Coluna do sabadão

Marília não sabe quem vai enfrentar

Pelos números do Opinião, o adversário de Marília Arraes (Solidariedade) no segundo turno só é possível identificar quem tiver bola de cristal. Raquel, Miguel e Anderson viraram japoneses, ou seja, estão iguais numericamente. O desempate se dará amanhã, no dia da eleição. Ganha a parada quem tiver mais estrutura e volume de campanha.

Dos três, Raquel é a que, teoricamente, levaria mais desvantagem. Primeiro, porque não tem prefeitos, seu comando de campanha parece desconhecer os universos eleitorais além da fronteira de Caruaru. Anderson, por sua vez, tem mais eleitores evangélicos do que mesmo bolsonaristas, com estrutura precária fora da Região Metropolitana.

Miguel, além de partir fortemente do Sertão, montou estrutura de campanha em todas as regiões do Estado e tem no comando da sua logística política e operacional um profissional do ramo, talhado para essas ocasiões: o pai Fernando Bezerra Coelho, senador da República, grande vitorioso em eleições que pareciam impossíveis.

Mas para onde o vento vai soprar? Impossível fazer um palpite, mas pelo menos na Região Metropolitana, antes a área em que Miguel era mais frágil, ele ganhou muita aderência na reta final. Além disso, entre os três que brigam para chegar ao segundo turno, é o que tem maior número de prefeitos, exceto Danilo, que parece estar fora do jogo.

A solidez de Marília – Nunca Pernambuco havia assistido a uma eleição tão acirrada, com um detalhe: Marília largou na frente, sofreu duros ataques, principalmente do PSB, mas em nenhum momento deixou de ser a favorita. Chega amanhã numa condição privilegiada. Assistirá de camarote a briga entre seus três principais adversários para saber quem será que estará lado a lado com ela no segundo turno.

Debates inócuos – Ausentar-se dos debates também não produziu nenhum efeito negativo para Marília Arraes. A TV-Globo chegou a permitir que os candidatos fizessem perguntas aos ausentes, uma regra no mínimo hilariante. Mesmo assim, com imagens de cadeira vazia e tudo, a candidata do Solidariedade ao Governo de Pernambuco se manteve na faixa dos 35% nesta última pesquisa do Opinião.

Danilo engessou – Em praticamente seis meses de campanha, o candidato do PSB, Danilo Cabral, não avançou nas pesquisas. Pelos levantamentos do Opinião, começou com 5%, depois caiu para 4,5%, subiu para 7% e agora aparece com 9%. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, o socialista não mostrou a que veio e pode estar fora do segundo turno.

Amarelaram – O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, disse, após o debate promovido pela TV Globo, que Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) amarelaram ao não fazerem questionamentos entre si durante o programa. “Amarelaram feio, o Bolsonaro teve oportunidade [de fazer pergunta a Lula] e fugiu”, afirmou Ciro.

Caso mal-assombrado – A ministra Maria Claudia Bucchianeri, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou, ontem, a retirada imediata do ar de conteúdos que associam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, ocorrido em 2002. Na decisão, a magistrada afirma que o caso destes autos é de reiteração, às vésperas das eleições, de divulgação de conteúdo expressa e judicialmente já reconhecido como desinformativo e ofensivo, o que impõe sua imediata remoção.

CURTAS

POLICIAMENTO – A Polícia Militar de Pernambuco enviou, ontem, agentes para reforçar a segurança no interior do Estado durante as eleições gerais que acontecem amanhã. Ao todo, 1.563 policiais militares foram escalados como diárias extras.

Quem ganhar, leva – O Alto-Comando do Exército selou posição de respaldar o resultado das eleições presidenciais. Os 16 oficiais-generais do grupo mais influente das Forças Armadas indicaram que a caserna vai seguir o rito de reconhecer o anúncio do vencedor pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Quem ganhar leva”, enfatizaram os militares.

Perguntar não ofende: Quem será o adversário de Marília? 

Na última pesquisa de intenção de voto para o Governo de Pernambuco do Instituto Opinião, de Campina Grande (PB), no primeiro turno, exclusiva para este blog, o candidato do União Brasil, Miguel Coelho, emparelhou, numericamente, com a tucana Raquel Lyra, deixando em aberto a indefinição de quem será o adversário da candidata do Solidariedade, Marília Arraes, no segundo turno. Miguel saiu de 10,4% para 13,5%, enquanto Raquel, que estava com 14,7%, agora aparece com 14,9%.

Abaixo de Miguel aparece Anderson Ferreira, candidato do PL, com 13%. Já o candidato do PSB, Danilo Cabral, que na anterior estava com 7,2%, subiu apenas dois pontos, estando agora com 9,3%. Os demais candidatos aparecem situados abaixo de 1%, na seguinte ordem: Pastor Wellington (PT) 0,7%, Jadilson Bombeiro (PMB) 0,3%, Cláudia Ribeiro (PSTU) 0,2%, João Arnaldo (Psol) 0,2% e Jones Manoel (PCB) 0,1%. Brancos e nulos, que eram 7,8%, agora somam 6,3% e indecisos caíram de 10,3% para 7,4%.

Na espontânea, modelo pelo qual o entrevistado é obrigado a lembrar o nome do candidato preferencial sem o auxílio do disquete com a lista de todos os candidatos, Marília aparece com 23,5%, Raquel 10,7%, Anderson 10,4%, Miguel 10,3% e Danilo 7,3%. Neste cenário, brancos e nulos representam 5,8% e indecisos sobem para 31,5%. Quanto à rejeição, os números permanecem praticamente iguais ao levantamento de dez dias atrás.

Entre os entrevistados, 16,9% disseram que não votariam de jeito nenhum em Marília Arraes, enquanto Danilo vem em segundo, com 10,2% dos entrevistados que afirmaram que não votariam nele de jeito nenhum. Anderson Ferreira vem em seguida, com 8,8% e depois Raquel, com 4,5%. Dos candidatos competitivos, Miguel é o que detém a menor rejeição: 3%.

A pesquisa foi a campo entre os dias 26 a 28 de setembro, sendo aplicados dois mil questionários em 80 municípios de todas as regiões do Estado. O intervalo de confiança estimado é de 95,0% e a margem de erro máxima estimada é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. A modalidade de pesquisa adotada envolveu a técnica de Survey, que consiste na aplicação de questionários estruturados e padronizados a uma amostra representativa do universo de investigação. O registro na justiça eleitoral é o de número PE-04785/2022.

Na estratificação do levantamento, Marília tem seus maiores indicadores de voto entre os eleitores com grau de instrução até a nona série (41,6%), entre os eleitores na faixa etária de 45 a 59 anos (37,6%), e entre os eleitores com renda familiar até dois salários (38,2%). Por sexo, 34,3% dos seus eleitores são mulheres e 33,7% dos seus eleitores são homens.

Já Raquel está melhor situada entre o eleitorado jovem, na faixa de 16 a 24 anos (18%), entre os eleitores com renda familiar entre dois a cinco salários (18,5%) e entre os eleitores com grau de instrução no ensino médio (16,1%). Por sexo, 15,2% dos seus eleitores são mulheres e 14,5% são homens. Já Miguel tem suas maiores taxas entre os eleitores com renda familiar entre cinco a dez salários (18,6%), entre os eleitores com grau de instrução superior (18%) e entre os eleitores jovens (16,7%). Por sexo, 13,7% dos seus eleitores são homens e 13,1% mulheres.

Anderson, por sua vez, tem suas indicações mais destacadas entre os eleitores com renda familiar entre cinco a dez salários (18,6%), entre os eleitores com grau de instrução superior (18%) e entre os eleitores na faixa etária com mais de 60 anos (16%). Por sexo, 15,1% são homens e 11,1% mulheres. Danilo, enfim, se destaca entre os eleitores na faixa etária de 45 a 59 anos (11%), entre os eleitores com grau de instrução superior (10,8%) e entre os eleitores com renda familiar entre dois a cinco salários (10,1%). Por sexo, 9,8% dos seus eleitores são mulheres e 8,6% são homens.

ESTRATIFICAÇÃO POR REGIÃO

O Instituto Opinião também aferiu o sentimento do eleitor nas diversas regiões do Estado. Marília aparece assim: Metropolitana (33,3%), Zona da Mata (40,6%), Agreste (30,6%), Sertão (48,9%) e São Francisco (11,5%). Raquel: Metropolitana (13,1%), Zona da Mata (14,4%), Agreste (24,4%), Sertão (8,4%) e São Francisco (2,3%).

Miguel: Metropolitana (9,2%), Zona da Mata (8,4%), Agreste (8,9%), Sertão (15%) e São Francisco (67,2%). Anderson: Metropolitana (16,3%), Zona da Mata (16,4%), Agreste (10,3%), Sertão (5,3%) e São Francisco (6,9%). Danilo, enfim: Metropolitana (9,8%), Zona da Mata (5,7%), Agreste (9,5%), Sertão (13,2%) e São Francisco (6,1%).

SEGUNDO TURNO

Quanto aos cenários de segundo turno, Marília desbanca todos os seus adversários. Frente a Anderson, teria 56,5% dos votos contra 26,6%. Diante de Danilo, 52,5% a 22,4%. Já com Miguel Coelho, 50,3% a 31,2% e, por fim, diante de Raquel 49,7% a 34,4%.