O ex-senador pernambucano José Jorge, ministro aposentado do Tribunal de Contas da União, celebra, hoje, em alto estilo, em Brasília, seus 80 anos bem vividos, divididos por uma legião de amigos que seu coração atraiu ao longo dessas oito décadas.
Me insiro entre esses milhares de amigos dele. E por isso mesmo, vou, na companhia da minha Nayla, abraçá-lo hoje no Iate Clube de Brasília, cenário da sua belíssima e emocionante festa. Macielista por convicção, habilidoso e plural, José Jorge entrou na vida pública pelas mãos do ex-governador Moura Cavalcanti.
Leia maisOcupou os cargos mais importantes que um político almeja: secretário de Educação, secretário de Habitação, deputado federal, senador da República, ministro de Minas e Energia, presidente nacional do então PFL e ministro do TCU. Foi ainda candidato a vice-presidente da República na chapa de Geraldo Alckmin nas eleições de 2006.
Também foi presidente dos Conselhos de Administração das estatais Petrobras, Eletrobrás e Petrobras Distribuidora. Nunca teve seu nome envolvido em nenhum escândalo e isso é o que mais admiro em sua trajetória na vida pública. É o que se pode chamar de ave rara na política nacional, um ficha limpa exemplar.
Conheci José Jorge em Brasília, já como deputado federal. Nunca vi alguém tão perfeccionista e organizado na política. Suas eleições para deputado eram garantidas na ponta do lápis. Habitual frequentador do gabinete dele, quando queria saber como estava projetando sua reeleição, pegava uma caneta, escrevia a relação dos municípios onde seria votado e dizia: já tenho tantos votos, só faltam tantos para me eleger.
Quando conseguia o apoio de um ou dois prefeitos que faltavam para a sua reeleição, rejeitava qualquer adesão nova, com um detalhe: também não aceitava colaborações financeiras além do teto que imaginava gastar. Nunca errou nas contas. Teve quatro mandatos consecutivos de deputado federal. Incrível!
José Jorge é amigo dos amigos. Quando perdi a chefia da sucursal do Diário de Pernambuco em Brasília, ele me contratou para assessorar o então presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen. Meu papel? Produzir relatórios semanais sobre as eleições para governador nos 26 Estados, já que naquela época o governador do Distrito Federal era biônico. Nunca trabalhei tanto!
Minha fonte de informações? Os dirigentes estaduais do PFL e a banca de revistas da Rodoviária de Brasília, onde encontrava todos os jornais do País. Eu chegava com uma mala. O senhor que me atendia achava que eu era doído. Como ele consegue ler tantos jornais? Imaginava ele, ao me ver sair com a mala abarrotada de jornais regionais.
Mais na frente, fui colega de Governo de José Jorge na gestão de Joaquim Francisco em Pernambuco, eu de Imprensa, ele na Educação. Só fiquei um ano na função. Briguei com Joaquim e abandonei o Governo. Já de volta ao Diário de Pernambuco, convenci José Jorge a me conceder uma entrevista de página inteira.
Foi o estopim da demissão dele. Jorge era deputado federal licenciado e na entrevista afirmou seu desejo de reassumir o mandato para participar da revisão da Constituição, mas só depois de mais de um ano. Só porque a entrevista foi dada a mim, Joaquim demitiu José Jorge sem falar com ele. O pombo-correio do chute no traseiro foi o então secretário de Governo, Luiz Alberto Passos.
Até hoje, brincando, José Jorge conta que eu fui o único jornalista que provocou uma demissão sua em cargo público!
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