No segundo dia da visita a Pernambuco, o presidente Lula (PT) acompanhou, hoje, a assinatura do Termo de Compromisso entre o Exército e o governo do estado para a construção da Escola de Sargentos, na Zona da Mata. No evento, ele disse que é preciso agradecer às Forças Armadas pela preservação do meio ambiente no local do projeto.
“Eu sei da vocação e da capacidade de luta dos nossos ambientalistas, sei de tudo isso, mas o que a gente precisa fazer, a gente precisa agradecer alguma coisa. Se não fosse o Exército nessa área, ainda teria alguma árvore aqui ou tudo teria se transformado em favela, em ocupação desordenada?”, afirmou Lula. As informações são do portal G1/PE.
Leia maisEssa declaração do presidente é uma resposta às críticas feitas por ambientalistas ao projeto, que gerou polêmica por ser instalado em uma área de preservação ambiental (APA) de Aldeia, numa região de Mata Atlântica.
Na quarta-feira (17), o Exército informou que reduziu de 180 hectares para 90 hectares a área de supressão vegetal do projeto. Isso aconteceu, entre outras medidas, por causa da mudança de localização das vilas militares para moradia dos oficiais e suas famílias.
Com um investimento de R$ 1,8 bilhão, a construção da escola foi anunciada em 2021, durante o governo Bolsonaro (PL), que participou do lançamento da pedra fundamental da obra, em 23 de março de 2022.
Segundo o Exército, cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos devem ser abertos pelas obras. “A economia local nunca mais será a mesma. Novos negócios serão criados para atender a população de alunos, instrutores e familiares que viverão na escola. Se antes os pernambucanos e demais nordestinos que ingressaram na carreira militar tinham que ir para o Sul ou Sudeste para fazer sua formação, a nova escola representa o caminho inverso”, declarou Lula.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse que a Escola de Sargentos vai travar “a desafiadora guerra contra desigualdade, a falta de oportunidade, a miséria e o desemprego”.
“Esta também é uma obra de profundo alcance social para a nossa região. […] Os municípios da região não serão os mesmos depois da implantação de um dos maiores centros de formação do mundo, cuja finalidade principal é centralizar e aperfeiçoar o processo de formação e graduação de sargento da carreira, que compõem cerca de 62% do efetivo profissional do Exército”, declarou o ministro.
Na cerimônia, Lula reclamou da existência de obras inacabadas e abandonadas durante mudanças de governo. Ele citou a obra da Ferrovia Transnordestina, que em 2023 entrou para o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas deveria ter sido inaugurada em 2012.
“Já estamos em 2024 e nós ainda estamos retomando a construção da ferrovia. Eu, sinceramente, confesso que uma das desgraças do nosso país é a descontinuidade das obras públicas feitas nas prefeituras, nos estados, feitas pelo governo. Ou seja, basta mudar de governo para que sejam paralisadas, porque cada governante quer deixar a sua marca, cada governante quer deixar o seu legado. E não é o legado para o povo. É o legado pessoal. ‘Essa obra é minha, esse viaduto é meu, essa ponte é minha’, quando deveria ser ao contrário. ‘Essa ponte é do Brasil, de Pernambuco’”, disse Lula.
Participaram das solenidades o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro; o comandante do Exército brasileiro, Tomás Paiva; a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB); o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT); os ministros André de Paula, da Pesca e Aquicultura; Silvio Costa Filho, dos Portos e Aeroportos; Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação; a senadora Teresa Leitão (PT); e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que chegou ao local em um carro junto com Lula.
Após as duas cerimônias, o presidente chegou de helicóptero, às 11h35, à Base Aérea do Recife, onde embarcou no avião da presidência. A aeronave decolou às 11h48 para Fortaleza.
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