Por José Adalbertovsky Ribeiro*
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Árabes e judeus são descendentes da mesma raiz, dos filhos de Abraão, segundo os textos bíblicos. Os árabes vieram de Ismael, os judeus nasceram do ramo de Isaque, da tribo de Judá. Rebentos amados dos filhos de Abraão, hoje são primos apartados entre os degredados filhos de Adão e Eva. Ao final da jornada neste vale de sonhos e lágrimas, os viventes de bom coração retornam ao seio de Abraão e as almas malfazejas vão purgar seus pecados nos abismos da perdição.
A epopeia dos judeus vem da Antiguidade e dos tempos bíblicos. Os hebreus foram escravizados no domínio da Babilônia. Moisés fez a abertura do Mar Vermelho como um corredor humanitário para libertar os hebreus da escravidão e conduzi-los à Terra Prometida, Canaã, um reino de fartura e liberdade. O Mar Vermelho das ditaduras continua a escravizar nações, almas e mentes.
Leia maisEm contraste com os desertos circundantes, Canaã era a terra prometida porque lá havia rios de leite e mel. Por analogia temos o delírio do beato Antônio Conselheiro no Arraial de Canudos: o mar vai virar sertão, o sertão vai virar mar, haverá rios de leite e montanhas de cuscuz. Antônio Conselheiro, o nosso Moisés, foi trucidado pelas tropas legalistas da República em nome da ordem e progresso e da bondade cristã.
O compositor italiano Giuseppe Verdi compôs a ópera Nabuco para historiar a libertação dos escravos hebreus durante o império babilônico do Rei Nabucodonosor. “O coro dos escravos hebreus”, na voz de uma dezena de cantantes, tornou-se uma música-símbolo do nacionalismo italiano por evocar a ocupação austríaca no norte da Itália em 1842..
“Va pensiero” – vá pensamento sobre as asas douradas”, “oh minha pátria, tão bela e perdida”, “lembra-nos o destino de Jerusalém, traga-nos um ar de triste lamentação” e vai por aí. Esta é uma das mais belas e comoventes passagens do cancioneiro universal. A melodia do “Va pensiero” é celebrada como hino não oficial da Itália.
“A toda ação corresponde uma reação em sentido oposto e de igual intensidade”, diz a 3a Lei da Física. Isto, se os manipuladores do Enem ainda não revogaram as Leis do cientista Isaac Newton. A cada ação dos terroristas do Hamas corresponde uma ação de extermínio das forças de defesa de Israel.
Indefesos, na busca de corredores humanitários ou na iminência de serem exterminados, milhões de palestinos são projetos humanos descartáveis nas mãos dos terroristas, dos senhores das guerras e das armas.
O que fazer com milhões de seres humanos deserdados da vida, sem casa, sem emprego e sem destino? Significa o fracasso humanístico, social e existencial de uma região do planeta, o triunfo da barbárie. Ressoa a sentença cruel do evangelista Mateus: “Eu não vim para trazer a paz, eu vim para trazer a espada”.
Assim caminha a humanidade adâmica.
*Periodista, escritor e quase poeta
Leia menos