Em Bonito, grupo que apoiava Raquel se aliou à Marília

Liderança expressiva em Bonito, a ex-prefeita Lúcia Heráclio, que lá atrás havia declarado apoio à pré-candidata tucana ao Governo do Estado, Raquel Lyra, resolveu trocar de palanque com todo o seu grupo, que inclui, entre outros nomes, o do vereador do Avante Adones Lagartão. Aliou-se à Marília Arraes, depois de recebê-la em visita ao município. O registro está nas redes sociais.

O fenômeno do filhotismo na política não é novo. Em um país como o Brasil, ter um sobrenome abre portas, dá prestígio e outras benesses, republicanas ou não. Em Pernambuco, no entanto, as candidaturas com mais chances de vitória para o governo do estado – atestada até o momento por pesquisas – são todas ligadas a grupos políticos familiares. É como se Família Imperial Brasileira, hoje destronada, descesse do salto da realeza, se dividisse em ramos e disputasse o governo do estadual. As informações são do Congresso em Foco.

Conforme a última pesquisa do Ipespe, divulgada na última segunda-feira, aparecem como os candidatos mais competitivos a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade), com 29% das intenções de voto, seguida de Raquel Lyra (PSDB), com 13%, e Anderson Ferreira (PL), com 12%. O deputado federal Danilo Cabral (PSB), candidato da situação, tem 10%, seguido de Miguel Coelho (União BR), com 9%.

Marília Arraes, que ocupa a liderança, é neta do ex-governador e ex-deputado federal Miguel Arraes, além de prima do também ex-governador e ex-deputado federal Eduardo Campos. O vice de Marília pertence a outro clã: o deputado federal Sebastião Oliveira (Avante) é sobrinho do ex-deputado federal Inocêncio Oliveira, parlamentar que se orgulhava de ocupar cargos da Mesa Diretora desde o ano de 1989.

A vice-líder na disputa também tem suas origens políticas familiares: Raquel Lyra, ex-prefeita de Caruaru, é filha do ex-governador João Lyra Neto e sobrinha do ex-deputado federal e ex-ministro Fernando Lyra. A vice de Raquel, a deputada estadual Priscila Krause (União BR) é filha do ex-governador e ex-ministro Gustavo Krause. O terceiro lugar na disputa, o ex-prefeito Anderson Ferreira, é filho do deputado estadual Manoel Ferreira, que coleciona mandatos na Assembleia Legislativa.

A árvore genealógica também beneficia o deputado federal Danilo Cabral (PSB). Mesmo sem sobrenomes de peso, ele é o candidato oficial do grupo liderado pela família Campos nestas eleições. Em Pernambuco, após a morte do ex-governador Eduardo Campos, o PSB é liderado pela viúva Renata Campos, que, em 2020, conseguiu eleger o jovem prefeito João Campos para Prefeitura do Recife, desbancando nomes internos do partido como o deputado federal Felipe Carreras (PSB).

O ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, que figura na quinta colocação da pesquisa, também vem com um DNA de peso: além do parentesco com o ex-governador Nilo Coelho, é filho do ex-ministro e ex-líder do governo, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB). Alguns parentes de Miguel, como o ex-deputado Guilherme Coelho, tiveram mandatos destacados na Câmara.

O cientista político Lucas de Aragão, sócio da Arko Advice, diz que o fenômeno de familiares na política não é novo – ele cita, por exemplo, os casos do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (neto do ex-senador Antônio Carlos Magalhães), no Nordeste, e o ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (neto do ex-governador Mário Covas), no Sudeste. “Esse fenômeno acontece por algumas razões. O primeiro ponto é que ter um sobrenome relevante numa política local, principalmente, numa eleição majoritária, que é super fragmentada, com milhares de candidatos”, diz.

“Os eleitores tendem a definir essas vagas perto da eleição. Ter um nome reconhecido já é um ponto de partida bem interessante. Segundo, você não herda só o nome. Às vezes, o reduto eleitoral. Você consegue se capitalizar em cima de coisas feitas pelo seu pai, por alguém de sua família”, completa Lucas.

“Terceiro ponto é que você já entra na política com uma rede de contatos muito avançada. Isso pode ajudar a você se inserir na estrutura do partido com mais facilidade e frequentemente isso resulta numa maior capacidade de acesso aos recursos do partido e outros tipos de apoio, como apoios político”, reitera o cientista político.

Capitania hereditária singular

O professor do curso de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Severino Vicente relata as origens históricas desse fenômeno. Segundo ele, Pernambuco carrega a questão familiar de forma bastante peculiar. O estado teria sido a única capitania hereditária do Brasil Colônia (1500-1808) fundada por uma família. “Pernambuco tem fama de fazer revoluções, mas como uma vez me disse Marco Maciel [ex-vice-presidente da República e pernambucano], elas foram irridentas, não conseguiram seus objetivos”, diz o estudioso.

“A questão que se coloca é porque não vencemos? Talvez porque sejamos complacentes e, afinal, somos todos uma família. Pernambuco é a única capitania que foi fundada por uma família, a família de Duarte Coelho, que veio com mulher, cunhado e agregados. Os filhos de Duarte Coelho não tiveram a fibra de seus pais e nem do seu tio, o Jerônimo de Albuquerque”, relata.

“[Jerônimo de Albuquerque] Este ficou conhecido como o ‘Adão Pernambucano’, pois espalhou filhos por toda a capitania, usando a instituição do cunhadismo. Foi além da capitania e deixou os Albuquerque Maranhão no Maranhão, mas estes vieram para as terras de seu antepassado. Não sei, mas dá para pensar que o cunhadismo pode ter originado o coronelismo, pai do filhotismo. Veja, o coronel Né foi pai de Etelvino Lins [ex-governador de Pernambuco]. Filho de Quelé do São Francisco, Nilo Coelho é tio de Fernando Coelho [senador] e avô de Miguel Coelho [pré-candidato ao governo]”.

O professor Severino Vicente faz uma analogia ao clássico livro do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre, Casa Grande & Senzala, ao explicar esse fenômeno eleitoral no estado. “Entendo isso como um processo de casa grande sendo ocupada pelos clientes. A metodologia do poder é semelhante”.

“Miguel Arraes teve ao seu lado a formação do PSD de Agamenon Magalhães e Barbosa Lima Sobrinho [ex-governadores de Pernambuco], e o contato com um dos clãs do açúcar [foi cunhado de Cid Sampaio] e sempre conversou com os coronéis, desde Veremundo Soares [cidade de Salgueiro], ao médico Inocêncio Oliveira [Serra Talhada] até o Chico Heráclito de Limoeiro e Severino Farias de Surubim. Sim, é uma questão de família, mas são as famílias que escolhem em quem o povo vai votar”, analisa.

Para ele, ainda falta uma reflexão e crítica da população, que tende a eleger projetos familiares. “O brasileiro ainda não entendeu o que é democracia. E em Pernambuco quem diz defender a democracia são os herdeiros da casa grande. Os baianos são parecidos conosco, mas são bem diferentes na defesa dos interesses da Bahia. Lembre-se, enquanto nossa ‘elite’ se dividia por causa de Suape, os baianos construíram Camaçari, os cearenses ampliaram seu porto, os paraibanos cresceram seu porto e o Recife perdeu o brilho do porto. Assim, Recife caiu em pedaços, como as roupas de quem mora na favela ou no mangue”.

Há quase dois anos, a procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziane Pinto, previu que o Brasil viveria tempos de “feudalismo fiscal” na divisão e na destinação dos recursos do Orçamento. Agora, com a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) “Kamikaze”, que amplia e cria benefícios sociais a poucos meses das eleições, essa situação já está acontecendo com a mudança das regras durante o jogo, avalia.

“É tapetão”, diz. Para Graziane, o caos é uma opção deliberada. “Deixam tudo na iminência dos próprios prazos, depois de fazer uma chantagem terrível com alimentação dos famintos.” As informações são do Estadão.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

De que forma a votação da “PEC Kamikaze” é retrocesso institucional?

Falei para muitos colegas do TCU (Tribunal de Contas da União) que é um esvaziamento da força normativa da Constituição. Precisamos colocar o problema num patamar ainda mais grave do que só falar de limite fiscal e eleitoral.

Numa entrevista ao “Estadão”, a sra. cunhou a expressão feudalismo fiscal e previu que esse fenômeno ocorreria no Brasil. O País já vive essa situação com a “PEC Kamikaze”?

Com certeza. Quando falei, ainda estávamos em agosto de 2020. Era a época do envio do projeto do Orçamento de 2021. Falei que era impossível enviar o projeto sem prever um centavo para a vacina, sem prever que a pandemia iria continuar. E agora se decreta uma situação de emergência às vésperas do processo eleitoral e fazendo de conta que está ok. Não está ok. A música do Cazuza o Tempo Não Para, que diz “eu vejo o futuro repetir o passado”, é uma síntese disso. Ele fala “transformam um país inteiro num puteiro; pois assim se ganha mais dinheiro”. Tudo que alertamos se consumou. 

Como traduziria a expressão “feudalismo fiscal”?

Execução privada do orçamento público, atender finalidades estritamente pessoais, individuais. Não há garantia de atendimento dos interesses da sociedade. Se não há regras do jogo, se decide sempre na iminência dos prazos, com essa pressão de que é urgente. Quem tem o poder da caneta passa por cima da preservação dos direitos fundamentais. Essa alocação atabalhoada do dinheiro público maximiza o poder privado. São gigantes que aprenderam a manejar o caos. O caos é uma opção deliberada. Criam dificuldades para vender facilidades. Em vez de ter prazos, uma pactuação conforme o planejamento, deixam tudo na iminência dos próprios prazos, após fazer uma chantagem terrível com alimentação dos famintos. É deixar para o último momento para alegar uma urgência que eles próprios fabricaram.

Qual será o resultado do avanço do feudalismo fiscal?

O que se quer alcançar é ampliar o poder desse semiparlamentarismo orçamentário. Esse modelo em que o Arthur Lira (presidente da Câmara) já é de fato o primeiro-ministro do Orçamento. Ele e o Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) fizeram um consórcio de divisão do Poder. Mas eles não têm regras de jogo. Do ponto de vista eleitoral, se as regras do jogo podem ser alteradas durante o jogo, é tapetão. O que está acontecendo com essa “PEC Kamikaze” é redefinir o jogo, para que quem eles querem que ganhe, ganhe. É tapetão. 

Quais as razões que têm levado a esse esvaziamento da Constituição?

O que esgarçou muito e tensionou foi quando os parlamentares conseguiram tornar parte das emendas impositivas com Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara), em 2015, com a emenda 86. A partir daí, esse parlamentarismo orçamentário começou a ganhar corpo. Até a emenda 86, o contingenciamento permitia que o Executivo liberasse a conta-gotas os recursos de emendas parlamentares conforme quem votasse a favor dele. Daí em diante, a Dilma não conseguiu pactuar nada. E o Rodrigo Maia (ex-presidente da Câmara) levou esse modelo ao extremo. No primeiro ano do Bolsonaro, em 2019, o Maia tentou colocar ainda mais freio no Executivo e dar mais poder ao Legislativo. Foram três emendas em 2019: 100, 102 e 105.

Como esse processo funcionou na prática?

De certa forma, é como se tivesse um movimento pendular. O pêndulo até a emenda 86 era muito pró-Executivo. Depois foi mais para o Legislativo. No meio dessa tensão, teve a emenda do teto de gastos que tentou conter essa voracidade dos parlamentares sobre o Orçamento. Mas, da forma como entrou na Constituição, serviu de motivo para ainda maior esvaziamento da Constituição. O teto ficou no meio de uma artilharia de um Executivo tentando recuperar o poder e o Legislativo numa ascendência de ampliar o seu espaço de atuação.

Qual o maior risco desse processo?

Não terá apaziguamento se não voltarmos à base, que é ordenar legitimamente prioridade. Talvez desconstitucionalizar alguns dispositivos e fortalecer o planejamento, o Pacto Federativo. Só que, nesse momento, o Congresso não cede poder. O Congresso está fortalecido. O Lira tem mais poder do que Bolsonaro. É nele que temos de começar a focar.

Qual o papel da oposição nesse quadro político?

A oposição não sabe fazer jogo de xadrez. O Bolsonaro é só e tão somente uma espécie de rainha da Inglaterra. Ele tem o poder de narrativa, mas não tem o poder real.

Capítulo 26

Se na política Marco Maciel foi um liberal, como se apresentava e defendia teses, na vida pessoal extremamente moderado, no amor se comportou exageradamente conservador. Parece ter seguido os princípios bíblicos de casar virgem, ir em busca de uma parceira apenas para perpetuar a espécie e constituir família. 

Sua esposa, a socióloga Anna Maria Maciel, nascida em Acajatuba, no Estado do Amazonas, em 1941, com quem se casou na Igreja do Espinheiro, no Recife, em 1967, aos 26 anos, nunca soube da existência de outra mulher na vida do amado. “A mim, ele nunca disse que havia namorado antes”, revelou Anna, que o conheceu aos 21 anos, nos movimentos estudantis quando também atuava no DCE – o Departamento Central de Estudantes.

Se Marco não namorava, o mesmo não se podia dizer de Anna Maria. Antes de conhecer Marco Antônio, ela morou em Caruaru na fase de adolescente, entre 15 e 18 anos. “Eu era namoradeira, namorei muito. A gente paquerava muito, naquelas festas todas namoravam muito, mas eram aqueles namoricos de pegar na mão, diferente do que ocorre hoje”, ressalta ela, adiantando que adorava dançar e depois que conheceu Maciel se frustrou.

“Lembro que minha mãe dizia que queria que eu namorasse alguém que não gostasse de festa, porque eu adorava festas, ia para todas. E eu retrucava, afirmando que não iria namorar nunca com um homem quem não dançasse. Para mim, homem que não dançava era aleijado. Queimei a língua. Marco Maciel nunca dançou. É o que a gente diz: língua não tem osso, mas quebra caroço. Paguei feio”.

Diferente de Anna, Marco Maciel era contido, introvertido e extremamente discreto. Nunca soprou ao ouvido dela que estava apaixonado, que gostaria de começar um namoro. Também nunca noivou nem a pediu em casamento formalmente, como manda o figurino do amor. “Eu fazia Ciências Sociais e Marco Antônio, Direito. Na condição de terceira secretária do Diretório Central, que funcionava na Rua do Cupim, nas Graças, passamos a nos encontrar com muita frequência, mas nenhum tipo de flerte da parte dele”, relembra.

No conceito formal, para Anna, ele nunca manifestou por palavras que queria namorar. “No diretório, ele já presidente da União dos Estudantes de Pernambuco, começou a me chamar para organizar algumas coisas, como o Natal dos universitários e programas de alfabetização de adultos, além de outras ações, uma atrás da outra. Ele já trabalhava muito. Os meus filhos fazem hoje a leitura que ele queria saber se eu aguentava o tranco”, diz ela, rindo, ao se referir ao ritmo alucinante da vida pública levada por Marco Antônio, como assim o tratava.

Como ele revelou que estava gostando da sua companhia e queria namorar?”, quis saber ao longo do depoimento que colhi de Anna Maria em Brasília. “Sinceramente, não teve nenhum romantismo. Ele me convidou para ir para um passeio da nossa turma e aí eu disse: Mas eu não vou sozinha”, lembra.

Acrescentando: “Aí, ele disse que não tinha problema porque chamaria uma amiga nossa, que viria me buscar. Na volta, ele disse: “Anna Maria, amanhã eu ligo para você. E o namoro começou assim. Já havia uma amizade de um ano, a gente começou a namorar sem eu ser paquerada de fato”, contou.

Se para conquistar o amor da sua vida Maciel não seguiu o rumo natural da sedução, ao longo dos cinco anos em que namorou, também não noivou nem tampouco pediu formalmente a mão de Anna em casamento, como era costume naqueles anos de romantismo do passado, de namorar apenas pegando na mão e beijar, deixando sexo somente para após o casamento na igreja.

“O casamento foi a coisa mais engraçada. Nós namoramos por cinco anos. Era uma gozação da turma de jovens. Quando a gente se encontrava, o pessoal perguntava: “Vai casar quando?”. Para você ter uma ideia, eu nunca noivei. Meus filhos dizem que eu era muito moderna. Um belo dia, ele chegou na minha casa, já como deputado estadual, sentou-se na sala, quando o pessoal saiu, ele falou que estava na hora de comprar um apartamento ou uma casa. Eu falei: “Oxente?” Aí, ele emendou: “É porque faz muito tempo que a gente namora, não é? E foi assim o pedido de casamento”, descreveu.

Na mesma ocasião, conhecedora do tradicionalismo dos pais do namorado, Anna Maria fez uma advertência: “Marco Antônio, seu pai e sua mãe nunca vieram à minha casa. Como é que eu vou casar?” Aí ele disse: “Fala com o pessoal e vê o que a gente faz” (risos). E então fizemos um jantar e marcamos o casamento, que aconteceu na igreja do Espinheiro”. 

Nesse intervalo, segundo Anna Maria, Marco Maciel nunca se manifestou sobre o noivado nem a surpreendeu com as alianças.”Sem nada de alianças, ele adoeceu. Era líder do governo e apareceu com herpes. Parecia que tinham apagado um charuto no rosto nele. Era horrível! Ele foi ao médico, que passou uma vitamina e ele ficou bom. Mas quando eu ia visitá-lo, me dizia: “Anna Maria, quando você sair do trabalho, poderia ir na Rua Nova e comprar nossas alianças?” Eu comprei as alianças (risos). Até hoje são as mesmas. Com o nome dele dentro e o meu nome, também”, revelou.

O casamento foi marcado para 28 de dezembro de 1967, cerimônia celebrada pelo padre Melo e por um frade da Ordem dos Carmelitas, Dom Eliseu, tendo como padrinhos, dentre outros, o então governador Nilo Coelho e esposa. Anna Maria talvez tenha sido, na sua época, a única noiva a não atrasar um segundo a chegada na Igreja temendo contrariar a família do noivo. 

 “Não atrasei porque eu tinha medo do meu sogro. Ele era muito formal, a cópia de Marco Antônio. Passou a semana dizendo: Anna Maria, não atrase. O governador é padrinho. A preocupação do doutor Maciel não era com os parentes, mas sim com o doutor Nilo. Não atrasei por conta disso”, destacou.

Anna e Maciel seguiram em lua de mel para Salvador e Rio de Janeiro, mas com o trato de, nas núpcias, o marido não se envolver com política. “Passamos uma semana viajando. Felizmente, ele esqueceu a política por esses dias. No Rio, ele tinha parentes, os visitamos e saímos para passear e jantar”, recorda. 

Na volta, Marco Maciel comprou uma casa financiada por 15 anos. Já formada em Ciências Sociais, Anna Maria passou no concurso da Sudene e, aprovada, foi trabalhar no setor de Recursos Humanos. Na Sudene, também integrou equipes que produziram várias pesquisas sociais. Do casamento, nasceram três filhos: Gisela, Cristiana e João Maurício. 

Veja amanhã

Beato, Marco Maciel visitou o Papa quatro vezes em Roma, o recebeu em Pernambuco, promovia missas frequentes no Palácio Jaburu, onde também fazia intermináveis reuniões com a bancada da Igreja.

Renato Ferraz

Usados e muito valorizados

A Mobiauto selecionou os 40 automóveis de passeio e comerciais leves mais vendidos do Brasil e verificou que eles registraram uma valorização média de 7,13%, comparando os preços de quando foram adquiridos (como 0km e no primeiro semestre de 2021) com o atual valor de mercado, já em uma condição de seminovo, na média de janeiro a junho de 2022. “Essa é uma distorção que tem havido no mercado de seminovos. Com a falta de modelos básicos, pois o foco é produzir carros de maior valor agregado em razão da falta de componentes, as montadoras reajustaram bem acima da inflação os preços de seus carros mais baratos”, diz Sant Clair Castro Jr., consultor automotivo e CEO da Mobiauto. “Isso foi uma estratégia para desincentivar a compra. Os aumentos dos novos acabaram puxando a cotação dos seminovos”, explica.

Resultado: quem adquiriu um Fiat Mobi 0km, na média das várias versões, em 2021, pagou R$ 47.255. Em 2022, esse mesmo carro, já seminovo, portanto, custa R$ 57.068. Isso dá uma valorização de 20,77% para o compacto. “Mas pode passar de 28%, dependendo da versão! É curioso comprar um carro 0km, usá-lo por um ano e ver seu patrimônio aumentar em quase 30%!”, exclama o consultor.

Dos 40 carros e comerciais leves mais vendidos do país, apenas três modelos anotaram desvalorização: Chevrolet Spin, Renault Sandero e VW Gol. “Mesmo assim, os percentuais são mínimos, quando sabemos que, em condições normais, o carro 0km deprecia de 15% a 20% após um ano de uso”, acrescenta Castro Jr.

Mergulhados nessa imensa base de dados, os analistas trouxeram um levantamento interessantíssimo, que coroou, por sua vez, o equilíbrio entre os modelos de automóveis e das marcas mais valorizadas.

Dos dez que ganharam as maiores altas de preços, tivemos um compacto (Fiat Mobi), três SUVs (VW Nivus, Chevrolet Tracker e Hyundai Creta), três hatches (Fiat Argo, Chevrolet Onix e Hyundai HB20) e três picapes (Fiat Strada, Toyota Hilux e Ford Ranger).

A Mobiauto, conhecida marketplace de carros usados do país, selecionou 136 versões desses campeões de vendas para aprimorar a leitura da real situação do mercado de seminovos do país. “Nem tudo pode ser visto como ‘média’. Destaco o comportamento do Jeep Renegade Longitude. Quando é movido a diesel, ele valoriza 13,2%. Se for a opção flex, ele deprecia 7,39%”, destaca Sant Clair Castro Jr.

A pesquisa efetuada pela Mobiauto dá outro esclarecimento importante. Se há um equilíbrio sólido entre os tipos de carrocerias e as marcas posicionadas nas primeiras colocações, o ranking de versões estampa outro cenário. O destaque é todo para a Hyundai, que encaixa 4 versões entre os dez mais valorizados do país, com Fiat, Chevrolet e Toyota ingressando no ranking com dois modelos/versões cada uma.

As linhas clássicas da R 18 – A BMW Motorrad acaba de anunciar que vai trazer até o fim de 2022 a esperada R 18, moto de linhas clássicas, totalmente customizável, que faz sucesso em todo o mundo. O modelo é equipado com o motor boxer mais potente da história da BMW: ele tem 1.800 cilindradas, dois cilindros, quatro válvulas, bloco e transmissão feitos de alumínio e um moderno sistema de arrefecimento a ar e óleo. Isso significa que chega aos 91cv, com um torque máximo de 15,8kgfm já a partir dos 3.000rpm. A transmissão é automática de seis velocidades. Não foram divulgadas informações sobre versões, preços e equipamentos de série.

Z900, edição de aniversário – A Kawasaki continua comemorando os 50 anos de lançamento mundial da ‘Linha Z’. Agora, acaba de apresentar no Brasil a novíssima ‘Z900 Edição de Aniversário’. Com o já consagrado estilo Sugomi, a supernaked quadriciclíndrica de 948 cm³ recebeu melhorias importantes como sistema de iluminação totalmente em LED, painel de controle digital de última geração e, principalmente, um design que homenageia as antigas ‘Z’ dos anos 80. Com rodas, tanque e carenagens em vermelho, o modelo reverencia a lendária Z1100GP, que trazia, na época, esta cor como assinatura da Kawasaki. Preço? R$ 61.640. Quem levar uma das 200 unidades ganha box comemorativo contendo um livro com a história da ‘Linha Z’ e um chaveiro.

Eterno charme, novos nomes – As motocicletas clássicas da família Bonneville, da Triumph, ganham, a partir do segundo semestre deste ano, já como linha 2023, novas nomenclaturas e algumas novas opções de cores. As mudanças ocorrem nos modelos Street Twin, que passa a se chamar Speed Twin 900, e Street Scrambler, cujo novo nome é Scrambler 900. 

O Porsche de Paul Walker – O ator de Velozes e Furiosos, que morreu em um acidente em 2013 exatamente a bordo de um Porsche Carrera GT, tinha um raro 911, ano 1973. Agora, ele será leiloado – tem até atestado de autenticidade – por pelo menos US$ 1 milhão. O Carrera 911 será leiloado durante a Monterey Car Week, na Califórnia (EUA) entre 12 e 21 de agosto. Aliás, esse exemplar faz parte da pequena leva de apenas 1.590 unidades produzidas. Walker, como se sabe, era apaixonado por carros e tinha uma vasta coleção.

Novo Honda HR-V – Os executivos da marca japonesa no Brasil confirmam a chegada do novo SUV compacto para o mês que vem – pelo menos as versões equipadas com motor aspirado 1.5 de 126cv e torque de apenas 15,8kgfm (as turbinadas, depois). De qualquer forma, vários detalhes já foram mostrados. Mudam, por exemplo, a grade frontal e seus filetes horizontais – com diferenciação para as opções turbinadas e sua grade em formato colmeia. Ele tem como concorrentes o Jeep Renegade, o Hyundai Creta, o Volkswagen T-Cross e o Nissan Kicks. Os preços não foram divulgados, mas o aspirado ficará por, no mínimo, R$ 150 mil. O melhor de tudo, porém, é que o pacote de tecnologias de segurança e assistência ao condutor é item de série em todas as versões.

Venda de usados – O comércio de veículos seminovos e usados continua instável e com quedas até relevantes em alguns estados. Segundo dados da Fenauto, a federação dos revendedores multimarcas, a média diária de vendas em junho foi positiva, de 2,5% sobre maio, mas o acumulado no primeiro semestre foi negativo (-18,2%). No Nordeste, a queda foi de 15,8%. O Piauí teve o pior desempenho (-31,1%).

Venda de SUVs – Dados da Fenabrave, a federação dos revendedores de veículos, mostram que, no primeiro semestre deste ano, os SUVs chegaram a 46% de participação no mercado de carros novos. Desbancam, assim, os hatches compactos – antes populares, hoje caros -, que têm 32% de preferência.

BYD supera a Tesla – A chinesa BYD segue batendo recorde, se tornando popular e fazendo história: ela acaba de se tornar a maior vendedora global de carros elétricos. No primeiro semestre deste ano, foram 641 mil unidades comercializadas – alta de 315% em comparação ao mesmo período de 2021. Desta forma, a BYD superou a Tesla, até então primeira colocada no segmento (que só vendeu 564 mil carros).

A Tesla – cujas ações despencaram 35% neste ano na Nasdaq e teve que demitir funcionários – é do polêmico e conservador (moralmente) empresário norte-americano Elon Musk. Apesar disso, e da perda da liderança global em veículos eletrificados, o valor de mercado da companhia passa dos US$ 700 bilhões.

A BYD chegou ao Brasil apenas em 2015 para fabricar ônibus 100% elétricos, em Campinas (SP). Daí foi se expandindo. E há um mês trouxe o sedã de luxo elétrico Han EV, um dos responsáveis pelo bom desempenho mundial da marcam, com 25.439 unidades vendidas.

Ele tem dois motores elétricos que desenvolvem 494cv de potência e 69kgfm de torque, fazendo de 0 a 100km/h em apenas 3,9 segundos. Cada unidade das 50 do primeiro lote importado ao Brasil (e já esgotado) foi vendido a R$ 540 mil.

Outro modelo que se destacou foi outro veículo de passeio disponível pela BYD no Brasil, o Tan EV, um SUV de sete lugares 100% elétrico.

O jogo nesse patamar é pesado. O megainvestidor Warren Buffett, por exemplo, tem participação na BYD e impôs até um estilo: integrar o uso da energia solar fotovoltaica com os veículos elétricos, fabricando tudo, da bateria, aos módulos e, claro, aos carros.

 “Queremos mostrar que é possível termos um futuro de baixo carbono com muitos empregos verdes na nova indústria sustentável”, destaca Adalberto Maluf, diretor de Marketing e Sustentabilidade da BYD Brasil.

Seis curiosidades carros elétricos – A popularização dos carros elétricos no Brasil aumenta devagar, devido a seu alto custo para o consumidor final. Mesmo assim, enquanto as vendas de carros a combustão caíram 22% no primeiro quadrimestre do ano, em comparação com 2021, as dos elétricos subiram 78%, o que representa um total de 13 mil unidades vendidas no período. Ao redor do mundo, esse avanço ocorre em ritmos mais acelerados: no início do mês, a União Europeia aprovou um projeto que proíbe a venda de motores a combustão a partir de 2035.

A confiança e o interesse por esse tipo de veículo saltam ano após ano: nos resultados da pesquisa EY Mobility Consumer Index (MCI) deste ano, pela primeira vez, mais da metade (52%) dos entrevistados, que pretendem comprar um carro, disseram que vão escolher um modelo híbrido ou elétrico. O percentual representa um aumento de 11% em relação a 2021 e de 22% se comparado com 2020.

O engenheiro e especialista do centro de pesquisa, tecnologia e inovação Lactec, Carlos Gabriel Bianchin, explica para os leitores da coluna funcionamento e tendências para a área da eletromobilidade

1 – Os veículos elétricos requerem menos manutenção?

Segundo as montadoras, um carro elétrico tem 20% das peças de um veículo a combustão, o que significa que sim, o seu custo de manutenção é significativamente menor. Ela consiste, basicamente, em processos de calibração e inspeção dos sistemas elétricos, que não conta com elementos como filtro de óleo, velas de ignição e óleo no motor.

2 – Quanto tempo demora para recarregar a bateria?

O sistema de fabricação das baterias é diferente entre os vários fabricantes. Por  isso, é difícil dizer um tempo para recarga da bateria. Depende da capacidade dela, do estado de carga atual, da potência do eletroposto e também da potência do carregador interno ou externo. Existem modelos mais recentes, desenvolvidos para recarregarem 80% da capacidade total da bateria no tempo de cinco minutos. Enquanto isso, há outros que podem levar três, quatro ou até mesmo dez horas.

3 – A bateria pode ser reutilizada quando não serve mais para o carro?

Em tese, sim. Porque mesmo uma bateria que não está mais com capacidade de carga total para um carro pode suprir de forma satisfatória a demanda energética de uma casa, que é bem menor. No entanto, ainda não existe uma metodologia que permita esse reuso de forma mais simplificada, para ser aplicado pelos consumidores. O Lactec, por exemplo, está envolvido em projetos que buscam desenvolver essa possibilidade.

4 – É possível fazer um carro elétrico autônomo, que se recarrega com placas solares?

As placas solares têm um índice de eficiência energética muito baixo para isso. Elas convertem, em média, 15% da energia solar que recebem. Para abastecer um carro, teria que ser uma placa muito grande. Mas elas podem ser usadas em veículos elétricos para alimentar algum acessório, alarme, iluminação ou mesmo uma bateria reserva.

5 – Se o Brasil inteiro passasse a usar veículos elétricos, faltaria energia?

Se o país trocasse toda a sua frota para elétrica, o seu consumo elétrico aumentaria em 6%, segundo estudos. Considerando que, a cada ano, o consumo de energia no Brasil aumenta em cerca de 5%, não seria algo muito severo. Já a respeito do preço, como o salto seria pequeno, estima-se que não haveria um aumento muito grande de demanda e nem pressão sobre os preços da energia.

6 – O veículo pode ser recarregado na chuva?

Sim. Os eletropostos e a maneira como eles foram projetados permitem que sejam utilizados na chuva e que fiquem expostos ao tempo. Na Europa, por exemplo, é muito comum que os eletropostos fiquem nos acostamentos, sem nenhum tipo de cobertura. A eletricidade só flui quando o conector está perfeitamente encaixado e o veículo autorizou a recarga (handshaking de comunicação). Então, não há o perigo de levar choque.