bom começar a carreira sob sua proteção.

*Colunista de economia do Jornal do Commercio, estagiou no Diário de Pernambuco sob supervisão de Zenaide Barbosa, em 1979. Ele voltou ao jornal por duas vezes, de onde saiu em 1998 para assinar a coluna JC Negócios, onde permanece.

O embaixador da Venezuela no Brasil, Manuel Vadell, pediu uma reunião com o diplomata Celso Amorim, assessor de relações internacionais do governo Lula, para discutir as críticas do Planalto e do Itamaraty à ditadura chavista, depois que Caracas impediu a inscrição da candidatura da opositora Corina Yoris à presidência, no dia 25.

Corina foi indicada por María Corina Machado, a principal líder opositora da atualidade, para disputar as eleições de 28 de julho, depois de o regime ter barrado Machado de disputar as eleições por 15 anos. No ano passado, Maduro tinha se comprometido no chamado Acordo de Barbados, mediado pela Noruega e apoiado por Brasil, União Europeia e Estados Unidos, a realizar eleições livres e justas, com participação da oposição. As informações são do Estadão.

O combinado, no entanto, não foi cumprido. Após a força demonstrada por María Corina nas primárias da oposição em dezembro, Maduro ampliou a repressão, prendendo opositores e dissidentes venezuelanos, além de inabilitar a rival e impedir a candidatura de sua sucessora.

Na quinta-feira (28), ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, Lula disse que o veto à inscrição de Corina Yoris é grave. “Me parece que ela se dirigiu ao local, tentou usar o computador e não conseguiu entrar. Então causou prejuízo a uma candidata que por coincidência leva o mesmo nome da que havia sido proibida. Não tem explicação política e jurídica você proibir um adversário de ser candidato”, disse.

No Itamaraty, a avaliação é a de que apesar do tom duro dos comunicados ainda há espaço para diálogo. Em Caracas, a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira tem mantido canais abertos com autoridades chavistas.

Agora, a expectativa é que o mesmo aconteça em Brasília com Vadell e Amorim, o principal emissário de Lula para a crise venezuelana. A reunião ainda não tem data marcada.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a pré-candidatura de Guilherme Boulos (Psol-SP) para a Prefeitura de São Paulo foi “enterrada”. Ele deu a declaração depois que o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) publicou na sexta-feira (29) uma montagem em que Jesus Cristo aparece crucificado com a frase “bandido bom é bandido morto”.

“Obrigado, MTST. Acabaram de enterrar a candidatura de Boulos”, disse Nikolas em seu perfil no X. As informações são do Poder360.

Boulos é filiado ao movimento e já foi um dos líderes do MTST. O post foi criticado por políticos e influenciadores mais alinhados à direita. Para alguns da esquerda, a postagem foi vista como uma crítica social que lembra ações policiais recentes e frases frequentemente ditas por nomes de ideologia oposta.

O último levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado em 19 de março, mostrou que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), venceria Boulos no 2º turno das eleições municipais na capital. Num cenário de disputa direta entre os dois políticos, Nunes levaria o pleito com 46%. Boulos teria 39,1%.

Seis anos depois de restringir o foro especial para autoridades, o Supremo Tribunal Federal (STF) está a um voto de mudar o atual entendimento e ampliar as hipóteses nas quais um político tem seus processos analisados pela Corte. A questão começou a ser discutida ontem, de forma simultânea em dois julgamentos distintos, no plenário virtual, mas tiveram suas votações interrompidas a pedido do presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso. Mesmo assim, parlamentares de oposição articulam uma reação para tentar esvaziar o poder dos magistrados e avançar com uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o chamado foro privilegiado.

O relator nos dois casos é o ministro Gilmar Mendes, que defende manter na Corte processos de autoridades com foro por prerrogativa de função mesmo após o fim de seus mandatos. Segundo seu voto, os casos só seriam analisados em instâncias inferiores quando o crime for praticado antes de assumir o cargo público. Na prática, a intenção é acabar com o chamado “elevador processual”. As informações são do O GLOBO.

O entendimento apresentado por Gilmar poderia ser aplicado, por exemplo, em processos como os que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve pedidos de investigação relacionados à sua atuação no cargo remetidos à Justiça Federal na primeira instância após o fim do mandato. O mesmo já havia ocorrido com seu antecessor, Michel Temer, que passou a ser alvo de investigação na primeira instância após deixar a Presidência.

“A saída do cargo somente afasta o foro privativo em casos de crimes praticados antes da investidura no cargo ou, ainda, dos que não possuam relação com o seu exercício”, diz Gilmar em seu voto.

Regra ampla

Caso seja esse o entendimento do STF, a mesma regra deverá ser seguida nas ações de autoridades com foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ), como governadores, e nos tribunais de segunda instância, caso de deputados estaduais.

Em um dos casos concretos discutidos pela Corte, os ministros avaliam se cabe ao tribunal a análise de um inquérito que investiga a ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES) por atos cometidos durante seu mandato ou se o processo deve ser remetido à primeira instância por ela não ter sido reeleita. O entendimento de Gilmar, de que a Corte deve, sim, julgar a ex-parlamentar, foi seguido pelos ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

No outro caso, os ministros discutem um habeas corpus apresentado pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), que pede para levar ao STF uma ação penal que responde na Justiça Federal do Distrito Federal por um suposto esquema de rachadinha em seu gabinete quando era deputado federal. A defesa do parlamentar argumenta que não há razão de o processo ser analisado na primeira instância, uma vez que desde 2007 ele exerce cargos com foro privilegiado. Além de Gilmar, Zanin também votou para que o caso seja julgado na Corte.

O entendimento atual do Supremo definido há seis anos, em 2018 restringe o foro somente a casos de deputados e senadores que tenham cometido crimes durante o mandato e relacionados ao exercício do cargo. Antes, qualquer inquérito ou ação penal contra parlamentares, mesmo anteriores ao mandato, eram transferidas para o tribunal.

Único ministro a tornar público seu voto, além de Gilmar, Zanin entende que a competência do julgamento é fixada quando o crime é cometido, mesmo que a pessoa já não esteja mais no cargo no momento da análise do caso.

Em seu voto, Zanin ainda pontua que ao manter o julgamento na mesma instância gera estabilidade ao processo e “previne manipulações e manobras” que podem ocorrer pela própria autoridade, como, por exemplo, uma renúncia ao mandato. Neste caso, a “manobra” citada pelo ministro seria a mudança do magistrado que irá analisar o caso. Por isso, avalia que uma “regra objetiva” pode ajudar a evitar nulidades.

“A tese proposta rechaça modificações contínuas de competência que não contribuem para os legítimos escopos da persecução criminal e podem até mesmo caracterizar ‘usurpação da democracia constitucional do povo brasileiro’”, diz Zanin.

Agora, Barroso tem até 90 dias para devolver o processo, fazendo assim com que o julgamento seja retomado — no próprio plenário virtual.

A retomada da discussão ocorre no momento em que o Supremo é alvo de questionamentos por avocar casos como o dos réus pelos atos do 8 de janeiro e do assassinato da vereadora Marielle Franco. No primeiro, a Corte tem levado a julgamento ações de pessoas sem mandato acusadas de tentativa de golpe porque a investigação envolve também parlamentares, esses, sim, com prerrogativa de foro.

Já a investigação sobre a morte de Marielle e do motorista Anderson Torres foi remetida ao STF após o ex-policial militar Ronnie Lessa, executor dos assassinatos, apontar o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) como mandante. Quando o crime foi cometido, há seis anos, Brazão era vereador do Rio de Janeiro, e não tinha foro na Corte.

PEC na Câmara

A possibilidade de o STF ampliar o alcance do foro privilegiado foi criticada por parlamentares da oposição, que defendem a aprovação de uma PEC para limitar a prerrogativa apenas a cinco pessoas: o presidente da República, ao vice-presidente e aos chefes da Câmara, do Senado e da própria Corte.

A PEC já foi aprovada no Senado em 2017 e por uma comissão especial da Câmara no ano seguinte. Desde então, porém, não avançou mais.

O deputado Sanderson (PL-RS), que pediu em fevereiro a inclusão da PEC no plenário da Câmara, diz que o STF “age na contramão das tendências sociais e internacionais”. Segundo o texto, 55 mil autoridades têm direito ao foro e, portanto, só podem ser julgadas pelas instâncias superiores da Justiça.

“O STF age no sentido contrário à tendência mundial, que é consistente em não dar prerrogativa especial a quem quer que seja, independente de serem os autores ou réus deputados, senadores ou presidentes. Numa República sadia, onde todos são iguais perante a lei, não há mais espaço para privilégio de foro”, afirmou Sanderson. “A impressão que eu tenho é que a Suprema Corte brasileira quer manter os parlamentares federais sob sua jurisdição”, complementa

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela devolução de seu passaporte, impedindo sua viagem para visitar Israel, entre 12 e 18 de maio, a convite do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. A decisão, divulgada ontem (29), teve o aval do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

O passaporte de Bolsonaro foi apreendido por ordem de Moraes, durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga a suposta trama golpista no alto escalão do governo do ex-presidente. E concluiu pela manutenção da medida cautelar, por considerá-la necessária e adequada. As informações são do Diário do Poder.

“As diligências estão em curso, razão pela qual é absolutamente prematuro remover a restrição imposta ao investigado, conforme, anteriormente, por mim decidido em situações absolutamente análogas”, justificou Moraes.

“Não se tem notícia de evento que torne superável a decisão que determinou a retenção do passaporte do requerente. A medida em questão se prende justamente a prevenir que o sujeito à providência saia do país, ante o perigo para o desenvolvimento das investigações criminais e eventual aplicação da lei penal. Os pressupostos da medida continuam justificados no caso”, diz um trecho do parecer do chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR), Paulo Gonet.

Bolsonaro recebeu convite oficial de Netanyahu para visitar Israel, em companhia de sua família, na mesma semana em que o jornal The New York Times revelou imagens dos momentos em que Bolsonaro permaneceu hospedado na Embaixada da Hungria, em Brasília, entre 12 e 14 de fevereiro, poucos dias depois de ter tido o passaporte apreendido.

A movimentação foi tratada por opositores do ex-presidente como uma manobra para fugir do alcance de um eventual pedido de prisão, porque a área da embaixada é considerada inviolável pelas autoridades brasileiras.