O deputado Felipe Carreras (PSB-PE), autor do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), não pisa tão cedo no Ministério da Fazenda. O ministro Fernando Haddad rompeu relações com o parlamentar, após ele fazer duras críticas aos números do governo sobre o impacto fiscal dos benefícios concedidos às empresas do setor. Carreras reclama da falta de diálogo, mas diz estar aberto a restabelecer os contatos. Haddad não comenta. A Câmara aprovou, ontem, o fim gradual do programa. O texto vai para o Senado. As informações são do portal Estadão.
No final do ano, o governo editou Medida Provisória determinando fim do programa. Diante da resistência de deputados e empresários, o ministro da fazenda disse que negociaria um projeto de lei com um meio-termo. No final de janeiro, pouco antes da retomada dos trabalhos no Legislativo, Haddad e Carreras conversaram. Mas, depois disso, os dois se desentenderam. Nos bastidores, não faltaram trocas de farpas.
Leia maisCarreras reclamou de fantasia do ministro com os números, porque Haddad afirmou, inicialmente, que o programa havia consumido R$ 17 bilhões em receitas da União em 2023 – dos R$ 25 bilhões acordados para toda a duração do programa. Depois, passou a falar em R$ 13 bilhões de custo no ano passado. Mas associações do setor dizem que o número é ainda menor e gira em torno de R$ 6,5 bilhões. Haddad não gostou.
Para piorar a situação, Carreras reclamou que a equipe econômica “não abriu as portas” para debater o projeto. Em março, Haddad cancelou uma reunião da qual Carreras participaria. O ministro marcou outro encontro apenas com a relatora da matéria, a deputada Renata Abreu (Podemos-SP).
O deputado Felipe Carreras nega que, da parte dele, tenha ocorrido rompimento e afirma que está de portas abertas. “Sempre tive relação institucional com o ministro. Ajudei enquanto líder do blocão a aprovar várias pautas difíceis importantes no ano passado. Tenho feito críticas democráticas a forma como ele lida com o Perse. Quem não tem maturidade e capacidade de conviver com o contraditório terá sempre dificuldades de relacionamento em qualquer ambiente na vida. Imagine na política”, afirmou à Coluna do Estadão. O ministro da Fazenda não comentou.
O Perse foi criado em 2021, durante a pandemia de covid-19 para aliviar prejuízos ao setor de eventos e está na mira do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para extingui-lo. Parlamentares na Câmara, porém, articulam por uma solução gradual. O projeto deve ser votado nesta terça-feira, 23, na Câmara dos Deputados.
No último dia 17, a festa de aniversário de Felipe Carreras e Renata Abreu, em Brasília, se transformou num grande ato em defesa do Perse, como mostrou a Coluna do Estadão. A presença do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e sua declaração defendendo o programa, chamou atenção para mais um embate entre as áreas política e econômica do governo Lula. “Eu sou a favor do Perse. O Perse consciente, o Perse responsável”, afirmou Padilha na ocasião.
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