Votos indecisos e ‘envergonhados’ podem mudar eleição

Apesar de as pesquisas indicarem um eleitorado majoritariamente decidido, analistas indicam fatores às vésperas das eleições que podem mudar o cenário em 2 de outubro. Um deles é a abstenção, facilitada neste ano pela possibilidade de justificativa por aplicativo. Há, ainda, o voto útil dos que defendem encerrar a disputa no primeiro turno, o chamado “voto envergonhado” – não revelado nas pesquisas – e o porcentual de indecisos.

Baixo nos levantamentos estimulados (quando se informam os nomes dos candidatos), o índice de indecisos varia de 11% a 28% nos levantamentos espontâneos, aqueles em que os nomes dos candidatos não são apresentados. As informações são do Estadão.

Segundo o cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fernando Abrucio, a taxa de indecisos pode ser maior do que aparece nas pesquisas. “Alguns querem esperar até o fim para se informar mais e tomar uma decisão, muitos podem ir para Simone Tebet ou Ciro Gomes, outros querem decidir se vão votar no Lula, como voto útil”, disse. “O voto é uma combinação de fatores sociais e econômicos, além de valores. Bolsonaro estacionou porque a economia está melhorando, mas o bem-estar social não está.”

A abstenção também influencia. Ela cresceu de 16%, em 2006, para 20,3% em 2018. Foram quase 30 milhões de pessoas que deixaram de votar na última eleição. Para analistas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ser o mais prejudicado com eventual alta de faltantes, mas ela também afetaria a votação de Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.

De acordo com Abrucio, as classes D e E tendem a votar menos (maioria declara voto em Lula), assim como os idosos (maioria declara voto em Bolsonaro). Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, em 2018, o grupo com maior índice de abstenção foi o de analfabetos com mais de 60 anos (superior a 50%). Por outro lado, houve neste ano recorde de jovens abaixo dos 18 anos que tiraram título de eleitor – 2 milhões

Última hora

O cientista político e presidente do conselho do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Antonio Lavareda, apontou o que chama de “voto errático”, decidido nos últimos dias, como mais um fator de surpresa. “Tem aquele eleitor que vê a pesquisa da véspera e vota em quem está liderando. E o que decide votar no azarão, que não tem nenhuma chance de vencer.”

Em 2018, 10% dos votos que as pesquisas indicavam ir para outros candidatos migraram para Fernando Haddad (PT) ou Bolsonaro no último dia da disputa presidencial.

Para o diretor da Quaest, Felipe Nunes, a trajetória da mudança de intenção de voto dos eleitores é evidente. “As pessoas são capazes de mudar sua intenção de voto dependendo da dinâmica do sistema eleitoral. Aconteceu em 2018. Minha avaliação é de que isso tende a acontecer em 2022. Não é desprezível o efeito que a gente pode ter de voto útil.” O mais recente levantamento do Datafolha mostrou que 11% admitem mudar de voto para que a eleição presidencial acabe no primeiro turno. No Ipespe, 68% também disseram que preferem que termine no dia 2.

Intercalam-se aos indecisos e erráticos os que podem fazer um “voto envergonhado” no próximo domingo. E, segundo analistas, dentre eles, os mais presentes seriam os evangélicos. “O voto envergonhado evangélico é uma realidade. Criou-se um meio em que quem fala que vai votar no Lula sofre uma represália social”, disse o cientista político e diretor do Observatório Evangélico, Vinicius do Valle

A campanha de Bolsonaro aposta que exista também uma parcela de voto envergonhado para ele. Isso aconteceria nos segmentos mais pobres. E o mesmo ocorreria em sentido inverso nas faixas de maior renda, pró-Lula.

Economia

O tema mais frequente nas preocupações do eleitorado é a economia, mostram as últimas rodadas das pesquisas. Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, o grupo de eleitores que recebe de dois a cinco salários mínimos é um dos mais afetados pela flutuação do desempenho da economia. Meirelles aponta que historicamente esses eleitores têm potencial de definir a eleição, por ser um segmento em disputa.

É o que acontece nesse pleito. Enquanto Lula avança entre os mais pobres e Bolsonaro entre os mais ricos, a classe C é disputada voto a voto. No Ipec, presidente e ex-presidente já assumiram a liderança mais de uma vez na série histórica, o que pode resultar em surpresas no dia 2.

*Por Giuseppe Janino

Faltam 7 dias para mais de 156 milhões de eleitores irem às mais de 577 mil urnas eletrônicas e escolher seus representantes. Certamente esta disputa entrará para a história do país, dado o alvoroço político do momento e o cenário super polarizado.

Chama atenção, 26 anos depois de sua criação, uma parcela da população brasileira ainda colocar em xeque a integridade da urna eletrônica. Essa narrativa de que o equipamento é suscetível a fraude é impulsionada, claro, pelas Fake News, um fenômeno que caminha para confundir os cidadãos e prejudicar o fortalecimento da democracia. 

A urna nasce, lá em 1996, justamente com o objetivo de diminuir a intervenção humana no processo eleitoral. Antes da urna, os mal-intencionados fraudavam uma votação com total facilidade. A urnas eletrônicas então tiveram uma importante missão de reduzir essa intervenção humana sobre o processo nas etapas de votação, apuração, totalização e divulgação dos resultados das eleições. Fraudes que, inclusive, nunca mais aconteceram após o embarque das eleições no trem da tecnologia. E não seria diferente neste ano.

A digitalização do pleito trouxe atributos como celeridade, integridade e auditabilidade, atributos que somente estão presentes no mundo da tecnologia. Pilares que nunca foram quebrados e, certamente, não serão. O paradigma digital viabiliza ferramentas de segurança como a imutabilidade dos dados, criptografia e mecanismos de irrefutabilidade de autoria.

Ainda assim, desde o começo, a grande preocupação da Justiça Eleitoral era mostrar para os brasileiros a confiabilidade, a transparência e a segurança da urna. Por isso, os Testes Públicos de Segurança passaram a ser aliados nesse processo, no sentido de se verificar alguma inconsistência e aprimorar aspectos do sistema.

Em 2001, por exemplo, uma equipe de especialistas em Segurança da Informação da Unicamp, que analisou os aspectos de segurança do processo eleitoral e o considerou satisfatório, sugeriu algumas melhorias que foram implantadas logo nas eleições de 2002, como a lacração e a assinatura digital dos sistemas eleitorais.

Sempre é possível inovar e criar novos mecanismos de segurança. Mas nunca houve motivos para as desconfianças sobre a lisura do processo. Houve, sim, especulações sempre infundadas.

Mais recentemente, tivemos novas sugestões de aprimoramento do sistema propostas pelos militares, como checagem da totalização por amostragem e teste de integridade com biometria. Aqui, eu reforço que as Forças Armadas participaram das eleições digitais desde o princípio, em um grupo de experts para criação do protótipo e licitação da urna, e ainda hoje auxilia na segurança pública e na logística, com a entrega das máquinas para os quatro cantos do país.

Toda contribuição para aprimorar o sistema sempre foi bem-vinda, e a Justiça Eleitoral vem tomando as devidas providências e cautelas para implementar o que possa aperfeiçoar ainda mais as eleições digitais.

Vale lembrar que em todo o mundo a tecnologia está em constante evolução. Novas ferramentas são criadas, novas soluções são instituídas e aplicadas. Técnicas de uso do paradigma da BlockChain, criptografias homomórficas, criptografias pós computação quântica, inteligência artificial, e outras funcionalidades estarão presentes nas eleições em futuro próximo, com cenário mais promissor.

As eleições brasileiras são exemplos para o mundo inteiro e mentiras jogadas ao vento não vão destruir essa história sólida e transformadora. As Fake News têm o condão de confundir o eleitorado e criar narrativas falsas para beneficiar um ou outro discurso. Não podemos mais deixar que a desinformação seja base do nosso diálogo, não podemos mais deixar que descredibilizem instituições consolidadas. 

A urna eletrônica faz parte da nossa história, nunca foi alvo de fraude e não pode ser utilizada como ferramenta de manobra. Os brasileiros devem ter plena confiança no processo eleitoral eletrônico. O mesmo processo que democratizou o voto, livrou o país de inúmeras fraudes da mão humana e que é referência internacional. 

A urna é a única forma de fortalecermos ainda mais a nossa democracia e transformarmos a nossa sociedade, com o nosso voto, de forma segura e transparente.

* Matemático e coautor da urna eletrônica

Em busca de votos, as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) correram atrás de eleitores nos três maiores colégios do país e ignoraram, todos eles, os mesmos seis estados –dois da bases políticas de aliados do atual presidente.

Acre, Alagoas, Piauí, Mato Grosso, Rondônia e Roraima não tiveram nenhum ato de campanha ou comício dos quatro nomes que aparecem à frente nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, após o início do período eleitoral, em 16 de agosto. As informações são da Folha de S.Paulo.

Somados, os estados têm quase 9,6 milhões de eleitores, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), menos do que a Bahia tem (11,3 milhões de eleitores). Alguns desses estados, como Alagoas e o Piauí, sofrem com diversas carências e estão entre aqueles com os piores Índices de Desenvolvimento Humano.

Segundo o Ipec, Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto em quatro dos seis estados esquecidos –Acre, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. Alagoas e Piauí são redutos políticos de dois dos principais aliados do presidente: Arthur Lira (PP-AL), que comanda a Câmara, e Ciro Nogueira (PP-PI), ministro-chefe da Casa Civil.

Na última quinta-feira (22), Ciro Nogueira havia anunciado que sairia de férias para cuidar da campanha de Bolsonaro no Piauí. Divulgada no mesmo dia em que o Datafolha mostrou oscilação positiva na vantagem de Lula sobre Bolsonaro, a notícia repercutiu mal. Na manhã da última sexta (23), o ministro recuou da decisão e disse que só descansaria após a reeleição do presidente.

No Piauí, Lula lidera as pesquisas de intenção de voto com 61%, de acordo com pesquisa Ipec de 13 de setembro. Bolsonaro aparece com 20%. No estado, o candidato de seu partido ao governo do estado, Coronel Diego Melo, tem 3% das intenções de voto.

A corrida é liderada por Silvio Mendes (União Brasil), que faz parte da coligação do PP de Ciro Nogueira. A disputa deve ir para o segundo turno, no qual Mendes deve enfrentar o petista Rafael Fonteles.

Lula também aparece à frente na preferência dos eleitores de Alagoas. Paulo Dantas (MDB), apoiado pelo senador Renan Calheiros (MDB) –adversário de Lira–, está em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para o governo.

Em alguns dos estados preteridos, os candidatos a vice foram enviados para fazer campanha. O vice de Bolsonaro, general Braga Netto (PL), esteve em Sinop e Sorriso, no Mato Grosso, em busca de doações junto ao agronegócio. Geraldo Alckmin (PSB), vice de Lula, tinha viagem marcada a Cuiabá, capital mato-grossense, para tentar atrair o voto ruralista, mas acabou cancelando o compromisso por ameaça de tumulto feita por bolsonaristas. Alckmin esteve em Porto Velho (RO), também em aceno ao agro.

Em Roraima, o candidato de Bolsonaro ao governo, Antônio Denarium, minimiza o fato de o presidente não ter ido ao estado ajudar em sua campanha. Em nota, ele credita à sua dianteira nas pesquisas de intenção de voto a ausência do presidente durante as eleições.

O candidato lembra que Bolsonaro esteve duas vezes em Roraima em 2021. “Por esse motivo e sabendo da necessidade mais urgente da presença do presidente em outros estados da federação, o governador Antônio Denarium vê como normal a não vinda do presidente ao estado.”

O candidato petista ao governo do AC, Jorge Viana, corre o risco de ficar de fora do segundo turno das eleições. Procurado, ele disse que, desde o começo da campanha, houve o acordo de que a visita de Lula na região Norte seria no Amazonas, onde Viana esteve presente.

“Acre, Roraima, Rondônia e Amapá de fato não receberam a visita do ex-presidente, mas todos os candidatos da base já haviam concordado com essa decisão, por ser uma campanha curta e esses estados terem colégios eleitorais menores”, disse o senador, em nota.

Os quatro candidatos priorizaram a região Sudeste, que possui três estados com os maiores colégios eleitorais. Todos passaram mais de uma vez por São Paulo, onde há 34,6 milhões de eleitores, mais que a soma de eleitores de 16 estados, entre eles Goiás, Paraíba, Espírito Santo, Amazonas, Distrito Federal e Sergipe.

Minas Gerais, que tem 16,2 milhões de eleitores, também recebeu por mais de uma vez a visita dos candidatos. Os dois primeiros colocados nas pesquisas fizeram comício no interior do estado na última sexta-feira (23).

Bolsonaro, inclusive, iniciou sua campanha em Juiz de Fora (MG), local onde recebeu uma facada durante a campanha de 2018. Em encontro com lideranças religiosas, o candidato falou em milagres, disse que o Brasil marchava para o socialismo e prometeu queda na taxa do desemprego.

O Rio de Janeiro é o terceiro maior colégio eleitoral e também recebeu a visita dos quatro candidatos por mais de uma vez.

A campanha de Lula afirmou que em um período de 45 dias de eleição é muito difícil percorrer todos os estados, além de haver gravações de programas de TV e eventos de órgãos de comunicação em São Paulo ou Rio de Janeiro.

As campanhas de Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet foram procuradas, mas não quiseram se manifestar.

O candidato do Partido Liberal ao Governo de Pernambuco, Anderson Ferreira, emitiu nota de resposta contra matéria publicada, hoje, no portal G1.Globo. A reportagem afirma que no Nordeste, candidatos de Bolsonaro ou aliados ao PL que lideram pesquisas se desvinculam da imagem do presidente.

“Não há campanha no Brasil que defenda mais o presidente Bolsonaro do que a de Pernambuco, e não há dúvida da prioridade que o presidente deu ao nosso estado”, reagiu Anderson a matéria do G1.Globo.

“Tudo tem limite”, disse Anderson, sobre o que considera perseguição da Globo a Bolsonaro. “A resposta virá no próximo domingo “ destacou .

Enquanto os candidatos ao Governo de Pernambuco concentram seus últimos esforços em carreatas e motociatas em busca de votos pelos bairros da zona Norte e Sul da Região Metropolitana do Recife, moradores de Jaboatão dos Guararapes, vítimas dos deslizamentos de barreiras com as chuvas de maio deste ano, aguardam uma solução há mais de cem dias do desastre.

“Carreata na zona Sul? Manda passar nos bairros de Jaboatão onde até hoje estamos entregues a sorte com barreiras caídas, casas interditadas e sem absolutamente nenhuma solução nem benefício”, revela a leitora e moradora do Curado I, Maria Auxiliadora.

Segundo ela, a crítica, apesar de reverberar a todos os postulantes ao governo estadual, é de forma mais contundente direcionada ao candidato do PL, Anderson Ferreira. “Foram seis anos dele à frente da gestão de Jaboatão dos Guararapes e ele nada fez de contenção e prevenção”, desabafa Maria.

Para os demais candidatos que só enxergam Jaboatão como o segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco, ela lamenta que apesar do potencial de crescimento e desenvolvimento, o município é esquecido sempre. “Não somos curral, somos uma potência clamando por visibilidade pois estamos prontos para despontar!”, enfatiza.

Uma aliança de direita liderada pelo partido Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, conseguiu maioria no parlamento, segundo apontam pesquisas de boca de urna realizadas após o pleito neste domingo.

As pesquisas, se confirmadas, darão à Itália o governo mais direitista desde a Segunda Guerra Mundial, com Meloni a se tornar a primeira mulher a comandar o país. As informações são da CNN Brasil.

O levantamento da emissora estatal RAI disse que o bloco de partidos conservadores, que inclui também a Liga de Matteo Salvini e o partido Forza Itália de Silvio Berlusconi, teve entre 41% e 45% dos votos, o suficiente para garantir o controle das duas casas do parlamento.

“Centro-direita claramente à frente tanto na Câmara quanto no Senado! Será uma longa noite, mas mesmo agora quero agradecer”, disse Salvini no Twitter.

A lei eleitoral da Itália favorece os grupos que conseguem criar pactos pré-votação, dando-lhes um número desproporcional de cadeiras em comparação com sua contagem de votos.

A RAI disse que a aliança de direita ganharia entre 227 e 257 dos 400 assentos na Câmara Baixa do parlamento e 111-131 dos 200 assentos no Senado. Os resultados completos são esperados até o início de segunda-feira.

Como líder do maior partido da aliança vencedora, Meloni é a escolha óbvia para se tornar primeira-ministra, mas a transferência de poder é tradicionalmente lenta e pode levar mais de um mês até que o novo governo seja empossado.

Meloni, 45, minimiza as raízes pós-fascistas de seu partido e o retrata como um grupo conservador dominante. Ela prometeu apoiar a política ocidental para a Ucrânia e não assumir riscos indevidos com a terceira maior economia da zona do euro.

No entanto, o resultado deve soar alarmes nas capitais europeias e nos mercados financeiros, dado o desejo de preservar a unidade nas negociações com a Rússia e as preocupações com a assustadora montanha de dívidas da Itália.

Em um ato no Rio com o objetivo de ampliar seu palanque para o centro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou os pedidos contra abstenção e, em meio a críticas ao presidente Jair Bolsonaro, reclamou da postura de pastores evangélicos aliados do Palácio do Planalto, tema que já causou desgastes à campanha petista no início da campanha eleitoral.

Lula participou de um comício ao lado do prefeito Eduardo Paes (PSD) na quadra da escola de samba Portela, em Madureira, Zona Norte da capital fluminense. As informações são do O Globo.

— Pastor que segue ele (Bolsonaro) não pode ser pastor, não acredita em Deus, não pode falar em nome de Deus — disse, após criticar o posicionamento de Bolsonaro durante a pandemia.

Em agosto, Lula havia dito não ser candidato de uma “facção religiosa”, o que rendeu críticas entre evangélicos — a campanha petista, depois, iniciou uma ofensiva para recuperar terreno no segmento, em que Bolsonaro tem vantagem.

O petista discursou para o público que lotou o espaço enfatizando a importância de sua militância fazer na reta final da corrida eleitoral uma busca ativa por indecisos e pessoas que possam se abster de votar. Ele afirmou ainda que teme tentativas de Bolsonaro tumultuar a eleição no dia do pleito.

— Esse maluco que está lá é capaz de tirar empresas de ônibus de circulação pra gente não votar. A gente tem que ir votar nem que seja a pé, de qualquer jeito. Não é o Lula que quer tirar ele de lá. É o povo brasileiro que está com saudade da democracia — bradou o ex-presidente, completando: — Temos que visitar parentes que estão em dúvida. Temos que conversar com milhões de pessoas que estão indecisas.

Durante o discurso, Lula também provocou o candidato do PDT, Ciro Gomes, ao dizer que Leonel Brizola, se fosse vivo, estaria ao lado do PT para derrotar Bolsonaro

Ao lado de Lula estava sua mulher Janja, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o candidato ao Senado do partido André Ceciliano, o coordenador do programa de governo petista Aloizio Mercadante, além de políticos da base de Paes no PSD como Felipe Santa Cruz, Pedro Paulo e Daniel Soranz. Candidato ao governo do Rio de Lula, Marcelo Freixo (PSB) não participou do evento organizado por Paes.

No palco, Lula e Paes trocaram elogios e prometeram voltar a “parceria” de quando o petista estava no governo federal e o carioca em seus primeiros mandatos na prefeitura do Rio.

O evento arrastou milhares de pessoas para dentro da quadra da Portela. Telões com a transmissão do comício foram instalados também nas ruas de acesso da sede da escola de samba que ficaram lotadas de espectadores.

Dentro e fora da quadra o clima era de carnaval, com blocos de rua fazendo apresentações e o público fantasiado com adereços vermelhos e temáticos de Lula e PT.

Em sua fala, Lula comparou seu governo com o de Bolsonaro, destacando o crescimento econômico e o controle da inflação do seu mandato, frente a atual carestia dos custos de vida e diminuição do poder de compra das famílias.

Em acenos para o eleitorado de esquerda, ele prometeu acabar com o teto de gastos e que não terá mais invasão ou garimpo em terras indígenas.

O candidato do PT dedicou ainda seu discurso para destacar que não deve “nada pra justiça”. Classificando o processo que o prendeu como “perseguição”, ele lembrou do tempo na prisão e se comparou a figuras históricas que também foram presas.

— Eu na prisão pensava que não podia ficar preocupado. O (Nelson) Mandela ficou 27 anos e saiu pra governar a África do Sul. Fui preso pra provar minha inocência — disse Lula.

Saia justa de Paes com gritos por Freixo

Em sua fala Paes afirmou estar se sentindo “emocionado” diante de um “momento histórico para o Brasil”. Em referência ao fato do ato não ter a presença de Freixo e ser um aceno ao centro, ele disse não ter a “prepotência” de trazer votos para o petista

— Presidente Lula é maior do que qualquer quadro político do Rio de Janeiro. Ele materializa a esperança do nosso povo.

O prefeito criticou Bolsonaro lembrando da morte de seu pai, vitima da covid-19, que ocorreu no ano passado.

— Tomo muito cuidado para culpar qualquer governante sobre uma situação. Mas será que se não fosse o atraso da compra da vacina, me pai não estaria aqui do meu lado? No hospital minha mãe viu o presidente do país fazendo troça de alguém entubado. Estou aqui pela minha mãe e pela memória do meu pai também — contou o prefeito.

Durante o discurso de Paes, no entanto, parte do público começou a gritar “ Uh é o Freixo”. O prefeito, que apoia o candidato do PDT para o governo do Rio, Rodrigo Neves, contornou a saia justa gritando “Uh é Lula” e minimizando a divisão entre a esquerda no estado.

— Pode votar em quem quiser, desde que vote no Lula a gente apoia — disse o prefeito.

Apoio para além da esquerda

O ato com Paes faz parte da estratégia do PT de tentar conter um eventual crescimento de Jair Bolsonaro (PL) em seu berço político. A campanha do petista está dando importância estratégica para o Rio e a região sudeste na reta final da campanha.

A campanha de Lula avalia que o momento é de se mostrar próximo de lideranças fora do espectro político da esquerda. Em busca de uma possível vitória no primeiro turno, Lula vem se mostrando como candidato que conseguiu formar uma frente ampla na busca por derrotar Bolsonaro.

Lula fará ainda neste domingo um ato com seu candidato ao governo do Rio, Marcelo Freixo (PSB). O evento será um encontro com artistas e influenciadores como Fábio Porchat, Felipe Neto, Rafael Zulu, Bruno Gagliasso e Alice Wegmann.

No último domingo de campanha antes do primeiro turno, a coligação Pernambuco na Veia, encabeçada pela candidata do Solidariedade ao Governo de Pernambuco, Marília Arraes, realizou uma grande carreata na região metropolitana norte nesta manhã.

Ao lado do candidato ao Senado, André de Paula, de candidatos proporcionais e de apoiadores, Marília percorreu as ruas e avenidas dos municípios de Igarassu e Abreu e Lima em um trajeto de mais de 15 quilômetros.

“Estamos na reta final desse primeiro turno. É hora de unir forças, de conversar com os amigos, os parentes, com os vizinhos. É hora de reforçar que no domingo que vem todo mundo deve ir às urnas, defender a democracia, os direitos de nossa gente e o futuro do Brasil e de Pernambuco. É gás total para eleger Lula presidente e aqui, nossa chapa completa, para resgatar nosso estado para o rumo certo. É hora também de fazer as escolhas certas para levar para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados gente comprometida com o projeto do presidente Lula e o nosso. É a hora do povo!”, destacou Marília.

Zona Norte

Acompanhados de Maria Arraes, candidata a deputada federal, e Sandra Costa, candidata a deputada estadual, Marília e André percorrem dezenas de bairros da Zona Norte do Recife nesta tarde.

A uma semana das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou o domingo sem agenda oficial para passear de moto pelas ruas de Brasília.

No trajeto, o chefe do Executivo esteve no Setr Militar Urbano (SMU) onde visitou aliados, passou pelo Sudoeste e, em seguida, parou em um quiosque no Guará II onde comeu um frango assado na brasa acompanhado de um copo de refrigerante. As informações são do Correio Braziliense.

Bolsonaro também cumprimentou e tirou foto com apoiadores que o chamaram de “mito”. Questionado por jornalistas sobre a decisão do corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Benedito Gonçalves, que mandou tirar do ar a live da última quarta-feira, quando o presidente fez propaganda eleitoral para aliados usando a estrutura do Palácio da Alvorada.

Bolsonaro caracterizou a medida como “estapafúrdia” e disse que continuará transmitindo a live diária, que haverá uma no final da tarde, mas não respondeu se será realizada no Alvorada. Segundo ele, as lives diárias ocorrerão até o dia das eleições do primeiro turno, 2 de outubro, com o objetivo de fortalecer a sua campanha eleitoral de reeleição e a de candidatos aliados. 

“Dispensa comentários. É a minha casa. Quando eu cheguei eu desliguei o aquecedor da piscina. É mais de R$ 10.000 [de economia] por mês. Vou fazer live. Hoje vai ter live, tá ok?”. “É uma decisão estapafúrdia. Invasão de propriedade privada. Enquanto eu for presidente, lá é minha casa”.

Perguntado se recorrerá da decisão, o presidente rebateu concluindo: “Pergunta para a Advocacia-Geral da União”.

O magistrado Benedito Gonçalves também proibiu que o presidente da República utilize recursos e instalações públicas para fazer transmissões com cunho eleitoral, além de impedi-lo de usar até mesmo o intérprete de libras que serve nos eventos de governo.

Depois do almoço, Bolsonaro passou pela Esplanada, onde também falou com simpatizantes e, de lá, retornou ao Palácio da Alvorada.

Em janeiro, um vídeo do presidente comendo espetinho causou polêmica nas redes sociais. Na imagem, era possível ver o presidente de botas, comendo a refeição com as mãos, com uma quantidade considerável de farofa derrubada na calça e no chão.

De um lado, apoiadores apontaram humildade por parte do presidente. Do outro, internautas acusaram o líder do Executivo de “cena montada” para autopromoção diante das eleições presidenciais.

Em abril, o presidente também passeou de moto por Brasília e, na Rua das Motos, no Sudoeste, comeu um pastel de queijo e tomou caldo de cana. 

O deputado federal Fernando Rodolfo (PL) dedicou a manhã deste domingo para compromissos em Bom Jardim. Acompanhado pelo prefeito Janjão e pelo candidato a deputado estadual Chaparral, o grupo visitou a feira, acompanhou um jogo de futebol e encerrou a programação com um porta-a-porta, recebendo o apoio de muitos munícipes.

“Fico muito feliz de ver que nossa campanha chega numa crescente para a reta final. O apoio e o acolhimento dos pernambucanos só aumentaram desde que entramos no processo eleitoral. Agora só faltam sete dias, vamos seguir intensificando nossas ações e o contato com a população para renovarmos o nosso compromisso e continuarmos trabalhando e trazendo recursos para Pernambuco”, destacou Fernando Rodolfo.