Por Juliana Albuquerque – repórter do Blog
A falta de planejamento do Governo ficou evidente em fala da secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti, durante uma audiência pública, encerrada há pouco, na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A expectativa era de que, durante o momento, a secretária divulgasse um cronograma de quando serão realizados os procedimentos, contudo, a titular da Pasta afirmou que isso deve acontecer dentro de, no máximo, 20 dias.
Ou seja, não há um prazo para a retomada de fato das 138 cirurgias que precisam ser feitas com urgência nos quadris das crianças com a síndrome, que convulsionam mais de 120 vezes ao dia sem esse procedimento.
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“Abrimos, no último sábado, dentro do Cuida PE, o credenciamento de hospitais filantrópicos e de rede privada para dar celeridade às cirurgias que precisam ser feitas nas crianças com microcefalia. Nós vamos receber, ainda esta semana, 20 placas para esse procedimento”, disse Zilda Cavalcanti.
Presente no momento, o cirurgião da equipe responsável pela realização da cirurgia, o médico Yuri Teixeira comentou sobre a qualidade dessas placas. Falando de forma técnica, ele confirmou o que já vinha sendo denunciado pela presidente da Associação de Mães de Anjos (AMA), Germana Soares, que revelou que a qualidade das placas adquiridas era de qualidade inferior da necessária para o desgaste ósseo que essas crianças necessitam.
“Essas crianças precisam de uma placa específica. Ela precisa ser canulada e com guia, para que exista uma menor agressão a criança que já vem com uma deformidade óssea há muito tempo. A placa que ganhou na licitação no Hospital Otávio de Freitas não é delicada o suficiente para esse procedimento”, destacou Yuri.
Ele ainda afirmou que, da forma como está sendo executado o planejamento da Secretaria de Saúde, com a centralização dos procedimentos no Hospital Otávio de Freitas, dificilmente a equipe médica conseguirá executar um número de cirurgias suficientes para tirar da fila de espera os casos mais urgentes.
“Sem acusar, quero deixar a população ciente na parte logística na GERES do Recife. Atualmente, o Estado não tem suporte para abarcar o mutirão de emergência. Só centralizar no Otávio de Freitas, que não tem UTI pediátrica suficiente, não é a solução. Hoje, para fazer todas a cirurgias de emergência que precisam ser feitas, teria que descentralizar a realização das cirurgias”, explicou Yuri.
Para Germana Soares, a audiência pública não conseguiu o resultado que era esperado, pois as mães que lutam diariamente para dar mais qualidade de vida aos seus filhos precisam de urgência. “Infelizmente, saímos daqui sem um cronograma, sem nada concreto. Sinto que essa audiência pública não teve o retorno que esperávamos”, disse a presidente da AMA, Associação das Mães de Anjos de Pernambuco.
O deputado Gilmar Júnior (PV), autor do requerimento para realização da audiência, afirmou que a sessão não foi em vão. “Eu sei que dói sair daqui sem respostas, mas é a partir daqui que conseguiremos obter os desdobramentos necessários para fazer o movimento para conseguir fazer essas cirurgias de fato acontecerem”, disse o deputado, complementando que não descansará até ver todas as crianças operadas.
Em sua fala final, Zilda Cavalcanti ao invés de admitir a falta de planejamento do Governo atual, insistiu em colocar a culpa na gestão passada, porém, reafirmou o compromisso do Governo Raquel em resolver a situação. “Depois de cinco anos esperando e com tantas desculpas, é natural que vocês não confiem, mas vamos mostrar que nada vence o trabalho. São os dias que se seguirão e as ações que mostrarão isso”, rebateu a secretária.
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