Por José Adalbertovsky Ribeiro*
MONTANHAS DA JAQUEIRA – os tempos que já lá vão, década de 1960, aconteceu uma campanha: Dê ouro para o bem do Brazil. Haveria mais riquezas nos pescoços, nas algibeiras e nas dentaduras dos brasileiros, que nas minas de ouro do Rei Salomão. Foram-se os anéis, os trancelins, os broches, as pulseiras, as gargantilhas, os pingentes.
A Alquimia monetária foi idealizada pelos alquimistas dos Diários Associados de São Paulo com apoio do governo federal. O caldeirão de feitiçarias dos Associados girava em torno dos umbigos do capo di tutti capi , Chatô, chamado de Rei do Brazil por seu biógrafo stalinista.
Leia maisEntre as ofertas havia até dentes de ouro. As mulheres empoderadas daquela época se apaixonavam pelos malandros com dentes de ouro. O traficante Boca de Ouro comandava as bocas de fumo do Estado da Guanabara e mantinha um harém de popozudas teúdas e manteúdas. Boca de Ouro ficou banguelo pela salvação da Pátria.
Hoje as periguetes adoram os marmanjos tatuados até na região dos Países baixos. Anita foi além e tatuou as bordas do recôncavo das bermudas. A mundiça delirou, delirou. Era o Brazil dos inocentes, dos lesos, abestalhados e iludidos, e também dos vivaldinos, dos goelas, dos gatunos e bandoleiros de sempre.
A feitiçaria iria derrubar a inflação de quase 100 por cento ao ano, redimir a dívida pública e haveria lastro-ouro para fortalecer a moeda o Cruzeiro. Os corações generosos fizeram ofertas de mais de 2 quilos de ouro maciço e 6 bilhões de cruzeiros. Carros de bombeiros e carretas transportaram as riquezas em desfile nas ruas e avenidas de São Paulo. Helicópteros e metralhadoras faziam a segurança dos comboios.
O destino era a Casa da Moeda no Rio de Janeiro, depois da travessia marítima em navio de guerra da Marinha. Choveram pétalas de rosas dos edifícios. Emocionados, os patriotas derramavam lágrimas verde-amarelas.
Mas, cadê o brinco? Cadê os anéis? Cadê os dentes de ouro que estavam aqui? Cadê as riquezas? Os goelas comeram. Fizeram os brasileiros de beócios. Os incautos são tratados historicamente como beócios.
Meu novo livro PLANETA PALAVRA (1 – Perfil Parlamentar de Agamenon Magalhães; 2 – Planeta Palavra – A humanidade é blue; 3 – Biografia de Inocêncio Oliveira) é um resgate histórico e jornalístico da política na fase pré e pós anistia de 1979, campanha das diretas, Constituinte, eleições gerais e para governadores, cenários e personagens nacionais e estaduais de ontem e de hoje, poesias e digressões filosóficas. Dedicatória: “Aos meus primos da nossa família dos Primatas: Os Símios, Gorilas, Orangotangos, Chipan-Zés, e a todos os Zés da humanidade brasileira”. Prefácio: jornalista Zé Nêumanne Pinto e acadêmico Alvacir Raposo. O livro está nas mãos competentes e qualificadas da Companhia Editora de Pernambuco – CEPE.
Arriba, magnânimos leitores, saudosistas e futuristas, nordestinos e sulistas, paraibanos e pernambucanos, globalistas e tribalistas, gregos e troianos!
*Periodista e escritor
Leia menos