Por Luiz Carlos Belém*
Para o Notícia Arte
Pernambuco, um dos estados mais emblemáticos do Brasil, foi, em tempos passados, o coração pulsante da economia colonial, destacando-se pela produção de açúcar desde o século XVIII. Contudo, nas últimas cinco décadas, sua trajetória se transformou em um ciclo de estagnação e desilusão, exacerbado por gestões políticas que, independentemente do viés ideológico, falharam em promover o desenvolvimento que a população tanto merece. Desde figuras históricas como Miguel Arraes e Jarbas Vasconcelos até os dias atuais com Raquel Lira, o estado parece aprisionado por um modelo político que prioriza interesses partidários em detrimento do progresso econômico e social.
Recife, a capital e principal centro urbano, é frequentemente descrita como um “sepulcro Caiado”, simbolizando uma cidade estagnada e com uma realidade distorcida em relação ao resto do Brasil. O contraste é alarmante: enquanto Pernambuco abriga uma das maiores concentrações de beneficiários do Bolsa Família no país, o número de trabalhadores com carteira assinada continua a encolher. Essa dependência crescente dos programas assistenciais levanta questões sérias sobre a eficácia das políticas públicas implementadas ao longo das últimas décadas. A falta de investimentos em educação e capacitação profissional perpetua um ciclo vicioso que mantém a população em situação de vulnerabilidade.
Leia maisNa década de 1960, a esquerda clamava por uma melhor distribuição de renda e denunciava os senhores de engenho locais. O discurso era claro: garantir acesso à educação como meio de libertação da pobreza. No entanto, muitos críticos apontam que as mesmas forças políticas que outrora lutavam pela justiça social agora parecem mais preocupadas em manter o status quo do que em promover mudanças significativas. A esperança de emancipação se tornou apenas mais uma promessa não cumprida. Por outro lado, o legado deixado por políticos conservadores como Marco Antônio Maciel durante o governo Fernando Henrique Cardoso também é alvo de críticas.
Apesar de ocupar cargos estratégicos na política nacional, sua contribuição efetiva para o progresso do estado permanece questionável. A falta de uma visão clara e coesa entre os líderes políticos — sejam eles de direita ou esquerda — resulta em um estado sem direção. Atualmente, Pernambuco enfrenta uma crise de identidade. A ausência de crescimento econômico e a falta de uma visão política sólida resultaram em um cenário onde as promessas se tornaram ecos vazios. A luta pela transformação continua, mas é preciso mais do que discursos vazios; ação concreta e comprometimento genuíno são essenciais para o bem-estar da população. A trajetória desastrosa da esquerda no governo deveria ter sido um chamado à ação para a direita. Entretanto, a fragmentação interna entre seus líderes tornou-se um entrave significativo.
O cenário político pernambucano revela caciques mais preocupados com suas ambições pessoais do que com um projeto comum para o estado. Exemplos como Gilson Machado — afilhado de Bolsonaro — evidenciam essa falta de êxito nas urnas; suas derrotas nas eleições para o Senado e na prefeitura do Recife levantam sérias questões sobre a capacidade da direita em oferecer alternativas viáveis à população. Ademais, as tentativas de união entre lideranças frequentemente encontram resistência interna. O “fogo amigo” se transforma em um obstáculo ao invés de fomentar colaborações construtivas. Essa dinâmica evidencia não apenas uma falta de visão compartilhada, mas também o medo do fortalecimento do outro — divisões que aprofundam ainda mais a crise política.
Conclusão
Sem planejamento estratégico e disciplina entre os líderes políticos — independentemente da ideologia — Pernambuco continuará a padecer sob as sombras do passado. A população merece alternativas viáveis que transcendam disputas internas e ambições pessoais. Somente através da união e da construção conjunta de um futuro coerente será possível libertar Pernambuco das amarras do tempo e avançar rumo a uma nova era. Novos nomes estão surgindo no cenário político local; alguns vereadores têm se destacado ao trazer novas abordagens à oposição, propondo soluções concretas para os problemas enfrentados pela população. É fundamental que essas novas lideranças não sejam sufocadas pelos caciques ultrapassados que muitas vezes priorizam interesses pessoais acima do bem comum. O estado já sofreu demais; é hora de respirar ar novo com lideranças comprometidas e focadas na construção de um futuro melhor para todos os pernambucanos.
*Economista e consultor de empresas, também atuou entre 2021 e 2023 em três ministérios: desenvolvimento, Economia e Turismo. Especialista em redução de custos e tratativas entres os setores público e privados. Hoje, também é comentarista de temas político-econômico.
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