Meus pais, que vieram do Sertão e nele me deram a vida, me ensinaram que não é polido perguntar às pessoas sobre sua idade. Em aniversários, comemore a vida, não o tempo que viveu ou está vivendo. Rubens Alves, meu pensador e cronista preferido, me ensinou que a pergunta correta a ser feita, especialmente num aniversário, não é quantos anos se está fazendo, mas quantos estão se desfazendo.
Bom mesmo, em qualquer data que seja, é brindar à vida, porque, como disse Ariano Suassuna, a tarefa de viver é dura, mas fascinante. Quando se comemora a vida, ela se encolhe ou se expande em proporção à nossa coragem. Nunca imaginei que viesse a ser um homem público, conhecido e reconhecido por noticiar fatos, escrever coisas que emocionam, que abrem as janelas da inteligência.
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Não sou poeta, mas gosto de suavizar o que escrevo, como se estivesse jogando rosas num canteiro. Ouço muito por aí que trabalho muito, que só tenho tempo para escrever notícias. Pode ser. Minha Nayla, vez por outra, diz isso também. É porque tudo que faço é sem medida, abraço meu ofício com paixão, porque meu pai me ensinou que o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante.
Quando escrevo, transmito o que aprendi na leitura. Em aniversários, é obrigatório fazer textos que divagam sobre a vida. Clarice Lispector, uma das minhas leituras preferidas, escreveu que não queria ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível de fazer sentido. “Eu não: quero uma verdade inventada”, proclamou, poeticamente.
A vida se apresenta para os que têm a coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos. É preciso viver cada minuto porque ali encontramos a saída das nossas confusões, a alegria de nossos bons momentos, a pista correta para a decisão que iremos tomar, escreveu Paulo Coelho. E deixou essa bela lição: “Nunca podemos deixar que cada dia pareça igual ao anterior, porque todos os dias são diferentes, porque estamos em constante processo de mudança”.
Uma vida não basta ser bem vivida, ela precisa ser sonhada. Eu vivo de sonhos e projetos. Por isso, nunca paro, nunca canso. Se você pensar muito no dia de ontem, perderá a maior parte do dia de hoje. E eu não gosto de perder nenhum minuto de um dia, até pelo tudo que já passei nessa vida. Li, não sei onde, que a vida é de dentro para fora. Quando se muda por dentro, a vida nos muda por fora.
Por que trabalho tanto e não me canso? Porque coisas boas acontecem para aqueles que esperam, enquanto as coisas ainda melhores acontecem para aqueles que, como eu, se levantam cedo e correm atrás daquilo que querem. Trabalho muito, é verdade, mas desfruto do amor que a vida me oferece todos os dias e ignoro os pensamentos pessimistas. Isso é o meu jeito de ser feliz.
Encaro a vida como um canteiro de oportunidades e quando erro o caminho, recomeço. Minha vida não é perfeita, mas quando descubro minha felicidade, descubro que ser feliz não é ter uma vida perfeita. É usar as lágrimas para irrigar a tolerância, às perdas para refinar a paciência, as falhas para lapidar o prazer, os obstáculos para abrir janelas.
Sou feliz ainda porque me inspiro em Cora Coralina, que me ensinou a ver a vida assim: “Positiva e negativa. O passado foi duro, mas deixou o seu legado. Saber viver é a grande sabedoria que eu possa dignificar. Aceitar suas limitações é me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes, aceitei contradições, lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo. Aprendi a viver”.
Se achou lindo, acrescento um pouquinho do poetinha Vinicius de Moraes: “Quem já passou por esta vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos do que eu, porque a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu”.
E encerro com Mário Quintana: “A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… Quando se vê, já é sexta-feira… Quando se vê, passaram 60 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio, seguia sempre em frente… E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas”.
Viva! A vida é bela!
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