Acabei de ver “Mussum, o filmis”, filme dirigido por Silvio Guindane, sobre a vida do comediante e sambista Mussum. Muito bom e emocionante. Retrata com maestria e sem sensacionalismo a carreira musical de Mussum ao lado dos Originais do Samba, a relação dele com a família, a carreira na Aeronáutica e o trabalho em “Os Trapalhões”.
O filme foi premiado sete vezes durante a 51ª edição do tradicional Festival de Gramado, com seis Kikitos e uma menção honrosa. Reúne momentos menos conhecidos e explorados da vida de Antônio Carlos, que teve um capítulo especial na história da TV Brasileira. Ele foi batizado de Mussum (peixe preto sem escamas) por Grande Otelo, porque se apresentava sempre barbeado e com a cabeça raspada.
Leia maisMussum encantou Renato Aragão ao participar, tocando reco-reco com Os Originais do Samba, de um programa de Chico Anysio. Segundo o site “Memória Globo”, em 1971, após estrear “Os Insociáveis”, na Record, Renato queria um integrante para somar à dupla Didi e Dedé, e havia ficado impressionado com aquele homem que definiu como sendo “alegria viva”.
Mussum era o malandro dos Trapalhões. Carioca nascido no morro da Mangueira, era orgulhoso de ser negro e doido por cachaça, que chamava singelamente de “mé”. Antes de integrar a turma capitaneada por Didi, ainda nos tempos dos Originais do Samba, ele havia participado do programa de humor “Bairro Feliz”, da Globo, em 1965.
Na época, ainda servia ao Exército e tinha que se apresentar escondido dos superiores que não aprovavam sua carreira de comediante. Depois, em 1967, Mussum foi um dos alunos da Escolinha do Professor Raimundo, na TV Tupi. Foi lá que criou o jeito de falar que se tornaria sua marca registrada ao pronunciar todas as palavras com a sílaba “is”.
Alguns bordões do artista eram as expressões “Ai, Cacildis!”, pronunciada quando alguma coisa dava errado, e “Eu quero morrer pretis!”, seu juramento. Além do troféu principal de Melhor Filme, o festival também reconheceu o trabalho dos atores Ailton Graça e Yuri Marçal, que interpretam Mussum em diferentes épocas. A veterana Neusa Borges foi premiada como melhor atriz coadjuvante por interpretar Dona Malvina, mãe de Mussum, uma heroína na criação do filho.
Quando o forçou a se dedicar aos estudos, largar o futebol para “ser gente na vida”, dona Malvina criou um bordão que o filho repetiu em grandes momentos da sua vida lembrando-se da lição da mãe: “Meu filho, burro preto tem um monte por aí, mas preto burro não dá, né?”
O longa recebeu também os prêmios de Melhor Trilha Musical, Júri Popular e uma menção honrosa para a caracterização. O filme foi rodado entre fevereiro e março de 2022, concluindo um processo iniciado em 2014, quando o produtor mineiro André Carreira, numa conversa com um dos filhos do eterno Trapalhão, idealizou o projeto.
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