Quem acredita mais em pesquisas?
As primeiras pesquisas para presidente, a do Ipec e a do PoderData, a primeira divulgada na quarta-feira passada e a segunda ontem, apontam a vitória de Lula, candidato do PT, na dianteira. O Ipec, da Rede Globo, deu uma diferença de oito pontos. A PoderData foi diferente, uma vantagem de apenas quatro pontos, ou seja, metade do Ipec.
O Ipec global foi o que mais errou no primeiro turno. Chegou a apontar uma dianteira de 14 pontos percentuais para Lula. Também, como o Datafolha, previu que o petista seria eleito no primeiro turno. Abertas as urnas, a comprovação da mentira deslavada: Lula saiu na frente, é verdade, mas com uma frente chinfrim, de apenas cinco pontos.
Leia maisEleição de segundo turno é uma nova eleição, com feições, nuances e cenários políticos e eleitorais completamente antagônicos ao primeiro. Do ponto de vista político, Bolsonaro já é o vitorioso: fez a maior bancada na Câmara dos Deputados – só o PL, seu partido, elegeu mais de 100 parlamentares – e no Senado houve, literalmente, um arrastão bolsonarista.
Só o PL elegeu 11 senadores e os demais partidos da base do presidente darão a ele uma folgada maioria absoluta para governar, diferente de um cenário numa vitória de Lula, que perderia as condições da chamada governabilidade. Outros fatores pesam para aumentar a desconfiança nessas pesquisas de segundo turno, entre elas a partida de Bolsonaro com o apoio dos governadores dos três maiores colégios eleitorais do País – São Paulo, Minas e Rio.
No Nordeste, não houve essa lavagem de Lula prevista pelos institutos manipuladores de pesquisas. A média de Bolsonaro foi de 30%, mesmo em Estados governados por petistas. Com o grosso do eleitorado de São Paulo, Minas e Rio e mantendo-se essa média de 30% no Nordeste, Bolsonaro terá amplas chances de ser reeleito.
Ciristas bolsonaristas – Pela pesquisa do PoderData, Lula (PT) herdaria 92% dos votos válidos de eleitores que votaram em Simone Tebet (MDB) na 1ª rodada da disputa pela Presidência da República. Já os eleitores de Ciro Gomes (PDT) se dividem: dos que escolhem um dos candidatos, 46% dizem preferir Lula, e 54%, o presidente Jair Bolsonaro (PL). O placar é referente aos votos válidos –ou seja, excluindo votos em branco e nulos do cenário. Tebet ficou em 3º lugar no 1º turno das eleições, em 2 de outubro, com 4,16% dos votos válidos.
A bolha da esquerda – Reeleito governador do Rio de Janeiro com 58,67% dos votos válidos, Cláudio Castro (PL) disse ter vencido já no primeiro turno por ser o único candidato no campo da direita. Segundo ele, a esquerda não enxerga a vida como ela é. “A esquerda vive em uma bolha”, disse em entrevista ao jornal O Globo. “A vida das pessoas, o que impacta votos, é a redução do preço da gasolina, do arroz e do feijão. As pessoas voltaram a comer em restaurantes populares no meu governo. Existem problemas, é claro. Mas a vida como ela é não é a que a esquerda enxerga”.
Sempre as metodologias – Esta eleição presidencial, segundo o site Poder360, está sendo desafiadora para as empresas que fazem pesquisa. “Há muitos resultados indicando sinais divergentes. Ficou difícil saber qual é a tendência real deste momento. É importante dizer que todas as pesquisas estão dentro da metodologia adotada por cada instituto. Cada sistema pode ter vantagens e desvantagens, a depender da conjuntura que pretendem apurar. Em 2018, por exemplo, havia muito “voto envergonhado” em Jair Bolsonaro. Alguns levantamentos presenciais tinham dificuldade de captar esse tipo de preferência”, informa o Poder360.
Abstenção maior – Dados históricos do Tribunal Superior Eleitoral mostram que a abstenção no segundo turno das eleições tende a ser sempre maior que no primeiro. No próximo dia 30, eleitores terão que voltar às urnas para escolher entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) para ser o próximo presidente do Brasil. Na primeira etapa do pleito, 20,95% dos eleitores habilitados para votar não compareceram. Em 2018, a abstenção foi levemente menor do que a registrada neste ano: 20,3%. Naquela época, a eleição presidencial também foi ao 2º turno –e a taxa dos que não votaram subiu a 21,2%.

Raquel e Bolsonaro – O ex-senador Douglas Cintra, que desistiu de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Podemos, disse ao blog que já decidiu apoiar à candidatura de Raquel Lyra (PSDB) para o Governo do Estado e na corrida presidencial votar pela reeleição do presidente Bolsonaro. “Os ventos da economia sopram a favor do Brasil da continuidade com Bolsonaro. Retroceder é uma temeridade muito grande”, afirmou falando na condição de político, empresário e produtor agrícola.
CURTAS
SEM DEBATE – A TV Bandeirantes cancelou o primeiro debate deste segundo turno da disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro agendado para o próximo domingo. Não justificou o motivo nem tampouco confirmou uma nova data.
Itinerante –O Frente a Frente, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, entrou no radar da agenda Itinerante. Ontem, foi pela Itapuama, de Arcoverde, hoje será pela Rádio Pajeú, em Afogados da Ingazeira.
Perguntar não ofende: Alguém de boa-fé ainda acredita nessas pesquisas presidenciais?
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