O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de maneira incisiva, em discurso na França, hoje, que os países ricos financiem ações globais de enfrentamento às mudanças climáticas. “Vocês já tiraram proveito de poluir o planeta, já criaram o estado de bem-estar social. E nós, que não criamos nada, não vamos ter chance de criar? Essa é a discussão que está na mesa”, disse.
Lula repetiu as críticas que vem fazendo à Organização das Nações Unidas (ONU) e defendeu que haja uma “governança global” capaz de punir os países que não cumprem negociações internacionais, como o Acordo de Paris. As informações são do portal G1.
Leia mais“É preciso que a gente abra a nossa cabeça para entender que a ONU precisa voltar a ser representativa. Quando a gente decida algo na COP 30, como se discutiu o Acordo de Paris, as pessoas não cumprem. E qual punição eles têm? Nenhuma”, disse Lula.
“As florestas continuam sendo o pulmão do mundo, mas a pobreza é a desgraça do mundo. Os países que têm florestas são quase todos pobres. A América do Sul tem uma Amazônia envolvendo vários países. A Indonésia, o Congo, onde mais tem floresta?”, seguiu.
Lula deu as declarações no encerramento do Fórum Econômico Brasil-França, que reuniu empresários dos dois países em Paris. O presidente, acompanhando da primeira-dama Janja e de ministros, está em visita oficial à França.
“Os países mais ricos têm que entender que eles têm um passivo histórico. Como eles começaram uma industrialização há muito mais tempo, começaram a emitir gás há muito mais tempo. Então, eles têm que pagar esse contencioso, se não, não resolve o problema”, afirmou, sob aplausos de empresários brasileiros e franceses.
Lula defendeu novamente o acordo entre Mercosul e União Europeia e disse que se trata de um exemplo para “quem está tentando derrotar o multilateralismo”, para “quem está tentando voltar a fazer o protecionismo”. Lula repetiu as críticas que tem feito à postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua política de taxação de países – o Brasil foi afetado em especial no aço e no alumínio.
“O mundo não quer xerife. O mundo não tem dono. Cada país é soberano e de acordo com a sua soberania faz aquilo que quiser sem que ninguém de outro pais de palpite ou imponha taxação de forma desordenada a quebrar a harmonia de uma economia que já vinha funcionando bem”, afirmou.
Lula ainda declarou que o Brasil não deseja ter lado na guerra comercial entre Estados Unidos e China. “Nós não aceitamos mais uma nova Guerra Fria. Não queremos disputar entre China e Estados Unidos. Eu quero negócio com a China e quero negócio com os Estados Unidos”, afirmou.
Leia menos