A partir do próximo ano, vai se romper um ciclo de 16 anos do PSB em Pernambuco com início da gestão de Raquel Lyra (PSDB) no comando do Governo do Estado. Para que haja desenvolvimento da economia pernambucana de forma mais consolidada, é preciso que o foco da próxima gestão seja nos potenciais que já logram êxito, mas que em meio à lentidão imposta pela máquina pública terminam tendo sua competividade comprometida. É o caso dos portos de Suape e do Recife.
“Pernambuco precisa urgentemente retomar o seu protagonismo com a devida atenção aos portos de Suape e do Recife, uma vez que vem, a cada ano, perdendo sua vantagem locacional para os portos de Pecém, no Ceará, e o da Bahia. Projetos para viabilizar os nossos terminais é o que não falta, então, não se pode perder tempo criando projeto. É preciso recuperar tempo com as vantagens de locação que os nossos portos têm”, comenta Paulo Drummond, vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado de Pernambuco (Ciepe).
Leia maisPara Drummond, dentro dessa linha, a unificação do comando dos portos é essencial. “Unificar a gestão dos dois portos vai trazer mais economicidade e resultados. Afinal, por que o Porto de Suape dá lucro e o do Recife não pode dar?”, questiona Drummond. “Junta a gestão em um só, sem querer dar novo destino, aproveitando os potenciais que cada porto tem”, complementa.
Outro ponto crucial, segundo o vice-presidente do Ciepe, é a Transertaneja, uma alternativa à Transnordestina, cuja autorização para construção foi assinada pelo então ministro da Infraestrutura (Minfra), Tarcísio de Freitas, em 10 de dezembro de 2021 e teve, em abril deste ano, a autorização para ser instalada fora da ilha dos limites do porto organizado de Suape.
“É preciso dar foco à Transertaneja. A Bemisa tem um potencial de mina de 20 bilhões de toneladas e pretendem, pela Transertaneja, escoar 20 milhões de toneladas por ano. Ou seja, quase duplicar o volume de Suape, hoje na faixa 25 milhões de toneladas. Se não tivermos gente eficiente no porto de Suape e dando atenção e foco a isso, esse pessoal da Bemisa para mudar para ir para Pecém, é um tiro, pois esse pessoal é muito objetivo. O povo tem que viabilizar essa mina que está lá parada e não vai ficar esperando a velocidade que o governo normalmente dá”, explica Drummond.
Drummond também chama atenção para o hub da Maersk em Suape, que já está assinado, mas se não ficar em cima, não tiver eficiência e cobrança, vai terminar desistindo e indo para portos mais competitivos.
“Estamos falando de hidrogênio verde, estamos falando do potencial natural de Suape que já existe. Então, se você transforma Suape numa coisa lucrativa, agregando o Porto do Recife, o passo seguinte é, como Pecém fez, trazer um sócio. Quando o empresário coloca o dinheiro e fica sócio, a eficiência aumenta e óbvio cria um ciclo virtuoso”, enfatiza.
Ou seja, não há o que inventar, segundo Drummond. “O que tem que ser feito é racionalizar a gestão e o foco na viabilização desses itens, sem esquecer, do hidrogênio verde, que está na moda e a gente tem um potencial enorme, assim como outros estados. Só lembrando que Suape e Recife está no raio de 800 km de 90% do PIB do Nordeste, por isso, a nossa vantagem vocacional é de fato logística”.
Para ele, caso Pernambuco não consiga viabilizar essas questões e continue perdendo tempo, em especial, na questão logística, pode, facilmente, perder competividade para portos que surgem como principais ameaças, como o de Cabedelo, na Paraíba, e o de Pecém, no Ceará.
“O Porto de cabedelo vai passar por uma dragagem de 600 metros, o que vai torná-lo tão competitivo quanto o do Recife. Isto sem esquecer de Pecém, que está funcionando, tem siderúrgica, tem interesse de empresários fortes do setor, e tem capacidade de capturar uma Bemisa dessa da vida se a gente não mostrar interesse e rápido”, pontua.
Roberto Carvalho, da diretoria do Ciepe, sugere estruturar Suape na lógica de condomínio, garantindo, dessa forma, o sentimento de pertencimento, como ocorre nos portos baianos. “Na situação atual, o mapa de distribuição e ocupação industrial no território é desvinculado de uma oferta estruturada e baseada em conceitos de arquitetura industrial”, comenta Carvalho.
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