Renegade Trailhawk 4×4: mesmo flex, é bem valente
A Jeep garantiu no primeiro semestre de 2022 a liderança do mercado de SUVs no Brasil, com 20,7% de participação entre os utilitários esportivos – e 65.617 carros vendidos. Isso é resultado de uma marca consolidada, rede de concessionárias ampla e de um portfólio caprichado de produtos – com lançamentos recentes. Este colunista avaliou a versão topo-de-linha do novo Jeep Renegade, apresentado neste semestre: a Trailhawk, com motor 1.3 flex e tração 4×4.
A iniciativa de deixar o conjunto tracionado num veículo flex foi boa? Mesmo com a gasolina a esse preço? Bem, parece ser essa mesmo a primeira e mais relevante questão a ser respondida. Afinal, o carro ficou melhor, mais seguro e com mais tecnologia. Mas, não esqueçamos, o consumidor brasileiro leva muito em consideração o gasto com combustível – mesmo comprando carros como o Renegade Trailhawk, que custa R$ 170.655 (com a cor Orange Punk’n inclusa).
Leia maisAntes de continuar, vale relembrar: o motor turbo 270 (em referência ao torque de 27,5kgfm) 1.3 já foi usado em vários modelos das marcas do grupo Stellantis. No Renegade, agora, equipa todas as versões. Ele produz até 185cv de potência – nesta, com câmbio automático de 9 marchas.
No caso das versões 4×4 (a outra é a S, mais urbana, e com o mesmo preço), elas ficaram mais pesadas: só o peso extra da tração nas quatro rodas é equivalente a dois passageiros adultos de 85kg cada um).
É importante lembrar que o pesado 1.8 flex, de 139cv e apenas 19,3kgfm, foi descartado de vez. Agora, o problema: o sucessor, muito mais eficiente, consome combustível como jovens nas noites de sextas-feiras.
Por exemplo: o Renegade flex 4×4 faz 9,1 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada, segundo os dados oficiais. No diesel eram, respectivamente, 9,6 e 11,4 km/l, enquanto o 1.8 flex chegava aos 10 e 12,2 km/l. Mas, podem acreditar, ele é melhor.
Velocidade de largada? O Trailhawk faz de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos, com gasolina. Claro, é mais pesado do que o Longitude 4×2 – que ainda será testado pela coluna De bigu com a modernidade (8,9 segundos, segundo a marca).
É um carro muito legal de se guiar, sem qualquer sofrimento nas acelerações e retomadas.
Não foi feito nada que se compare a uma prova de rally de brincadeira, mas é possível ver que há Trailhawk. Enfim, é um carro para o off-road, sim: tem, por exemplo, ângulos de entrada de 30º e de 32º de saída e bons recursos. São cinco modos de condução, que ajustam o motor, câmbio e bloqueio de diferencial traseiro em automático, esportivo, neve, pisos escorregadios, areia e lama e pedra.
Sem falar das funções 4WD Low, com relações mais curtas do câmbio, 4WD Lock, que bloqueia o diferencial traseiro, e o controle de descida, que mantém automaticamente a velocidade do veículo mesmo em descidas íngremes.
A atenção especial para os aventureiros de verdade vem nos protetores de cárter, do tanque de combustível e da transmissão – garantindo mais segurança nos desafios. E, claro, gancho de reboque traseiro. Na versão testada, a Jeep a enviou com o teto solar elétrico panorâmico (opcional).
Segurança
O pacote é muito bom nesta versão: o de auxílio à condução, então, é semelhante a alguns irmãos Jeep maiores. Tem frenagem automática de emergência, alertas de ponto cego e de tráfego cruzado traseiro, assistente de permanência em faixa, alerta e assistente de estacionamento. São sete airbags, vale lembrar.
De ruim, ele tem
O porta-malas é pequeno: 314 litros. Para aventureiros, é pouco espaço, convenhamos. E o preço de transportador de carga expansível, no teto, de 500 litros, é bem salgado: R$ 18.711,25, no site da Mopar, empresa da própria marca. O flexível, por sua vez, custa R$ R$ 2.687,19 – mas só suporta 317 litros. O de 480 litros tem preço sugerido de R$ 4.875,14. O bagageiro tubular, por sua vez, custa R$ 2.177,98.
Kia Sportage agora é híbrido – A marca coreana finalmente anunciou os preços e pôs nas concessionárias brasileiras as duas versões do novo Kia Sportage. Uma custa R$ 220 mil e outra, a EX Prestige, R$ 255 mil. Mas se o cliente quiser uma pintura metálica ou perolizada terá que desembolsar mais R$ 2,8 mil. O Sportage, é o segundo híbrido do modelo da Kia no Brasil com esse motor – 1.6, turbo, a gasolina e bateria de 48 volts, capaz de gerar 180cv, com torque de 27kgfm e transmissão automática de 7 velocidades e dupla embreagem. Esta última, por sinal, tem um bom pacote de conforto e segurança.
O ar-condicionado é digital com dual zone e sensível ao toque. Os bancos dianteiros têm revestimento em couro natural e detalhes em camurça, ventilação e o do passageiro também tem ajustes elétricos. Há também carregador de celular por indução e paletas para trocas de marchas atrás do volante e display integrado curvo com duas telas de 12.3” cada – uma para o painel digital e outra para o sistema multimídia, que tem conectividade Apple CarPlay e Android Auto. O assistente para prevenção de colisão frontal inclui conversão em cruzamentos; câmeras de visão 360°; monitor de ponto cego com visualização no painel digital de instrumentos; piloto automático adaptativo etc.
Gladiator chega em 4 de agosto – A Stellanis, dona da marca Jeep, marcou a data do lançamento da picape Gladiator (que ela classifica como a “mais capaz do mundo”) no Brasil. Será no dia 4 de agosto. Não há preço definido. Nos Estados Unidos, ela custa em torno dos US$ 55 mil. A promessa é de muita tecnologia e versatilidade – e, claro, os atributos tradicionais da marca para enfrentar desafios. “Ela chegará para redefinir o conceito off-road no universo das picapes no Brasil”, diz o comunicado da Jeep.
R$ 199,50 para 630km de autonomia?
O portal InsideEvs, especializado na cobertura de veículos elétricos, fez um estudo sobre o custo de abastecimento de alguns modelos (também plug-ins) no primeiro eletroposto da Shell Recharge inaugurado em São Paulo, no mês passado. Ele tem carregadores com potências de 50 kW e 150 kW alimentados por fonte de energia renovável, com carregamento em até 35 minutos. O valor da recarga é de R$ 1,90 / kWh. Abastecer um Renault Kwid E-Tech 27 kWh custa R$ 51,30 para a recarga total (e autonomia de 265km). O Volvo XC40 Recharge de 75 kWh exige R$ 142,50 para 420km (já pensou de ir Triunfo ao Recife gastando só isso?). O mais caro foi o BMW iX xDrive50 de 150kWh: R$ 199,50 para 630km de autonomia.
Ônibus sustentáveis no Ceará – A TEVX Higer assinou memorando de intenções com o governo do Ceará para instalar uma fábrica no polo de Pecém, a primeira da marca na América Latina, para produzir ônibus elétricos. O plano é começar a produção em dois anos. Antes disso, deve investir na importação de veículos e gerar empregos com o treinamento e formação de profissionais especializados em veículos elétricos. A TEVX Higer surge da junção entre a TEVX Motors e a Higer Bus, fabricante chinesa que atua em mais de 100 cidades pelo mundo, com ônibus elétricos, elétricos com semicondutores e veículos a hidrogênio.
Elétricos: BMW cresce – A marca alemã tem conseguido sucesso no processo de eletrificação dos seus carros: somente no Brasil, as vendas de elétricos e híbridos plug-in dobraram em junho, ante o mesmo mês de 2021. No semestre, cresceu 42%. Em todo o mundo, foram 75,9 mil carros elétricos.
Moto BMW K 1600 Bagger: pagas R$ 326.500? – O visual mudou e ficou mais esportivo, mas as linhas elegantes e futuristas continuam lá na nova BMW K 1600 Bagger – e que já está em pré-venda no Brasil. Importada de Berlim, na Alemanha, terá preços de carros de luxo: de R$ 306.500, passando por R$ 313.500 e chegando aos R$ 326.500. Basta procurar uma concessionária da marca e esperar até setembro.
A moto de silhueta sóbria é propícia para viagens de longas distâncias e a propulsão de carro potente: o motor da K 1600 Bagger é de seis cilindros em linha de 1.649 cm³, 4 tempos, 24 válvulas com duplo comando e é capaz de entregar 160cv de potência 17,5kgmf de torque.
O conjunto agrega, ainda, câmbio de seis marchas e transmissão por eixo cardã. A lista de equipamentos de série também é bem ampla: freios assistidos por ABS Pro, controle de tração dinâmico, ajuste eletrônico de suspensão, manoplas e banco aquecidos, farol xenon, lanterna e luzes indicadoras de direção em LED, controle eletrônico de velocidade e por aí vai.
Também tem computador de bordo, modos de pilotagem, rádio, preparação para GPS e para-brisa com ajuste elétrico.
Outro destaque desta cruiser são os recursos tecnológicos semelhantes aos encontrados em automóveis premium: farol direcional, assistente de partida em ladeira, controle de pressão dos pneus, partida sem chave (keyless), luzes adicionais em LED, interface Bluetooth, sistema de alarme antifurto e marcha à ré.
Moto e carro: proporção de 1 para 1 – O preço da gasolina, instável e controlado artificialmente, e o desemprego rondando a porta de 11 milhões de brasileiros, têm feito o mercado de motocicletas crescer. O principal fator é a procura da moto para o trabalho, sobretudo no setor de entregas. Resultado: no primeiro semestre, foram emplacadas 636.698 motos – ou 23% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Já a venda de carros despencou 26% no primeiro semestre de 2022, com 683.173 emplacamentos. Isso significa 1 automóvel para cada 1 moto vendida.
Em 2019, no primeiro semestre, longe da pandemia de Covid-19, os fabricantes despacharam 530.152 unidades; em 2020, apenas 350.290; em 2021, melhorou e as vendas subiram para 517.326; agora, já chegaram a 636.698. Obviamente, as motos populares – principalmente as da Honda, se sobressaem. E há, claro, mais novos usuários, essencialmente da scooters, segmento que registrou um crescimento de 27%.
De qualquer forma, o Brasil vai ter que se adequar a essa nova realidade: nesse mesmo período (primeiro semestre de 2022) foram emplacados 683.173 carros. Isso significa 1 automóvel para cada 1 moto vendida. Estamos (motociclistas, governos, sociedade) preparados?
Consórcio – Um terço (32,4%) das novas cotas comercializadas no setor de consórcios no ano passado foram para a compra ou troca de uma moto nova ou usada, segundo o Anuário 2022 da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (Abac).
O segmento de motocicletas foi o que contemplou mais pessoas e bateu recordes, garantindo poder de compra a quase 600 mil consorciados. A Bahia representou 10,6% das vendas do consórcio de motos, seguida por São Paulo, com 10,3%. A região Nordeste lidera os principais indicadores: 845.188 (35,8%) participantes ativos, 443.833 (39,5%) cotas vendidas e 238.819 (39,8%) pessoas contempladas.
Bem, a entrada em um grupo de consórcio para motos, como da Eutbem, fintech de consórcio 100% digital, é a realização de sonho de muitas pessoas, mas exige organização e planejamento financeiro do consorciado. Em 2021 foram disponibilizados R$8,8 bilhões em créditos, representando 13,4% do total de valores concedidos pelo setor.
E por falar nisso, o setor de motos aparece em segundo lugar no total de participantes ativos, com 2,36 milhões de pessoas, ou 28,2% do total. O potencial de vendas de motos no Brasil por meio do consórcio foi de 51,9% no ano passado, considerando o número total de emplacamentos dos veículos de duas rodas, segundo dados da Fenabrave, a Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos.
Financiamento – Em junho, o financiamento de motos registrou um crescimento de 12,8% quando comparado com o mesmo período do ano passado, segundo a B3. Fernando Weigert, diretor da Alias Tecnologia, fornecedora de soluções tecnológicas para empresas, diz que o número reflete o Brasil de agora: combustíveis caros, com aumentos constantes etc.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.
Leia menos