Em conversa com jornalistas na manhã deste sábado (22) em Ribeirão das Neves (MG), o candidato à Presidência da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, chamou repetidas vezes o governo de Jair Bolsonaro de “fascista” e disse que o candidato à reeleição incentiva episódios de violência política, como o sofrido pela deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), chamada de “vagabunda” na noite desta sexta (21) em um hotel em Belo Horizonte.
Simultaneamente, Bolsonaro participava de um comício em Guarulhos (SP), e chamou o petista de “chefe de organização criminosa”. Lula está em Minas acompanhado de Marina e da senadora Simone Tebet (MDB), que defendeu a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson, após publicação de um vídeo atacando a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia e comparando-a a uma “prostituta”. As informações são do O Globo.
Leia mais— Ele tem que voltar para a cadeia imediatamente — disse Tebet. — São as mulheres que vão decidir essa eleição. Vamos decidir essa eleição contra um presidente que estimula a violência contra as mulheres, porque é um covarde.
Ao tomar o microfone, Lula culpou Bolsonaro pela escalada da violência política no país. Chamou o presidente de “desumano”, “destruidor de sonhos” e “fascista”. Criticou também o incentivo de Bolsonaro ao armamento da população.
— Nem no regime militar, um general disse que o povo precisa ser armado. Bolsonaro não acredita na educação. Ele incentiva a sociedade a comprar armas. Armas não educam. Armas matam crianças — afirmou Lula, insistindo que a violência política em campanhas eleitorais é um fenômeno recente, diretamente ligado ao bolsonarismo. — Temos um governo fascista no Brasil. É importante que a sociedade descubra isso. Antigamente, a gente sempre ficava no limite da democracia. Não tinha briga, troca de soco ou morte. Agora, parece que há uma ordem do presidente da República: “Sejam violentos, não aceitem provocação, não deixem ninguém em paz”. Ganhando as eleições, nós vamos restabelecer a paz neste país.
Lula disse ainda que as mulheres terão “grande participação” em seu eventual governo, mas preferiu não citar nomes ou números. Comprometeu-se formar um ministério que tenha a “cara do Brasil”.
— As mulheres têm demonstrado competência em tudo o que elas pegam para fazer. No nosso governo, vamos ter mais mulheres, mais negros, mais indígenas — prometeu.
O ex-presidente também repetiu algumas promessas de campanha, como o aumento real do salário mínimo e a negociação das dívidas dos brasileiros. Disse também que vai recriar o Ministério das Cidades e incentivar empregos na construção civil. Prometeu ser parceiro de prefeitos e governadores em obras de infraestrutura, como o metrô de Belo Horizonte.
Foco no estado
Lula está em Minas desde ontem no esforço de ampliar sua vantagem no estado, o segundo maior colégio eleitoral do país, onde venceu Bolsonaro no primeiro turno. O governador mineiro, Romeu Zema (Novo), apoia a reeleição do atual presidente. Lula, no entanto, disse que Minas não será prejudicada caso ele seja eleito.
— No meu governo, Minas foi o estado que mais teve ministérios. E tinha a vice-presidência da República (José Alencar). O presidente tem que ser um maestro e trabalhar em harmonia com governadores e prefeitos em respeito ao povo — disse Lula, que não deixou de criticar a participação de Zema na campanha de seu adversário. — Nunca falei o nome do Zema em nenhum discurso. Nem ele falava o meu, porque sabia que 48% dos apoiadores dele votavam em mim. Ele também não falava o nome do Bolsonaro. Passou para o povo a ideia de que não tinha candidato, mas agora assumiu o bolsonarismo. Isso é uma coisa muito negativa, muito ruim. Como você pode ter dois comportamentos?
Perguntado sobre a relutância do presidenciável derrotado Ciro Gomes (PDT) e apoiá-lo, Lula disse não vai “ficar importunando” o ex-candidato. Ressaltou ainda o apoio que recebeu do PDT e de economistas, elogiou a decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso que permitiu o transporte gratuito de eleitores e fez um apelo contra a abstenção.
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