Ministro manda PF apurar vídeo que encena atentado contra presidente

O ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou, ontem, que determinou o encaminhamento à PF (Polícia Federal) do caso de vídeos e fotos divulgados supostamente retratando um atentado contra presidente Jair Bolsonaro (PL). Torres pede a instauração de um inquérito policial e “completa apuração dos fatos “.

Ontem, foram divulgadas nas redes sociais imagens de uma suposta produção audiovisual em que Bolsonaro é representado com ferimentos e sangramentos, ao lado de uma motocicleta. O próprio presidente compartilhou as fotos em aplicativo de mensagens, conforme apurou o Poder360, atribuindo o conteúdo à Rede Globo.

Diversos políticos e bolsonaristas se manifestaram contrários à possível produção, e Torres já havia divulgado em seu Twitter que o caso estava sendo estudado “para avaliar medidas cabíveis e apurar eventuais responsabilidades “.

O filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e a deputada Carla Zambelli (PL-SP) também se em seus perfis no Twitter. Zambelli diz que o vídeo “ensina a fazer um atentado terrorista” contra Bolsonaro.

Bolsonaristas associaram as imagens da figura do presidente Bolsonaro ao lado de uma moto às motociatas, passeios que o chefe do Executivo costuma fazer com seus apoiadores.

Procurada pelo Poder360, a Rede Globo negou a produção das imagens. De acordo com a emissora, as imagens são de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado “A Fúria”, do qual o Canal Brasil tem uma participação de 3,61% nos direitos patrimoniais. A Globo tem “participação acionária” no canal.

Eis a íntegra da nota da Globo: “A Globo desmente que pertençam a produções suas – seja para canal aberto, canais fechados próprios ou Globoplay – vídeo e fotos que estão circulando nas redes sociais de gravação de obra ficcional mostrando um atentado ao presidente da República. A Globo não tem nenhuma série, novela ou programa com esse conteúdo. Segundo foi informada, a gravação seria de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado “A Fúria”, que pretende fechar a trilogia iniciada com “Os Fuzis”, de 1964, e “A Queda”, de 1976. O Canal Brasil tem uma participação de apenas 3,61% nos direitos patrimoniais desse filme, mas jamais foi informado dessas cenas e, como é praxe em casos de cineastas consagrados, não supervisiona a produção. Embora tenha participação acionária no Canal Brasil, a Globo não interfere na gestão e nos conteúdos do canal.”

Em um esforço bizarro para se dissociar do fato de ter votado a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016, o pré-candidato do PSB ao Governo de Pernambuco, Danilo Cabral, vem desde o início do ano removendo as imagens do episódio de suas redes sociais.

Embora tenha tentado, parece ter esquecido de remover algumas que entregam sua postura contraditória com o atual momento “Danilula”, fruto da aliança com o PT, partido liderado pelo ex-presidente Lula, figura que para o pré-candidato socialista parece ter se tornado uma espécie de “amigo de infância”.

Em 2018, Jair Bolsonaro (então no PSL, hoje no PL) foi o campeão de votos em 17 estados no primeiro turno. Enquanto isso, o candidato do PT, Fernando Haddad, venceu em nove estados, e Ciro Gomes (PDT), em um: seu berço eleitoral, o Ceará.

A menos de três meses para as eleições, de acordo com pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro lidera em oito estados, todos dos quais ele levou em 2018. O chefe do Executivo federal mantém sua base forte nas regiões Sul e Centro-Oeste, com foco em estados ligados ao agronegócio. As informações são do Metrópoles.

Amazonas e Minas Gerais, que estavam com Bolsonaro nas eleições passadas, agora estão pró-PT. Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas é um estado-chave, porque, desde 1989, o presidente eleito saiu vitorioso no estado.

Mesmo em alguns estados em que está à frente, Bolsonaro e seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estão próximos em termos numéricos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a diferença é de 4,8 pontos percentuais, pouco acima da margem de erro.

Já Lula lidera em 13 unidades da Federação. Um desses estados em que o petista conquistou terreno foi São Paulo: hoje ele tem 43% das intenções de voto, ante 30% de Bolsonaro, segundo o mais recente levantamento do Datafolha, realizado entre 28 e 30 de junho. Nas últimas eleições, o maior colégio eleitoral deu a Bolsonaro 53% dos votos em primeiro turno e apenas 16,42% ao ex-prefeito Fernando Haddad.

O Ceará de Ciro Gomes agora apresenta tendência lulista e o pedetista fica em terceira posição, atrás também de Bolsonaro, de acordo com as projeções.

Há ainda situações de empate técnico estimado em dois estados: Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Nessas duas unidades da Federação, Bolsonaro saiu vitorioso no último pleito.

Amapá, Pará e Rondônia não tiveram pesquisas locais para presidente da República registradas na Justiça Eleitoral em 2022. Também não foram encontrados registros de levantamentos para o Executivo federal no Tocantins.

Para o levantamento, o Metrópoles considerou as consultas mais recentes realizadas pelos seguintes institutos: Datafolha, Quaest, Idea e Paraná Pesquisas, todas com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em alguns estados das regiões Norte e Nordeste não são aplicadas pesquisas por grandes institutos, portanto, foram utilizados levantamentos locais com registro na Justiça Eleitoral. Em todos os casos, foram consideradas as respostas às perguntas estimuladas — quando é apresentada ao eleitor uma lista de nomes.

Como foram consideradas as pesquisas recentes, e não um agregador de pesquisas, pode haver distorções. Agregadores consideram a média de todos os levantamentos sobre a distribuição das intenções de voto em cada estado, o que contorna variações nos resultados regionais motivadas por diferentes margens de erro.

Os levantamentos analisados são aqueles com resultados publicizados até a última sexta-feira.

A Caravana Simbora Mudar Pernambuco voltou a Petrolina, ontem, onde cumpriu uma extensa agenda com os pré-candidatos Anderson Ferreira e Gilson Machado (PL). Na cidade, Anderson Ferreira iniciou a série de compromissos da pré-campanha com uma visita à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Em seguida, o pré-candidato se reuniu lideranças políticas da região e participou um almoço com pastores evangélicos.

Na ocasião, Anderson destacou os investimentos realizados pelo Governo Federal em Petrolina e toda região do São Francisco. “Pernambuco e Petrolina contam com a atenção do presidente Jair Bolsonaro (PL) e muito nos alegra o resultado dos recursos destinados pelo Governo Federal à cidade”, disse Anderson, ao adiantar que esse vai ser um importante tema da campanha dele e de Gilson Machado, ao lado do Presidente Bolsonaro, na sua campanha ao governo estadual.

A agenda se encerrou à noite em um congresso de mulheres na sede da Assembleia de Deus em Petrolina. O evento é um dos maiores do calendário religioso do estado e compareceram mais de 15 mil mulheres.

Segundo a sua assessoria, Anderson pretende voltar em breve a Petrolina na companhia do presidente Bolsonaro.

Luiz Inácio Lula da Silva

Nos últimos anos, montantes cada vez mais expressivos de dinheiro público foram depositados nas contas dos partidos políticos brasileiros. Uma dessas fontes é o Fundo Partidário, um aporte anual do Tesouro para as legendas que tem por objetivo, na letra da lei, custear o funcionamento das agremiações. Na prática, porém, serve também como reserva para bancar luxos e privilégios de dirigentes e líderes das siglas.

As prestações de contas de 2021, apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dão uma clara ideia da falta de parcimônia no gasto dos recursos. Levantamento feito pelo Estadão encontrou despesas milionárias com voos de jatinhos e hotéis. O PDT, por exemplo, gastou quase R$ 30 mil para enviar seu presidente, Carlos Lupi, e outro filiado ao encontro da Internacional Socialista, realizado em um resort em Cancún.

Conforme os documentos apresentados pela sigla trabalhista, a dupla chegou dois dias antes e retornou três dias depois do evento da esquerda no Caribe, realizado na primeira quinzena de outubro.

Os partidos prestaram contas no ano passado de pelo menos R$ 18 milhões com hospedagens e passagens aéreas para seus dirigentes e filiados, além de R$ 3,1 milhões em despesas com jatinhos.

A reabilitação dos direitos políticos do ex-presidente e pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, após a anulação das condenações do petista na Lava Jato, movimentou os recursos do Fundo Partidário da sigla com uso de jatinhos. Os voos tiveram a presença da socióloga Rosângela da Silva, mulher de Lula, assessores e seguranças. A informação foi antecipada pelo site Metrópoles, e confirmada pelo Estadão.

Para os deslocamentos de Lula e seu staff, o PT gastou R$ 698,8 mil. Em maio, o petista viajou a Brasília por R$ 83 mil. Em agosto, preencheu sua agenda com cidades do Nordeste, e voou para o Recife, São Luís, Fortaleza, Natal e Salvador. Todo o giro custou R$ 498 mil. Entre os passageiros dos voos estavam também a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-prefeito Fernando Haddad e o secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto. O ex-assessor da Presidência da República Edson Antônio Moura Pinto, que ficou conhecido por comprar pedalinhos para o sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), também estava na lista de passageiros.

Do total de gastos com jatos informados ao TSE, R$ 2,1 milhões serviram às campanhas dos deputados Arthur Lira (Progressistas-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara. O tour de Lira passou por 27 cidades, percorridas em 31 voos de jatinho, pelo valor de R$ 1,1 milhão, em um Cessna, avaliado em US$ 7 milhões em valor de mercado. Estavam na lista de habilitados a viajar no jato executivo seis correligionários do parlamentar e políticos de outras legendas, como os deputados Marcelo Ramos (PSD-AM), Hugo Leal (PSD-RJ), Celso Sabino (União-PA), Elmar Nascimento (União-BA), Luis Tibé (Avante-MG), Luis Miranda (Republicanos-DF) e Silas Câmara (Republicanos-AM).

Parte dos aliados na carona do jatinho de Lira ganharia papel de destaque em assuntos sensíveis. Hugo Leal foi o relator do Orçamento, que reservou R$ 16 bilhões em emendas parlamentares para 2022. Ele disse ao Estadão que esteve na campanha de Lira representando o PSD na coligação.

Rival de Lira, Baleia Rossi pagou R$ 1 milhão em 23 voos a 13 diferentes cidades de norte a sul. Nos documentos de prestações de contas não constam os nomes dos passageiros. Segundo o MDB, além de Baleia, estavam na lista mais nove deputados, incluindo o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (PSDB) – atualmente licenciado do mandato.

O União Brasil custeou jatinhos para viagens entre Salvador e Brasília por R$ 267 mil. Em parte dos documentos, consta como único passageiro o dirigente do partido ACM Neto. A maior parte destes gastos se dá para a realização de eventos e painéis temáticos. Em alguns casos, há o pagamento de hotéis luxuosos.

No PDT, uma viagem a Cancún custou R$ 29,7 mil à legenda. O valor bancou seis diárias no Resort Golf & Spa para Lupi e Eduardo Martins Pereira, integrante da Executiva Nacional do partido. O hotel tem acesso irrestrito a comida e bebida, além de quartos com vista para o mar do Caribe. O hotel sediou o encontro da Internacional Socialista, do qual a dupla participou, nos dias 8 e 9 de outubro. A estadia, porém, durou entre os dias 6 e 12 daquele mês.

No PSDB, somente as prévias que levaram à escolha do ex-governador João Doria – cuja candidatura ao Planalto naufragou – custaram mais de R$ 12 milhões, se somados os gastos com passagens aéreas, aluguel de imóveis e do software para votação que apresentou diversas falhas durante o pleito. As prévias tucanas foram também o evento mais caro promovido por um partido em 2021. O PSDB acabou retirando a pré-candidatura de Doria.

Os recursos do Fundo Partidário costumam ser usados para custear o aluguel de imóveis para sediar as legendas. O maior gasto de 2021 relacionado à sede de uma agremiação foi feito pelo PSL, que comprou uma casa de 500 metros quadrados por R$ 5,4 milhões na Avenida Nove de Julho, em São Paulo. Hoje, este é o escritório do União Brasil.

O Fundo Partidário chegou a quase R$ 1 bilhão no ano passado. Desde 2018, se somou ao fundo eleitoral (R$ 4,9 bilhões disponíveis para 2022) como recursos públicos para campanhas e partidos. Com a aprovação da minirreforma eleitoral, passou a ser permitido o uso do Fundo Partidário para custear de forma indireta serviços nas campanhas, como impulsionamento de conteúdo na internet, compra de passagens aéreas e contratação de advogados, segundo o TSE.

Os partidos citados disseram que os gastos foram legais e devidamente informados ao TSE. O PT afirmou que os deslocamentos de Lula e de dirigentes “muitas vezes têm de ser feitos em aeronaves fretadas” e disse ter como critérios para a contratação do serviço “a capacidade de passageiros, autonomia de voo, disponibilidade de datas e competitividade de preços”.

O MDB afirmou ter feito os fretamentos de Baleia Rossi “de forma extraordinária e única, sob critérios de economicidade”, somente em janeiro de 2021, período que antecedeu a eleição da Câmara.

Segundo o PDT, a viagem de Lupi a Cancún “contempla dias de ida e retorno e agendas da Internacional Socialista, e reuniões do colegiado dos vice-presidentes, nos dias anteriores e posteriores à reunião”.

O PSDB afirmou que as prévias envolveram nove meses de trabalho, e que os gastos de R$ 12 milhões foram com viagens da militância e dos pré-candidatos, cadastramento de filiados, debates internos e externos e a realização de evento em Brasília com mais de 700 mandatários tucanos de todo o País.

Procurados, Progressistas, PL e PSL não responderam.

Para entender: Verba existe para manter os partidos

O que é

O Fundo Partidário distribui recursos públicos para os partidos. O cálculo é feito a partir das cadeiras que as legendas têm na Câmara.

Quanto é

Até 2014, os valores não ultrapassavam R$ 500 milhões, mas, em 2015, a doação de empresas para campanhas foi proibida. Em 2021, as legendas receberam R$ 939 milhões do Fundo Partidário e, até junho deste ano, R$ 509,7 milhões em repasses e multas.

Capítulo 33

Na cultura que vem dos nossos ancestrais, o aprendizado familiar tem uma regra básica: importante em todos os aspectos, a relação de pai com filho é, sobretudo, fundamental na formação de condutas. Nos dias de hoje, do mundo online, dos jogos que preenchem o dia inteiro da garotada, a presença do pai tem sido muito mais exigida. E na vida de políticos com P maiúsculo, como Marco Maciel, que exerceu a vida pública como sacerdócio, sem tempo para a família, como arranjar espaço na agenda para os filhos?

“Apesar de trabalhar feito um leão, papai encontrava uma forma de nos ter próximos. Ele me levava, por exemplo, para a solenidade da troca das bandeiras na rampa do Palácio do Planalto, em Brasília. Ao mesmo tempo em que cumpria uma obrigação como presidente da República em exercício, tinha a minha companhia, o que fazia ele muito feliz”, revela a advogada Gisela Maciel, filha primogênita do ex-senador.

Com Anna Maria, Marco Maciel teve três filhos, todos bacharéis em Direito: Gisela, concursada do Tribunal de Contas de Goiás, mora em Goiânia (GO), mãe de dois filhos. Maria Cristiana, mãe de uma filha, reside em Brasília, ingressou no Conselho Nacional de Justiça como advogada por concurso. João Maurício, o caçula, pai de um filho, que leva o nome do avô – Marco Antônio de Oliveira Neto, de apenas 15 anos – mantém um escritório de advocacia na capital federal.

Gisela, Cristiana e João Maurício aprenderam com os pais que é no seio familiar que se formam os novos cidadãos. A relação deles com o pai famoso, sempre ocupado, se deu de forma natural, sempre compreendida por eles. “A relação entre pai e filho é um dos relacionamentos mais lindos e também mais complexos. Isso porque cada um deseja algo do outro, mas conosco não foi assim. A gente sempre entendeu o papel de papai”, diz Cristiana.

Ela lembra que, quando criança, Marco Maciel também encontrava um jeitinho para estar ao seu lado em meio a uma agenda que entrava pela madrugada, seja como governador de Pernambuco, ministro de Estado, senador ou vice-presidente. “Quando estava em casa, ele me pedia para recortar jornais. Quando me levava para o gabinete, eu imitava sua secretária levando papéis, procurando documentos e forçando ele a beber água, que ele esquecia de tanto trabalhar”, acrescenta Cristiana.

“Não poderia ter tido um pai tão maravilhoso. O tempo em que ficava em casa, fazia questão de estar ao lado dos filhos, da família. Quando encontrava um tempinho na agenda, gostava de fazer programas com a gente, como levar para lanchar”, lembra Gisela. Marco Maciel, segundo Anna Maria, sua viúva, sonhava em ter um filho homem.

“Na minha terceira e última gravidez, veio João Mauricio, mas naquele tempo não se sabia o sexo antes do parto. Quando ele soube que era homem, ficou louco, parecia uma criança num parque de diversão de tão feliz”, recorda Anna. Mas, da mesma forma que se deu com Gisela e Cristiana, para João Maurício também não sobrou muito tempo para ter o pai ao lado em momentos de lazer.

Assim, quando governador de Pernambuco, entre 1979 e 1982, Marco encontrou também um jeitinho de dar atenção ao filho. Era seu convidado especial para as viagens de ônibus pelo Interior do Estado, roteiro que inaugurava obras, visitava lideranças políticas e assinava novas ordens de serviço. “Eu adorava, para mim era um passeio. Ficar ao lado do meu pai era tudo que eu queria”, diz João Maurício.

Escasso era o tempo na agenda de Maciel para a família porque a vida pública, para ele, era um sacerdócio, dedicação exclusiva, sem hora para se alimentar, nem para dormir. “Marco não dormia nem comia”, atesta Joel de Holanda, um dos mais fiéis seguidores da escola macielista. Holanda serviu a Maciel como secretário de Educação e de tão próximo a ele foi escolhido seu suplente de senador. Maciel virou ministro, Holanda, senador em seu lugar. 

De tão apegado ao pai, na condição de filho único, João Maurício, segundo contou Anna, ficava aguardando o pai chegar em casa para desfrutar de alguns momentos ao lado dele. “Como Marco Antônio dificilmente jantava conosco, João ficava acordado até tarde da noite. Quando o pai chegava, corria para os seus braços e ajudava ele a tirar o sapato e as meias”, recorda a mãe.

Diz a literatura que os filhos se desenvolvem tendo o pai como ideal e, sob esse olhar, o pai deve se portar como gostaria que os filhos o fizessem. Na maioria das vezes os meninos se identificam com a figura do pai, tomando-o como a personificação do homem e imitando seus atos. João até que imitava seu pai, mas nunca quis saber de seguir na política. “Descobri, logo cedo, que não tinha a vocação dele”, confessa.

Mesmo entendendo e ensinando que a figura do pai é importante na hora de exemplificar condutas, Marco Maciel nunca influenciou os filhos na carreira profissional. “Faça o que achar que tenha vocação, dizia ele”, lembra Gisela, testemunho compartilhado por Cristiana e João Maurício. “Para nós, ele foi um pai perfeito. Apesar de ausente, foi perfeito na forma dele, em datas importantes para a família nunca se ausentou. Pai bom não se revela nem se manifesta apenas com a sua presença física”, complementa. 

Para Gisela, Cristiana e João Maurício o legado do pai só tem uma palavra: honestidade. “Nunca vimos nosso pai envolvido em qualquer coisa errada. Zelou pela sua imagem em todos os cargos que exerceu e nos ensinou os princípios básicos da moralidade, dos bons costumes. Foi um homem justo e correto”, disse Gisela. Para Cristiana, Maciel era incapaz de falar mal de alguém, mesmo quando atacado pelos jornais. “Papai nos repreendia com tamanha autoridade que quando mamãe dizia iria relatar a ele nossas traquinagens nós morríamos de medo”, lembra Cristiana. Em toda minha vida, ele só me bateu uma vez, mas com razão”, recorda, rindo. 

Do traço da personalidade dele, Cristiana acha que herdou o fato de ser muito rigorosa, de não aceitar nada errado, do aprendizado para levar uma vida muito correta. Para ela, o choque do diagnóstico do Alzheimer não foi tão forte porque a família já estava desconfiada. “Ele vinha mudando muito de postura, de comportamento. E passou a não lembrar das mínimas coisas importantes, logo ele que tinha uma memória privilegiada”, testemunha.

Já Gisela diz que herdou do pai duas virtudes: paciência e tranquilidade. “Também sou pacificadora, como ele foi a vida inteira”, afirma, adiantando que de tanto se envolver nas eleições do pai, pedindo voto na calçada da casa, ficou conhecida como 109, número do registro eleitoral do pai na época em que disputou mandato para Câmara dos Deputados. Quanto à mãe, diz que herdou a alegria. “Mamãe sempre foi uma pessoa muito alegre e sempre exibiu alegria na forma de conduzir a vida”, observa. 

Por ser o único filho homem, João Maurício passou a vida inteira despertando a atenção de familiares se entraria na política, assumindo a condição de herdeiro do pai da vida pública, mas nunca quis. “Papai nunca nos pressionou em nada, muito menos para entrar em política. Não era desejo dele ver filhos metidos em política”, afirma João, que, em homenagem ao pai, colocou o nome do filho Marco Antônio de Oliveira Neto.

“João contrariou Marco Antônio, que tinha o princípio de não colocar nome de pai político em filho. “Dizia que o filho, por herdar um nome de político, poderia em vida ser mais sacrificado do que homenageado, porque pagaria o preço muito mais dos erros do pai, enquanto os acertos nunca seriam lembrados”, explica Anna Maria.

Veja amanhã

Por que a família não permitiu que os pernambucanos dessem o último adeus a Marco Maciel promovendo seus funerais no Recife?

Renegade Trailhawk 4×4: mesmo flex, é bem valente

A Jeep garantiu no primeiro semestre de 2022 a liderança do mercado de SUVs no Brasil, com 20,7% de participação entre os utilitários esportivos – e 65.617 carros vendidos. Isso é resultado de uma marca consolidada, rede de concessionárias ampla e de um portfólio caprichado de produtos – com lançamentos recentes. Este colunista avaliou a versão topo-de-linha do novo Jeep Renegade, apresentado neste semestre: a Trailhawk, com motor 1.3 flex e tração 4×4.

A iniciativa de deixar o conjunto tracionado num veículo flex foi boa? Mesmo com a gasolina a esse preço? Bem, parece ser essa mesmo a primeira e mais relevante questão a ser respondida. Afinal, o carro ficou melhor, mais seguro e com mais tecnologia. Mas, não esqueçamos, o consumidor brasileiro leva muito em consideração o gasto com combustível – mesmo comprando carros como o Renegade Trailhawk, que custa R$ 170.655 (com a cor Orange Punk’n inclusa).

Antes de continuar, vale relembrar: o motor turbo 270 (em referência ao torque de 27,5kgfm) 1.3 já foi usado em vários modelos das marcas do grupo Stellantis. No Renegade, agora, equipa todas as versões. Ele produz até 185cv de potência – nesta, com câmbio automático de 9 marchas.

No caso das versões 4×4 (a outra é a S, mais urbana, e com o mesmo preço), elas ficaram mais pesadas: só o peso extra da tração nas quatro rodas é equivalente a dois passageiros adultos de 85kg cada um).

É importante lembrar que o pesado 1.8 flex, de 139cv e apenas 19,3kgfm, foi descartado de vez. Agora, o problema: o sucessor, muito mais eficiente, consome combustível como jovens nas noites de sextas-feiras.

Por exemplo: o Renegade flex 4×4 faz 9,1 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada, segundo os dados oficiais. No diesel eram, respectivamente, 9,6 e 11,4 km/l, enquanto o 1.8 flex chegava aos 10 e 12,2 km/l. Mas, podem acreditar, ele é melhor.

Velocidade de largada? O Trailhawk faz de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos, com gasolina. Claro, é mais pesado do que o Longitude 4×2 – que ainda será testado pela coluna De bigu com a modernidade (8,9 segundos, segundo a marca).

É um carro muito legal de se guiar, sem qualquer sofrimento nas acelerações e retomadas.

Não foi feito nada que se compare a uma prova de rally de brincadeira, mas é possível ver que há Trailhawk. Enfim, é um carro para o off-road, sim: tem, por exemplo, ângulos de entrada de 30º e de 32º de saída e bons recursos. São cinco modos de condução, que ajustam o motor, câmbio e bloqueio de diferencial traseiro em automático, esportivo, neve, pisos escorregadios, areia e lama e pedra.

Sem falar das funções 4WD Low, com relações mais curtas do câmbio, 4WD Lock, que bloqueia o diferencial traseiro, e o controle de descida, que mantém automaticamente a velocidade do veículo mesmo em descidas íngremes.

A atenção especial para os aventureiros de verdade vem nos protetores de cárter, do tanque de combustível e da transmissão – garantindo mais segurança nos desafios. E, claro, gancho de reboque traseiro. Na versão testada, a Jeep a enviou com o teto solar elétrico panorâmico (opcional).

Segurança

O pacote é muito bom nesta versão: o de auxílio à condução, então, é semelhante a alguns irmãos Jeep maiores. Tem frenagem automática de emergência, alertas de ponto cego e de tráfego cruzado traseiro, assistente de permanência em faixa, alerta e assistente de estacionamento. São sete airbags, vale lembrar.

De ruim, ele tem

O porta-malas é pequeno: 314 litros. Para aventureiros, é pouco espaço, convenhamos. E o preço de transportador de carga expansível, no teto, de 500 litros, é bem salgado: R$ 18.711,25, no site da Mopar, empresa da própria marca. O flexível, por sua vez, custa R$ R$ 2.687,19 – mas só suporta 317 litros. O de 480 litros tem preço sugerido de R$ 4.875,14. O bagageiro tubular, por sua vez, custa R$ 2.177,98.

Kia Sportage agora é híbrido – A marca coreana finalmente anunciou os preços e pôs nas concessionárias brasileiras as duas versões do novo Kia Sportage. Uma custa R$ 220 mil e outra, a EX Prestige, R$ 255 mil. Mas se o cliente quiser uma pintura metálica ou perolizada terá que desembolsar mais R$ 2,8 mil.  O Sportage, é o segundo híbrido do modelo da Kia no Brasil com esse motor – 1.6, turbo, a gasolina e bateria de 48 volts, capaz de gerar 180cv, com torque de 27kgfm e transmissão automática de 7 velocidades e dupla embreagem. Esta última, por sinal, tem um bom pacote de conforto e segurança.

O ar-condicionado é digital com dual zone e sensível ao toque. Os bancos dianteiros têm revestimento em couro natural e detalhes em camurça, ventilação e o do passageiro também tem ajustes elétricos. Há também carregador de celular por indução e paletas para trocas de marchas atrás do volante e display integrado curvo com duas telas de 12.3” cada – uma para o painel digital e outra para o sistema multimídia, que tem conectividade Apple CarPlay e Android Auto. O assistente para prevenção de colisão frontal inclui conversão em cruzamentos; câmeras de visão 360°; monitor de ponto cego com visualização no painel digital de instrumentos; piloto automático adaptativo etc.

Gladiator chega em 4 de agosto – A Stellanis, dona da marca Jeep, marcou a data do lançamento da picape Gladiator (que ela classifica como a “mais capaz do mundo”) no Brasil. Será no dia 4 de agosto. Não há preço definido. Nos Estados Unidos, ela custa em torno dos US$ 55 mil. A promessa é de muita tecnologia e versatilidade – e, claro, os atributos tradicionais da marca para enfrentar desafios. “Ela chegará para redefinir o conceito off-road no universo das picapes no Brasil”, diz o comunicado da Jeep.

R$ 199,50 para 630km de autonomia?

O portal InsideEvs, especializado na cobertura de veículos elétricos, fez um estudo sobre o custo de abastecimento de alguns modelos (também plug-ins) no primeiro eletroposto da Shell Recharge inaugurado em São Paulo, no mês passado. Ele tem carregadores com potências de 50 kW e 150 kW alimentados por fonte de energia renovável, com carregamento em até 35 minutos. O valor da recarga é de R$ 1,90 / kWh. Abastecer um Renault Kwid E-Tech 27 kWh custa R$ 51,30 para a recarga total (e autonomia de 265km). O Volvo XC40 Recharge de 75 kWh exige R$ 142,50 para 420km (já pensou de ir Triunfo ao Recife gastando só isso?). O mais caro foi o BMW iX xDrive50 de 150kWh: R$ 199,50 para 630km de autonomia.

Ônibus sustentáveis no Ceará – A TEVX Higer assinou memorando de intenções com o governo do Ceará para instalar uma fábrica no polo de Pecém, a primeira da marca na América Latina, para produzir ônibus elétricos. O plano é começar a produção em dois anos. Antes disso, deve investir na importação de veículos e gerar empregos com o treinamento e formação de profissionais especializados em veículos elétricos. A TEVX Higer surge da junção entre a TEVX Motors e a Higer Bus, fabricante chinesa que atua em mais de 100 cidades pelo mundo, com ônibus elétricos, elétricos com semicondutores e veículos a hidrogênio.

Elétricos: BMW cresce – A marca alemã tem conseguido sucesso no processo de eletrificação dos seus carros: somente no Brasil, as vendas de elétricos e híbridos plug-in dobraram em junho, ante o mesmo mês de 2021. No semestre, cresceu 42%. Em todo o mundo, foram 75,9 mil carros elétricos.

Moto BMW K 1600 Bagger: pagas R$ 326.500? – O visual mudou e ficou mais esportivo, mas as linhas elegantes e futuristas continuam lá na nova BMW K 1600 Bagger – e que já está em pré-venda no Brasil. Importada de Berlim, na Alemanha, terá preços de carros de luxo: de R$ 306.500, passando por R$ 313.500 e chegando aos R$ 326.500. Basta procurar uma concessionária da marca e esperar até setembro.

A moto de silhueta sóbria é propícia para viagens de longas distâncias e a propulsão de carro potente: o motor da K 1600 Bagger é de seis cilindros em linha de 1.649 cm³, 4 tempos, 24 válvulas com duplo comando e é capaz de entregar 160cv de potência 17,5kgmf de torque.

O conjunto agrega, ainda, câmbio de seis marchas e transmissão por eixo cardã. A lista de equipamentos de série também é bem ampla: freios assistidos por ABS Pro, controle de tração dinâmico, ajuste eletrônico de suspensão, manoplas e banco aquecidos, farol xenon, lanterna e luzes indicadoras de direção em LED, controle eletrônico de velocidade e por aí vai.

Também tem computador de bordo, modos de pilotagem, rádio, preparação para GPS e para-brisa com ajuste elétrico.

Outro destaque desta cruiser são os recursos tecnológicos semelhantes aos encontrados em automóveis premium: farol direcional, assistente de partida em ladeira, controle de pressão dos pneus, partida sem chave (keyless), luzes adicionais em LED, interface Bluetooth, sistema de alarme antifurto e marcha à ré.

Moto e carro: proporção de 1 para 1 – O preço da gasolina, instável e controlado artificialmente, e o desemprego rondando a porta de 11 milhões de brasileiros, têm feito o mercado de motocicletas crescer. O principal fator é a procura da moto para o trabalho, sobretudo no setor de entregas. Resultado: no primeiro semestre, foram emplacadas 636.698 motos – ou 23% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Já a venda de carros despencou 26% no primeiro semestre de 2022, com 683.173 emplacamentos. Isso significa 1 automóvel para cada 1 moto vendida.

Em 2019, no primeiro semestre, longe da pandemia de Covid-19, os fabricantes despacharam 530.152 unidades; em 2020, apenas 350.290; em 2021, melhorou e as vendas subiram para 517.326; agora, já chegaram a 636.698. Obviamente, as motos populares – principalmente as da Honda, se sobressaem. E há, claro, mais novos usuários, essencialmente da scooters, segmento que registrou um crescimento de 27%.

De qualquer forma, o Brasil vai ter que se adequar a essa nova realidade: nesse mesmo período (primeiro semestre de 2022) foram emplacados 683.173 carros. Isso significa 1 automóvel para cada 1 moto vendida. Estamos (motociclistas, governos, sociedade) preparados?

Consórcio – Um terço (32,4%) das novas cotas comercializadas no setor de consórcios no ano passado foram para a compra ou troca de uma moto nova ou usada, segundo o Anuário 2022 da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (Abac).

O segmento de motocicletas foi o que contemplou mais pessoas e bateu recordes, garantindo poder de compra a quase 600 mil consorciados. A Bahia representou 10,6% das vendas do consórcio de motos, seguida por São Paulo, com 10,3%. A região Nordeste lidera os principais indicadores: 845.188 (35,8%) participantes ativos, 443.833 (39,5%) cotas vendidas e 238.819 (39,8%) pessoas contempladas.

Bem, a entrada em um grupo de consórcio para motos, como da Eutbem, fintech de consórcio 100% digital, é a realização de sonho de muitas pessoas, mas exige organização e planejamento financeiro do consorciado. Em 2021 foram disponibilizados R$8,8 bilhões em créditos, representando 13,4% do total de valores concedidos pelo setor.

E por falar nisso, o setor de motos aparece em segundo lugar no total de participantes ativos, com 2,36 milhões de pessoas, ou 28,2% do total. O potencial de vendas de motos no Brasil por meio do consórcio foi de 51,9% no ano passado, considerando o número total de emplacamentos dos veículos de duas rodas, segundo dados da Fenabrave, a Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos.

Financiamento – Em junho, o financiamento de motos registrou um crescimento de 12,8% quando comparado com o mesmo período do ano passado, segundo a B3. Fernando Weigert, diretor da Alias Tecnologia, fornecedora de soluções tecnológicas para empresas, diz que o número reflete o Brasil de agora: combustíveis caros, com aumentos constantes etc.

Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.