João quer repetir o pai: “Foi Victor que fez”
Ao entregar a pasta de Infraestrutura ao vice-prefeito Victor Marques (PCdoB), a principal vitrine da gestão na montagem de projetos, benfeitorias e entregas reais, o prefeito João Campos (PSB) teve um propósito político e eleitoral: mostrar que o aliado, seu provável substituto em abril de 2026, quando deve renunciar o cargo para disputar o Governo do Estado, é um tocador de obras.
No primeiro mandato, João entregou esta missão a Marília Dantas. Deu tão certo que ela passou a ser vista como um dos nomes cotados para sua sucessão. Acabou escolhendo Victor, mais formulador do que executivo, mas que deu pitacos em todas as obras, inclusive nas tocadas por Marília, na condição de chefe-de-gabinete.
Mas sem uma pasta responsável por tirar projetos do papel, tocar e realizar obras estruturadoras e de efeitos sociais, como se dará agora em Infraestrutura, Victor não tem hoje a mesma fama de tocador de obras, como ocorreu com Geraldo Júlio, o principal auxiliar de Eduardo Campos no seu primeiro mandato no Governo do Estado e por ele preparado e escolhido candidato a prefeito do Recife, em 2012.
Leia maisPara arrebatar a Prefeitura do PT, Eduardo fez a campanha de Geraldo Júlio com o slogan que entrou para a história: “Foi Geraldo que fez”. Isso foi usado como uma espécie de mantra ao final de cada obra importante que Eduardo entregou no seu primeiro mandato, de 2007 a 2011, tanto na propaganda eleitoral quanto na publicidade governamental.
Se Victor conseguir se dar bem também como tocador de obras, João, como o pai, também poderá dizer que tal obra no seu segundo mandato tem o DNA de Victor. “Foi o Victor que fez”, repetirá a mesma estratégia do pai para eleger Geraldo Júlio. Afinal, para os recifenses, Victor ainda é um estranho no ninho, uma cara extremamente desconhecida. Na verdade, uma incógnita. Tanto pode dar certo como não.
MERO BUROCRÁTICO – A pasta de Infraestrutura é uma das principais da gestão municipal e é responsável por obras de grande porte na cidade, como ações de estrutura viária, e de médio e pequeno porte, como o asfaltamento de ruas na periferia. A ideia de João Campos é que Victor ganhe popularidade ao fazer anúncios e entregas de obras na cidade. Além disso, o vice passa a se ambientar diretamente à máquina pública, já que o posto anterior — chefe de gabinete — era mais burocrático.

As principais vitrines – Entre as prioridades de João Campos para o novo mandato e, consequentemente, “bombar” Victor Marques como tocador de obras, estão a inauguração do Hospital da Criança e a construção de um Centro de Diagnóstico e Imagem, para fortalecer a rede municipal de saúde. Outra expectativa é para a construção de duas pontes — uma entre Imbiribeira e Areias e outra do Cordeiro a Casa Forte — para desafogar o trânsito, um dos principais tormentos diários dos recifenses.
O maior protagonista – Nos bastidores, a recomendação do prefeito em relação a Victor é a de que seja protagonista de uma gestão eficiente. Os auxiliares interpretaram que João Campos quer isso porque o novo governo pode ser de um ano e três meses ou de quatro anos sob seu comando, em meio à indefinição sobre ser candidato a governador no próximo ano. Uma das secretarias criadas por João Campos para o novo governo é a de Secretaria de Ordem Pública e Segurança. Na campanha eleitoral da reeleição, o prefeito prometeu fazer o armamento gradual da Guarda Municipal do Recife, assunto que foi um tabu nos 12 anos iniciais da gestão do PSB no Recife. Outra função da Secretaria será a integração da guarda com outros órgãos, como Defesa Civil e Controle Urbano.
Zebra em Arcoverde – Em Arcoverde, o prefeito Zeca Cavalcanti (Podemos) foi derrotado na escolha do presidente da Câmara. Embora Luciano Pacheco (MDB), eleito por 6 a 4, graças a uma manobra da vereadora Célia Galindo (Podemos), seja da base e aliado de primeira hora, Zeca bancou e queria, na realidade, que o presidente fosse o vereador Rodrigo Roa (Podemos). O acordo foi fechado pelo vice-prefeito Siqueirinha, por recomendação de Zeca. Mas deu zebra!

Política não é para amadores – Já em Belo Jardim, o prefeito Gilvandro Estrela (União Brasil) foi mais esperto, ágil e competente na articulação do que Zeca, em Arcoverde. Ao perceber que perderia a eleição com Nilton Senhorinho (Podemos), por uma traição do ex-presidente Zé Guri (PSDB), que queria ser reeleito a todo custo, Gilvandro bancou a candidatura de Pitomba da Lotação (União Brasil), eleito por um voto de diferença – 10 a 5. Vitorioso, o prefeito expulsou Zé Guri e Euno Filho, o Euninho (PSDB), que, como Guri, o apunhalou pelas costas. Gilvandro mostrou, mais uma vez, que política não é para amadores.
CURTAS
TRAIÇÃO – Principal colégio eleitoral do Sertão, Petrolina também foi cenário de traição no apagar das luzes na eleição da mesa diretora. Osório Siqueira (Republicanos) registrou sua candidatura de última hora e derrotou o ex-presidente Aero Cruz (MDB), que tinha como certa a sua reeleição.
FIRMEZA – No Recife, o novo líder da oposição, Felipe Alecrim (Novo), promete ser vigilante em relação ao Governo João Campos. “Nossa missão é ser uma oposição firme no combate aos abusos e descasos, atuando sempre em prol da transparência e da eficiência na administração pública”, disse.
SEM MESA – Em Camaragibe, os vereadores ligados ao grupo da oposição feriram o regimento, realizaram uma eleição ilegal e terão que voltar às urnas brevemente para escolha da mesa diretora para o biênio 2025-26. Assumiu a presidência, interinamente, Geraldo Alves (MDB).
Perguntar não ofende: Quando Camaragibe terá presidente da Câmara?
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