O Direito da Família de luto pelo jurista que permanece

Por Jones Figueirêdo Alves*

Como muito poucos, ele praticou o melhor direito de família dentro da advocacia, iluminando a face do direito com o seu sorriso franco ao atuar como instrumento de paz dos casais em desordem. Vicente Moreno Filho, o jurista que exercitou os valores da família, dentro de casa, junto aos amigos e perante as partes, encantou-se no dia 31 de agosto passado. Viajou ao infinito nas asas da graúna.

Vicente (Vinces ou Vincenti), por metáforas da etimologia, era um vitorioso. De vinci, vincere, “ser vencedor”, ordenando ética e respeito, venceu todos os combates da vida. Mais do que apenas litígios judiciais, venceu o combate paulino. Nas várias formas, Vicente, Vicencio ou Vicenti; ainda Vicenzi e Vicenzo (do italiano e, aliás, seu neto), Vicent (do francês e inglês) ou Vicenz (do alemão), era mais que um prenome. Do verbo triunfar, fez-se verbo na palavra gentil e nas suas ações de concórdia. Ficou superlativo, por seu caráter de excelência. Triunfou na amizade e nas militâncias da fé, desde a paisagem bucólica de sua pequena cidade natal, Várzea Alegre (CE), de ordem irradiou suas auroras, para habitar o mundo no coração dos homens bons.

Do seu apostolado profissional, extrai-se o próprio lugar de onde situava o seu trabalho diário, Rua do Sossego, 591 (Santo Amaro, Recife). Quietude e placidez, oferecida pelos aconselhamentos e soluções meritórias dos problemas jurídicos. Não por mero acaso, o lugar de refúgio onde a clientela encontrava sempre a resposta pronta e adequada, tomada de sossego pela confiança no profissional sério e competente, sossegada sob os ajustes justos.

Nele reuniam-se as primeiras qualidades do homem de bem: o pai e o esposo amoroso, dedicado à família como sua principal razão de vida. Eis porque, assim, o direito de família se encontra inteiriço em suas lições de vida que servem de doutrina.

De sua esposa, Nicinha, sempre expressou a melhor ensinança do “affectio maritalis”, como elemento condutor da comunhão de vidas. Disse-me, certa vez, expressamente, o seguinte:

“Veja o que a vida nos premia. Hoje ao meu lado – uma esposa mãe. Que me adotou e de nossa convivência nasceram três filhos, Douglas, Dimitri e Karenina. Direciono todas as louvaminhas para Nicinha. Que exprime nesse amor maternal, o mais sublime afeto e dedicação. Verdadeira baraúna, altiva, destemida e amorosa, distribuindo afeto e amizade (…) Viva Nicinha, que com sua docilidade e leveza, conquista o mundo. Todos a amamos”.

É dizer muito mais que o próprio requisito disposto no artigo 1.723 do Código Civil de 2002, o qual traz a expressão “com o objetivo de constituição de família”.

Uma esposa de amor maternal, como o melhor conceito da afetividade conjugal. Casados há mais de 50 anos, Vicente e Nicinha, contextualizaram juntos e reciprocamente essa verdade. Constituiu-se uma família ditada pela comunhão de vida, como princípio básico existencial de vida a dois, uma vida una.

Personificaram eles, o casal-entidade. Consabido que o casal é o começo da história humana (Gn. 1,26.28.31) e que o princípio da mútua pertença implica na sua razão de existência, tenha-se a tudo isso paradigmático o vínculo que une homem e mulher com o termo amor (Mt. 19, 4s). Na visão paulina, o de “quererem-se entre si, como parte um do outro”. Quem ama sua mulher ama a si mesmo (Ef. 5,28).

É neste espaço relacional que o casal se reconhece como entidade, a construir a família a partir da eficácia da união. Em menos palavras, na complementaridade um do outro. O casamento perfeito simbolizado na Estrela de David, que é formada por duas estrelas, entrelaçadas entre si mas guardando suas próprias individualidades.

Um Casal Entidade, como símbolo ou protótipo de união idealizada de comunhão de vida, o de vida a sempre.

Aliás, a cláusula geral de “comunhão plena de vida”, como norma-princípio que remete às relações familiares a seus valores éticos e afetivos aparece, de logo, inserida no primeiro artigo do Livro de Direito de Família (artigo 1.511 do Código Civil), a dizer que “o casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade dos direitos e deveres dos cônjuges”.

Mais: A comunhão plena de vida significa compartilhar a família nos seus atributos determinantes, onde para além da norma, estão todas as pessoas comprometidas entre si, comungando interesses comuns e resultados construídos. Efetivamente, figura como uma cláusula diretiva da existência da comunidade familiar.

Vicente flagrou o seu sentido de viver, ao professar uma vida plenamente satisfatória na dedicação plena ao objeto dos seus afetos (esposa, filhos e amigos).

Com acerto, diz-nos, a propósito, o filósofo norte-americano Harry Frankfurt:

“É o amor que dá significado ao mundo: o amor é a fonte originária do valor final. Se nada amássemos, nada teria mérito intrínseco e definitivo para nós. Não haveria nada que fossemos levados a aceitar como fim último. Por sua própria natureza, amar implica tanto que consideremos seus objetos valiosos por si mesmos como também que não tenhamos outra saída, a não ser adotar esses objetos como nossos fins últimos”.

No ponto, Vicente Moreno Filho sempre foi o guardião afetivo e presente dos seus filhos, em todas as suas idades. Dedicou-lhes proteção continuada e de vigília, na figura do “bom pai de família”, em experimento que mais dignifica o direito de família: o da condição mais legítima do cuidado como valor jurídico; do zelo da sua presença constante; das diligências de orientação paterna e de incentivo construtivo.

Demais disso, o sentido de família nele foi ampliado, no melhor apuro da família extensa (artigo 25, § único, Lei nº 8.069/1990) e assim se fez ele irmão de muitos amigos e de conhecidos, além dos seus outros oito irmãos, filhos mais velhos de Arlinda Batista de Freitas e Vicente Batista Moreno. Aos amigos menos favorecidos prestava-lhes conselhos, orientações jurídicas e apoio material. E na sua amada Várzea Alegre, as pessoas mais simples dele recebiam a mesma afeição e fraternidade, como se irmãos fossem. Vínculos de afinidade e de afetividade, verdadeiros vínculos tal como reportados pela lei no conceito da “família ampliada”.

Quando o princípio da Fraternidade como direito tem sido objeto de maior atenção da ordem jurídica, a partir do seu preâmbulo constitucional, ele, Vicente, construiu o seu mundo como “uma só família”, sempre amigo dos mais humildes, relacionando-se com todos sem hierarquia ou sem subordinação. Sua vida foi um meio ou sinal de esperança e de fraternidade, como experiência possível de tornar o mundo melhor.

Diz-nos Reynaldo Soares da Fonseca, ministro do STJ, doutrinador do direito da fraternidade, que a utilização da categoria jurídica da fraternidade revela-se como chave analítica normativamente válida para as maiores transformações sociais. De fato, como asseverou Luiz Edson Fachin, “o direito que tem o sabor substancial da fraternidade, também tem o saber essencial de um renascimento”. A vida de Vicente Moreno Filho sempre foi um abrigo vinculante do fraterno.

Solidário diante das adversidades dos amigos, os acolhia com eficiente presteza de apoio, a exemplo do amigo parlamentar, cassado nos anos de chumbo, convidado a compartilhar o seu escritório de advocacia, para continuar com dignidade o seu labor.

Ao receber a cidadania recifense (em 29/11/2013), simbolizou, em seu discurso, todos os afetos que sempre o guarneceram: “O batuque do meu coração agora é diferente, de coração tambor, vibrante como os batuques dos maracatus e dos afoxés da minha cidade adotiva”.

E lembrou: “Aos seis anos de idade, depois de uma viagem cortando toda a Paraíba, cheguei em Campina Grande e fiz baldeação numa marinete para aportar no Recife”.

Chegou com a bagagem da esperança, estudou no Colégio Marista e ingressou, em 1966, na Faculdade de Direito do Recife, a clássica “Casa de Tobias Barreto”. Integrante da icônica Turma de Bacharéis de 1970, sua atuação acadêmica foi semeadura da retomada democrática, com serenidade e altivez. Também se colocou na luta pela permanência da FDR no clássico templo da Praça Adolfo Cirne, onde ali permanece, quando pretendida a sua inclusão em um campus da Cidade Universitária, na Várzea.

Advogado na área civil — tendo exercido atividades como advogado de importantes empresas e de instituições bancárias, chefiado a Crédito Imobiliário do Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe) por muitos anos, e atuado por mais de duas décadas na Procuradoria Jurídica do Estado, notabilizou-se no direito imobiliário e no direito de família.

No direito familiar, foi intérprete dos grandes conflitos conjugais, como mediador e pacificador social, incentivando o (re)encontro dos casais, mesmo para os fins de um desenlace não traumático. Ensinava os colegas mais beligerantes no trato das desavenças familiares a postularem com exação e maior sensibilidade, sem litígios ácidos, prevenindo-os que os filhos, mais adiante, poderiam ser surpreendidos com tamanhas injúrias recíprocas dos seus pais e que importava muito para a família a convivência parental daqueles pais dos mesmos filhos, como símbolo da dignidade existencial de todos os envolvidos. E aconselhava ao colega menos experiente, em tratativas de composição, como a dizer “Deixemos que eles resolvam a si mesmos para resolverem o processo, não será justo que resolvamos por eles a vida que não é nossa”.

Homem de muitas artes, onde o cordel e a rabeca, o repente e o humor refinado ditavam o seu mundo mágico, teve a arte excelente de cultivar amigos de longas datas. Cultura da boa conversa, da boa literatura, da dialética das boas reflexões. Identificações convictas sem ambivalências.

É de sua Várzea Alegre que extraiu todos os ditames de vida.

Várzea Alegre, terra natal também do padre Antônio Batista Vieira (1919/2003), cuja parentalidade e biografia muito o inspiraram. Sacerdote e político, deputado federal (1967/1970), graduado em Economia (Universidade de Los Angeles, EUA, 1964), em Direito (UFRJ, 1974), licenciado em filosofia, ciências e letras, padre Vieira é autor de inúmeras obras que lhes serviram de referências. Dele, destacam-se: “O verbo amar e suas complicações” (1965) e “A família: evolução histórica, sociológica e antropológica” (1987). Vieira e Vicente, ambos juristas e homens múltiplos.

Várzea Alegre, que ele “cultivava com admirável apego suas raízes, tratada com refinado senso de humor como Happy Valley”, como referiu Gustavo Krause, o grande esteta da palavra, em comovente artigo “Vicente de todas as cores”.

Festeiro e poético, as moradas do Pai o recebem, agora, em festa, com a mesma vibração candente dos batuques.

Morte, onde está a sua vitória? Vicente Moreno Filho (2/7/1947-31/8/2023) foi convincente por sua vida e por seu legado. Ele, sim, é o vitorioso, porque o jurista permanece.

*Do site Consultor Jurídico

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Por João Peres

Do Joio e o Trigo

Enquanto a população sofre para pagar o café e a laranja, as fabricantes de ultraprocessados acumulam R$ 15 bilhões em impostos que não foram pagos ao longo de uma década. Levantamento feito pelo Joio com dados oficiais do Ministério da Fazenda mostra que esse é o valor total acumulado em renúncias fiscais somente do governo federal e apenas entre as maiores empresas, entre 2015 e junho de 2024.

À frente da lista está a Recofarma, da Coca-Cola, que amealhou R$ 4,55 bilhões nesse período. A empresa é sediada na Zona Franca de Manaus, onde conta também com isenções de impostos municipais e estaduais. Lá, em tese, fabrica-se o xarope (concentrado) de refrigerante que abastece todo o sistema da corporação no Brasil. Nossas investigações mostram que a empresa se vale não apenas de isenções, como cobra créditos em cima de impostos que jamais foram pagos. Ou seja, o valor total ganho pela Recofarma é ainda maior que o mostrado pelo levantamento.

Não é preciso ir longe para encontrar a segunda maior beneficiária das isenções de impostos federais, com R$ 2,55 bilhões. A Arosuco Aromas e Sucos Ltda. está para a Ambev como a Recofarma está para a Coca-Cola: é a companhia responsável pela fabricação dos concentrados que saem da Zona Franca de Manaus para outros lugares do país.

É importante lembrar que não há qualquer razão tecnológica para que o concentrado seja fabricado na área de livre comércio, nem para que o xarope seja feito em um lugar, e o refrigerante em outro: a razão é meramente um esquema econômico, que vem desde o começo dos anos 1990, para se valer do maior número possível de benefícios fiscais.

“É uma situação que precisa ser olhada com muita atenção, em especial na discussão sobre as alíquotas do imposto seletivo, de forma que os benefícios fiscais não anulem o objetivo da política de desincentivar o consumo”, resumiu Paula Johns, diretora-executiva da ACT Promoção da Saúde.

Na discussão no Congresso sobre reforma tributária, a organização atuou em defesa da aprovação de um imposto seletivo sobre ultraprocessados – ao final, o lobby das corporações fez com que fosse aprovado um tributo apenas sobre refrigerantes e águas saborizadas (como H2OH).

Porém, a alíquota e as regras para a aplicação serão definidas em um projeto de lei complementar que deve tramitar este ano no Legislativo. As grandes isenções obtidas na Zona Franca podem dar margem a Coca-Cola e Ambev para compensar uma eventual elevação da carga tributária. Em resumo, uma manutenção dos preços vigentes dessas bebidas anularia o efeito esperado sobre a redução de consumo e sobre os benefícios à saúde.

“Deveríamos investir em sistemas alimentares saudáveis, solidários e sustentáveis. Essa política é o oposto disso”, continua Paula Johns. “Gosto de imaginar uma região criando políticas públicas de incentivo à produção e ao consumo de frutas regionais, e de plantas alimentícias não comerciais. São modelos de negócios mais alinhados com o que o Brasil e o mundo precisam para enfrentar o cenário atual de múltiplas crises.”.

Quase empatada com a Arosuco está a líder na venda de biscoitos no país. A M Dias Branco, fabricante da linha Piraquê, conseguiu R$ 2,52 bilhões no período analisado. Não é difícil entender de onde veio esse valor: apenas entre 2015 e 2020, a M Dias Branco obteve R$ 402 milhões por estar instalada na região Nordeste – que responde todos os anos pela maior fatia de suas receitas, inclusive.

Essa é, também, a principal razão para a Nestlé figurar entre os maiores beneficiários de isenções. Do R$ 1,5 bilhão obtido pela empresa em cinco CNPJs diferentes, foi o do Nordeste que obteve a maior fatia — R$ 732 milhões apenas por estar instalada na região.

Os recursos dados a corporações ao longo desses nove anos e meio poderiam financiar por três anos o reajuste necessário para recompor perdas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Levantamento divulgado em 2024 pelo Observatório da Alimentação Escolar mostra uma perda acumulada de 42% nos valores federais destinados ao programa, que estavam em R$ 5,7 bilhões, mas deveriam estar próximos de R$ 10 bi.

O repasse anual às fabricantes de ultraprocessados seria suficiente também para beneficiar 100 mil famílias com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). No ano passado, o teto definido pela Companhia Nacional de Abastecimento era de R$ 15 mil por família. Os alimentos comprados dos camponeses beneficiam, na outra ponta, as famílias mais vulneráveis do ponto de vista da segurança alimentar e nutricional.

A discussão sobre isenções fiscais tem uma relação direta com saúde e preço dos alimentos. Desde 2022, os preços de ultraprocessados no Brasil são, na média, mais baratos que os de alimentos frescos e minimamente processados, segundo levantamento conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de São Paulo (USP).

Isso significa que grande parte da população, em particular de baixa renda, pode se ver forçada a adquirir produtos que fazem mal à saúde, e a limitar a ingestão de frutas, legumes, verduras e grãos. Os casos recentes do café, que acumulou uma alta de 39,6% em 2024, e da laranja, que teve uma elevação de 91%, são ilustrativos: são dois dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros.

“Uma coisa que é muito importante para a gente medir o impacto desse subsídio sobre a alimentação no país é comparar esse montante enorme aos principais programas federais de promoção de alimentação saudável”, avalia Rafael Claro, professor do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG e um dos responsáveis pelo estudo sobre preços. “Se pegarmos o Pnae, que é um dos maiores programas do mundo no gênero, você tem praticamente um terço do valor despendido com o subsídio aos ultraprocessados. É bem provável que o valor do subsídio supere em muito o recurso destinado ao consumo alimentar saudável no país.”

Como fizemos o levantamento

Que tenhamos conhecimento, esse é o primeiro levantamento sobre as isenções fiscais do governo na área de alimentação que consegue tomar em conta um período longo. A partir de 2023, a Fazenda começou a divulgar dados de isenção por empresa, algo que até então era rejeitado pelo próprio ministério. Ao longo de 2024 foram divulgadas novas informações, mas de forma pulverizada. Recentemente, o governo publicou uma planilha que permite recontar a série histórica de 2015 a 2024.

A divulgação faz parte da tentativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de expor os privilégios obtidos por meio das renúncias. Ele não esconde a contrariedade com o montante que é tragado por uma série de isenções cujo papel real no estímulo à economia é nulo ou desconhecido. Porém, esse item não consta da agenda de itens prioritários recém-entregues por Haddad ao novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.

Nosso levantamento toma como base a Classificação NOVA, que divide os alimentos pelo grau e pelo propósito de processamento. Criada pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), essa categorização tem ajudado cientistas do mundo inteiro a estudar os males causados particularmente pelos ultraprocessados. Um estudo publicado no ano passado revisou toda a evidência científica disponível e concluiu que esses produtos estão associados a 32 condições de saúde diferentes, incluindo doenças crônicas e morte prematura. No Brasil, as perdas econômicas ligadas ao consumo de ultraprocessados ultrapassam R$ 10 bilhões anuais, o que significa que as isenções fiscais estão incentivando um problema de saúde que onera a rede pública e as famílias.

O próprio governo federal tem adotado medidas em consonância com o Guia Alimentar para a População Brasileira, de 2014, que recomenda a todos evitar o consumo de ultraprocessados. No ano passado, a reforma tributária criou uma cesta básica composta na maioria por produtos saudáveis. Mas o lobby do agronegócio garantiu a manutenção ou a ampliação de uma série de benefícios ao setor – incluindo a política de isenções fiscais, que vai na contramão das diretrizes sobre saúde.

Nosso trabalho consistiu em filtrar os dados relativos às maiores fabricantes de ultraprocessados. Levamos em conta as maiores receitas líquidas do setor, utilizando as informações trazidas por nossa própria reportagem, publicada em janeiro, que mostra como as grandes empresas se valeram da pandemia para crescer e abocanhar mercado.

Foram incluídas apenas corporações que tenham a fabricação de ultraprocessados como aspecto principal do portfólio. A única exceção é a Ajinomoto, que, embora também fabrique esses produtos, figura em nosso levantamento por ser a principal fabricante de um aditivo, glutamato monossódico, presente em uma vasta gama de ultraprocessados na condição de realçador de sabor.

Excluímos aquelas que também fabricam ultraprocessados, mas que têm outros produtos como um item relevante no faturamento – casos da JBS e da BRF, que produzem pratos congelados e margarinas, mas também são processadoras de carne. Por esse mesmo critério, ficaram de fora as gigantes dos grãos, como Bunge e Cargill, que também fabricam margarina. Considerando apenas essas quatro empresas, o total de isenções no período saltaria para R$ 22 bilhões.

Por que isso é importante?

Os números de que agora dispomos permitem ver como as corporações estão sempre em melhor condição de aproveitar benefícios fiscais. Parte dessas isenções é concedida por lobby dessas empresas, por exemplo, por meio da bancada ruralista.

Na prática, essa recorrência das isenções significa uma espécie de subsídio indireto a uma empresa para que consiga avançar sobre o mercado, concentrando fatias cada vez maiores. Sabemos que esse domínio tem efeitos negativos sobre os preços, já que, ao ter o controle desse mercado, uma empresa sem concorrentes ou com poucos concorrentes consegue cobrar mais de seus clientes, ampliando a margem de lucro.

Os R$ 408 milhões obtidos pela M Dias Branco em isenções apenas em 2022 superam os R$ 350 milhões que a própria empresa teria pago naquele ano para comprar a Jasmine, fabricante de produtos com aura de saudável – o valor exato não foi divulgado. Ou seja, os recursos obtidos via isenção podem contribuir para que cada vez menos atores sobrevivam no mercado.

Nosso levantamento permite ter uma dimensão mais precisa do peso das isenções fiscais no lucro das corporações. A Solar Bebidas, que controla a fabricação e a distribuição do sistema Coca-Cola no Norte e no Nordeste, obteve R$ 600 milhões em dois de seus CNPJ (Norsa e Guararapes). Em 2023, o lucro desse grupo foi de R$ 995 milhões. Ou seja, mesmo sem aplicar a inflação e sem considerar outros anos, é como se o governo tivesse dado nove meses de lucro para a empresa ao longo de uma década.

O caso da M Dias Branco é ainda mais gritante. Em 2023, a empresa teve lucro líquido de R$ 888 milhões. Traduzindo, os benefícios do governo equivaleriam a quase três anos de lucro da empresa. Num total de nove anos e meio analisados, seria como se o governo tivesse bancado a empresa durante um terço do tempo.

Jaboatão - Combate Dengue

Do jornal O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva frustrou seus correligionários, neste sábado, ao não anunciar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como ministra da Secretaria-Geral da Presidência.

Articuladores esperavam a confirmação durante a celebração dos 45 anos do partido, que ocorre na Zona Portuária do Rio.

Apesar de não ter anunciado sua indicação, teceu elogios a Gleisi e a sua trajetória no partido.

— Graças a Deus o partido compreendeu a necessidade de eleger você. Não teria ninguém mais capaz. Homem nenhum aguentaria o que você aguentou — disse.

O anúncio de Lula destravaria as eleições internas do partido, cujo favorito é o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva nas eleições internas. Ele chegou a citar Edinho em seu discurso, contando uma conversa que os dois tiveram pela manhã, sobre uma suposta aversão das elites ao partido.

Apesar de contar com a bênção de Lula, Edinho não é um consenso na corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB). Aliados de Gleisi e do secretário de comunicação da legenda, o deputado federal Jilmar Tatto (RS), defendem outros nomes, como o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), ou o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

Com a indicação iminente de Gleisi, contudo, há uma expectativa de que os ânimos se acalmem.

— O presidente Lula não tem que se envolver nisso. Nós vamos nos resolver. A CNB vai unificar. — disse Edinho ao GLOBO.

Com essa dança das cadeiras, Macedo pode concorrer a tesoureiro, cargo ocupado por Gleide Andrade. O cenário, contudo, não é simples: Gleide quer a reeleição e tem força no partido, sendo uma das principais responsáveis pela nomeação de Macaé Evaristo no Ministério da Igualdade Racial.

Além de Gleisi, outro petista deve alçar voos mais altos na reforma ministerial. Hoje na pasta das relações institucionais, Alexandre Padilha é cotado para assumir o Ministério da Saúde, ocupado por Nísia Trindade, também presente hoje na solenidade.

A reforma ministerial pode fazer com que o PT some mais um cargo de poder, uma vez que o partido deve continuar com o comando das Relações Institucionais.

O que explica esta possibilidade é um desinteresse do centrão. O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), chegou a ser cotado para o cargo, mas as negociações não vingaram, diante da queda de popularidade do governo. Um dos nomes que desponta para substituir Padilha é o do atual líder de governo na Câmara, José Guimarães.

Conheça Petrolina

Do jornal O Globo

Em meio à expectativa por uma reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que uma de suas pastas “não sabia o que nós estamos fazendo”. A declaração foi dada na manhã deste sábado (22), no aniversário do PT no Rio, em meio à confirmação de que Nísia Trindade (Saúde) deixará sua pasta.

— Fiz uma reunião ministerial há vinte dias e descobri na reunião que um ministério do governo não sabe o que nós estamos fazendo. Se o ministério não sabe, o povo muito menos — disse, o presidente, sem deixar claro a qual pasta estava se dirigindo.

A declaração foi dada em um discurso no qual o presidente insinuou que o governo não se comunica bem.

Nísia Trindade, mesmo sem ser filiada ao PT, estava no palco. Por ser uma pasta estratégica, o ministério sempre foi alvo de desejo dos partidos, enquanto a ministra sempre representou uma indicação técnica e não política.

Quem deve substituí-la é o atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), que sentou ao lado de Nísia no ato desde sábado. A reforma ministerial pode fazer com que o PT some mais um cargo de poder, uma vez que o partido deve continuar com o comando das Relações Institucionais.

O que explica esta possibilidade é um desinteresse do centrão. O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), chegou a ser cotado para o cargo, mas as negociações não vingaram, diante da queda de popularidade do governo. Um dos nomes que despontam para substituir Padilha é o do atual líder de governo na Câmara, José Guimarães.

O caso de Márcio Macedo envolve a possível indicação da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, para ocupar o seu lugar na Secretaria-Geral da Presidência da República. Neste contexto, ele poderia vir a concorrer ao cargo de tesoureiro.

O cenário, contudo, não é simples: Gleide Andrade, atual tesoureira do partido quer a reeleição e tem força interna, sendo uma das principais responsáveis pela nomeação de Macaé Evaristo no Ministério da Igualdade Racial.

Dulino Sistema de ensino

Do Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez cobranças ao seu partido e uma autocrítica do governo durante discurso neste sábado (22/2), no evento de aniversário de 45 anos do PT (Partido dos Trabalhadores). As declarações do petista se dão no momento em que ele vive sua pior fase de popularidade de todos os três mandatos.

Lula disse que o PT precisa “gastar a sola de sapato” para voltar a dialogar com a periferia, com as igrejas e com o trabalhador. O petista também destacou que os petistas precisam aprender a falar com os novos trabalhadores, que não querem a carteira assinada.

“O PT precisa entender as demandas dos jovens trabalhadores, que preferem trocar a segurança da carteira assinada pela liberdade de fazer a própria jornada de trabalho”, declarou o presidente.

Ao falar do seu governo, Lula fez uma autocritica sobre a comunicação do governo, e declarou que diversas medidas que foram tomadas nos dois primeiros anos do governo são desconhecidas na sociedade e da própria militância. Para o presidente, se as pessoas “não sabem”, elas “não tem que defender”.

“Precisamos estar atentos às novas formas de comunicação. Precisamos estar atentos às redes sociais. Rebater as fake news com a maior agilidade possível. Posso dizer para vocês que, nesses dois anos, nós já fizemos mais políticas de inclusão social do que nos oito anos anteriores. Lamentavelmente, a gente não conseguiu fazer com que isso chegasse até vocês. E se vocês não sabem, não têm que defender”, discursou o petista.

Lula declarou que tinha um publicitário que dizia que só há uma forma de ganhar “o jogo”: “se as pessoas estiverem falando em um bar sobre os atos do governo”.

“Eu tinha um publicitário que dizia: nós só vamos ganhar o jogo quando as coisas que fizermos estiverem sendo comentadas na mesa de um bar. E o que nós queremos é que vocês saibam cada coisa que nós fizemos”, declarou Lula para a militância do PT.

Por fim, o petista disse que, em uma reunião recente, descobriu que dentro do governo os próprios ministros não sabem das ações do governo. Para ele, isso é um sintoma de que a população não sabe sobre as ações de sua gestão.

“Eu fiz uma reunião ministerial esses dias. E eu descobri na reunião que o ministério do meu governo não sabe o que nós estamos fazendo. E se o ministério não sabe, o povo muito menos”, finalizou.

Ipojuca No Grau

Na minha choupana, em Arcoverde, a alegria e emoção de receber, ao lado da minha Nayla Valença, o meu amigo Alcymar Monteiro, que logo mais fará um belíssimo show no carnaval antecipado promovido pela Prefeitura. Em torno dele, reuni bons amigos da minha Arcoverde que me adotou. Em agosto, vou lançar a biografia dele, um trabalho de fôlego com meu amigo Renato Riella, jornalista em Brasília.

Caruaru -IPTU 2025 - 20%

Da CNN Brasil

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) anunciou, neste sábado (22), o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026. Nas redes sociais, Caiado informou que o evento ocorrerá no Centro de Convenções de Salvador, no dia 4 de abril.

“Coloquem na agenda! No dia 4 de abril, às 9h, no Centro de Convenções de Salvador, lançaremos nossa pré-candidatura à Presidência. Conto com vocês nessa caminhada por um país mais justo, próspero, seguro e forte! Vamos juntos”, escreveu Caiado em seu perfil no X.

No mês passado, Caiado já havia anunciado ao CNN Entrevistas que lançaria sua pré-candidatura em março. Na época, o governador disse que havia convidado o cantor sertanejo Gusttavo Lima para acompanhá-lo.

Em seu segundo mandato como governador de Goiás, Caiado já concorreu a presidente nas eleições de 1989. Na ocasião, ele obteve 488.893 votos (0,72% do total) e não avançou ao segundo turno na disputa vencida por Fernando Collor.

O chefe do Executivo goiano reiterou diversas vezes sua intenção de disputar a eleição presidencial de 2026. Em outubro passado, ele afirmou à CNN que é possível ser o candidato da direita mesmo sem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Hoje, entre todos os pré-candidatos da direita, o que ficou claro é que não há mais condicionantes. Ou seja, cada um que desejar vai buscar seu espaço, vai ser candidato e o eleitor é que vai decidir o processo”, disse Caiado na ocasião.

Antigos aliados, Caiado e Bolsonaro vivem um período de afastamento desde que o político bolsonarista deixou o comando do Palácio do Planalto. Nas eleições municipais de 2024, os dois divergiram sobre quem apoiar para o comando da Prefeitura de Goiânia.

Caiado sustentou a vitória de seu companheiro de partido Sandro Mabel, que saiu vitorioso das urnas. Já Bolsonaro optou pela candidatura do correligionário Fred Rodrigues (PL), que acabou derrotado no segundo turno.

Camaragibe Cidade do Trabalho

Do portal Metrópoles

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está envolvido em uma nova disputa judicial contra uma plataforma digital, desta vez a canadense Rumble, que acusa o magistrado brasileiro de determinações ilegais que afetam a liberdade de expressão.

O que é a Rumble

  • Fundada em 2013 no Canadá, a Rumble se tornou um reduto de grupos conservadores na internet.
  • A plataforma chegou a interromper as atividades no Brasil há dois anos, após Moraes determinar a remoção de conteúdos e usuários.
  • Um dos casos aconteceu com o influenciador Bruno Monteiro Aiub, o Monark.
  • O influenciador, que já chegou a defender o nazismo, foi alvo de um dos pedidos de bloqueio de perfis por parte de Moraes. Na época, ele realizou uma transmissão ao vivo na qual colocou em dúvida o processo eleitoral de 2022, sem apresentar provas.

Os caminhos do ministro do STF e do CEO do Rumble, Chris Pavlovski, voltaram a se cruzar no início desta semana, após Moraes ser alvo de uma ação judicial apresentada pela rede social em parceria com uma das empresas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

No pedido, a Rumble e a Trump Media Technology Group Corp (TMTG) argumentam que as decisões contra redes sociais, incluindo a plataforma criada por Pavlovski, são ilegais e uma forma de censurar vozes conservadoras.

As empresas dizem que as ordens de Moraes, como a remoção de conteúdos e perfis na rede social, ferem a Primeira Emenda da Constituição norte-americana, que fala sobre liberdade de expressão. Tanto a Rumble quanto o TMTG pedem, entre outras coisas, que a Justiça conceda salvaguardas contra futuras decisões do ministro brasileiro.

Apesar de o movimento jurídico surgir horas após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e outras 33 pessoas, por tentativa de golpe de Estado, a equipe jurídica das empresas nega que a ação tenha qualquer ligação com o caso.

CEO desafia Moraes, que tira a Rumble do ar

Depois da ação, o CEO da Rumble chegou a desafiar Moraes e declarou publicamente que não iria cumprir o que chamou de “ordens ilegais” do magistrado brasileiro, que pediu o bloqueio de contas ligadas a Allan dos Santos, investigado pela Justiça Brasileira e alvo de um mandado de prisão preventiva desde 2021. Atualmente, Santos mora nos EUA.

“Oi, Alexandre. A Rumble não cumprirá suas ordens ilegais. Em vez disso, nos veremos no tribunal”, disse Pavlovski em uma publicação no X.

Depois de ser desafiado pelo CEO canadense, Moraes deu 48h para a Rumble indicar um representante legal no Brasil e determinou posteriormente a suspensão da rede social no país após o não cumprimento de diversas medidas judiciais.

O mesmo roteiro aconteceu com o X, de Elon Musk, que foi bloqueado no Brasil por mais de 30 dias, e voltou a funcionar após a empresa cumprir as determinações de Moraes.

Toritama - Prefeitura que faz

A população de Camaragibe e os turistas que visitam a cidade agora contam com uma nova opção não só de atividade física, mas também de lazer e vivência nas ruas da Terra dos Camarás. É que começa a funcionar, neste domingo (23), o Corredor Seguro, projeto da Prefeitura Municipal dedicado à prática e incentivo de esportes, como corrida e passeios de bicicleta. O funcionamento será todos os domingos das 4h ao meio-dia e o percurso terá 5 km, com a saída e a chegada na Praça Maria Amazonas, ponto histórico e turístico do município.

“Todo projeto que valorize a qualidade de vida, a saúde e o lazer da população é sempre importante, tendo em vista que nosso país apresenta índices elevados de doenças causadas pelo sedentarismo. Esta é uma iniciativa pioneira que estamos oferecendo à população e eu tenho certeza que será muito bem aceito. O Corredor Seguro será uma oportunidade de viver e sentir Camaragibe”, declarou o prefeito, Diego Cabral.

O projeto Corredor Seguro se dará por meio da Secretaria de Esportes, mas terá a parceria com as secretarias de Desenvolvimento Econômico (feira de produtos orgânicos, artesanato e comidas típicas), Saúde (serviços como aferição de pressão arterial, por exemplo, Fundação de Cultura (apresentações culturais) e Guarda Civil Municipal (trânsito e apoio). Todas as atividades relacionadas, com exceção das que ficarão com a Guarda Civil Municipal, acontecerão na Praça Maria Amazonas, para estimular a convivência e valorizar o espaço público.

Belo Jarfim - Cidade Limpa

Do jornal O Globo

A última pesquisa eleitoral contratada pelo PL fez com que o apoio à candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a Presidência deixasse de ser majoritário na cúpula da sigla.

O levantamento divulgado nesta semana trouxe, pela primeira vez, Michelle Bolsonaro numericamente à frente de Lula, em uma eventual disputa no segundo turno pela Presidência. A ex-primeira-dama despontou com 42,9% da preferência e Lula, com 40,5%, o que configura empate técnico.

Já na disputa com o governador de São Paulo, Lula apareceu numericamente à frente, mas também empatado tecnicamente. Tarcísio teve 40,8% da preferência e Lula teve 41,1%.

Parte da cúpula do PL passou a defender Michelle como opção para disputar o Palácio do Planalto, já que Bolsonaro está inelegível e não há perspectiva de mudança de cenário, apesar dele insistir em entrar no páreo. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, integra a ala que vê com bons olhos Michelle como opção para concorrer à Presidência.

Além da ex-primeira-dama ser um nome do próprio PL, há queixas da cúpula do partido de que Tarcísio “joga muito sozinho” e não contempla os aliados.

Bolsonaro chegou a afirmar a correligionários de sua legenda que, se o pupilo fosse eleito presidente, ele próprio “ganharia perdendo”. O capitão reformado reconheceu, a portas fechadas, que Tarcísio não abriria espaço para ele fazer as nomeações que quisesse em seu governo, destacou que não será ouvido como gostaria e enfatizou que não poderá criticar uma eventual gestão de Tarcísio na cadeira do Palácio Planalto, como faz com os adversários.

Hoje, a opção que predomina no clã Bolsonaro é lançar um candidato que tenha seu sobrenome.

Os dados da pesquisa contratada pelo PL aparecem no momento em que Lula vive o recorde de reprovação de todos seus mandatos como presidente, conforme mostrou o Datafolha da semana passada. A alta da inflação, sobretudo de alimentos, e a crise de credibilidade do Pix são apontados como os principais fatores da queda, mas vistos no governo como “problemas contornáveis”.

Da Folha de S.Paulo

O presidente Lula (PT) deverá se reunir na terça-feira (25) com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, desencadeando a reforma ministerial pela chamada “cozinha” do governo.

Lula já avisou a aliados que pretende substituir a ministra, como antecipou a Folha.

O titular da SRI (Secretaria das Relações Institucionais), Alexandre Padilha (PT), é favorito para a vaga, desde que concorde em não concorrer à Câmara em 2026, permanecendo no governo durante as eleições presidenciais. Padilha já deu sinais de que aceitaria a tarefa.

Nas conversas em que discutiu a sucessão de Nísia, com pessoas próximas, Lula manifestou preferência pessoal pelo nome do também ex-ministro da Saúde Arthur Chioro. Mas, segundo esses relatos, o presidente admite que deverá escolher Padilha por questões políticas e pela relação do ministro com a equipe que já está na pasta.

Um argumento adicional a favor de Padilha é o fato de que, atualmente, Chioro faz uma gestão bem avaliada pelo governo à frente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e mantê-lo nesse posto seria uma decisão segura.

Confirmada a opção por Padilha, Lula definirá o novo titular da SRI. Segundo aliados do presidente, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e os ministros dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), e de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), são cotados para o cargo.

Veja quem são os ministros que podem sair, quais têm os cargos cobiçados pelo centrão e quem deve ficar na reforma ministerial de Lula:

Nesta sexta-feira (21), Lula fez elogios a Silvio Costa Filho, que, para Lula, “tem dado um show”. “É um menino, um pernambucano, que não tem preconceito, que não tem discórdia com ninguém, e é um companheiro que só trabalha para fazer as coisas acontecerem”, afirmou o petista.

Às véspera de dar início à reforma ministerial, Lula acrescentou ainda que “de vez em quando a gente erra”.

“De vez em quando, a gente erra, mas na maioria das vezes a gente acerta, quando a gente escolhe um ministro de qualidade”, disse o presidente, sem citar nomes.

A declaração ocorreu em evento em Itaguaí (RJ).

“Eu já era amigo do pai do Silvinho, e agora eu sou amigo do pai do filho, e logo, logo, talvez eu seja amigo do neto dele, do filho dele, porque eu quero viver 120 anos. É importante vocês saberem que eu tenho uma conversa todo dia com Deus. Eu não quero ir para o céu. Eu quero ficar aqui na terra porque tem muita coisa para a gente fazer”, afirmou Lula.

Aliados de Silvio Costa Filho descartam por ora o deslocamento do ministro para a SRI. Apesar de estar incluído na banca de apostas, o próprio Lula havia declarado no início deste mês que Silveira permaneceria nas Minas e Energia. A fala se deu no momento em que outros partidos cobiçavam a pasta.

Ainda entre os cogitados, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), chegou a ser sondado para a função, mas, segundo relatos, teria alegado que a maior fonte de tensão para o governo está na Câmara. Daí, a importância de se ter um deputado federal no comando da SRI.

Também dentro dessa lógica, dirigentes do centrão defendem o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), para o ministério.

Em conversas, Lula manifestou simpatia pelo nome da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), para o cargo como uma forma de provar sua capacidade de articulação, sempre posta em dúvida pela classe política.

Mas Lula tem sido desaconselhado pela dificuldade de trânsito que ela enfrenta junto a parlamentares de oposição, após exercer a presidência do PT. Por isso, ela deverá assumir a Secretaria-Geral da Presidência.

O governo Lula tem atualmente 10 mulheres e 28 homens comandando pastas na Esplanada dos Ministérios. Com a saída de Nísia e sua provável substituição por um homem, a gestão petista poderia perder em participação feminina.

Ainda segundo aliados, o presidente deverá decidir na semana o destino dos ministros do Desenvolvimento Social, Wellington Dias; do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; e das Mulheres, Cida Gonçalves, todos do PT. Interlocutores do presidente apostam na saída de pelo menos dois deles.

A gestão de Nísia tem sido alvo de queixas de integrantes do Congresso, de membros do Palácio do Planalto e do próprio Lula, que fez cobranças pela falta de uma marca forte na área.

Por isso, como a Folha revelou, Lula afirmou a interlocutores do meio político e da área da saúde que pretende trocar a ministra. Padilha já ocupou o cargo na gestão de Dilma Rousseff (PT).

Aliados relatam que o presidente já não esconde sua frustração com o desempenho de Nísia. Nos últimos dois anos, a gestão da ministra ficou marcada por críticas, crises sanitárias e a pressão do centrão para ampliar o controle sobre o orçamento da pasta.

Mas Lula chegou a fazer defesa pública dela, que entrou no cargo com perfil de técnica. Ainda segundo aliados de Lula, o número de casos de dengue no Brasil pesou para a insatisfação do presidente.

Por Marcelo Tognozzi

Colunista do Poder360

As eleições de domingo (23) na Alemanha marcarão a volta da direita ao governo da principal economia europeia. Com a França em um momento político dos mais delicados da sua história, no qual o presidente Emmanuel Macron saiu da eleição mais fraco do que entrou, não consegue fazer funcionar o governo e corre o risco de ter seu mandato encurtado, os partidos de direita começam a conquistar o coração do eleitorado.

A esquerda vive um momento de esgotamento, não só na Europa, mas no mundo todo. As recentes pesquisas mostram uma queda acentuada na popularidade do presidente Lula, o líder com maior prestígio entre a esquerda latino-americana, com uma rejeição que beira os 60%. Lula, como o Rei Lear de Shakespeare, envelheceu sem ficar sábio.

Se sábio fosse, não teria embarcado na aventura de desejar a reeleição nesta altura da vida. Daria mais importância aos resultados do seu governo do que aos de uma eleição marcada para 2026, quando, tudo indica, haverá fortíssima renovação no Executivo e no Legislativo.

Na Espanha, as últimas pesquisas mostram uma ascensão cada vez mais consistente do PP (Partido Popular) de centro-direita, com um encolhimento do Psoe (centro-esquerda) do primeiro-ministro Pedro Sánchez, cujo governo vem tropeçando em escândalos de todo tipo.

Áustria, Holanda, Itália, Grécia, Polônia, Finlândia, Dinamarca, Suécia e Hungria estão governadas pela direita e centro-direita. No início deste mês, Bart de Wever, líder do partido nacionalista Aliança Flamenga, foi empossado primeiro-ministro na Bélgica.

A volta da direita na Alemanha passou a ser uma realidade depois dos sucessivos fracassos do governo social-democrata de Olaf Sholz, num momento crucial para a União Europeia, cuja diplomacia não mostrou competência para solucionar o conflito entre Rússia e Ucrânia, afetando a economia de um continente onde os ucranianos se transformaram nos grandes fornecedores de produtos agrícolas, especialmente soja e milho, base para a produção de aves e suínos, principais fontes de proteína do europeu médio. Além do trigo.

A Europa tem amargado momentos difíceis, com os preços da energia disparando, especialmente nesta época do ano em pleno inverno. Sem o gás russo barato e os grãos ucranianos, a qualidade de vida piorou muito.

Scholz sucedeu Angela Merkel, cujo governo era de centro-direita. Agora, enfraquecido, terá de enfrentar Friedrich Merz, do Partido Democrata Cristão (CDU), que tem 31%, seguido pelo partido de extrema-direita AfD com 21%. A se confirmarem estes números, a direita terá mais de 50% dos votos e condições para formar governo. CDU é o partido de Merkel.

A ex-líder alemã não tem a mínima simpatia por Merz. Há 25 anos, ela assumiu as rédeas do CDU depois que o ex-chanceler Helmult Kohl foi abatido por um escândalo, acusado de receber doações de um traficante de armas. Merkel assumiu o partido, tomou o poder e isolou Merz. Ele, agora, ressurge depois de traído e isolado por Merkel, que o empurrou para fora da política e fez Ursula von der Leyen comandante da União Europeia. Sem Merkel para atazaná-lo, Merz faz o caminho de volta ao poder, desta vez com inimigos menos astutos e um quadro político que é quase uma tempestade perfeita.

Para o Brasil o significado de uma vitória da direita alemã é mais uma pedra no sapato da nossa diplomacia que parece viver nos anos 1980, corteja a China e anda de braços dados com Irã, palestinos, milicianos do Hezbollah e ditaduras africanas e latino-americanas. A China, como mostra Harry Kissinger no seu livro “Sobre a China”, não vai brigar com os Estados Unidos, muito menos se meter em qualquer tipo de confusão capaz de colocar em xeque sua oferta de alimentos, porque esta é uma questão de segurança nacional que Xi Jinping conhece bem.

A volta da direita ao poder na Alemanha abre caminho para a direita francesa de Marine Le Pen, cuja renovação tem sido estimulada com o surgimento de novas lideranças como o Jordan Bardella, 29 anos, uma espécie de Nikolas Ferreira gaulês, que na sexta-feira (21) abandonou evento promovido por partidos de direita em Washington por discordar de Steve Bannon, que saudou o público com o braço erguido à moda dos nazistas. Bannon é uma figura decadente que precisa da polarização porque fez dela seu meio de vida.

Em Portugal, o deputado direitista André Ventura (Chega!) tem ganhado muito espaço com suas críticas ao governo do primeiro-ministro Luiz Montenegro, cuja leniência com a corrupção vem se transformando numa marca perigosa, não apenas na politica, mas em todos os setores, de acordo com Margarida Mano, presidente da Associação Transparência e Integridade.

Mas certamente não é por causa da corrupção da esquerda que a direita cresce e engorda dos dois lados do Atlântico. A corrupção é uma condição da humanidade, desde antes de Judas com seus 40 dinheiros.

A esquerda tem sido soberba, transita por caminhos estranhos aos interesses do cidadão comum em busca de serviços eficientes, saúde e educação. Sofre da chamada fadiga de material. E aí, como dizia o Leão da Montanha no desenho animado, “saída pela direita”. Nunca é demais lembrar que estamos entrando num novo ciclo e que nada acontece por acaso, nem a volta de Trump ou o ocaso de Lula.

Morreu, na manhã deste sábado (22), Mércia Maria Anselmo de Moura Pinheiro, mãe do prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB). A informação foi confirmada pela Secretaria de Comunicação da cidade.

Aos 75 anos, Mércia estava hospitalizada em uma unidade de saúde particular no Recife. A causa do falecimento não foi divulgada.

Em publicação no seu Instagram, o prefeito declarou: “Mainha, obrigado por tudo! Descanse junto de Deus e de painho. Te amo pra sempre!”.

O sepultamento ocorrerá às 17h no Cemitério Parque dos Arcos, e o município decretou luto oficial por três dias.

“Em nome de todos que fazem a gestão municipal, lamento profundamente esta perda irreparável na vida do prefeito e amigo, Rodrigo Pinheiro. Que Deus receba dona Mércia e que Ele conforte toda a família Pinheiro neste momento de dor”, declarou, em nota, o secretário de Comunicação, Thiago Azevedo.

A governadora de Pernambuco, e ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), também emitiu uma nota de pesar, na qual lamenta a notícia.

“Guardarei dela a lembrança do sorriso largo e da gentileza. Mulher forte, cuidou dos meninos e dos negócios e sempre será exemplo de quem se doou para fazer o bem. Que Deus e Nossa Senhora de Fátima, de quem Mércia era devota, consolem Rodrigo, seu irmão Felipe, demais familiares e inúmeros amigos neste momento de despedida.”