Lembro do Gilberto Amaral com o “Bolão do Gigi”

Por Renato Riella*

Gilberto Amaral, último grande colunista social ainda em evidência no Brasil, dominava a República. Ele acaba de morrer em Brasília, aos 87 anos. Fui chefe dele no Correio Braziliense e no Jornal da Comunidade e, por incrível que pareça, nunca brigamos.

Mas foi um tipo marcante. Meio alto, corpulento, vozeirão, com cabeleira bonita, ocupava ambientes. Às vezes, até assustava. Conto uma história engraçada, que mostra como Gilberto era. Aconteceu em agosto de 2007.

O famoso colunista chegou na minha casa, na hora do café da manhã, acompanhado de uma moça bonita, dona da lotérica do Lago Sul (bairro dos muito ricos de Brasília). Os dois me contaram que, no dia 31 de dezembro, haveria o Sorteio da Virada da Caixa Econômica, com premiação de R$ 200 milhões.

A proposta era fazer uma aposta coletiva de R$ 300 mil para ganhar a bolada. Disseram que um matemático havia organizado os jogos numa faixa elevada de probabilidade (na verdade, soube depois que, se a gente repetisse o jogo de R$ 300 mil por dez anos, certamente ganharia). Na conversa, Gilberto me pediu que coordenasse a ideia e fizesse o projeto de marketing. Assim foi feito.

Produzi uma marca colorida, chamando a jogada de “BOLÃO DO GIGI”.  Produzi peças com essa marca e fotos risonhas do Gilberto. Ocupei todas as mídias. Levantei cerca de 500 nomes de poderosos, com e-mail e fone, para lançar a proposta.

Feito tudo isso, Gilberto Amaral conseguiu vender 300 cotas de mil reais, viabilizando o jogo.  Trabalhou com poderosos, como o bilionário Luis Estevão, o ex-presidente Collor, etc, todos esses querendo ficar mais ricos.

Foram centenas (talvez milhares) de cartelas preenchidas com jogos orientados pelo matemático. Nesses meses antes do Reveillon, Gigi agitou a cidade, com a esperança de ganhar o Sorteio da Virada.

No dia fatal, 31 de dezembro de 2007, ficamos morrendo de expectativa. Mas, horas depois, a TV deu que não havia nenhum vencedor de Brasília. Restava a esperança das quinas e quadras.

Nos dias seguintes, vimos que não ganhamos nenhuma quina – mas dezenas de quadras. Feito o rateio, cada apostador ficou com R$ 400,00 – para um investimento de mil reais.

Gilberto Amaral era assim. Passou pela vida sonhando e brindando. Ele até pensava em fazer uma grande festa com os 300 apostadores – se a gente ganhasse na loteria. Mas não deu.

Na verdade, Gigi não trabalhava pelo dinheiro. Vivia do glamour. Nesses meses do Bolão do Gigi, a gente curtiu muito, vendendo ilusão em Brasília.

Assim, Gilberto Amaral chega lá em cima com esse pique total. Vai agitar nas outras esferas.

*Jornalista

O volume de serviços em Pernambuco caiu 3,1% em maio, o pior resultado do país na comparação com o mês anterior. O resultado está na contramão da tendência observada no Brasil, onde houve alta de 0,9% em maio, terceiro resultado positivo do setor nos últimos quatro meses. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada, ontem, pelo IBGE.

Os números negativos de maio em comparação a abril contrastam com o desempenho de Pernambuco em outras variáveis divulgadas pela PMS. Na comparação entre maio de 2022 e o mesmo período do ano passado, por exemplo, o estado teve avanço de 8,9% no setor de serviços, ligeiramente inferior ao percentual do país (9,2%).

Já no acumulado do ano, o aumento foi ainda maior, de 14,3%, posicionando Pernambuco em sexto lugar no ranking nacional. O Brasil também teve índices positivos (9,4%), mas em menor intensidade. No acumulado dos últimos 12 meses, o estado teve alta de 15,5%, superior à média brasileira (11,7%).

Serviços prestados às famílias têm as maiores altas entre as atividades pesquisadas pela PMS

Pelo terceiro mês consecutivo, a categoria Serviços prestados às famílias teve a maior alta, de 30,2%, entre as cinco atividades abrangidas pela PMS na comparação entre maio de 2022 e o mesmo mês de 2021.

A categoria inclui, por exemplo, hotéis, bares, academias e salões de beleza, negócios mais dependentes do atendimento presencial. Em segundo lugar, estão os Serviços profissionais, administrativos e complementares (15,7%). Na sequência, estão Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (6,4%), Outros serviços (1,2%) e Serviços de informação e comunicação (1%).

Na variação acumulada do ano, em relação ao mesmo período do ano anterior, as posições se mantiveram: Serviços prestados às famílias também ficou na liderança, com aumento de 29,2%, seguidos pelos Serviços profissionais, administrativos e complementares (19,3%), Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (17,1%). Outros serviços (12,5%) e Serviços de informação e comunicação (1%).

No acumulado dos últimos 12 meses, as três primeiras posições continuaram com Serviços prestados às famílias (48,7%), Serviços profissionais, administrativos e complementares (17,6%), Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (16,4%).

Dessa vez, os Serviços de informação e comunicação ficaram em quarto lugar (4,1%) e a última posição ficou por conta dos Outros serviços (3,7%). A classificação abrange, por exemplo, a compra, venda e aluguel de imóveis, atividades de apoio à agricultura, à pecuária e gestão de resíduos sólidos.

Volume de atividade turística de Pernambuco caiu 2,4% em maio na comparação com abril

O índice de volume de atividades turísticas, que também faz parte da Pesquisa Mensal de Serviços, teve queda de 2,4% em maio frente a abril, sexto pior resultado entre os 12 estados pesquisados. No Brasil, a alta foi de 2,6%. Ceará e Bahia, os outros dois estados nordestinos presentes no levantamento, tiveram alta de 2,3% e 1,5%, respectivamente.

Quando se compara maio de 2022 com o mesmo período do ano passado, a alta de Pernambuco foi de 25,2%, também inferior à do Brasil (45,6%), à da Bahia (45,8%) e do Ceará (69,6%).

Na variação acumulada do ano, o aumento para o estado foi de 38,3%, também abaixo do nacional (50,2%). Por sua vez, no acumulado dos últimos 12 meses, Pernambuco teve desempenho superior, com avanço de 55,5%, superior ao brasileiro como um todo (47%).

O ex-deputado Ney Lopes, do Rio Grande do Norte, que era pré-candidato ao Senado pela PMB, desistiu de concorrer nas Eleições deste ano. O comunicado foi enviado pelo próprio Ney, na manhã de hoje.

Confira o texto na íntegra.

“Aos amigos e amigas do RN

Dirijo-me às amigas e amigos do Rio Grande do Norte para comunicar-lhes que não serei candidato à vaga de senador nesta eleição de 2022. Acho-me emocionalmente enfraquecido pela perda em pouco tempo do meu filho e da minha mãe, o que se soma a circunstâncias eleitorais atípicas e notórias no estado.

Tais fatos abalaram a vontade de ter coragem. Perdi a força e o estímulo de um filho dedicado, vocacionado e preparado para a vida pública. Não ouço mais as suas palavras de solidariedade, um sentimento essencial para quem está na luta política e que cada dia parece desaparecer. Como se não bastasse, a minha mãe partiu para a Eternidade. A dor da saudade desses dois entes queridos atinge toda a família. Dar um passo para trás e não disputar a eleição, não é recuar, regredir ou omitir-se. O erro está quando saímos e não seguimos outro caminho.

Continuarei na vida privada, em defesa da distribuição justa de oportunidades e redução das desigualdades sociais, na linha da Doutrina Social da Igreja. Para isso, não é necessário ser “esquerda”, ou “direita”. As doutrinas não têm rótulos. Elas têm conteúdo e compromisso intransigente com as liberdades e o estado de direito. A resposta da atual crise brasileira resume-se na eliminação dos “vícios de excesso” (extremismos), de que falou Aristóteles e ao mesmo tempo seguir a regra de São Tomás de Aquino, de que o bom senso não é incompatível com coragem, fortaleza e sabedoria.

Agradeço ao PARTIDO DA MULHER BRASILEIRA, presidido no RN de forma competente pela senhora Viviane Oliveira de Souza, que me acolheu em seus quadros. Também registro a satisfação de compartir a pré-campanha com a doutora Clorisa Linhares, candidata ao Governo do estado, uma mulher ética, corajosa, a quem desejo sucesso, extensivo a todos que compõem a lista partidária para disputa de deputado federal e estadual, todos eles movidos pelo espírito público de servir ao RN. Menciono igualmente agradecimentos ao presidente do “Patriotas” Marcel de Brito Vital, candidato a deputado federal, que aceitou coligar-se conosco, numa negociação limpa e honesta.

Agradeço aos familiares, amigos e amigas que me estimularam e encorajaram. Ao jornalista Tertuliano Pinheiro e sua equipe, responsáveis pela excelente divulgação da pré-campanha, que me permitiu mostrar, pelas redes sociais, o meu dever cumprido como parlamentar, o que tanto me honra e satisfaz, pelas inúmeras demonstrações de reconhecimento, que recebo pelos serviços prestados ao Estado e ao país.

À minha esposa Abigail, filhas e netos, com quem sempre dialoguei na tomada de decisões para construção de sonhos futuros, o reconhecimento pelo conforto, compreensão e tolerância.

Conclamo a todos os candidatos nesta Eleição Geral de 2022, independentemente de partidos, que sigam o conselho de JK: “jamais tenham compromisso com o erro”. Se eleitos, não percam a esperança de lutar pelo RN, para que o Estado deixe de ser aquele, que “poderia ter tido e não teve”, sempre pela falta de um advogado, que gritasse e o defendesse, na hora certa. Caso continue assim, será responsabilidade do eleitor. Obrigado a todos, que acreditaram em mim! Deus os abençoe!”

NEY LOPES

Por sua gestão à frente da presidência do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de Pernambuco (Sindimóveis-PE), o corretor Lourenço Novaes e sua diretoria serão reconduzidos aos respectivos cargos até 2025.

A cerimônia de posse, amanhã, será no auditório do Sebrae-PE, quando além de ser reconduzido ao cargo no Sindimóveis-PE, Novaes receberá das mãos de Lucimar Elias, presidente da Federação Nacional dos Corretores de Imóveis (Fenaci), a missão de ser vice-presidente no Nordeste da Fenaci.

Após um fim de semana de extensa programação por cidades da região do Sertão de Itaparica, o pré-candidato do Partido Liberal (PL) ao Governo do Estado, Anderson Ferreira, iniciou pela Região Metropolitana os compromissos de mais uma semana da caravana Simbora Mudar Pernambuco.

Em entrevista a veículos de comunicação sediados nas cidades do Recife e de Olinda, Anderson destacou a receptividade da população e lideranças políticas às propostas apresentadas por onde tem caminhado e os entraves à retomada da economia causados pela inoperância da gestão do PSB.

Durante participação no podcast Talk Hugo, comandado pelo jornalista Hugo Esteves, o pré-candidato afirmou que a caravana tem percorrido todas as regiões do estado para ouvir as demandas de cada localidade a fim de elencar prioridades para uma eventual gestão à frente do Palácio do Campo das Princesas a partir de 2023.

“Definir prioridades foi uma ação que contribuiu diretamente para o êxito do nosso governo na Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes. E para determinar o que é prioridade para uma cidade ou região é preciso ouvir as pessoas e é isso o que temos feito”, disse o ex-prefeito.

Já em entrevista à jornalista Meiry Lanuce, na TV Guararapes, Anderson Ferreira lamentou os gargalos enfrentados por comerciantes e empresários na geração de postos de trabalho devido à falta de apoio do governo Paulo Câmara (PSB) à retomada econômica.

“A incapacidade inerente ao modo PSB de governar tem sido danosa para a população como um todo, em seus mais diversos setores, e isso tem prejudicado quem quer e tem como gerar emprego e renda no estado. É um cenário triste e lamentável, mas que está com os dias contados”, pontuou.

Com mais de 23 expositores, Brejo da Madre de Deus é um dos destaques da 22ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). O prefeito Roberto Asfora, ao lado da Secretária de Cultura, Mônica Asfora, visitaram o estande do município e prestigiaram os artistas da terra.

“Sempre me preocupei em oferecer o melhor para nosso povo, na cultura não é diferente, locamos os melhores estandes, aqueles tem que a maior visibilidade possível. O artesanato feito em nosso município é destaque pela riqueza dos detalhes e a amor depositado em cada arte. Por isso, todo incentivo e dedicação da nossa parte em participar, auxiliar e divulgar os artesões”, enfatizou o prefeito.

Para Josefa, artesã do município, o apoio a cultura já é marca do prefeito Roberto Asfora. “Ele sempre apoia nossa arte, valoriza o artista local e dá muita visibilidade a todo. Ttenho gratidão pelo reconhecimento que nossa arte tem”.

O artesanato de palha de coco catolé, obras feitas com madeira, pedra granito, tecido, reciclagem e de couro estão disponíveis para o público até o 17 de julho, na 22ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato.

Clique aqui para acompanhar a rede social oficial do artesanato de Brejo da Madre de Deus.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 90 dias o Inquérito (INQ 4874) que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas. No despacho, o ministro levou em consideração a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento.

O INQ 4874 foi instaurado a partir de indícios e provas da existência de uma organização criminosa, com forte atuação digital, que se articularia em diversos núcleos – político, de produção, de publicação e de financiamento –, com a finalidade de atentar contra a democracia e o Estado de Direito no país.

Um ano e sete meses no poder, a aprovação da gestão do prefeito de João Alfredo, Zé Martins (PSB), é crescente. Na primeira avaliação, com seis meses, alcançou 83,2% de aprovação, ao completar um ano subiu para 86% e agora chegou a 87%. Os números são da nova rodada de pesquisas do Instituto Opinião, feita nos últimos dias 9 e 10 deste mês. Entre os que desaprovam, apenas 10,8%, enquanto 2,2% disseram que não sabiam ou se recusaram a responder.

Foram aplicados 400 questionários nas zonas urbana e rural. A margem de erro é de 4,1 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 90%. A metodologia envolveu a técnica de Survey, que consiste na aplicação de questionários estruturados e padronizados a uma amostra representativa do universo de investigação. A maior concentração de eleitores satisfeitos com o Governo Municipal está entre os jovens, na faixa etária de 16 a 24 anos, que atinge o percentual de 93,8%.

Depois, entre os eleitores com grau de instrução no ensino médio (87,5%) e entre os eleitores com renda familiar acima de dois salários (87,4%).

Por sexo, 89,4% dos homens se dizem satisfeitos ante 84,9% das mulheres. Por áreas, a avaliação de Zé Martins é a seguinte na zona urbana: Asa Branca (77,8%), Boa Vista (85,7%), Centro (82,1%), Mãe Rainha (88%), Neco de Leo (84,4%), Oswaldo Lima (85,8%), Plínio Mouro (92,9%), Raul Soares (86,6%), São José (90%) e Manoel Vidal (75%). 

Já na zona rural, os números são os seguintes: Antas (66,7%), Brejinhos (74,1%), Campos do Borba (87,5%), Frei Damião (97%), Lagoa Funda (95,7%), Melancia (95,2%), Parari (83,3%), Pau Santo (89,4%), Ribeiro Grande (95,7%), Roque (85%) e Tamanduá (83,4%).

Quando se avalia as virtudes da gestão, 18,7% acham que está bem porque o prefeito é trabalhador; 13,5% acham que a cidade está progredindo e 8,6% acham que o prefeito trabalha mais do que os anteriores.

Quanto às demandas mais reclamadas pela população de João Alfredo está, em primeiro lugar, a geração de emprego (11,6%), mais investimentos em iluminação pública (4,7%) e mais investimentos em saúde (4,7%).

Quando provocados a dar nota à gestão, 49% dos entrevistados dão a máxima, 10, 11% dão 9 e 18,5%, 8. Quanto à expectativa da gestão, 85% acham que Zé Martins vai continuar tendo o mesmo desempenho atual. 

O Plenário do Congresso Nacional aprovou, ontem, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO – PLN 5/22), que determina as metas e prioridades para os gastos públicos do ano que vem e oferece os parâmetros para elaboração do projeto de lei orçamentária de 2023. A proposta segue para sanção presidencial.

As emendas de relator-geral do Orçamento, classificadas como RP 9, foram o ponto mais polêmico da votação. O substitutivo aprovado pelo Congresso retirou dispositivo que tornava obrigatória a execução desses recursos, que somam R$ 16,5 bilhões no Orçamento deste ano, mas podem chegar a R$ 19 bilhões no ano que vem. As informações são da Agência Câmara de Notícias.

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, celebrou o acordo entre o governo e a minoria que permitiu a votação da LDO sem a impositividade das emendas de relator. “Teremos ao longo dos meses um debate muito profundo relativamente às emendas de relator.

O senador Marcelo Castro (relator-geral do Orçamento 2023) cuidará de fazer com que haja o estabelecimento de todos os critérios possíveis para que se confira a maior e absoluta regularidade e transparência a esses recursos necessários aos estados e municípios”, afirmou.

Transparência

Parlamentares de vários partidos fizeram críticas às emendas de relator, por avaliar que há falta de transparência e isonomia na distribuição dos recursos entre os parlamentares.

Houve também denúncias de que as RP 9 seriam utilizadas para influenciar as votações do Congresso ou teriam vínculos com esquemas de corrupção.

“Há exemplos de municípios que recebem verbas para saúde muito maiores do que a capacidade de execução e atendimento”, denunciou o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS). “Apenas parlamentares que trabalham em troca de voto recebem recursos das emendas de relator”, afirmou o deputado Rogério Correia (PT-MG).

Já o presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Celso Sabino (União-PA), negou que as emendas de relator sejam secretas.

“Na comissão já constam todas as indicações e destinação dos recursos. A indicação obrigatoriamente contemplará o nome do parlamentar, ainda que seja de um representantes da sociedade civil.”

O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) defendeu as emendas de relator como um meio de aumentar os recursos para municípios.

“Se precisamos de mais recursos para estradas, quem mais conhece a realidade do que os deputados que estão todas as semanas nas bases onde somos votados?”, indagou.

Controle

O relatório do senador Marcos do Val (Pode-ES) estabeleceu novas medidas para transparência e controle das RP 9. A partir do ano que vem, as indicações e a ordem de prioridade das emendas de relator serão estabelecidas não apenas pelo relator-geral do Orçamento como também pelo presidente da Comissão Mista de Orçamento em exercício neste ano.

Todas as indicações deverão trazer o nome do parlamentar solicitante, ainda que tenha sido apresentada por demanda de agentes públicos ou representantes da sociedade civil.

O substitutivo de Marcos do Val também inseriu dispositivos para aumentar o controle político e social sobre as transferências especiais.

Nesta modalidade, que corresponde a R$ 3,3 bilhões das emendas individuais deste ano, os recursos são enviados diretamente ao caixa da prefeitura ou do estado beneficiado, sem finalidade definida e sem precisar que antes seja celebrado um convênio ou apresentado um projeto.

Os recursos financeiros de transferências especiais deverão ser repassados até o fim de junho de 2023. A prefeitura ou governo estadual deverão comunicar a Câmara de Vereadores ou Assembleia Legislativa, no prazo de 30 dias, o valor do recurso recebido e seu plano de aplicação.

Reajustes

O projeto original da LDO dá prioridade a reajustes e reestruturação de carreiras em 2023. Para que isso ocorra, o plano deve ser enviado ao Congresso pelo Poder Executivo no projeto de lei orçamentária do ano que vem.

O substitutivo apresentado pelo relator já autoriza a reestruturação e a recomposição salarial da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Penitenciária, além das polícias Civil e Militar e bombeiros militares do Distrito Federal.

Ainda foi autorizado o provimento de cargos e funções relativos aos concursos vigentes dessas carreiras, até o montante das quantidades e dos limites orçamentários da lei orçamentária para 2023.

Para aumentar a transparência sobre contratações de pessoal, o relator passou a exigir que os quantitativos sejam discriminados por carreira. O substitutivo ainda proíbe reajuste do auxílio-alimentação ou refeição e da assistência pré-escolar em percentual superior à variação acumulada do IPCA desde a última revisão de cada benefício.

Teto de gastos

O texto aprovado permite que o Congresso Nacional utilize a projeção mais atualizada para o IPCA 2022, com o objetivo de corrigir o cálculo do teto de gastos da União para 2023, que no projeto da LDO é estimado em R$ 1,711 trilhão.

Dessa maneira, não será mais necessário utilizar a projeção a ser informada pelo Ministério da Economia em 22 de novembro. A mudança também pode levar a um ajuste na meta de resultado primário, estimada em um déficit de R$ 65,9 bilhões.

Salário mínimo

O Plenário rejeitou destaque do PT que pretendia elevar a estimativa de salário mínimo no ano que vem para R$ 1.394. O texto aprovado manteve a previsão original do texto encaminha pelo Poder Executivo, de R$ 1.294.

“O maior programa de transferência de renda é garantir o ganho real do salário mínimo, que já foi corroído pela inflação”, defendeu o líder do PT, deputado Reginaldo Lopes (MG).

O relator da LDO, senador Marcos do Val, lembrou que a LDO apenas oferece um parâmetro para as projeções de resultado fiscal. “Quem define o valor do salário mínimo é o Poder Executivo, dentro da meta fiscal estabelecida.”

Já o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) declarou ser contra o aumento do salário mínimo acima da inflação. “Isso afeta os pequenos empreendedores e gera pressão fiscal na Previdência e outras despesas vinculadas ao salário mínimo”, comentou.

Capítulo 29 

Grande parte dos mais de 50 anos na vida pública, Marco Maciel conviveu com lideranças antagônicas ao seu pensamento, mas não há um só registro público que passou recibo, que expôs o contraditório. Dentro do seu partido, o PFL, soube conviver e até tolerar as agressividades de Antônio Carlos Magalhães, o poderoso político que reinou absoluto na Bahia. De tão perverso no trato com os adversários, ficou conhecido como “Toninho Malvadeza”. 

“Só duas siglas pegaram neste País: JK e ACM”, costumava repetir, em tom revelador da sua arrogância e petulância. Ele dizia também que era regido na política por uma cartilha na arena política. “A primeira regra da boa briga é escolher o adversário certo”, ensinou, acrescentando: “Tenho amigos bons e ruins, mas só governo com os bons”. ACM governou três vezes a Bahia.

No primeiro governo foi eleito por via indireta – em plena ditadura militar – pelos deputados estaduais, representando a ARENA (partido do Regime), já vindo de uma administração na Prefeitura de Salvador, onde arregimentara poderes que o capacitaram a receber o apoio total do sistema. Pela Bahia foi eleito ainda senador e acumulou muito poder, chegando à Presidência da Casa, tendo antes sido ministro das Comunicações no Governo Sarney.

Em 2001, na condição de presidente do Senado, renunciou ao mandato envolvido no chamado escândalo do painel, uma fraude na qual se descobriu lista dos que votaram, em sessão secreta, a favor da cassação do então senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Na Câmara dos Deputados, protagonizou um dos episódios mais tensos da história política brasileira, numa briga com o então deputado e adversário Tenório Cavalcanti.

Cavalcanti, ainda no mandato de deputado federal, discursava na Câmara dos Deputados acusando o então presidente do Banco do Brasil, Clemente Mariani, de desvio de verbas. Antônio Carlos Magalhães, então deputado e baiano como Mariani, defendeu o conterrâneo respondendo: “Vossa excelência pode dizer isso e mais coisas, mas na verdade o que vossa excelência é mesmo, é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão.”

Tenório Cavalcanti, então, sacou o seu revólver e berrou: “Vai morrer agora mesmo!”. Alguns parlamentares correram para tentar impedir o assassinato enquanto outros fugiram do plenário. Antônio Carlos Magalhães, tremendo de medo, teve uma incontinência urinária. Mesmo assim, gritava: “Atira.” Tenório, por fim, resolveu não atirar. Rindo da situação em que ACM se encontrava, recolheu o revólver, dizendo que “só matava homem”.

“Nunca usei arma em toda a minha vida. Atirei uma única vez, no interior, para treinar e tomei medo. É uma sensação péssima. Dá um susto enorme. Você toma mais susto do que o possível adversário”, confessou, mais tarde, numa entrevista ao Globo, a velha raposa baiana. O tempo passou, mas não mudou o estilo agressivo de ACM. 

Irado com o então presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), um dos políticos mais próximos a Marco Maciel, por quem foi indicado para ministro da Educação em seu lugar, quando remanejado para a Casa Civil por Sarney, Antônio Carlos Magalhães, num bate boca da tribuna do Senado,  acusou o senador catarinense de roubar recursos do PFL quando presidente do partido.

Para formalizar a acusação, ACM protocolou requerimento na Executiva Nacional pedindo informações urgentes sobre a arrecadação e a utilização desses recursos pela direção do PFL. “Você vai ter de prestar contas do dinheiro que vocês estão roubando do partido”, disse ACM para Bornhausen, numa discussão presenciada por poucos senadores na sala da Comissão de Constituição e Justiça, antes de começar a reunião que votaria a reforma da Previdência.

A crise incendiou o PFL. Isso se deu no Governo Fernando Henrique Cardoso, quando Maciel era vice-presidente e do seu gabinete apagava os incêndios do partido e também convencia senadores e deputados a votarem a favor dos projetos de interesse da gestão liberal. Às turras com ACM, Bornhausen se licenciou da presidência do PFL e abriu um processo de expulsão de ACM do partido. 

Na época, o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) disse que a declaração de ACM acusando o presidente do partido de roubo incomodou a todos e ele próprio se sentiu atingido por ser membro da Executiva do partido. “Quando diz que há roubo no partido eu me sinto atingido porque sou da Executiva, afirmou Maia.

Para contestar as afirmações do senador baiano, o ex-deputado Saulo Queiroz apresentou as contas do partido, cerca de R$ 15 milhões, a maior parte oriunda do Fundo Partidário e o caso foi levado aos integrantes do diretório nacional.

“Quero lhe dizer que este partido está muito mal comandado e precisa acabar a panelinha de quem não tem voto mandar no partido. Eu tenho bancada, votos e não fui derrotado”, completou o baiano. 

Bornhausen teria respondido no mesmo tom, mas no fim do dia preferiu não fazer comentários sobre a divergência pública com ACM. Bornhausen ainda tentou botar panos quentes na polêmica, afirmando através de assessores que tratava-se de uma questão interna do partido e garantiu que o requerimento de ACM “será respondido com todas as informações solicitadas à tesouraria do PFL e demais órgãos competentes”.

Mais uma vez, o bombeiro Marco Maciel apagou as chamas. “ACM só não foi expulso porque Maciel, depois de promover um jantar pacificador no Palácio Jaburu, convenceu o senador baiano a fazer uma carta pedindo desculpas a Bornhausen”, relata o ex-deputado goiano Vilmar Rocha. Segundo ele, Maciel tinha uma enorme tolerância e paciência para conviver com Antônio Carlos no PFL. 

“Eles eram água e óleo, que não se misturam. ACM aprontava e Maciel pacificava. ACM só não brigou e teve problema mais grave com Maciel, porque ele (MM) moderava, diferente do Jorge, que chegou à exaustão na relação com o político baiano”, acrescenta Rocha. Entre os maiores legados de Marco Maciel, segundo o político goiano, foi a sua enorme capacidade de conciliar.

“Ele era o fio da união do PFL, pacificou o partido no momento mais crucial”, reconhece, reportando-se ao episódio da tentativa de expulsão de ACM.

“Marco Maciel, além de debelar a crise, arrancou de ACM uma carta se desculpando com Bornhausen.  

Bornhausen tinha maioria folgada para expulsar ACM. Dos 24 votos do comando partidário, contava com o apoio de 22 dirigentes, mas preferiu não bater chapa e o senador Antonio Carlos achou ótimo. “Não era vantagem para o PFL massacrar um dos seus principais líderes”, disse o então senador José Jorge, integrante do grupo macielista.

Dentro do partido, Maciel e ACM travaram batalhas históricas, sempre com vantagem para o pernambucano. Os primeiros enfrentamentos entre os dois caciques datam da fundação da Frente Liberal. Criado em 1985, por dissidentes do PDS para apoiar a candidatura de Tancredo Neves (PMDB) à Presidência da República no Colégio Eleitoral contra Paulo Maluf (PDS), o grupo foi idealizado por Marco Maciel e, somente depois de algum tempo, receberia a adesão de ACM. 

O que não evitou que o então deputado federal baiano já chegasse disposto a brigar pelo comando, então nas mãos de Maciel e do senador catarinense Jorge Bornhausen. Os dois, aliás, se tornariam adversários do baiano dentro partido para sempre. Na escolha do candidato a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), vaga destinada ao PFL, Maciel indicou José Jorge, enquanto ACM defendeu o potiguar José Agripino Maia. Após várias manobras – inclusive, a marcação de cédulas da votação – o senador foi derrotado mais uma vez. 

No início do primeiro governo Lula, quando o PFL se armava para despontar na oposição, ACM detinha o comando de 22 dos 65 deputados federais da legenda, e decidiu acatar pleitos do Palácio do Planalto. Novamente se viu acuado pelo grupo de Maciel, que na eleição do novo diretório nacional, derrotaram ACM no seu propósito de abrir uma interlocução com o Governo do PT. “Eu sou a ala petista do PFL, mas há também uma ala pefelista do PT”, chegou a pregar ACM, mas sem eco dentro do partido.

Veja amanhã

Marco Maciel já começou a dar sinais dos sintomas de Alzheimer, doença que leva a perda da memória, no final do seu mandato de senador