Coluna da quarta-feira

O bloco da conspiração

O ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio, o seu sucessor João Campos e a viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, conspiram contra o governador Paulo Câmara, com quem andam atritados, prejudicando, consequentemente, a pré-candidatura de Danilo Cabral ao Governo do Estado. Segundo o blog apurou, estão por trás da decisão do demissionário presidente do Ceasa, Gustavo Melo, de não deixar o cargo.

A pedido do governador e do Coronel Danulo, Gustavo foi obrigado a deixar o cargo, entregue ao PP, na cota das negociações do Palácio com Eduardo da Fonte para desistir de Marília Arraes, pré-candidata do Solidariedade. Jogado na jaula dos leões, Gustavo não quer arredar o pé do Ceasa. Continua firme e forte na função, mesmo tendo sido anunciado que seu sucessor já estaria escolhido, o ex-deputado federal Bruno Rodrigues, presidente estadual do Pros, partido também controlado por Dudu da Fonte, como é conhecido o líder do PP.

O episódio provocou mais uma crise no palanque da Frente Popular. Gustavo foi demitido do Ceasa sem a menor cerimônia por Paulo Câmara, sob forte pressão de Danulo e do presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, que se arvora agora no direito de usar a máquina para se eleger deputado estadual.

A troca de comando asseguraria o PP no palanque da Frente Popular. Acontece que o Ceasa é uma espécie de estatal (organização social independente), regida pela Lei das Estatais, aprovada no Governo Michel Temer. A empresa é uma associação com autonomia e, segundo a Lei, só a renúncia pessoal ou uma decisão coletiva do Conselho de Administração do órgão pode demitir e eleger o presidente.

Mas Gustavo Melo foi demitido sumariamente. Ele soube da decisão através de um comerciante do Ceasa. Isso o deixou profundamente irritado, indignado e revoltou amigos e simpatizantes que ele mobilizava no aplicativo de mensagens WhatsApp em defesa do PSB, de Geraldo Júlio e de João Campos. Com o anúncio da demissão, ele deixou o grupo, batizado de Espaço Democrático, arrastando a saída de mais de 100 integrantes.

O grupo implodiu. Revoltados, todos passaram a fazer corpo mole na campanha, ameaçando debandar para o palanque da adversária Marília Arraes. A manobra de Paulo Câmara, Danilo Cabral e Sileno Guedes não contou com o apoio político de outros principais caciques do PSB: o ex-prefeito Geraldo Júlio, o prefeito João Campos e a viúva Renata Campos, que, na prática, comanda o partido com mão de ferro.

Divisões e conflitos – O blog apurou que o trio teria orientado Gustavo Melo a resistir como sinal de protesto por também não terem sido ouvidos no processo. Como a legislação ampara a troca de comando no Ceasa, esse artifício impediu a nomeação imediata do sucessor Bruno Rodrigues. Há muito tempo, este blog tem noticiado advertindo que há divisão na Frente Popular. São episódios marcados por conflitos e confrontos políticos internos, que testemunham e acenam para o fim dos legados de unidade deixados pelos ex-governadores Miguel Arraes e Eduardo Campos.

De malas prontas – Indicado sucessor de Gustavo Melo no Ceasa, o ex-deputado federal Bruno Rodrigues, homem forte de Dudu da Fonte, nega que esteja ocorrendo qualquer dificuldade para assumir a função. Segundo ele, a posse está marcada para a próxima terça-feira. “Mesmo sendo quase estatal, o Governo tem controle absoluto sobre o Ceasa. Não tomei posse ainda porque o edital que dá sustentação à mudança de comando só passa a vigorar a partir da próxima terça”, disse Rodrigues.

Fake news – A justiça eleitoral julgou como fake news (notícias mentirosas) duas postagens nas redes sociais envolvendo Marília Arraes, pré-candidata do Solidariedade ao Governo do Estado, e seu vice Sebastião Oliveira. A primeira, de uma suposta prática de rachadinha por Marília quando vereadora do Recife, e a segunda atingindo diretamente Sebá, como é mais conhecido o líder do Avante na Câmara, num crime de desvio de dinheiro público no qual nada foi comprovado.

Bolsonaro reage – Jair Bolsonaro ligou, na tarde desta terça-feira (12/7), para a família do tesoureiro do PT de Foz de Iguaçu, Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista no último domingo (10/7). A ligação foi feita por intermédio do deputado Otoni de Paula, do MDB do Rio de Janeiro. O presidente disse aos familiares de Arruda que a esquerda está tentando botar a culpa do assassinato em seu colo e convidou a família para uma coletiva de imprensa. Os irmãos de Arruda, que são apoiadores do presidente, não deixaram claro se irão aceitar o convite, mas afirmaram a Bolsonaro que não querem que o caso seja explorado politicamente.

Dois pesos, duas medidas – O plenário do Tribunal Regional Eleitoral foi rápido no gatilho na cassação, segunda-feira passada, de um vereador da chapa do Avante em Bonito, no Agreste, depois de constatar que houve fraude na montagem da chapa envolvendo a cota feminina. Na Câmara do Recife, há um caso semelhante, envolvendo a perda do mandato de dois vereadores, mas o processo corre em segredo de justiça e não se tem notícia quanto ao julgamento final pelo plenário do TRE.

CURTAS

VARÍOLA – O primeiro caso de varíola dos macacos em Pernambuco confirmado, ontem, pela Secretaria de Saúde. Envolve um paciente que veio de São Paulo. O Estado notificou outras três ocorrências suspeitas de monkeypox. Com isso, Pernambuco passou a ter quatro ocorrências, sendo três em investigação e uma confirmada. No Brasil, mais de 140 casos foram confirmados.

ARMAS – O número de armas roubadas do depósito da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, no Recife, é pelo menos três vezes maior do que o que tinha sido divulgado em agosto de 2021. Foram 1.131 armamentos furtados, segundo aponta um documento interno da própria corporação, de fevereiro do ano passado, segundo o G1, da Globo.

Perguntar não ofende: Qual vai ser a próxima crise na pré-campanha de Danulo?