A sobreposição do mapa de apuração do primeiro turno da disputa para a Presidência com as manchas de desmatamento na Amazônia mostra que Jair Bolsonaro (PL) abriu vantagem sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) onde o arco da destruição é mais flagrante.
Na Amazônia Legal, o candidato à reeleição venceu, por exemplo, em 265 municípios que, juntos, concentram 70% das áreas desflorestadas nas últimas três décadas, segundo revela um cruzamento feito a pedido do GLOBO pelo MapBiomas, rede formada por universidades, ONGs e empresas de tecnologia.
Leia maisO mesmo levantamento revela que o petista, por sua vez, liderou a corrida nos demais 499 municípios da região, onde estão 30% das áreas desmatadas. Para o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, há conexão direta entre o resultado da votação e o discurso e a prática do governo Bolsonaro de redução da fiscalização e da punição ao desmatamento ilegal.
— Quando o governo federal reduz ou cancela multas, dá o sinal da impunidade. E, para essa região onde está reinando a ilegalidade, a impunidade é vista como um benefício — conclui Azevedo. — Principalmente no período entre 2004 e 2012, a sinalização do governo era no sentido contrário, de que, se desmatar, não se consegue ter posse da área. Para quem ocupa a terra de forma predatória, há um entendimento equivocado de que o bom é ter no governo quem deixa o desmatamento rolar solto. Mas isso tem impacto: diminui a floresta e as chuvas, e, no futuro, afeta todos nós. Há uma avaliação individualista a curto prazo.
A análise do MapBiomas aponta ainda que, onde Bolsonaro venceu, a perda média de vegetação nativa foi de 19,9% da área municipal nos últimos 35 anos, contra 6,3% nas regiões em que Lula terminou em primeiro lugar.
Ainda nesse cenário, se considerados os dez municípios que tiveram maior incremento do desmatamento em 2021, de acordo com o portal TerraBrasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Bolsonaro suplantou Lula em oito deles. No campeão de floresta derrubada no ano passado, Altamira, no Pará, com perda de 765,53 quilômetros quadrados, o presidente terminou com 57,77% dos votos, contra 36,9% de Lula.
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