Vereador Alcides Cardoso critica prefeito do Recife

Para o vereador do Recife Alcides Cardoso (PSDB), ver o prefeito do Recife, João Campos (PSB), dizer que vai se empenhar na campanha ao governo do candidato do PSB é uma grande falta de respeito com a população do Recife e de Pernambuco.

“É revoltante ver o prefeito João Campos, que vive viajando, dizer agora num ato político que é tarefeiro, que não vai medir esforços e vai coordenar pessoalmente a campanha do candidato do seu partido. Ele vai se licenciar da Prefeitura do Recife? Ou vai administrar a cidade nas horas vagas?”, pergunta Alcides Cardoso.

A crítica do vereador é motivada pelas declarações dadas em ato político realizado pelo PSB em que o prefeito João Campos garantiu “disposição e muito trabalho” para o pré-candidato de seu partido, Danilo Cabral (PSB).

Segundo Alcides Cardoso, enquanto milhares de pessoas que foram afetadas pela chuva sofrem na fila do pagamento do auxílio, inclusive, no Recife, o que se vê é o prefeito da capital – que teve dezenas de mortos e milhares de  desabrigados ou desalojados – participando de ato político e falando em coordenar campanha eleitoral.

“Eu sugiro que o candidato do PSB convide também o governador Paulo Câmara para participar da sua campanha. Esse também tem muita experiência em não fazer as entregas que o povo precisa, como as barragens no Agreste e Mata Sul”, afirma o tucano, referindo-se às barragens de Gatos, Panelas, Barra de Guabiraba e Igarapeba.

A única barragem entregue nos últimos anos é a de Serro Azul, em Palmares, que não faz o abastecimento de água para a região, servindo apenas como reservatório, e que tem causado pânico a 80 mil famílias do seu entorno, pela ameaça de inundações com a possibilidade cada vez maior da água verter devido ao acúmulo de chuvas dos últimos dias.

O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) é conhecido por ter sido um dos principais alvos do inquérito das “fake news”, no Supremo Tribunal Federal (STF), no começo do ano passado.

Ex-policial militar e aliado do presidente Bolsonaro, o parlamentar foi condenado pela Corte a oito anos e nove meses de prisão, em regime fechado, e à perda dos direitos políticos, após ameaçar ministros em vídeo publicado nas redes sociais. As informações são da Veja.

Após a condenação, veio a anistia com a publicação de um decreto presidencial com o perdão da pena imposta. Hoje, Daniel é pré-candidato ao Senado, afirma que vai registrar a sua candidatura e que não há nada que o impeça legalmente disso. O deputado também se diz injustiçado e, de acusado, quer passar à condição de acusador. E o alvo dele é exatamente o relator do processo que resultou em sua condenação, o ministro Alexandre de Moraes.

Daniel e os outros acusados por disseminação de fake news aos ministros anunciaram que vão ingressar com uma representação na Polícia Federal contra Moraes por um suposto crime de abuso de autoridade.

“Alexandre de Moraes nunca foi e nunca será um juiz porque para ser um magistrado os principais qualificativos são a inércia e a imparcialidade. Ele não detém e não respeita a ambas e falta-lhe também inteligência jurídica, considerando o teor do processo que é nulo de pleno direito”, disse o deputado.

Os advogados dos réus reclamam que não tiveram acesso ao processo, o que configuraria o crime.

O inquérito foi aberto em março de 2019, por decisão do então presidente do STF, ministro Dias Toffoli, e investiga a propagação de ameaças e notícias falsas veiculadas por empresários, parlamentares, jornalistas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, que vociferou ataques, sem provas, à eficiência do sistema eleitoral brasileiro.

Apesar do adiamento da votação da PEC dos Benefícios para terça-feira, durante última semana antes do recesso parlamentar, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e equipe continuam confiantes na aprovação da medida que vai liberar R$ 41 bilhões para o aumento do Auxílio Brasil — de R$ 400 para R$ 600 — e o voucher de R$ 1 mil aos caminhoneiros autônomos.

A PEC é a principal cartada de Bolsonaro na corrida à reeleição, com vistas a melhorar seu índice de popularidade e o desempenho nas pesquisas eleitorais, que apontam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na dianteira. Porém, o governo corre contra o tempo para fazer os benefícios chegarem na ponta da linha antes do pleito de outubro. As informações são do Correio Braziliense.

Com o atraso, é quase certo que o benefício só comece a ser pago a partir de agosto. Para especialistas, mesmo com a demora, o impacto será eleitoralmente positivo. No entanto, é difícil prever o quanto Bolsonaro poderá se beneficiar do pacote de bondades.

Ao Correio, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) diz que o aumento da aprovação de Bolsonaro já aparece nas últimas pesquisas e critica as tentativas de obstrução da votação da PEC. “A esquerda dizia que a economia se resolveria depois, e o depois chegou. Precisamos socorrer as pessoas e é lamentável que tenhamos tido tentativas de obstrução por parte dela”, disse a parlamentar.

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), assegura que “o pacote será aprovado por quase unanimidade na próxima semana” e que “os prazos de implementação serão os possíveis”.

Gil Castello Branco, diretor geral da ONG Contas Abertas, acredita que haverá tempo para os pagamentos se transformarem em votos, pois, mesmo que o pacote seja aprovado somente na próxima semana, os preparativos já estão em curso. “Diante do interesse político, o governo já deve estar mobilizando os órgãos envolvidos. O governo, quando quer, pode muito, ainda mais com o apoio expressivo do Legislativo. Em ano de eleições, curiosamente, o verbo gastar une parlamentares da direita, da esquerda e do centro. Creio que o festival de bondades poderá ter impacto maior do que muitos esperam. Porém, estimar o quanto exatamente essas medidas farão o candidato subir nas pesquisas é muito difícil”, avalia.

Para a advogada constitucionalista Vera Chemin, mestre em direito público administrativo pela Fundação Getulio Vargas, o pacote de bondades terá impacto inicial, mas não será suficiente para definir a virada nas pesquisas, dada a polarização político-ideológica do país.

“(O pacote de bondades) não parece ser um fator determinante que garanta a reeleição de Bolsonaro. A capacidade de discernimento dos eleitores quanto aos problemas enfrentados como a economia e a inflação, além de episódios de investigações de corrupção envolvendo o atual governo serão variáveis que poderão determinar essa escolha.”

Na avaliação de Ricardo Caichiolo, cientista político do Ibmec-DF, o pacote deverá ser aprovado com amplo apoio, “mesmo sendo altamente reprovável pelo reflexo negativo na economia no curto, médio e longo prazos”. Para ele, isoladamente, as medidas não serão capazes de cooptar votos para Bolsonaro. “Trata-se da última cartada na tentativa de reverter um cenário eleitoral que se mostra amplamente favorável à eleição do ex-presidente Lula. Entretanto, a aplicação de tamanhos recursos em programas sociais não atrairá votos suficientes para que o atual presidente seja reeleito.”

Caminhoneiros

Dois dos benefícios – o Auxílio Brasil e o Vale Gás – têm estruturas já regulamentadas, o que facilita a ação do governo na transferência dos recursos aos grupos contemplados, observa Pedro Pitanga, analista de risco político da Dharma Politics. Por isso, o desafio está na regulamentação dos demais programas da PEC. “A tendência é que, diante da celeridade do governo para realizar esses pagamentos, há ainda a possibilidade de novas medidas provisórias, com força de lei, deixando para um segundo momento a análise congressual das Mps.”

“A fotografia de momento nos revela ainda que o principal desafio de Bolsonaro está em reduzir a tendência de alta rejeição em comparação com os demais pré-candidatos. Por isso, aposta na PEC como resposta à alta inflacionária, que traz a percepção do cenário econômico como o maior problema do governo, que tem impactado sua performance”, disse ele.

O cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, prevê que a PEC trará impacto positivo para a popularidade do presidente. “Daí a resistência da oposição. Se percebesse que não há impacto forte, votaria sem estratégia de prorrogar ou classificar a PEC como eleitoreira. A grande dúvida é mensurar qual será o impacto. Acredito que os valores já serão pagos a partir de agosto. A dúvida é qual o tamanho do impacto positivo na popularidade dele. Essa é a incógnita.”

Apesar da expectativa, mesmo aliados do presidete se mostram descontentes, como os caminhoneiros. O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e líder dos caminheiros, Wallace Landim, o Chorão, classificou a PEC como “esmola” e tentativa de “compra de voto”.

“Mil reais não resolvem o problema dos caminhoneiros autônomos, é uma afronta à nossa inteligência, uma tentativa clara de comprar o direito mais digno de um cidadão, que é o seu voto”, declarou por meio de em nota.

Comitê de campanha

Em outra frente, Bolsonaro dá andamento aos preparativos do evento que oficializará sua pré-candidatura à reeleição, no dia 24 de julho, no Rio de Janeiro. O chefe do Executivo comporá chapa com o general Walter Braga Netto como vice. O ex-ministro também será um dos coordenadores da campanha. O comitê eleitoral já está operando em uma casa do Lago Sul. Para reforçar a equipe de coordenação, o presidente trouxe de volta o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fabio Wajngarten.

Em busca de fortalecer apoios e apresentar propostas para a população, o pré-candidato a governador Miguel Coelho (União Brasil) visita, entre este fim de semana e amanhã, municípios do Agreste, Mata e Região Metropolitana. No total, o ex-prefeito percorrerá 13 cidades para encontros com lideranças, atos políticos e participação em eventos culturais.

A maratona de agendas começou na noite de ontem, em Belo Jardim, onde Miguel acompanhou a tradicional Festa das Marocas.

Neste domingo, o pré-candidato percorre cinco municípios. Primeiro, ele visita a feira de Buíque ao lado de vereadores, em seguida, visita lideranças políticas em Capoeiras. Miguel também participa da Festa do Milho de Passira e do Festival do Café em Taquaritinga do Norte. O ponto alto da agenda será um grande ato político em Santa Cruz do Capibaribe com a vice Alessandra Vieira.

Já amanhã, Miguel inicia o dia em visita à feira de Riacho das Almas e, depois, cumpre agenda com vereadores e lideranças em Lagoa do Carro. Em seguida, o pré-candidato tem compromissos em Aliança, Vicência e Goiana.

Um guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) foi morto a tiros, ontem, durante sua festa de aniversário de 50 anos, que tinha decoração com o tema do Partido dos Trabalhadores (PT). Marcelo Arruda era filiado ao PT e foi candidato a vice-prefeito em Foz do Iguaçu nas eleições de 2020. Segundo relatos, o atirador seria José da Rocha Guaranho, um agente penitenciário federal e apoiador do presidente Jair Bolsonaro. As informações são do Estadão.

Em nota oficial, o PT afirma que Arruda foi assassinado pelo homem identificado com o bolsonarismo, que, momentos antes do crime, havia interrompido a festa e ameaçado os presentes com uma arma na mão, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu. Conforme a nota, Marcelo Arruda foi abordado no estacionamento e tentou se defender com sua arma funcional e houve troca de tiros. O partido afirma que Guaranho também morreu.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também se pronunciou em suas redes sociais. “Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda.”

Segundo imagens que circulam nas redes, a decoração da festa incluía uma bandeira com a foto de Lula com a faixa presidencial e os dizeres: “Pro Brasil voltar a sorrir”, além de um bolo decorado com a estrela do partido e outros adereços alusivos ao petismo. Arruda estava vestindo uma camisa com o rosto de Lula.

Em sua publicação, Lula também pediu “compreensão e solidariedade com os familiares” de José da Rocha Guaranho e sugeriu que ele foi influenciado pelo “discurso de ódio” do presidente Jair Bolsonaro.

“Também peço compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável. Pelos relatos que tenho, Guaranho não ouviu os apelos de sua família para que seguisse com a sua vida. Precisamos de democracia, diálogo, tolerância e paz.”

Já a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffman (PR), destacou que é uma tragédia “fruto da intolerância dessa turma” bolsonarista. “Nosso companheiro e amigo Marcelo Arruda, guarda municipal em Foz do Iguaçu, foi assassinado ontem em sua festa de 50 anos. Um policial penal, bolsonarista, tentou invadir a festa com arma. Trocaram tiros. Ambos morreram. Uma tragédia fruto da intolerância dessa turma.”

O ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil), que foi ministro de Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro, também repudiou o que classificou como violência política, sem fazer qualquer referência direta ao caso, em manifestação na sua página oficial no Twitter. “Precisamos repudiar toda e qualquer violência com motivação política ou eleitoral. O Brasil não precisa disso.”

O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) disse que o ódio político precisa “ser contido”, citando a morte de “dois pais de família” fruto de uma “guerra absurda, sem sentido e sem propósito”. “É triste, muito triste, a tragédia humana e política que tirou a vida de dois pais de família em Foz do Iguaçu. O ódio político precisa ser contido para evitar que tenhamos uma tragédia de proporções gigantescas.”

O pré-candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) também se manifestou sobre o “brutal assassinato” em Foz do Iguaçu. “Este domingo amanheceu de luto após o assassinato brutal do companheiro Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu. Ele foi assassinado durante sua festa de aniversário de 50 anos. Minha solidariedade aos filhos, esposa e amigos. Esse não é o Brasil que conhecemos e amamos.”

Já Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato a deputado federal por São Paulo, afirmou que o episódio é consequência do “legado de Jair Bolsonaro para o País”, com violência, ódio e morte. “ABSURDO! Bolsonarista assassina líder do PT em Foz do Iguaçu durante sua festa de aniversário. Nossa solidariedade aos familiares de Marcelo Arruda. Esse é o legado de Jair Bolsonaro para o país: violência, ódio e morte”, disse, em sua página oficial no Twitter.

Na boca de alguns dos principais auxiliares da campanha de Bolsonaro, o presidente da República está muito incomodado com Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente ao governo de São Paulo.

Na boca de aliados do ex-ministro e hoje concorrente ao Palácio dos Bandeirantes, tudo não passa de fogo amigo. As informações são do Blog da Natuza Nery, no G1.

Bolsonaro chamou atenção, ontem, ao não citar Tarcísio durante seu discurso na Marcha para Jesus, em São Paulo. Ao notar essa ausência, o blog procurou fontes do entorno do presidente para tentar entender a razão.

Um dos auxiliares já começou a conversa assim: “o clima está ruim”.

“O PR (abreviação de presidente da República) está reclamando que o ex-ministro não pede voto e esconde Bolsonaro na campanha, além de ter fechado acordo com o Kassab (Gilberto Kassab, presidente do PSD) sem contrapartida”, contou um integrante da campanha de reeleição.

O PSD declarou nesta semana que apoiaria a candidatura de Tarcísio para o governo de São Paulo. Kassab, entretanto, já disse publicamente que, entre Lula e Bolsonaro, votará no primeiro. E é justamente aí que a banda toca.

Segundo relatos, Bolsonaro exige que Tarcísio, seu ex-ministro de Infraestrutura, só conceda a vaga de vice ao PSD se Kassab declarar apoio ao presidente. Sem essa “contrapartida”, nada feito.

O blog foi checar o que pensava um outro auxiliar presidencial. “O presidente ‘anabolizou’ Tarcísio. Criou o candidato e o transformou num cara grande (as pesquisas o mostram muito bem-posicionado). Aí o cara grande não pede voto para Bolsonaro, fica distante dos conservadores paulistas e se deslumbra com Kassab?”

Este emissário do presidente ainda fez outra menção, afirmando que a equipe de Tarcísio estaria pedindo doações para a campanha estadual e não para a presidencial. Com os dois relatos, o blog procurou aliados do ex-ministro.

O que diz Tarcísio

Integrantes da campanha estadual de Tarcísio negaram de forma categórica que haja qualquer estremecimento e declamam uma lista do que classificam como evidências.

  1. Que o ex-ministro esteve grudado em Bolsonaro na sexta (8) e sábado (9) — comeram uma pizza juntos e gravaram vídeos;
  2. Que o candidato defende o presidente todos os dias e que a aliança com o PSD ajuda Bolsonaro, pois aumenta as chances de o ex-ministro chegar ao segundo turno;
  3. Que Bolsonaro alertou que não citaria o aliado na Marcha para Jesus para não “politizar”;
  4. Que Tarcísio já citou o “fogo amigo” para o presidente e que este o teria aconselhado a não ligar para “intrigas” de bolsonaristas;
  5. Que Tarcísio não pede doações nem para a campanha dele, e que o próprio Bolsonaro sequer gostaria que ele o fizesse para a campanha presidencial.

Mesmo diante do fogo amigo, ninguém da cúpula presidencial fala em rompimento. Evita-se até o termo crise, seja por convicção, seja por necessidade. Isso porque Bolsonaro precisa de um palanque forte e de um candidato próprio no maior colégio eleitoral do país.

Se jogasse a candidatura estadual para o alto, correria riscos enormes — e a estratégia do Palácio do Planalto de garantir o segundo turno entre ele e Lula poderia ir pelos ares.

O prefeito do Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros, encaminhou ofício ao governador Paulo Câmara, na última quarta-feira, solicitando a alteração de um dos critérios estabelecidos pela Lei Estadual Nº 17.811, de 9 de junho, regulamentada pelo Decreto Estadual Nº 53.017, de 17 de junho de 2022.

A legislação cria o Auxílio Emergencial Pernambuco, no valor de R$ 1.500, para famílias em situação de vulnerabilidade social que tenham perdido imóveis ou bens essenciais com as enchentes. Contudo, exige que elas estejam com a inscrição atualizada no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), o que vem gerando dificuldade na validação do pagamento do auxílio a milhares de pessoas e vai de encontro ao cronograma estabelecido pelo Governo Federal.

Em virtude da pandemia da Covid-19, o Ministério da Cidadania suspendeu, em maio de 2020, as atualizações das inscrições no CadÚnico para evitar aglomerações de pessoas e a exposição ao novo coronavírus. Em fevereiro passado, o ministério estabeleceu os novos prazos, por meio da Portaria Nº 747, em três períodos, um a cada ano, se estendendo até 2024. Portanto, todos os municípios vinham trabalhando com o calendário do Governo Federal.

“Ao determinar que só pode receber o benefício quem estiver com o cadastro atualizado nos últimos 24 meses, o Estado cria uma demanda extremamente alta de atualizações, de uma só vez, impossibilitando que o auxílio chegue a milhares de famílias que estão em situação de vulnerabilidade social e já foram cadastradas, mas têm essa pendência”, esclarece o prefeito, Mano Medeiros. “Acredito que o governador terá a sensibilidade e o bom senso necessários para que os municípios possam repassar o auxílio sem essa exigência”.

O cadastramento continua sendo feito, dia a dia, de porta em porta, com fotografias dos danos e georreferenciamento dos imóveis. O morador precisa estar em casa, por isso, se algum morador não é encontrado é feita nova visita das equipes. A comprovação dos danos e atendimento aos critérios estabelecidos pela Lei Estadual passa por avaliação da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania e pela Superintendência da Defefesa Civil. Cada cadastro aprovado é enviado à Caixa Econômica Federal para validação.

Diariamente, os nomes dos beneficiados são inseridos no Portal da Transparência do município. E novos lotes continuam no processo de avaliação e validação. “Temos todo o cuidado e transparência com os recursos públicos. Estamos cruzando todos os dados levantados para que sejam beneficiadas as famílias que atendam aos critérios estabelecidos pela Lei Estadual. E se o Estado seguir o calendário federal facilitará o acesso de milhares de famílias ao auxílio”, destaca o prefeito.

Por Paulo Magnus, CEO da MV

Acabo de voltar da Inglaterra, onde observei de perto o modelo assistencial público de Saúde. E sabe o que aprendi? Que um sistema setentão ainda tem muito a nos ensinar.

Tornar a Saúde um direito acessível a todos – e não apenas àqueles que podiam pagar por ela – foi a grande motivação para o plano que deu origem ao National Health Service (NHS) no Reino Unido, lá em 1948 – poucos anos após o fim da 2º Guerra Mundial. Décadas depois, já em 1990, o mesmo NHS inspirou a criação do nosso Sistema Único de Saúde, o SUS, cujo principal mote é assegurar que a Saúde é um direito de todos e um dever do Estado – uma definição que inclusive está na nossa Constituição de 1988.

Recorro a essa breve introdução para fazer uma comparação direta entre o que o NHS e o SUS oferecem, em termos de jornada do paciente e acesso ao sistema.

Diferentes dimensões

Começo ressaltando o alcance de cada um dos sistemas. Dos pouco mais de 67 milhões de habitantes do Reino Unido, apenas 11% (cerca de 7,3 milhões de pessoas) têm acesso à saúde privada. Portanto, 90% são usuários do NHS.

Já no Brasil, o percentual de pessoas com planos de saúde chega a ser o dobro, com o agravante de que os números absolutos são muito maiores do que os ingleses: são mais de 49 milhões de beneficiários, o que representa cerca de 23% de toda a população. E, mesmo entre eles, o acesso ao SUS permanece constante, seja com o Plano Nacional de Imunização ou pela utilização do SAMU – para ficar em exemplos mais corriqueiros.

Mas analisar apenas a diferença de tamanho e de número de vidas atendidas nos dois sistemas invariavelmente é injusto. É certo que o NHS até poderia ser classificado como um modelo pequeno em relação ao alcance do SUS, mas isso não faz jus a sua importância como exemplo de atendimento assistencial promovido. Por isso, me atenho a compreender melhor seus modus operandi. 

O NHS, por exemplo, prevê um sistema de assistência hierarquizado, cuja porta de entrada é sempre um médico da família, chamado de GP (sigla em inglês para general practitioner, ou seja, um médico generalista). Uma consulta padrão – como, por exemplo, uma dor no braço – acontece da seguinte forma: o paciente liga para uma central telefônica em um horário do dia pré-determinado – que costuma ser pela manhã – e relata o seu problema a um profissional de Saúde, comumente um enfermeiro. Algumas vezes, a questão pode ser resolvida ali mesmo, com a prescrição de medicamentos que são enviados para a farmácia mais próxima da residência do paciente. Mas em caso de necessidade de atendimento, o GP é que vai retornar ao longo do dia para conversar melhor com o paciente e fazer a anamnese – tudo isso por telefone!

É importante frisar que o GP também realiza todos os pedidos de exames que avalia necessários ao caso e somente quando ele mesmo não consegue evoluir com o tratamento é que o paciente será encaminhado ao especialista, junto com os resultados diagnósticos.

Independentemente da forma de contato, seja ela digital ou presencial, eu entendo que esse é o modelo de atendimento adequado e que, muito em breve, deve se perpetuar no Brasil. No entanto, mesmo com toda a sua experiência nesse tipo de atendimento, o NHS está passando por um ciclo de incerteza, sendo um dos motivos principais, a colocação dos GP para fazerem atividades meramente burocráticas, que poderiam ser substituídas pelo uso da tecnologia para acompanhar toda a jornada do paciente e pelo uso da inteligência artificial para apoiar na triagem e elucidação dos diagnósticos. O agravante é que essas tarefas diminuem o tempo assistencial disponível para cuidar dos doentes.

E imagino que a gente enfrentará algo parecido aí no Brasil. Especialmente porque é o médico de família experiente que vai regular a assistência de saúde de cada cidadão, independentemente de onde ele estiver: seja por meio da Saúde digital ou em consultas presenciais.

Uma equipe atenta

No Brasil, por sua vez, o programa Estratégia Saúde da Família (ESF), criado logo no começo do SUS, em 1994 – com outro nome, é verdade -, usa o mesmo conceito de promoção da atenção primária a partir do trabalho de uma equipe multiprofissional formada por médico de família, especialistas, enfermeiros e auxiliares de enfermagens, além de agentes comunitários. Todos direcionam seus atendimentos para a comunidade e acompanham os casos de doenças crônicas de perto.

E como o modelo tem sido bem-sucedido em seus desfechos clínicos e financeiros, a saúde suplementar tem começado a investir mais para criar seus próprios programas de atenção primária e oferecer aos beneficiários um atendimento personalizado para a aplicação de uma medicina preventiva de fato. Nesse sentido, cito as operadoras Hapvida e Prevent Senior, juntamente com algumas Unimeds, como as poucas que já conseguiram adotar o modelo de forma bem-organizada.

As demais operadoras de Saúde, no entanto, permanecem oferecendo acesso livremente, ou seja, o beneficiário pode consultar o médico que desejar, a hora que quiser e realizar todos os exames que pedir. Só que esse tal “livre acesso” invariavelmente implica em refação de exames, diagnósticos laboratoriais e de imagem, além de consultas por vezes desnecessárias, multiplicando os já elevados.

Eu entendo, claro, que todo cidadão gosta e busca ter liberdade para fazer o que quiser, até mesmo com a sua própria saúde, mas é preciso que todos saibam que esse ato provoca um custo infindável.

A solução, a meu ver, está justamente na hierarquização do sistema, ou seja, determinar que a porta de entrada da saúde suplementar seja também via médico da família ou por um conjunto de profissionais médicos generalistas responsável por atender um grupo de pessoas de uma mesma comunidade – como acontece na Inglaterra.

O futuro é hierárquico

Imagine então se a saúde suplementar brasileira se inspirasse tanto no NHS quanto no SUS e criasse seus próprios comitês de médicos generalistas para atender grupos de beneficiários? Algumas operadoras estão seguindo esse caminho, é verdade, mas estou me referindo ao sistema como um todo. 

Esse tipo de hierarquia a que eu me refiro, se expandiria daquela que já existe hoje no Brasil para a regulação da interação e não se restringiria apenas a aceitar ou negar o procedimento em si. Ao contrário, ela acompanharia o paciente em toda a sua jornada pelo sistema, sempre em busca do melhor desfecho clínico possível.

Todo esse acompanhamento da história clínica do doente passa pela integração de dados pelos sistemas, um movimento no qual o paciente se torna o verdadeiro proprietário de seu dado de Saúde e elege um profissional generalista para acompanhá-lo de perto. Nos últimos anos, temos viajado o mundo entendendo como a tecnologia pode ajudar a salvar vidas. Também notamos como o nosso Global Health, com a integração de toda jornada e a monitoração de todos os dados do paciente, está aderente a tudo que encontramos de melhor no mundo. Somente assim a gestão em Saúde será capaz de oferecer uma melhor assistência a um menor custo possível. Que a gestão da Saúde caminhe nesse sentido.

Reorganização

Em tempo, o NHS está passando por um processo de reorganização, que culminou em um projeto de lei de Saúde e Assistência que está agora passando por leitura na Câmara dos Lordes. Entre os pontos de atenção da nova proposta está justamente o fato de que o sistema pode – pela primeira vez – não ser mais universal. Precisamos estar muito atentos para que tais ações – se aprovadas – não repercutam por aqui. Acompanhe as propostas aqui (em inglês).

Por Alon Feuerwerker

Eleições sempre envolvem cálculos arriscados. E a oposição a Jair Bolsonaro está diante de um deles. Se vota a favor do pacote de benefícios sociais, ajuda a injetar água no moinho da reeleição. Se vota contra, coloca-se como alvo fácil da propaganda bolsonarista. Objetivos apetitosos supõem caminhos complicados. E este é um caso em que o prêmio, o Palácio do Planalto, vale definitivamente o risco.

A oposição dá sinais de persistir na 1ª opção, até porque o governo parece ter os votos suficientes. E à oposição não convém ficar contra os mais vulneráveis às dificuldades econômicas. A margem de Luiz Inácio Lula da Silva sobre Bolsonaro nas pesquisas está toda alicerçada nas camadas sociais de menor renda. As medidas governamentais visam a beneficiar exatamente esses grupos, mas a migração de simpatias eleitorais não tem sido automática, por enquanto. O Auxílio Brasil dobrou o valor do Bolsa Família, mas os beneficiários continuam votando majoritariamente no petista.

Se o cálculo é eleitoral, os discursos e a narrativa tentam, naturalmente, escapar dessa caracterização. A preocupação com a disciplina fiscal, que não deu as caras quando o auxílio emergencial e a ajuda a Estados e municípios estouraram espetacularmente o teto de gastos na pandemia, volta agora com esplendor. Mas desta vez os políticos parecem pouco vulneráveis aos apelos pela proteção ortodoxa das contas públicas.

Pode-se argumentar que em 2020 havia mesmo uma pandemia, e agora as atividades econômicas foram normalizadas. Mas de semanas para cá o Brasil ficou sabendo que 30 milhões de pessoas passam fome no país. Haverá poucas situações mais características de uma emergência. Então não dá, ou ao menos é bastante desafiador, para, ao mesmo tempo, alertar sobre a calamidade social, mas dizer que não se deve fazer nada a respeito até a eleição.

Se não surgir um raio em céu azul, a Proposta de Emenda Constitucional passa na Câmara dos Deputados e o texto vai à promulgação. Aí restarão duas incógnitas: 1) se o Supremo Tribunal Federal vai jogar água no chope e 2) quanto as benesses vão mexer o ponteiro das pesquisas.

A posição do Judiciário é complexa, também por duas razões: 1) o apoio maciço dos congressistas à PEC e 2) a falta de um bom argumento para justificar que as pessoas só devem deixar de passar fome depois que a eleição passar. Sobre o efeito eleitoral, é improvável que não venha a ter algum, o que apenas reforça a previsão de caminharmos para uma disputa mais apertada do que indicam os números de hoje.

Pois Bolsonaro ganhou a eleição 4 anos atrás por 10 pontos, e agora Lula lidera as pesquisas por uma margem, na média, dessa ordem de grandeza. Portanto há um eleitorado flutuante, algo entre 10 e 15 milhões, que já votou no PT, migrou para Bolsonaro e agora diz que vai de Lula. Não é absurdo supor que para esse eleitor os argumentos econômicos pesem mais que os ideológicos.

*Jornalista e analista político

Registro do debate histórico na campanha eleitoral de 1986 entre Miguel Arraes e José Múcio Monteiro, que polarizaram a disputa pelo Governo do Estado. Intermediado pelo jornalista Francisco José, da TV-Globo, bateu recorde de audiência. Do pleito, Arraes saiu vitorioso embalado pelo slogan “Volta Arraes ao Palácio das Princesas, vai entrar pela porta que saiu”. A foto foi enviada pelo leitor Ricardinho Ubirajara. Se você tem uma foto histórica no seu baú e deseja vê-la postada neste quadro, envie agora pelo WhatsApp 81.98222.4888.