Na política, gestos falam e às vezes gritam. Na noite da última sexta-feira, durante a abertura do Festival Pernambuco Meu País, em Buíque, a governadora Raquel Lyra (PSD) mostrou, mais uma vez, que seu GPS político anda descalibrado. Convidada de honra de um jantar preparado com todo o cuidado pelo prefeito Túlio Monteiro (MDB), ao lado de prefeitos, ex-prefeitos e vereadores de toda a região, Raquel simplesmente ignorou o convite, ignorou os aliados e preferiu prestigiar o principal adversário político do anfitrião, o ex-candidato a prefeito Jobson Camelo.
A cena teve todos os ingredientes de uma comédia de erros, não fosse o desconforto real dos aliados. Enquanto lideranças como os ex-prefeitos Arquimedes Valença, os deputados Fernando Monteiro (PP) e Jarbas Filho (MDB) e diversas outras figuras da base aguardavam, por mais de cinco horas, na casa do prefeito, Raquel demorou tanto a aparecer que perdeu até o show de Roberta Miranda, atração principal da noite. Ela chegou à casa do prefeito, às pressas, quase à meia-noite, quando a festa já havia esfriado e os estômagos e ânimos só não estavam vazios porque a primeira-dama serviu o jantar aos presentes.
Leia maisMas não pense que a ausência foi por distração ou desencontro de agenda. Pelo contrário. A governadora foi vista participando alegremente de um jantar ao lado de Jobson Camelo, desafeto político direto do prefeito Túlio, que vem fazendo um grande trabalho em Buíque. E não apenas compareceu, ela elogiou publicamente o ex-prefeito.
“Sou muito grata, porque eu sei que não foi fácil pra você disputar uma eleição dura e tá aqui dois anos depois… você é resistente! você está aqui resistindo”, disse Raquel, em tom emocionado, quase como quem esqueceu quem de fato tem sustentado sua gestão no município.
O gesto, classificado por muitos como deselegante e politicamente desastroso, caiu como uma ducha de água fria entre os aliados, especialmente para Túlio Monteiro que, desde o início de seu mandato, vestiu a camisa de Raquel, enquanto seu principal adversário flertava com outras forças, como João Campos (PSB).
Na base governista, a pergunta que fica é: afinal, quem são os aliados da governadora? Porque os gestos, mais uma vez, sinalizaram que gratidão política não é o forte de Raquel Lyra ou que ela prefere aplausos adversários a compromissos de fidelidade.
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