Emendas pix adoçam a boca dos prefeitos
Os prefeitos que vão invadir Brasília a partir de hoje, em mais uma marcha, já aterrissam na capital com uma boa notícia: o Palácio do Planalto decidiu liberar o pagamento de emendas parlamentares de execução obrigatória concedidas no ano passado, sob Jair Bolsonaro, mas que ainda não haviam sido pagas.
Na sexta-feira passada, a Secretaria de Relações Institucionais enviou ofício ao Congresso informando que autorizou o pagamento de cerca de R$ 1,5 bilhão em “emendas Pix”, como se convencionou chamar as transferências especiais – que se convertem em repasses que caem direto na conta das prefeituras, sem a necessidade de apresentação prévia de projeto ou de supervisão dos órgãos de controle federais.
Leia maisA demora em liberar essas emendas, que são parte da cota individual dos parlamentares, havia criado um mal-estar generalizado no Congresso, com deputados acusando o Planalto de “má vontade” com pagamentos que são impositivos. Alguns deles relataram, nos últimos dias, que os prefeitos chegariam a Brasília em tom de protesto, cobrando por emendas prometidas, o que aumentaria o desgaste do governo.
Com o ato, o pagamento deve ser anunciado aos prefeitos pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), que promete liberar mais R$ 1,5 bi em emendas individuais que estavam inscritas como restos a pagar, totalizando R$ 3 bilhões. Neste ano, deputados e senadores já reservaram R$ 6,7 bi para remeter a seus redutos em “emendas Pix”, o dobro do ano passado (R$ 3,2 bi). A expectativa é de que esse número cresça para deixar a marcha ainda muito mais com gostinho de vitoriosa.
Bolsonaro havia reduzido – Na reta final do prazo dado pela lei para a execução de transferências a Estados e municípios antes da eleição, o governo Bolsonaro limitou a 50% o pagamento das “emendas pix”. A promessa era liberar R$ 3,2 bilhões desse tipo de emenda parlamentar até o fim de junho, mas o valor ficou pela metade – o resto só depois da eleição. A parlamentares, a Economia alegou restrição financeira. Mas não foi o que ocorreu com outro tipo de emenda – as do orçamento secreto – que tiveram a execução acelerada desde a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro. O governo ampliou os limites de gastos com essas emendas na Saúde e na Cidadania.

Fora do radar de controle – A diferença entre os dois tipos de emenda – secreta e pix – é que, enquanto no pix orçamentário todos os parlamentares têm acesso ao mesmo valor (cerca de R$ 9 milhões neste ano), no orçamento secreto a distribuição é feita ao gosto das cúpulas da Câmara e do Senado. As “emendas pix” padecem de um defeito: como se trata de uma transferência direta para a conta das Prefeituras (por isso, o apelido), saem do radar de fiscalização dos órgãos federais de controle, como TCU e MPF.
Terror potiguar – Depois de 10 dias de ataques, o Rio Grande do Norte não registrou nenhum ato de violência no final de semana. Balanço parcial das forças de segurança que atuam para combater a organização criminosa aponta que 187 suspeitos foram presos. Desses, 22 foram no âmbito da Operação Normandia e 15 da Operação Sentinela. Ao todo foram registrados 298 ataques no Estado. A maioria aconteceu no último dia 14, quando os atos de violência começaram. Naquela data, 104 ataques. Nos dias seguintes foram registrados 68, na quarta-feira, e 57, na quinta-feira.
Água de graça – Projeto, de autoria do deputado estadual Rodrigo Farias (PSB), cria a tarifa social da água, ou seja, água de graça para os pobres. O público beneficiário deve estar inscrito no Cadastro Único do Estado, com renda familiar mensal per capita menor ou igual a meio salário mínimo. “O propósito é garantir, através de lei, o alcance à água por parte de mais pernambucanos”, diz ele. Para ser beneficiada, a família tem que consumir até 10 metros cúbicos de água e até 80 kWh de energia elétrica por mês – média dos seis meses anteriores à concessão do benefício.

Confiança na marcha – Presidente da Amupe, a Associação Municipalista de Pernambuco, a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), que coordena a delegação do Estado para a Marcha dos Prefeitos, de hoje até quinta-feira, em Brasília, está otimista com os resultados do evento. “O presidente Lula abre espaço para que os ministros recebam prefeitos, deputados, vereadores, para que apresentem seus planos de ação aos municípios. A marcha vai contribuir muito para destravar pautas de interesse vital para os municípios”, disse.
CURTAS
PRINCIPAL ALVO – As comissões permanentes da Câmara dos Deputados já aprovaram convites para 21 dos 37 ministros do Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O principal alvo dos pedidos é o ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), convidado para três comissões. Querem botar ele no canto da parede sobre a quebradeira de 8 de janeiro em Brasília.
É PRECISO UM CURSO – O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), acredita que o governo Lula não conseguirá tirar o País da crise econômica e quer que seu partido siga na oposição. Só tem um probleminha: o PP não sabe ser oposição. É voz corrente na bancada que a legenda precisará fazer “um curso e uma prova” para ver se consegue se colocar como oposição”, registra Denise Rothenburg em sua coluna no Correio Braziliense.
Perguntar não ofende: Lula vai aguentar ficar sete dias recluso, segundo a recomendação da sua equipe médica?
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