Apesar de ostentar a posição de quarta maior economia de Pernambuco e de ter uma das maiores arrecadações municipais, Goiana amarga um dos piores desempenhos educacionais do estado, segundo os dados mais recentes do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Enquanto Pernambuco alcançou uma média de 5,27 nos anos iniciais do Ensino Fundamental, Goiana registrou apenas 4,4 – uma marca que a coloca no 93º lugar entre os 184 municípios do estado. E nos anos finais atingiu nota ainda pior, de 4 pontos. Os números escancaram uma dura realidade: a cidade que mais arrecada na Mata Norte é também uma das que menos investe em educação de base com resultados concretos.
Leia maisA situação é ainda mais contraditória diante da robustez financeira do município. A cidade conta com mais de meio bilhão de reais em caixa – um volume expressivo que poderia, e deveria, estar sendo revertido em políticas públicas de qualidade para a formação dos jovens goianenses.
No entanto, o que se viu ao longo dos últimos anos é o oposto: abandono, descaso e falta de prioridade com a educação. Durante a gestão do prefeito Eduardo Honório, os investimentos em infraestrutura escolar, capacitação de professores e programas de reforço pedagógico ficaram em segundo plano.
O resultado é devastador: 83% dos alunos da rede precisam de reforço em língua portuguesa, ou seja, a maioria absoluta dos estudantes não atingiu os níveis mínimos de compreensão de leitura e escrita. Em matemática, o cenário é ainda mais grave – 94% dos alunos apresentam baixíssimo desempenho e também precisam de recomposição de aprendizagem.
Essa é uma geração inteira comprometida por uma gestão que falhou em garantir o básico. Jovens que chegam ao fim do Ensino Fundamental sem domínio das competências essenciais enfrentam sérias dificuldades no Enem e, mais ainda, na disputa por empregos em um mercado cada vez mais técnico.
Um exemplo emblemático é a Stellantis, que mantém em Goiana uma de suas maiores plantas industriais do Brasil. A maioria dos trabalhadores contratados, no entanto, não é da cidade. Os empregos são ocupados, em sua maior parte, por pessoas de outros municípios ou estados, mais bem preparadas para os desafios técnicos da indústria. Enquanto isso, os jovens de Goiana enfrentam um mercado para o qual não foram devidamente preparados pela educação pública local.
Essa realidade é consequência direta de uma gestão que não priorizou o futuro, que não entendeu que cada real não investido em educação hoje se traduz em exclusão e desigualdade amanhã. O IDEB é mais do que um número: é o reflexo do que se colhe quando se abandona as escolas, os professores e os estudantes.
Goiana tem todas as condições de ser referência. Mas, com a política educacional que tem sido adotada, caminha para ser lembrada como a cidade rica onde a educação foi tratada como pobre.
Leia menos