Cercada por receios da equipe de transição e forças de segurança, a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorreu neste domingo (1º) sem riscos ou ameaças relevantes de violência contra o petista ou apoiadores na Esplanada dos Ministérios.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, somente uma pessoa foi detida após policiais a flagrarem, durante revista, com uma faca e fogos de artifício.
O último balanço divulgado pela pasta ainda destacou que, no período da manhã, a Polícia Militar do DF atendeu uma suspeita de bomba em uma das estações de metrô da área central de Brasília. Esse e outros três casos semelhantes foram descartados durante o dia. As informações são da Folha de S.Paulo.
Leia maisA Polícia Federal também derrubou quatro drones que sobrevoaram a Esplanada dos Ministérios durante a cerimônia de posse. Os dispositivos não estavam registrados pela equipe de transição. Agentes da corporação contam com armas antidrone para ajudar na segurança da posse.
Sem grandes riscos à posse, Lula decidiu realizar o tradicional desfile no Rolls-Royce presidencial. O carro é aberto e, por deixar o presidente exposto durante todo o trajeto, teve seu uso reavaliado durante a semana que antecedeu a posse presidencial.
Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e suas esposas, Rosângela da Silva, a Janja, e Lu Alckmin, fizeram o trajeto no banco de trás do mesmo veículo.
O presidente ainda contrariou as recomendações de sua segurança pessoal, feita pela PF, e não usou colete à prova de balas por debaixo do terno.
O principal problema, segundo pessoas presentes na Esplanada, foi o calor intenso e dificuldades logísticas para acessar a Praça dos Três Poderes.
O público começou a chegar cedo, por volta de 7 horas, e enfrentou o sol sem oferta de comida e praticamente sem acesso a água e sombra.
Policiais no local afirmaram que banheiros foram disponibilizados, mas muitos dos presentes reclamavam da falta deles.
Para aplacar o calor, bombeiros lançaram jatos d’água sobre o público. Segundo o Corpo de Bombeiros do DF, 160 pessoas foram atendidas por mal súbito, sede, calor excessivo, pressão alterada, dor de cabeça e glicemia baixa.
Ao todo, cinco pessoas tiveram de ser levadas aos hospitais de Brasília —nenhuma em estado grave.
O plano de segurança da posse foi finalizado na quinta-feira (29). Ele passou por diversas alterações após os casos de vandalismo, com ataque à sede da Polícia Federal, e a tentativa de ataque terrorista na véspera de Natal.
As principais mudanças se deram na forma de entrada do público à Esplanada dos Ministérios. Por decisão das forças de segurança, o controle de acesso à cerimônia de posse foi feito em somente um ponto.
O planejamento previa que todas as pessoas seriam revistadas na entrada, mas a Folha flagrou quebras em bloqueios e apoiadores de Lula que entraram sem serem abordados pelos policiais.
No início da manhã, agentes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) conseguiram instalar detectores de metais pela Esplanada dos Ministérios.
O equipamento, no entanto, passou a ser menos utilizado ao decorrer do tempo, com as grandes filas que se formaram para entrar na Praça dos Três Poderes.
As forças de segurança ainda montaram uma central, ao lado do Museu Nacional, para dar apoio aos agentes que participaram da operação da posse.
O local serviu como base para policiais e bombeiros, com sistemas instalados para analisar imagens de câmeras espalhadas pela Esplanada e de drones que sobrevoaram o local.
Um dos principais receios da equipe de Lula, o acampamento feito por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, perdeu força no domingo.
Centenas de pessoas deixaram o local nos últimos dois dias, em ônibus e carros. Militares ouvidos pela Folha afirmaram, sob reserva, que a saída de Bolsonaro do país aplacou os ânimos golpistas e desmobilizou parte dos manifestantes.
A responsabilidade pela coordenação do plano de segurança da posse presidencial foi alvo de discussão na equipe de Lula e gerou atritos no início dos preparativos.
Em novembro, a transição decidiu escantear o GSI e retirar o papel que a pasta tem na segurança presidencial.
Por decreto, cabe ao Gabinete de Segurança Institucional coordenar a área de segurança de eventos com a presença do presidente. Tradicionalmente, a pasta escolhe um general do Exército para centralizar o trabalho e distribuir as responsabilidades entre as demais forças de segurança.
A decisão havia sido tomada por causa dos receios que a equipe de Lula tinha com o aparelhamento do GSI, comandando nos últimos quatro anos pelo general Augusto Heleno. A ideia era entregar a responsabilidade à Polícia Federal.
Apesar das discussões, aliados do novo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, atuaram como bombeiros no caso e conseguiram reverter o mal-estar.
No fim, o plano de segurança da posse foi feito em conjunto entre diversas forças de segurança, como a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, PF, Exército, GSI e PRF (Polícia Rodoviária Federal).
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