Blog larga 2023 com mais acessos em relação ao mesmo período de 22

Líder no Nordeste, este blog começa 2023 com um start em visualizações superando 2022, quando já bateu outro recorde: 17 milhões de acessos em todo o ano. Pelo quadro, o número de leitores que buscou informações no primeiro mês deste ano é maior em comparação ao mesmo período do ano passado.

O blog saiu de 1.402.880 de visualizações/mês para 1.472.824/mês, um crescimento de quase 70 mil visitantes, marca extremamente positiva em se tratando de um ano não eleitoral para um blog especializado no noticiário político.

E também por ser um blog sem link em portais como isca, como acontece com alguns concorrentes na região. Quem acessa o Blog do Magno, quando não conhece, recorre apenas ao Google como via de acesso e não por portais ancorados.

Se a média de crescimento em 2023 se der nessa variante de janeiro, a tendência do blog, segundo nosso suporte técnico em São Paulo, é de superar a marca de mais de 17 milhões de visualizações de 2022.

A Marinha afundou no final da tarde desta sexta-feira (3) o porta-aviões desativado São Paulo, que estava navegando há meses no mar depois de ser proibido de entrar no Brasil e no exterior.

“O procedimento foi conduzido com as necessárias competência técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro”, afirma a força naval, por meio de nota.

Nesta sexta, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) liberou que a Marinha afundasse o porta-aviões, rejeitando um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que via grave risco ambiental na decisão. As informações são do portal G1/PE.

Três buracos no casco da embarcação fizeram com que o navio se enchesse de água, o que tornou o afundamento inevitável, segundo uma inspeção realizada pela Marinha do Brasil.

De acordo com o documento, se nada fosse feito, o porta-aviões iria afundar de forma descontrolada até meados de fevereiro.

Risco de dano ambiental

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) avaliou que o afundamento do navio pode provocar os seguintes danos ambientais:

A liberação de materiais poluentes contidos na estrutura pode causar distúrbio na capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos;

O impacto físico sobre o fundo do oceano pode provocar a morte de espécies e a deterioração de ecossistemas;

Emissão de gases (CFCs e HCFCs) usados no isolamento de salas contribuem, a partir da corrosão das paredes, para a degradação da camada de ozônio;

A carcaça pode atrair espécies invasoras prejudiciais para a biodiversidade nativa;

Microplásticos e metais pesados presentes em tintas da embarcação podem se tornar protagonistas de bioacumulação indesejável em organismos aquáticos.

Por causa disso, o Ibama pediu à Marinha informações para estudar alternativas de redução dos danos ambientais. O órgão ambiental também queria mapear a área de fundo do oceano onde o navio seria afundado.

Segundo o MPF, a sucata da embarcação tem 9,6 toneladas de amianto, substância que tem potencial tóxico e cancerígeno. O casco também conta com 644 toneladas de tintas e outros materiais perigosos.

De acordo com o Ibama, o navio não transportava carga tóxica, mas os materiais perigosos fazem parte “indissociável” de sua estrutura.

Um desses materiais é o amianto, uma fibra mineral considerada tóxica. Atualmente proibida em mais de 60 países, o amianto era utilizado em diversos segmentos industriais.

Desde 2017, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu totalmente o uso do amianto no Brasil.

A Marinha só assumiu a gestão do porta-aviões depois que a MSK, companhia que o transportou entre o Brasil e a Europa, ameaçou abandonar o casco no meio do oceano.

Área do afundamento

Na nota divulgada pela Marinha do Brasil, há a confirmação de que o antigo porta-aviões São Paulo foi naufragado em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), a 350 quilômetros costa brasileira e com profundidade aproximada de 5 mil metros.

O documento diz ainda que a área “foi selecionada com base em estudos conduzidos pelo Centro de Hidrografia da Marinha e Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira”.

“As análises consideraram aspectos relativos à segurança da navegação e ao meio ambiente, com especial atenção para a mitigação de impactos à saúde pública, atividades de pesca e ecossistemas”, diz o texto da Marinha.

Segundo a Marinha, esse local foi escolhido por cinco motivos:

  1. Localização dentro da área da Zona Econômica Exclusiva do Brasil;
  2. Localização fora de Áreas de Proteção Ambiental;
  3. Área livre de interferências com cabos submarinos documentados;
  4. Área sem interferência de projetos de obras sobre águas (ex: parques eólicos);
  5. Área com profundidades maiores que 3 mil metros.

Especialistas disseram ao g1 que o porta-aviões poderia ser afundado com o uso de explosivos. Procurada. A Marinha não detalhou a operação.

Por Marcelo Tognozzi*

Quando eu era moleque havia 3 glórias na minha vida. O leite Glória, a Igreja da Glória e a Glória Maria. Ela poderia ter sido mais uma Maria da Glória, mas nasceu Glória Maria. Glória vinha antes da Maria como uma sina, um sinal dos orixás que abençoaram a menina nascida naquela 2ª feira (15.ago.1949), na Vila Isabel, bairro com nome de princesa, escolhida para ser gloriosa.

Os deuses traçaram para ela destino nobre: ser uma grande contadora de histórias, alguém capaz de entrar nas nossas casas pela tela da TV, encantar, arrebatar nossa atenção pelo entusiasmo, a riqueza de detalhes e a originalidade. Histórias humanas, de sentimentos, sofrimentos, alegrias, pobrezas e riquezas, de experiências e espiritualidades. Tudo isso era Glória Maria.

A inteligência, beleza, suavidade e determinação fizeram dela a primeira profissional brasileira do jornalismo de espetáculo. Nada a ver com os espetáculos grotescos do jornalismo marrom, das tragédias de sangue e lágrimas combustíveis da audiência do vale tudo.

Glória Maria não tinha nada disso. Era uma sofisticação. Trazia para dentro das nossas casas o bom astral, nos fazia pensar mostrando tragédias humanas, sonhar ao falar de amor e dos prazeres da vida. Fez um jornalismo de princípios, dos quais nunca abriu mão. Um deles era a discrição com que tratava sua vida pessoal.

Nos ensinou a diferença entre celebridade pessoal e celebridade profissional. Sua vida privada não devia virar notícia, não misturava. Com seu talento acima da média, ela soube transformar notícia em entretenimento, dando o 1º passo para o que seria a grande transformação do jornalismo da era pós-internet, a sociedade do espetáculo com seus encantamentos e desencantos definida pelo escritor Mário Vargas Llosa.

Passei minha adolescência convivendo com Glória Maria pela tela da TV da sala do nosso apartamento na rua Barão de Jaguaribe, em Ipanema. Bela como uma princesa iorubá, era capaz de hipnotizar famílias inteiras. Glória cobrindo a tragédia do elevado Paulo de Frontin, viaduto que desabou nos anos 1970 e hoje liga o Túnel Rebouças à Zona Norte do Rio. Glória subindo o morro, cobrindo as chuvas torrenciais do Rio. Já repórter, cobri com ela o 1º Rock in Rio, em 1985. Assisti de longe a entrevista que ela fez com Freddie Mercury na varanda do Copacabana Palace. Vi o quanto era admirada e cortejada na festa do Rock in Rio da boate Hipopotamus.

Junto com Glória Maria está indo embora a era de ouro do nosso jornalismo, quando para ser repórter, sem celular nem internet, a gente tinha de ter coragem, dedicação e disposição para ir à luta. Não podia ter tempo ruim. Havia uma obsessão pela checagem de informação, a precisão. Ela veio da mesma cepa da Sandra Moreyra, um talento, papo incrível, faro incomum pela notícia, mas ao mesmo tempo capaz de fazer numerologia no meio de um plantão na porta da delegacia da Barra da Tijuca. Grande Sandra. Nunca esqueci que a redução do meu aniversário é 10, minha amiga.

O câncer não perdoa, não faz distinção de raça, cor ou credo. Levou Sandra, nossa Cristiana Lobo, o Serginho Amaral, vai levando assim, de cambulhada, a galope como poetou Carlos Drummond de Andrade. Mas há cânceres e cânceres.

Um deles é antigo, um câncer social. Glória Maria, com toda sua realeza foi alvejada por um destes, impedida por um gerente cretino de entrar pela porta da frente de um hotel. Doente deste câncer social, quis barrar a cor, a negritude contagiante de Glória, disse que negro não podia entrar por ali. Ela contou no “Roda Viva”. Processou o imbecil e a Lei Afonso Arinos foi aplicada.

Quase 70 anos antes, Pixinguinha e os 8 Batutas sofreram a mesma discriminação, por um porteiro do Copacabana Palace contaminado pelo câncer do racismo. Convidados para uma apresentação no hotel, tiveram de entrar pela porta dos fundos. Quando o gerente soube, armou um banzé. O porteiro pediu desculpas, chorou, o gerente quis demiti-lo, Pixinguinha não deixou: “Lamento que você pense assim sobre os negros. Só lamento”.

O maestro, xodó dos orixás, transformou aquela dor em inspiração compondo “Lamentos”, um dos seus choros mais lindos. Me lembro da última imagem que vi do Pixinguinha, morto –ou quase morto, não sei– depois de passar mal na Igreja Nossa Senhora da Paz no verão de 1973. Eu menino, de bicicleta, olhando aquele homem grande sobrando na maca, os pés pra fora, sendo levado para a ambulância.

Glória Maria, tão intima das famílias brasileiras, tão próxima, admirada e querida, me dá uma certeza: quando aparecia no vídeo com suas histórias do “Fantástico Show da Vida”, a última coisa que alguém iria se lembrar era da sua cor. Glória chegava encantando com uma história do mundo, um bom exemplo, uma aurora boreal, uma travessia entre 2 balões a 1.500 metros de altura, um Michael Jackson, um Mick Jagger, uma Madonna ou um presidente dos Estados Unidos. Uma alma sem limites.

Em 2 de fevereiro Iemanjá veio buscar sua filha contadora de histórias. Levou Glória Maria nos braços, flutuando entre bênçãos, procissões de barcos, atabaques, cânticos e marés em meio às comemorações do seu dia. A princesa iorubá, menestrel do jornalismo espetáculo, batizada Glória antes de Maria, voltou para o reino da luz, levando seu brilho para a eternidade.

*Jornalista

O ministro do STF Alexandre de Moraes (foto) recuou em sua decisão de multar veículos de imprensa no caso Marcos do Val (Podemos) nesta sexta-feira (3).

Moraes abriu investigação nesta sexta contra o senador para esclarecer a sua denúncia desta semana, na qual ele afirma que participou de reunião com Jair Bolsonaro (PL) e Daniel Silveira (PTB) em novembro e que, nela, o então deputado detalhou um plano para prender o ministro. As informações são do O Antagonista.

Na decisão original, Moraes previa multa diária de 100 mil reais para coagir a revista Veja, a CNN e a Globo News a entregarem, em até cinco dias, os registros de entrevistas com Do Val sobre a denúncia, na íntegra.

O ministro recuou minutos depois, retirando a multa e determinando que os veículos citados deveriam apenas encaminhar as entrevistas “já publicizadas” com o senador.

Com pouco mais de um ano no poder, eleito num pleito suplementar em outubro de 2021, após o ex-prefeito Dudu (PL) ter a eleição anulada porque suas contas da gestão anterior foram reprovadas pela Câmara, e de ter derrotado Celina, esposa de Dudu na disputa suplementar, o prefeito de Capoeiras, no Agreste Meridional, Nêgo do Mercado (PSB), tem aprovação recorde. Segundo pesquisa do Instituto Opinião, de Campina Grande (PB), 82,3% atestam como positiva a gestão do socialista, enquanto os que desaprovam não chegam a 10% – exatos 9,7%. Dos entrevistados, apenas 8% não quiseram responder ou disseram que não sabiam responder.

Já a soma dos que consideram o governo bom e ótimo atinge a casa dos 67% e os que julgam regular representam 26,6% do universo pesquisado, enquanto apenas 1,7% avaliam como ruim e 2,6% como péssimo. Neste cenário, apenas 1,1% disseram que não sabiam responder. A pesquisa foi a campo entre os dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro, sendo aplicados 350 questionários.

O intervalo de confiança estimado é de 90,0% e a margem de erro máxima estimada é de 4,4 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. A modalidade de pesquisa adotada envolveu a técnica de Survey, que consiste na aplicação de questionários estruturados e padronizados a uma amostra representativa do universo de investigação.

Estratificando o levantamento, Nêgo do Armazém tem seus maiores percentuais de aprovação entre os eleitores com grau de instrução até a 9ª série (84,1%), entre os eleitores na faixa etária dos 35 a 44 anos (89,9%) e entre os eleitores com renda familiar até dois salários mínimos (83,2%). Por sexo, 82,7% das mulheres se dizem satisfeitas com a administração, enquanto os homens se situam em 81,9%.

O instituto Opinião trouxe também um quadro por localidades. No Centro, a gestão tem aprovação de 78,3%, na Cohab 76,2%, na Vila do Padre 78,6%, nos Quatis 70,6%, em Frei Damião 76,4%, na Vila Vintém 83,3% e no bairro Chico Batata chega a 85,7%. Já na zona rural, os percentuais de avaliação são os seguintes: Alegre (84,8%), Cajazeiras (75%), Imbé (88,9%), Maniçoba (78,6%), Olho D’água (90.9%), Riacho do Meio (94,7%), Riacho do Mel (83,8%), Riacho do Sal (71,4%), Riacho do Una (87,5%), Rodeadouro (100%) e Serrinha (75%).

REELEIÇÃO

Via de regra, prefeito bem aprovado carimba sua reeleição. Se as eleições fossem hoje, Nêgo do Armazém seria reeleito facilmente. Frente a todos os nomes já especulados, ele aparece com 69,3% das intenções de voto. O ex-prefeito Dudu aparece em segundo com 7,3%, em terceiro Celina de Dudu com 3,4%, seguida de Carlos Batata, com 2,6% e Rico de Dudu, com apenas 1,1%. Brancos e nulos somam 5,1% e os indecisos chegam a 11,4% do universo pesquisado.

Na espontânea, modelo pelo qual o entrevistado é forçado a lembrar o nome do seu candidato preferencial sem ajuda da cartela com todos os nomes, o prefeito aparece com 52%, Dudu tem 2% e Batata 0,3%. Neste cenário, brancos e nulos são 1,1% e indecisos 44,6%. Quanto ao item rejeição, Batata e Rico de Dudu aparecem empatados.

Entre os entrevistados, 14,3% disseram que não votariam de jeito nenhum em ambos. Em seguida aparece Dudu com 11,4% dos que disseram que não votariam nele de jeito nenhum, seguido de Nêgo do Armazém, com 4% dos que se recusam a votar nele, enquanto Celina é a menos rejeitada, com 3,4%. Entre os entrevistados, 4% disseram que rejeitam todos e 48,6% afirmaram que não rejeitam nenhum.

A pesquisa traz ainda os confrontos individuais. Se o adversário do prefeito fosse Carlos Batata, ele venceria com 76,6% contra 7,4%. Se viesse a ser o ex-prefeito Dudu, Nêgo teria 71,7% ante 13,7%. Já se fosse Celina, esposa de Dudu, o prefeito teria 72,3% dos votos e ela apenas 13,7%. Por último, se o adversário do socialista fosse Rico de Dudu, o prefeito venceria com 76% dos votos ante 7,7%.

VEREADOR MAIS ATUANTE

A Câmara de Vereadores de Capoeiras também entrou na pesquisa. O instituto perguntou, de forma espontânea, qual o vereador mais atuante ou competente. Pela ordem, os nomes que apareceram foram os seguintes: Geraldo do Alegre (10,6%), Alysson Farias (7,4%), Gabiru (6,3%), Tonho Criolo (5,1%), Edgar do Sindicato (4,9%), Zé Chopinho (1,4%), Érico Barbosa (0,6%) e João do Bolo (0,3%). No universo pesquisado, 63,4% não souberam responder qual vereador seria o mais atuante. 

Magno Martins – exclusivo para Folha de Pernambuco

O ministro da Pesca, André de Paula, revela, em tom de ironia, nesta entrevista exclusiva à Folha, que reza todos os dias para a governadora Raquel Lyra (PSDB) acertar, pensando no melhor para o Estado. A reza, segundo ele, se dá pelo fato de a tucana insistir em governar sem o compartilhamento do seu Governo com os partidos da sua base.

“Na hora de governar, quando a gente pode envolver, responsabilizar, fazer as pessoas sentirem que o desafio é delas também, se leva uma vantagem grande. Mas eu respeito a governadora. Ela pensa de forma diferente, tem um estilo próprio, vai governar dessa forma. Torço e rezo para que dê certo”, afirmou.

Como é tocar um Ministério sem o qual o senhor nunca teve um mínimo de conhecimento técnico?

Para mim, foi uma honra enorme, um privilégio, merecer a confiança do presidente Lula e fazer parte do seu governo no primeiro escalão. Esse desafio, que já era grande, passou a ser maior porque sou um político, não um técnico do ponto de vista da pasta que ocupo. Mas muito rapidamente me senti muito à vontade, porque entendi a importância da liderança política no comando do Ministério.

Então, o segredo é se assessorar de bons técnicos e usar sua experiência política…

Com certeza, é isso que fiz e estou ampliando. Na questão orçamentária, por exemplo, tenho a chancela de um partido com 42 deputados, 16 senadores, inclusive o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco. Isso se reflete na energia política para somar recursos fundamentais para tocar as políticas públicas. A maioria das reivindicações do Ministério passam pelo Congresso.

Como assim?

A modernização da atividade pesqueira, por exemplo, tem um arcabouço jurídico que tem que ser pactuado no Congresso. Tem duas prioridades muito importantes aqui. A primeira é a volta do fornecimento do pescado brasileiro para o mercado europeu, o maior mercado consumidor. E nós estamos sem fornecer nossos produtos desde 2018. Essa é uma questão que só se resolve na política.

Por que isso aconteceu?

Há um conjunto de razões, mas acho que o próprio Brasil se fechou para o mundo. As posições, por exemplo, em relação ao meio ambiente comprometeram muito a posição. O olhar que tinha uma grande simpatia do mundo por nós passou a ser diferente. Acho que o presidente Lula recoloca o Brasil com uma nova visão para o mundo e tenho otimismo que a gente consiga reverter esse quadro.

Entre os ministérios que o senhor tem parceria e trabalho conjunto está Meio Ambiente. Que parcerias estão sendo discutidas com a ministra Marina Silva?

Nesse primeiro mês, duas questões importantes que dizem respeito a prazos que não podíamos deixar de cumprir passam por uma decisão da ministra Marina. Uma delas, a questão do peixe Pintado. Existe o período de defeso que se estendia até 31 de janeiro, e havia uma recomendação do de preservação do Pintado. O Ibama concluiu que a pesca não colocava em risco a preservação dessa espécie de peixe, mas era necessário que a ministra Marina Silva colocasse esse parecer no Diário Oficial até o dia 31 de janeiro passado, para que, ao final do período de defeso, os pescadores pudessem voltar a viver da pesca e a gente conseguiu.

Deve ter sido bastante comemorado pelos pescadores…

Foi uma repercussão muito boa. Já a cota de atum que o Brasil pode pescar, do ponto de vista internacional, dependia também da chancela da ministra Marina. Eu tive uma alegria muito grande e ela nos deu o aval. Quando fui deputado federal e presidente da Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, área de célebres embates entre ambientalistas e ruralistas, Marina era ministra e nos entendemos. Então, é um privilégio voltar a trabalhar com Marina. Nós temos interface com agricultura, com a ciência e tecnologia, com o meio ambiente, com relações exteriores, então, há uma certa transversalidade nas políticas da pesca e da aquicultura.

O ministro José Múcio (Defesa) disse que seu cobertor orçamentário é curto e o seu deve ser pior, porque se trata de um Ministério recriado. Estou certo?

Estou tentando minimizar isso, porque essa pasta era uma secretaria nacional no âmbito do Ministério da Agricultura e Pecuária. O orçamento destinado era algo em torno de R$ 19 milhões e já conseguimos avançar para R$ 300 milhões. Vamos levar algum tempo na dependência daquilo que nós chamamos de ministério-mãe, que no nosso caso é o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Mas desafios foram feitos para serem vencidos.

Diferente de Lula, que entregou ministérios a praticamente todos os partidos da base dele, em Pernambuco a governadora quer fazer um governo sem compartilhamento com partidos aliados. Pela sua experiência, isso pode dar certo? Se governa sem fazer política?

Eu acho que cada governador tem seu estilo, suas opções. O presidente Bolsonaro fez essa opção. Ele dizia, e eu era líder do partido no primeiro ano, que não governaria com partidos. Não convidou no primeiro momento nenhum partido para participar do governo. A governadora Raquel está fazendo essa opção. Eu digo muito que se a governadora Raquel depender de oração e de torcida, ela vai ser uma grande governadora, porque eu rezo por ela todos os dias e torço para que ela dê certo. Se ela der certo, Pernambuco vai dar certo. E a gente tem que torcer por isso.

Mas o senhor diz que reza por ela, por que acha que sem política a coisa não anda?

Não. Eu acho que a política ajuda. Acho que democracia pressupõe política. Acho que ouvir, envolver, responsabilizar. A gente às vezes ganha uma eleição com uma base relativamente pequena, foi até o que aconteceu com a governadora Raquel. Do ponto de vista formal, não me lembro quais eram os partidos, mas eram muito poucos. O presidente Bolsonaro também ganhou dessa forma. Mas na hora de governar, eu acho que quando a gente pode envolver, responsabilizar, fazer as pessoas sentirem que o nosso desafio é delas também, a gente leva uma vantagem grande. Mas eu respeito. A governadora eleita foi Raquel. Ela pensa de forma diferente, ela tem um estilo próprio, ela vai governar dessa forma e eu repito, torço e rezo para que dê certo.

Mas há governo bem-sucedido sem compartilhamento político?

Cada caso é um caso. Se eu fosse governador, nas minhas prioridades estariam envolver os parceiros de primeira hora e agregar atores políticos, que mesmo que não estivessem comigo no palanque, estariam ao meu lado para governar. Na hora da política, você vai para o embate político. Na hora do calor, da discussão, da promessa, de ter adversário, é aquele o quadro. Mas quando você governa, quem perdeu vai para a oposição. E quem fica com a bomba chiando no colo é quem ganhou a eleição. E se você tiver juízo, no meu ponto de vista, você sai distensionando o ambiente, sai somando apoios, envolvendo atores e quanto representativo, mais plural for o governo, repito, no meu ponto de vista, maior chance de sucesso ele tem.

Como conhecedor, tendo sido vereador e deputado estadual, a Assembleia Legislativa funciona sem o toma lá, dá cá?

Acho que ela não funciona sem uma relação estreita e respeitosa. Vou te dar um exemplo. O presidente Lula, na primeira reunião dos ministérios, foi pedagógico, disse a todos os ministros que esse era um governo que tinha orgulho de ser um governo da política. Ele disse que era um político, da política e um dos que acreditam que em uma democracia a gente só resolve as questões através da política. Ele recomendou explicitamente que os ministros abrissem suas agendas nas terças, quartas e quintas de manhã para o Congresso Nacional, recebendo deputados e senadores. Façam o Congresso entender que essa relação é a prioridade do seu governo. Eu acho que ele está certo.

Mas Lula é um animal político…

Muito e que já enfrentou quadro de grandes dificuldades, grandes desafios, e superou. Acho que nós nunca tivemos um presidente tão experiente, tão maduro. E não é uma experiência acadêmica não, mas de viver, de sentir.

E o espaço dos deputados?

Raquel Lyra tem fama de governar longe da política. Quando prefeita, teve uma relação conflituosa com a Câmara de Vereadores de Caruaru. Numa reunião, chegou a proibir que os nobres parlamentares tivessem acesso ao seu gabinete com celular. Sofreu algumas derrotas, a mais famosa quando a Câmara se recusou a aprovar um pedido de empréstimo.

A governadora importou o modelo para o Estado. Da mesma forma de Caruaru, não abriu o Governo para os políticos. Prefeita, não convocou um só vereador para a sua equipe, para não dar vez a suplente. Candidatos a deputado estadual de sua base, que deram o sangue na sua campanha, mas não se elegeram, ficando na suplência, igualmente ficaram chupando o dedo.

Políticos graúdos do Estado, quando provocados a tratar da temática governo técnico sem espaço para políticos, dizem apenas que é o estilo dela e que respeitam. Completados um mês no poder, a tucana fez de conta que tem gestos com a classe política. Primeiro, esteve com a bancada federal em Brasília, em seguida almoçou com deputados estaduais.

Há pouco, encerrou uma rodada de encontros com prefeitos de todas as regiões do Estado e ontem recebeu, pela segunda vez, em menos de 30 dias, os 49 deputados estaduais, à frente o novo presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto. Ponto para a governadora, mas a pergunta que os próprios deputados passaram a fazer desde ontem é a seguinte: que espaço terão no Governo?

Essa resposta, eles só terão quando a ficha da governadora cair, ou seja, quando perceber que governar é uma via de mão dupla, como está fazendo o presidente Lula, que abriu espaços no seu governo para todos os partidos, porque sabe que ninguém governa sem compartilhar o poder.

O estilo Raquel – A governadora escolheu o deputado Izaías Régis, do seu partido, para líder do Governo na Assembleia Legislativa, mas antes em Garanhuns, terra do “bravo líder”, a direção do hospital regional foi entregue a uma enfermeira importada de Caruaru, não sendo Izaías em nenhum consultado. Pela regra anterior, todos os diretores de hospitais regionais tinham o carimbo do deputado majoritário da região de sua atuação política.

Só diálogo? – Novo presidente da Assembleia Legislativa, o deputado tucano Álvaro Porto saiu do encontro da bancada governista com a chefe de Estado falando em diálogo e entrosamento. “O governo precisa ter diálogo com os deputados. A gente vai sentar e conversar”, disse, acrescentando que esta deve ser a chave para o encaminhamento, discussão e aprovação dos projetos de interesse do Governo em tramitação na Casa. 

Discussão de projetos – Porto também pediu à governadora que todo projeto enviado à Casa Joaquim Nabuco seja antes debatido com os deputados. “A gente vai discutir esses projetos, vai encaminhar para a aprovação. Então, o governo precisa ter diálogo com os deputados”, acrescentou. Quanto aos trabalhos no início desta 20ª legislatura, afirmou que, como o nome do líder do governo já está definido, passará a aguardar quem vai ficar na liderança da oposição para que sejam encaminhadas as conversas e decididas as comissões.

Encontros individuais – A governadora, por sua vez, prometeu realizar reuniões individualizadas com os parlamentares para “atender a demandas”. “Teremos agendas com cada um dos deputados para que eles possam estabelecer as prioridades de seus mandatos. Eles apresentarão três ou quatro projetos. O pleito comum de todos deve ser para reduzir a violência e a pobreza”, disse a tucana.

Republicanos faz charme – Assediado para integrar a base aliada de Lula no Congresso Nacional, o Republicanos, que em Pernambuco tem como principal líder o deputado Silvio Costa Filho, frustrou o Palácio do Planalto e decidiu não indicar um de seus deputados para ser vice-líder do governo na Câmara. A decisão foi confirmada, ontem, pelo presidente nacional do partido, deputado Marcos Pereira. “Não indicaremos”, disse o dirigente, que também é 1º vice-presidente da Câmara.

CURTAS

DIVISÃO – A polarização política entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares próximos ao governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva divide a Frente Parlamentar Evangélica que, pela primeira vez desde sua criação, em 2003, terá uma disputa pela presidência. Se enfrentam os deputados Silas Câmara (Republicanos-AM) e Eli Borges (PL-GO).

INQUÉRITO – O ministro do STF Gilmar Mendes determinou, ontem, a abertura de um inquérito contra a deputada Carla Zambelli (PL) pelo episódio de perseguição a mão armada em São Paulo na véspera do segundo turno das eleições, em outubro.

Perguntar não ofende: Por que só o deputado Fernando Rodolfo cobra do Governo Raquel o pagamento dos precatórios dos professores?