Fiquei traumatizado com a Passaredo 

Já viajei num avião da Voepass, mesmo modelo que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, sexta-feira passada. Mas faz tempo, e na época se chamava Passaredo. Peguei o trecho de Salvador para Vitória da Conquista. 

A bordo, estava com meus pais Gastão e Margarida. Nem lembrava da triste experiência, só quando li que se tratava da antiga Passaredo. A aeronave era bastante desconfortável, barulhenta e tinha péssima pressurização.

Também não tinha estabilidade alguma. O voo de Salvador até Conquista durou 50 minutos. Balançou muito e fez um calor terrível. Só lembrei desse detalhe porque li o relato de uma jornalista que havia viajado no mesmo avião da tragédia dois dias antes, com os passageiros reclamando do calor e do desconforto. 

Não indico ninguém a usar a Passaredo. Eu até estou devendo uma visita a minha tia Lila, em Vitória da Conquista, mas depois deste desastre prefiro encarar a estrada.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro tem previsão de alta hospitalar nos próximos dias, segundo o boletim médico divulgado hoje. Segundo o Hospital DF Star, o ex-presidente seguiu com boa aceitação da dieta pastosa, mantendo a programação para início de dieta por via oral, e deve haver a suspensão da nutrição endovenosa ainda neste sábado.

“Segue intensificando diariamente a fisioterapia motora e recebendo as medidas de prevenção de trombose venosa. Permanece a orientação de restrição de visitas, com previsão de alta hospitalar nos próximos dias”, informou o boletim. Conforme o hospital, Bolsonaro continua estável clinicamente, sem dor ou febre e com pressão arterial controlada. As informações são do jornal O Globo.

Bolsonaro deixou a UTI, na tarde da última quarta-feira, 17 dias após ter sido submetido a uma cirurgia na região abdominal. Ele se recupera da sexta operação realizada desde 2018, quando foi vítima de uma facada durante a campanha na qual se elegeu presidente da República. Todas as cirurgias foram feitas em decorrência da sequela desse ferimento.

Dulino Sistema de ensino

Da Revista Veja

O escândalo das fraudes do INSS detonou uma crise entre o PDT e o governo Lula que, até então, era mantida nos bastidores. Na última sexta-feira (2), o líder máximo da legenda, Carlos Lupi, entregou ao presidente o cargo de ministro da Previdência.

Antes disso, porém, a situação já era a pior possível. Historicamente aliado a governos petistas, o PDT reclamava de falta de espaço, cobrava por mais ministérios e, como mostrou VEJA, um cacique da Executiva fez chegar ao Palácio do Planalto ainda no início do ano o recado de que a legenda não se sentia bem tratada no governo.

A avaliação, naquele momento, era a de que a Previdência seria uma pasta que trazia mais dor de cabeça do que efetivos ganhos políticos. O PDT também tem Waldez Góes à frente do Ministério da Integração, mas a indicação não passou pela cúpula do partido, e sim pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), fiel aliado do ex-governador do Amapá.

Apesar de pequeno, com 17 deputados, o partido ressalta entregar proporcionalmente os mesmos votos que legendas como o PSD e o União Brasil, que têm três ministérios e firmaram uma aliança circunstancial com Lula.

Outra reclamação dominante diz respeito às emendas parlamentares dos pedetistas, deliberadamente travadas pelo governo, segundo seus integrantes.

Alguns dias antes de a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagrarem uma operação para investigar descontos indevidos nos benefícios dos aposentados, a articulação política do governo foi alertada de que o clima estava tão ruim que o PDT, se não tivesse reciprocidade, poderia migrar para a oposição.

O alerta foi acompanhado da ressalva de que partidos do Centrão, que ocupam importantes espaços no governo, aderiram em massa ao requerimento de urgência para o projeto que concede uma anistia aos condenados do 8 de janeiro.

Segundo o recado, pelo menos metade da bancada pressionava o comando da legenda a ser autorizada a aderir ao requerimento pró-anistia. O argumento principal é que os membros do partido estavam sendo fortemente coagidos pelos eleitores, o que tem um peso ainda maior considerando que haverá eleições no ano que vem.

O PDT, por outro lado, determinou voto contrário à medida. Em nota oficial, a cúpula da legenda se disse contra a medida porque ela representaria “um profundo ataque aos pilares da Constituição brasileira e da democracia”.

Petrolina - O melhor São João do Brasil

A prisão domiciliar humanitária concedida pelo ministro Alexandre de Moraes ao ex-presidente Fernando Collor permite que o político receba visitas de familiares, advogados e de sua equipe médica na sua casa, mas que avise antes ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre consultas médicas. Além disso, qualquer outra pessoa deverá pedir autorização à Corte para visitar o antigo mandatário. As informações são do jornal O Globo.

Collor foi solto na última quinta-feira (1) após Moraes concordar com o pedido da defesa para que Collor cumpra sua pena em casa. Collor terá que usar tornozeleira eletrônica e sua movimentação deverá ser alvo de relatórios semanais pela secretaria responsável pelo sistema prisional no estado de Alagoas. O GLOBO mostrou que Collor irá cumprir sua pena na cobertura de um prédio de seis andares na orla alagoana, na região da praia de Ponta Verde. O ministro do STF ainda exigiu a suspensão do passaporte de Collor.

Por outro lado, Moraes abriu exceção para visitas dos advogados de Collor, da sua equipe médica e de seus auxiliares. Além disso, outras pessoas “previamente autorizadas” pelo STF também poderão visitar o ex-presidente.

Collor foi condenado a oito anos e dez meses de prisão em regime fechado. Entretanto, após sua prisão, a defesa apresentou laudos que comprovam que o político sofre de Doença de Parkinson, transtorno bipolar e apneia do sono. Em sua decisão, Moraes atestou que a grave situação de saúde de Collor foi amplamente comprovada nos autos.

“O prontuário médico do custodiado, igualmente, aponta a presença desses mesmos sintomas, inclusive, citando episódios mais recentes – desde 2024 – de dificuldade de locomoção e quedas do custodiado em face da Doença de Parkinson, que vem dificultando a normalidade de sua vida”, disse o ministro.

O ministro destacou, contudo, que qualquer descumprimento da prisão domiciliar ou de qualquer uma das medidas alternativas implicará no retorno à prisão. Entre as exigências, por exemplo, está a necessidade de autorização prévia para consultas médicas, com exceção de casos de emergência.

“O condenado deverá requerer previamente autorização para deslocamentos por questões de saúde, com exceção de situações de urgência e emergência, as quais deverão ser justificadas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, após o respectivo ato médico”, afirmou Moraes.

Ipojuca - No Grau 2025

Floresta, no Sertão pernambucano, realiza hoje mais uma noite do “Floresta em Serenata”, evento que levou música e moradores às ruas do centro histórico da cidade. Com paradas em frente a casas antigas e participação de artistas locais, como Gatão e Banda e a cantora Lila, a programação começou ontem com um “esquenta” de serestas e sucessos antigos. O evento atraiu tanto moradores quanto visitantes e pretende resgatar a tradição das serenatas no interior do estado.

A proposta é tornar a celebração um marco cultural permanente, com edições anuais. Segundo a prefeita Rorró Maniçoba (PP), o objetivo é garantir apoio institucional para que a serenata entre no calendário oficial de eventos de Pernambuco. “Criamos esse projeto para resgatar e fortalecer a nossa cultura. Já estamos dialogando com o governo do estado e a Empetur para consolidá-lo”, afirmou.

A iniciativa tem ganhado força como forma de valorizar o patrimônio imaterial e movimentar a cidade com uma programação voltada à memória afetiva e à musicalidade regional. Com cortejos pelas ruas e estações montadas em frente às residências, o evento aposta no encontro entre passado e presente para reunir gerações em torno de canções que marcaram época.

Caruaru - São João na Roça

Por Luis Tôrres
Do Blog do Luis Tôrres

Hugo Motta viveu dias de popstar em sua passagem pelo sertão paraibano neste feriadão. Juntou gente, tirou fotos, deu entrevistas, foi saudado como “governador” e ainda ouviu apelo de prefeitos pedindo sua candidatura na Paraíba em 2026.

Um combustível infalível para recuperar as energias e voltar a enfrentar, a partir de segunda, a pressão tamanho Brasil que é presidir a Câmara dos Deputados. O jovem paraibano, no entanto, vive a dicotomia de encarnar o bom e o ruim na mesma criatura.

Se de um lado se apresenta como um dos melhores nomes para a disputa ao governo, conforme desejam muitos de seus aliados, do outro, esse sonho se transformaria num pesadelo caso a imprensa nacional descubra isso e estampe nas manchetes: Hugo vai disputar o governo da Paraíba em 2026.

A afirmação deflagraria uma sucessão antecipada no Congresso Nacional que transformaria seu mandato como presidente insustentável. Assim, a melhor coisa que Hugo Motta poderia ouvir da Paraíba, que é o grito de “governador” por onde passa, seria a pior coisa que ele poderia ouvir em Brasília.

Porque esse tema para ele só pode ser tratado em junho de 2026, e de sopetão, pegando a todos de (fingida) surpresa. Antes, reduziria sua capacidade de consolidar poder nacional e controlar aquilo que, com poder absoluto e com perspectiva de reeleição, já é muito difícil de fazer.

Por isso, inclusive, que o prazo de Hugo é diferente para todos os outros. E, talvez, para ele, também seja melhor definir nomes da base governista a fim de que ele mesmo fique livre de alguém gritar do plenário da Câmara, numa sessão qualquer, “governador!”.

Camaragibe - Cidade trabalho 100 dias

Durante participação no programa de rádio “De Mãos Dadas com o Povo”, hoje, o prefeito de São José do Egito, Fredson Brito, anunciou a realização de um mutirão de saúde no município com a chegada da Carreta da Saúde. A estrutura itinerante ficará na cidade entre os dias 5 e 9 de maio, oferecendo atendimentos especializados em áreas como cardiologia, ortopedia, neurologia, dermatologia e gastroenterologia. A população também terá acesso a exames como ultrassonografia, endoscopia, ecocardiograma e teste ergométrico, além de serviços como vacinação, testes rápidos e aferição de pressão e glicemia.

Ao lado do secretário municipal de Saúde, Dr. Hugo Rabelo, o prefeito afirmou que a ação busca reduzir a demanda reprimida na rede pública, atendendo pacientes com encaminhamentos registrados até o fim de abril. A gestão avalia que o mutirão será importante para desafogar as filas de espera e ampliar o acesso a consultas e exames sem a necessidade de deslocamentos. A iniciativa ocorre em meio a uma série de ações voltadas para a área de saúde no município.

Cabo de Santo Agostinho - IPTU 2025 prorrogado

A Justiça de Pernambuco autorizou o retorno ao cargo do prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), e dos vereadores Sil Xukuru (PT) e Pastinha Xukuru (PP), hoje. Os três políticos haviam sido afastados por 30 dias após a deflagração da Operação Pactum Amicis, que investiga suposto esquema de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro no município do Agreste. O grupo, agora réu no processo, é acusado de direcionar licitações e causar prejuízo de mais de R$ 15,7 milhões aos cofres públicos.

A decisão favorável aos investigados foi concedida no fim do prazo de afastamento. O juiz responsável pelo caso optou por não renovar a suspensão, e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) tentou impedir a volta com embargos de declaração. Como o recurso não foi analisado até ontem, prevaleceu o entendimento de que não havia impedimento legal para que os réus reassumissem suas funções, inclusive com acesso à Prefeitura e à Câmara Municipal. As informações são do Diário de Pernambuco.

Segundo o MPPE, o prefeito seria o líder de um esquema que fraudou contratos públicos em troca de apoio financeiro durante a campanha de 2020. Ele é acusado de receber vantagens indevidas, como transferências bancárias que somam R$ 77 mil e um veículo modelo Hilux. As licitações, conforme a denúncia, teriam sido direcionadas a empresas ligadas a doadores da campanha. Ao todo, 13 pessoas foram denunciadas, incluindo empresários e agentes públicos.

Uma das provas citadas pela promotoria é uma mensagem interceptada durante a investigação, em que um empresário diz que o prefeito “participa da safadeza”. A acusação afirma ainda que os investigados movimentaram mais de R$ 68 milhões, com saques em espécie e depósitos suspeitos em contas de empresas contratadas pelo município.

Cacique Marcos nega envolvimento em qualquer irregularidade e afirma que as acusações são parte de uma perseguição política. Em nota divulgada pela assessoria, ele sustenta que “jamais praticou qualquer ato de direcionamento de licitações” e que irá se defender judicialmente. A equipe do prefeito também tratou o retorno ao cargo como um “novo momento” da gestão municipal.

Os vereadores Sil e Pastinha Xukuru, que também reassumiram os mandatos, afirmaram por meio de suas defesas que são inocentes e que vão apresentar contrarrazões ao pedido de afastamento definitivo, ainda não julgado pela Justiça. Enquanto isso, seguem atuando na Câmara Municipal, mesmo com a continuidade do processo criminal.

Toritama - FJT 2025

Da Agência O Globo

 O Vaticano apressou os trabalhos na Capela Sistina para receber os 133 cardeais que escolherão o próximo papa a partir da próxima quarta-feira (7).

Operários começaram a instalar um piso provisório para montar as bancadas onde os participantes do conclave vão se sentar. O piso original, de mármore, ficará coberto durante a votação.

Na sexta-feira, foi instalada a chaminé pela qual sairá a fumaça após a apuração dos votos. A preta indica que não houve um vencedor, e a branca, que foi escolhido um novo Papa.

Em imagens divulgadas pelo Vaticano hoje, é possível ver restauradores retocando afrescos e operários vistoriando as janelas do alto de andaimes.

Palmares - Pavimentação Zona Rural

O prefeito de Recife, João Campos, chegou em São José do Belmonte na tarde de ontem acompanhado de sua namorada, a deputada federal Tabata Amaral, para participar do casamento do assessor Antônio Limeira com a médica belmontense Andressa Sá, que acontece hoje.

João e Tabata desembarcaram na cidade por volta das 13h e seguiram direto para um almoço no Sítio Histórico da Pedra do Reino, local simbólico onde os noivos se conheceram durante uma agenda do político em 2019.

Também compuseram a comitiva o vice-prefeito do Recife, Victor Marques, e o deputado federal Pedro Campos, reforçando o prestígio do evento e a ligação do casal com o cenário político pernambucano. As informações são do portal Geobelmonte.

Renata Campos, mãe de João, ficou deslumbrada com o local e com as histórias da cultura viva do Sertão, narradas com emoção por João Suassuna, neto do escritor Ariano Suassuna. Após a visita ao Sítio Histórico, a comitiva — acompanhada do prefeito de São José do Belmonte, Vinícius Marques — seguiu para o Sítio Caneta, onde participaram de um encontro com o ex-prefeito Romonilson Mariano, o vice-prefeito Erik Diniz, vereadores e lideranças políticas do município.

Da Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, iniciou hoje uma viagem internacional com foco em atrair investimentos para o setor de tecnologia no Brasil. A primeira parada será Los Angeles, na Califórnia (EUA), onde o ministro apresentará o novo Plano Nacional de Data Centers a representantes de big techs e participará de um fórum econômico.

Depois, segue para o México com agenda voltada à ampliação das relações bilaterais.

Haddad permanece nos Estados Unidos até terça-feira (6). Amanhã, participa de um jantar privado com investidores internacionais promovido pelo Instituto Milken, que reúne autoridades e líderes empresariais para debater economia global.

Encontro Big Techs 

Na segunda (5), o ministro tem reuniões com executivos de grandes empresas de tecnologia. Em Los Angeles, se encontrará com a diretora financeira do Google, Ruth Porat. Em seguida, viaja para San José, onde terá agenda com o CEO da Nvidia, Jensen Huang, e visitará as instalações da empresa. No dia seguinte, participa de uma mesa-redonda com empresários da área tecnológica organizada pela Amcham Brasil, e encerra a visita com uma reunião com executivos da Amazon.

O principal objetivo é apresentar o plano que prevê incentivos fiscais para empresas que investirem em infraestrutura de centros de dados no Brasil. A proposta, segundo Haddad, será enviada ao Congresso nas próximas semanas e deve incluir desoneração de bens de capital voltados ao setor de tecnologia da informação.

“Somos deficitários na balança de serviços. Contratamos 60% da nossa TI fora do país. Isso significa remessa de dólares e subinvestimento interno. Acredito que essa política pode mudar esse cenário”, afirmou o ministro na última segunda-feira (28), em São Paulo.

México

Na noite de terça-feira (6), Haddad desembarca na Cidade do México. A agenda oficial começa na quarta (7), com café da manhã com brasileiros que atuam em empresas no país. Depois, ele se reúne com o secretário da Fazenda e Crédito Público do México, Edgar Amador Zamorra.

Segundo o Ministério da Fazenda, o foco será alinhar estratégias para uma globalização mais justa e fortalecer os laços econômicos entre os dois países. A pauta segue diretrizes definidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidenta mexicana Claudia Sheinbaum durante encontro recente da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Honduras.

O retorno de Haddad a Brasília está previsto para a madrugada de quinta-feira (8), após cinco dias de agendas nos dois países.

Editorial do Estadão

O presidente Lula da Silva finalmente demitiu o ministro da Previdência, Carlos Lupi, cuja permanência no cargo se tornou insustentável após a descoberta da extensão das fraudes em descontos nas aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Como costuma fazer em toda crise, Lula procrastinou na expectativa de que o escândalo esfriasse por conta própria, mas a negligência de Lupi, que já havia sido alertado do problema, deixou o governo exposto e sem respostas a dar a um público especialmente vulnerável, como é o caso de aposentados e pensionistas.

Para piorar, a oposição não teve dificuldade para conseguir as 171 assinaturas necessárias para protocolar um requerimento com vistas a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema. A decisão sobre a instalação da comissão caberá ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que poderá optar por priorizá-la ou deixá-la no fim de uma lista de 12 pedidos apresentados anteriormente

A demissão de Lupi parece uma tentativa de esvaziar o apelo da CPI do INSS. Para este jornal, no entanto, o tamanho da rapina mais que justifica a instalação da CPI.

De acordo com a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades associativas receberam quase R$ 8 bilhões entre 2016 e 2024, dos quais R$ 2,848 bilhões apenas no ano passado. A maioria dos beneficiários não havia autorizado a cobrança das mensalidades ou acreditava que seu pagamento era obrigatório.

Tudo começou no governo Michel Temer, mas foi em 2022, durante a administração de Jair Bolsonaro, que o número de reclamações de beneficiários na Ouvidoria do INSS sobre esses descontos disparou. Pesa contra o governo Lula da Silva a demora em agir, a despeito de alertas feitos ainda em 2023 no âmbito do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e também pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A apuração, portanto, deve ser rigorosa e ir além deste governo, haja vista que 6 milhões de beneficiários foram prejudicados ao longo dos anos.

CPIs muitas vezes não dão em nada, mas podem abalar qualquer governo. A CPI da Covid, por exemplo, recomendou o indiciamento de 78 pessoas e duas empresas. Embora a Procuradoria-Geral da República não tenha aberto inquérito sobre os casos, a comissão foi exitosa ao expor a má gestão de Bolsonaro ao longo da pandemia e certamente lhe custou votos na eleição de 2022.

Tudo o que o enfraquecido Executivo não precisava neste momento era de um escândalo. O governo aparentemente havia conseguido interromper a queda da popularidade de Lula, mas, se ainda não está claro qual impacto o escândalo do INSS terá sobre a imagem do governo, é certeza que haverá algum.

A prioridade, agora, será lidar com o escândalo, cujos desdobramentos eventualmente podem ameaçar a reeleição de Lula. E os próximos passos vão depender menos da capacidade de articulação da oposição na Câmara do que da capacidade do Executivo de dar satisfações à sociedade.

E nisso, até agora, o governo foi muito mal. Em vez de demonstrar ser implacável com os desvios, entregou apenas as cabeças do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e de parte da diretoria do órgão e tentou poupar Lupi. Não funcionou. Alegou que foi sob a Presidência de Lula da Silva que a investigação começou, mas não convenceu ninguém. A atitude soou, no mínimo, como omissão.

Para piorar, uma das entidades envolvidas na investigação, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), mantém Frei Chico, irmão do presidente da República, em um cargo de direção. O Sindnapi multiplicou suas receitas de R$ 23,3 milhões em 2020 para R$ 154,7 milhões no ano passado.

Gerir o sistema previdenciário, mais que operacionalizar o pagamento dos benefícios, inclui a defesa dos direitos dos beneficiários, sobretudo daqueles em condições de vulnerabilidade, como idosos com doenças graves, indígenas de comunidades isoladas e pessoas com deficiência, que tampouco foram poupados. Tantas perguntas sem resposta apenas fortalecem a urgência da instalação da CPI.

Por Flávio Chaves*

Há amores que não voltam. Mas também não se vão. Ficam ali, parados no tempo, como porta entreaberta em casa vazia. São amores que esqueceram o caminho das palavras, mas ainda sabem onde a gente mora por dentro.

Agora é madrugada. E eu ainda estou aqui. Não por mim — porque de mim mesmo, já me perdi tantas vezes por esse amor. Estou aqui por ela. Por esse sentimento que não me larga, que não me solta, que não me liberta. Um amor que parece ter me esquecido mas que eu nunca consegui esquecer.

A rua está vazia. A cidade dorme. Mas no fundo do peito, algo vigia. De algum lugar lá fora, uma música começa a tocar — lenta, antiga, como se soubesse tudo que eu carrego no peito. E essa música, essa música traz o rosto dela. O jeito como ela me olhava. A voz que dizia meu nome com uma ternura que ninguém mais soube imitar. O cheiro dos cabelos molhados, a delicadeza de suas mãos encaixadas nas minhas. Tudo está ali, escondido entre os acordes. Tudo ainda toca, mesmo que ela não toque mais em mim.

Ela era a sinfonia dos abraços. O silêncio entre os beijos. A brisa que entrava pela janela quando o mundo parecia menos duro. Agora, ela é apenas ausência. E ainda assim, é tudo.

Não há mais cartas. Nem chamadas. Só essa memória viva que insiste em existir — como uma vela que não se apaga mesmo quando não há vento. O amor que tive, ou que ainda tenho, vive nos detalhes. No café que não preparo mais. No travesseiro que permanece vazio. Nas palavras que engasgam quando tento explicar o que já não sei dizer.

Quantas vezes já desejei abrir a porta e encontrá-la ali — com os olhos cheios d’água, dizendo: “Voltei porque não consegui te esquecer”? Mas a porta não se abre. A maçaneta continua fria. E o som que ecoa é o de um portão de ferro batido no instante da despedida.

O amor, quando é verdadeiro, não precisa mais de corpo. Ele sobrevive daquilo que ficou: uma frase, um gesto, um silêncio. E mesmo que tudo se cale, ele continua falando. Às vezes alto. Às vezes baixinho, feito essa música que agora escuto de longe, e que traz o rosto dela com uma nitidez que corta o ar.

E eu me pergunto, como quem sussurra dentro do próprio cansaço:
Quem virá me acudir nesta madrugada — mesmo que seja por dor ou piedade?

Talvez ninguém. Talvez apenas eu mesmo, tentando me salvar de um amor que nunca deixou de doer.

*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras