Sem alternativa de uma militância histórica do seu perfil de esquerda, o ex-governador Miguel Arraes teve que se abraçar com a candidatura do ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, na disputa presidencial de 2002. Na condição de presidente nacional do PSB, varreu o País pedindo votos para eleger o aliado de ocasião.
Com relações estremecidas com o PT, Arraes só apoiou a candidatura de Lula no segundo turno, na qual foi eleito derrotando o ex-ministro José Serra, que ganhou a preferência interna no PSDB ante o ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati. Após três tentativas frustradas, Luiz Inácio Lula da Silva bateu Serra no segundo turno, obtendo 53 milhões de votos.
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Durante a campanha de primeiro turno, Arraes foi ao Rio participar de um comício de Garotinho na Cinelândia, no centro. O palanque estava superlotado. Além de militantes, políticos, seguranças, candidatos e jornalistas, havia toneladas de equipamentos de som sobre o palco, formado por tábuas de madeira.
Logo após a fala de Garotinho, antecedida pela de Arraes, extremamente festejado, o palanque, com cerca de 150 pessoas, desabou, ferindo muita gente. Entre os machucados, Garotinho, com suspeita de fratura em uma das pernas. Rosinha, sua esposa, desmaiou após bater a cabeça. Na queda, o rosto dela bateu na estrutura de ferro do palanque, que tinha cerca de dois metros de altura.
Rosinha foi retirada do palanque desacordada. Garotinho saiu carregado por militantes. Os dois foram levados para a Câmara de Vereadores, onde receberam os primeiros socorros. Minutos depois, Garotinho saiu por uma porta lateral e foi levado para o hospital. Testemunhas contaram que ele gritava de dor. O coronel Paulo Gomes, ex-secretário estadual de Defesa Civil, disse que a queda ocorreu por causa de uma concentração de pessoas em volta de Garotinho e Rosinha.
Arraes havia ido ao comício na companhia de Dilton da Conti, então candidato a governador de Pernambuco, e do ex-vereador João Arrais, candidato ao Senado, ambos pelo PSB. Na queda, Dilton sofreu um trauma no quadril, João Arrais arranhou a mão e Miguel Arraes teve apenas um leve corte no rosto.
Depois do susto, perguntaram a Arraes como ele havia escapado de qualquer tipo de lesão. Mais uma vez, o velho mito recorreu a uma pitada bem-humorada.
“Usei o cachimbo para me segurar”, disse, dando em seguida uma gostosa gargalhada para distensionar o ambiente.
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