Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco
Vindo do mundo técnico e da burocracia na vida pública, embora curtido em organizar e participar de campanhas eleitorais, Fernando Dueire (MDB), o novo senador por Pernambuco se apresenta maduro, preparado e disposto à difícil missão que se apresenta pela frente de substituir Jarbas Vasconcelos no Congresso, uma lenda na política estadual e nacional. Para ele, Jarbas é um farol que ilumina o País com decência.
Dueire já estava no exercício do mandato de senador desde dezembro do ano passado, na condição de suplente. Mas agora, se efetivou com a decisão de Jarbas pendurar as chuteiras, decisão motivada por problemas de saúde. “Aprendi muito com Jarbas, que já me delegou missões das mais desafiadoras. No Senado, serei um aluno disciplinado, um fiel escudeiro, para servir a Pernambuco da mesma forma entusiasmada de Jarbas”, diz Dueire, nesta entrevista.
Leia maisComo o senhor encara o desafio de substituir Jarbas Vasconcelos no Senado?
Imenso. Tenho muitos desafios, mas pretendo honrar a confiança que os eleitores de Jarbas depositaram nele para entregar as respostas que eles precisam. Por isso, vou continuar fazendo aquilo que aprendi com Jarbas, que foi trabalhar de forma efetiva, com coragem, para fazer com que a realidade do Nordeste e de Pernambuco possam ser transformadas.
Em seu comunicado de despedida, Jarbas disse que a escolha do seu nome como primeiro suplente tinha sido pessoal. Como se deu a construção dessa relação?
Em 1999, Jarbas foi me buscar no Governo Federal para eu ser seu secretário quando assumiu o Governo de Pernambuco. Tivemos uma convivência muito próxima por oito anos e eu comandei uma área muito importante em seu Governo, que foi a de infraestrutura. Desenvolvemos uma relação de parceria muito grande no esforço que ele fez para recuperar a situação econômica e social de Pernambuco enquanto governador do Estado.
O senhor estava como suplente de Jarbas desde dezembro do ano passado. Era como se estivesse em teste?
Considero que passei no estágio probatório depois desses nove meses como senador em exercício. Nesse tempo, Jarbas sempre me deu toda a autonomia e me passou muita confiança. Jarbas é uma bússola, um farol, seja para os políticos de Pernambuco ou de Brasília, por sua ética, decência e luta corajosa para restabelecer a democracia no Brasil.
O senhor é uma pessoa técnica que se torna um político. Como pretende associar essas duas funções?
Nós sabemos que, embora as exposições e suportes técnicos estejam prontas, elas precisam passar por decisões políticas. Porém, não existe uma sem a outra. Por isso, vou trabalhar exatamente para colocar nas decisões políticas o suporte técnico que desenvolvi em toda a minha vida profissional.
Ocupar o lugar que era de Jarbas Vasconcelos com a autonomia que ele deu ao senhor já é meio caminho andado, não?
Sem dúvida. Nesse tempo em que eu fiquei no exercício da função as pessoas compreenderam que eu poderia colaborar e muito dentro do colegiado. Então, tenho sido muito demandado. Prova disto é que estou em cinco comissões temáticas do Senado.
Quais são os principais desafios do seu mandato que colocam Pernambuco como prioridade no Senado?
Tenho algumas metas importantes e já começo a conduzir uma delas na próxima segunda-feira, quando me reúno com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para tratar sobre a duplicação da BR 423, do trecho que liga São Caetano a Garanhuns. Também nos Transportes, tenho conversado muito sobre a Transnordestina, pois precisamos ter um modal ferroviário que consiga escoar o que é produzido.
A situação do Metrô do Recife é também uma prioridade?
A solução do problema do Metrô do Recife é outro grande desafio que tenho conduzido junto ao ministro das Cidades, Jader Filho, do MDB, partido que represento no Senado. Tenho tentado mediar os entendimentos para que possamos dar uma resposta que a população precisa e merece para esse problema.
No Senado, os dois outros assentos de Pernambuco são ocupados por representantes do PT, historicamente de oposição ao Governo de Raquel. Como se dará a relação do senhor com a governadora, que não teve o apoio do seu partido?
A minha relação com a senadora Teresa Leitão e Humberto Costa é a melhor possível, de muito respeito e de divisão de preocupações. Independente de bandeira partidária, nós temos um compromisso definitivo e derradeiro, que é com Pernambuco. Assim como os demais senadores por Pernambuco, que demonstram uma vontade de ajudar a governadora Raquel Lyra, eu também abraço esse desejo e quero que a governadora acerte. Irei ajudar a governadora de maneira muito respeitada dentro das escolhas que ela fará para Pernambuco. Precisamos estar unidos”.
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